Capítulo
29
Cena 01 – Hospital Santa Veridiana
[Interna/Noite]
(Diante o silêncio do médico,
Francesca desespera-se ainda mais).
FRANCESCA: Ai mio San Gennaro! Estão vendo? Mio bambino está morto, o
doutor não quer me dizer. Io non vou aguentar! (Chora).
LOLA/AMARA: Doutor, eu tenho esse menino como se ele fosse meu próprio
filho. O que foi que aconteceu? Nós estamos aflitos...
MÉDICO PLANTONISTA: Eu entendo a preocupação de vocês e por isso vim até aqui
informa-los sobre o estado de saúde dele. O paciente chegou com indícios de
espancamento.
FRANCESCA: Ai Dio mio, quem foi o monstro que teve coragem de fazer
isso com o meu bambino?
MÉDICO PLANTONISTA: Por conta disso, o quadro é considerado grave. Ele possui
múltiplas lesões, hemorragia e o mais importante.
ZECA: Tem mais? O que ainda falta, doutor?
MÉDICO PLANTONISTA: O que mais nos preocupa é uma lesão que o paciente tem na
coluna cervical. Algumas vertebras estão bem fragilizadas, precisamos operá-lo
para sanar a lesão e aí sim, avaliarmos se haverá sequelas.
FRANCESCA: Sequelas? Que sequelas? (Pergunta horrorizada).
MÉDICO PLANTONISTA: Nesses casos há um grande risco de paralisia parcial ou
total. Isso quer dizer paraplegia ou tetraplegia, só poderemos examinar com
precisão depois que descomprimirmos a lesão. Eu vou precisar da autorização de
um responsável. Volto em breve com os papéis! (Retira-se).
MARIA RITA: (Sem dizer nada, abraça Francesca que chora inconsolavelmente).
ZECA: Vai ficar tudo bem, nós estamos com vocês. (Responde segurando as mãos
de Francesca).
LOLA/AMARA: (Senta-se no sofá da recepção aos prantos).
Cena 02 – Mansão Martins de Andrade
[Externa/Noite]
(Sozinha, Betinha vai até o jardim
procurar por Tamara após não encontra-la na festa em meio aos convidados).
BETINHA: Ué, cadê aquela menina? Onde foi que a Tamara se meteu? (Pergunta a si
mesmo em voz alta).
THIERRY: Onde está essa tal de Tamara eu não sei e pouco me importa, mas eu estou
bem aqui, na sua frente! (Responde ao surpreender Betinha).
BETINHA: Porque será que eu não me surpreendo com você invadindo essa casa toda
hora? Penetra em plena festa? Papelão, hein? (Dispara ao ver Thierry parado em
sua frente).
THIERRY: Isso é para você ver o que fazemos para conquistar as pessoas que
queremos.
BETINHA: Eu não sei do que você está falando. Agora se você me permite, eu já me
cansei dessa sua conversa mole, vou procurar a minha amiga lá dentro. Aproveite
a festa, já que está aqui! (Despede-se).
THIERRY: (Segura o braço de Betinha) Você vai, mas não antes do meu presente de
aniversário.
BETINHA: (Tenta se desvencilhar de Thierry) Me solta, eu não permito que você me
segure assim, me solta! (Grita).
THIERRY: Isso, quanto mais arredia, mais apaixonado eu fico. Tá aqui o meu
presente! (Tenta beijar Betinha a força).
BETINHA: Me solta, eu vou gritar se você não me soltar... Socorro! (Grita virando
o rosto para que Thierry não a beije).
(Ao ouvir os gritos de Betinha,
Rafael corre até onde ela está para ajudá-la).
RAFAEL: Solta ela seu canalha, você não percebeu que ela não quer ficar com
você? (Empurra Thierry para longe de Betinha e lhe acerta um soco no rosto).
THIERRY: (Furioso, Thierry prepara-se para revidar a agressão, porém Betinha se
coloca entre os dois).
BETINHA: Não senhor, não se atreva a tocar nele e nem em mim, entendeu? Eu não
permito que você estrague a minha festa, vá embora agora ou eu chamo a
segurança! (Ordena apontando para a saída).
THIERRY: Eu vou, mas eu vou voltar e nós vamos nos encontrar por aí, entendeu seu
merdinha? (Refere-se a Rafael).
RAFAEL: Pode vir, eu estarei esperando. De onde veio esse tem muito mais!
(Responde cerrando o punho).
THIERRY: (Vai embora, esbarrando em Rafael de propósito).
BETINHA: Não liga para ele! Obrigada por ter me salvado, nem sei o que poderia
ter acontecido comigo se você não tivesse chegado. (Responde).
Música da cena: Anjos – Gabi Luthai
RAFAEL: Eu estarei sempre aqui para te
defender! (Conclui).
BETINHA: Obrigada, essa noite é muito especial e eu só quero que ela seja
inesquecível. Não quero que ela saia da minha memória! (Explica).
RAFAEL: Eu tenho uma ideia para que isso se concretize! Você está com a chave do
carro aí? (Pergunta).
BETINHA: Está comigo, porque? (Estranha a pergunta de Rafael).
RAFAEL: Topa dar um passeio?
Cena 03 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Noite]
(No interior da mansão, Evandro
arrasta Tamara até o lavabo sem que ninguém os vejam).
TAMARA: O que foi? Porque você me trouxe para cá? (Questiona após Evandro
segurar seu braço com força).
EVANDRO: Preste atenção no que está fazendo, eu vi a sua cara de mosca morte
diante as perguntas da Luiza Helena, tenha muito cuidado com o que você vai
responder, ninguém pode ligar nós dois. Entendeu?
TAMARA: Tudo bem, eu já entendi!
EVANDRO: Eles não vão sossegar até descobrir o que trouxe você até aqui, mas você
precisa ser bem confiável, ninguém pode desconfiar. Você tem que grudar na
pentelhazinha e descobrir tudo o que está se passando e quais serão os próximos
passos dela. (Explica).
TAMARA: Isso eu sei! E o meu dinheiro?
EVANDRO: A próxima parte você só vai receber depois que me trouxer algo de útil,
que foi? Tá me achando com cara de idiota? Você já está num paraíso, isso aqui
é praticamente um hotel cinco estrelas, muito diferente daquela aldeia de
pescadores imunda de onde você saiu fedendo a sardinha. Não me desafie, faça o
que eu estou mandando ou você sofrerá as consequências. Fui claro? (Pergunta).
TAMARA: Claríssimo! (Responde).
EVANDRO: Eu vou sair agora, você espera um pouco para poder sair e ninguém te ver
comigo. Fique atenta ao seu celular, vamos nos falando! (Sai do lavabo logo em
seguida).
TAMARA: (Se olha no espelho, em seguida abre a porta do lavabo para confirmar
que ninguém a viu e volta para a festa).
Cena 04 – Chesca’s, Restaurante
Italiano [Externa/Noite]
Música: Fogo – Karin Hils
(Imagens dos principais pontos
turísticos da cidade são apresentadas, enquanto surgem logo em seguida as
grandes avenidas da cidade, dessa vez menos movimentadas devido ao horário. Em
seguida, transitamos para o bairro da Mooca, Ítalo aparece na avenida em sua
moto e estaciona em frente ao restaurante de Francesca).
ÍTALO: (Tira o capacete e olha para a
fachada do restaurante, percebendo que tudo está apagado. Em seguida, desce da
moto e se aproxima da porta) Enrico, eu sei que você está aí... Não faz isso,
desce, nós precisamos conversar! Enrico... (Grita, mas sem sucesso, ninguém
aparece para atende-lo).
Cena 05 – São Roque - Montanha [Externa/Madrugada]
Música da cena: Anjos – Gabi Luthai
(Após dirigir mais de 70 quilômetros,
Rafael leva Betinha para conhecer um local inesquecível, as montanhas de São
Roque, município do interior de São Paulo, como ela tanto havia imaginado para
sua noite especial).
RAFAEL: (Desce do carro) E então, gostou da
surpresa?
BETINHA: (Desce do carro em seguida completamente surpresa com a beleza do lugar)
Meu Deus, esse lugar é incrível. Olha a lua, as estrelas... Até parece que eu
consigo alcançá-las!
RAFAEL: Eu sabia que você iria gostar, esse lugar é muito especial para mim.
Quando era criança, sempre viajava para cá com a minha mãe aos finais de semana
e fazíamos piqueniques olhando para essa bela vista.
BETINHA: Eu fico muito feliz que queira dividir os seus lugares especiais comigo,
de verdade! (Responde).
RAFAEL: Sabe, uma vez você falou uma coisa que nunca saiu dos meus pensamentos.
BETINHA: O que? (Questiona).
RAFAEL: Quando a Fernanda perguntou se você gostava de mim, você não disse que
sim, mas também não negou. Você poderia ter negado, mas não negou!
BETINHA: (Sorri sem graça) Isso já faz tanto tempo, nem me lembrava mais...
RAFAEL: (Segura o queixo de Betinha para que ela o olhe nos olhos) Você gosta de
mim, Betinha?
BETINHA: Para você eu não posso mentir. Sim, eu gosto! Desde o nosso primeiro
encontro naquele ônibus, quando você me acordou. Eu nunca esqueci do seu rosto
e ele ficou gravado nos meus sonhos. Sempre que fecho os olhos, você vem a
minha mente. Só que esse sentimento era proibido, então eu resolvi guarda-lo só
para mim. (Explica).
RAFAEL: E para que proibir o que é inevitável?
BETINHA: O que você quer dizer com isso?
RAFAEL: Que eu também não consigo tirar você da minha cabeça e não quero mais
lutar com o que eu estou sentindo. Para que esconder um sentimento puro e
verdadeiro que surgiu contra a nossa própria vontade e de forma pura? Não temos
porque nos envergonhar!
(A imagem se abre e podemos ver toda
a paisagem. O carro está com os faróis acesos e embaixo da luz da lua, Rafael e
Betinha se beijam pela primeira vez).
Cena 06 – Hospital Santa Veridiana
[Interna/Madrugada]
(Deitado de bruços e anestesiado,
Enrico é operado conectado em vários monitores hospitalares).
MÉDICO PLANTONISTA: Sucção! Tem sangue demais aqui, isso não é bom. (Diz observando
a incisão nas costas de Enrico).
ENFERMEIRA: (Faz o que o médico orientou).
ANESTESISTA: (Observa os monitores cardíacos) Os batimentos cardíacos
estão oscilando muito, não podemos demorar ou o paciente vai entrar em parada.
MÉDICO PLANTONISTA: Não, não... Esse rapaz é muito jovem para perder os
movimentos desse jeito, precisamos fazer alguma coisa por ele. Aguenta Enrico,
você precisa aguentar! (Fala com Enrico, que permanece inconsciente enquanto é
operado).
ANESTESISTA: Você precisa ser rápido, ele não vai resistir. (Responde
enquanto continua monitorando os batimentos cardíacos de Enrico).
MÉDICO PLANTONISTA: A lesão é mais grave do que eu pensei! (Diz ao chegar ao
local específico na coluna de Enrico).
ENFERMEIRA: (Seca o suor da testa do médico) Doutor, ele está perdendo
sangue demais, não acha?
MÉDICO PLANTONISTA: Enfermeiro, vai até o banco de sangue e traz mais duas
bolsas de sangue tipo O, rápido! (Diz ao observar a hemorragia de Enrico se
agravar cada vez mais).
ENFERMEIRO: Sim senhor, agora mesmo! (Sai da sala de cirurgia correndo).
ANESTESISTA: Doutor, você precisa cessar essa hemorragia e fechar o
paciente ou ele vai morrer em poucos minutos.
MÉDICO PLANTONISTA: Esse paciente vai morrer irremediavelmente se eu desistir
dele e eu não vou desistir dele. Ninguém vai! Achei a origem da hemorragia...
Eu vou suturar o tecido! (Fala em voz alta).
ENFERMEIRA: Depressa doutor, o paciente está entrando em choque! (Diz
preocupada).
Cena 07 – Apartamento de Glória
[Externa/Madrugada]
Música da cena: Best Part – Daniel
Caesar, H.E.R.
(O carro de Ângelo estaciona em
frente ao prédio, como Fernanda não se sentia muito bem, ele havia feito
questão de leva-la até em casa).
ÂNGELO: Foi uma bela festa, não acha? (Diz ao
desligar a ignição do carro).
FERNANDA: É, foi uma festa muito bonita.
(Responde de forma fria).
ÂNGELO: Escuta, Fernanda. Eu sei que você está passando por momentos muito
difíceis nos últimos tempos e é compreensível, pois foi um relacionamento
duradouro, mas você não está sozinha. Pode contar sempre comigo, entendeu? (Diz
olhando para Fernanda).
FERNANDA: Você é o melhor amigo do mundo, sabia?
ÂNGELO: Deus sabe que eu faria tudo o que fosse possível para ser mais do que
apenas um bom amigo e curar essa ferida no seu coração!
FERNANDA: Você é um homem muito especial, Ângelo. Mas infelizmente eu não tenho
cabeça para falar disso agora e nem para te ver com outros olhos, desculpa...
ÂNGELO: Tudo bem, o que eu sinto é verdadeiro e não vai acabar de um dia para o
outro. Estarei aqui, esperando por você quando mudar de ideia!
FERNANDA: Agora eu preciso ir, não estou me sentindo muito bem. Boa noite e
obrigada mais uma vez pela carona! (Abre a porta do carro).
ÂNGELO: Fernanda, tem mais alguma coisa... Saiba que você pode se abrir comigo e
falar sobre qualquer coisa. Qualquer coisa, eu vou continuar te apoiando!
(Reforça).
FERNANDA: (Desce do carro e em seguida olha para Ângelo pela janela) O que você
quer dizer com isso, Ângelo? (Questiona após o comentário de Ângelo).
ÂNGELO: Nada! Se cuida, tá? (Muda de assunto).
FERNANDA: Boa noite! (Despede-se).
(Ângelo volta a ligar o carro, dá
partida e em seguida vai embora. Enquanto isso, Fernanda entra no apartamento
onde mora com Glória, completamente pensativa após reencontrar com Rafael na
festa e os dois estarem se comportando como completos estranhos).
FERNANDA: (Encosta-se na porta após fechá-la) Ele estava lá e nem sequer me
cumprimentou, aposto que ele e a Betinha já estão juntos, ele já me esqueceu. O
Rafael me esqueceu! (Pensa em voz alta, de repente sente um forte enjoo, cobre
a boca e corre até o banheiro).
Cena 08 – Hospital Santa Veridiana
[Interna/Manhã]
(Após muitas horas de espera,
Francesca, Zeca, Maria Rita, Marcelo e Lola/Amara continuavam aguardando por
notícias na recepção do hospital).
FRANCESCA: (Levanta-se e começa a andar de um lado para o outro
ansiosa) Mas onde está esse médico? Porque ele não vem aqui e me diz como está
o meu filho? Eu preciso ver o meu bambino!
LOLA/AMARA: É uma operação delicada, Francesca. Naturalmente por esse
motivo ela pode ser demorada. (Responde após pausar suas orações da poltrona na
recepção).
FRANCESCA: E o que io faço? Io non consigo mais esperar, preciso saber
notícias do meu Enrico. (Chora).
LOLA/AMARA: Infelizmente só nos resta rezar e pedir a Deus pela vida do
nosso menino! (Chora também).
ZECA: Vejam, o médico está vindo. A cirurgia deve ter acabado! (Diz ao avistar
o médico surgir na saída do centro cirúrgico).
FRANCESCA: E então doutor, o mio bambino está bem? Fora de perigo?
(Pergunta).
MÉDICO PLANTONISTA: A cirurgia foi muito complicada, o paciente apresentou uma
hemorragia severa, mas conseguimos controlar. (Explica).
LOLA/AMARA: (Fica de pé) Graças a Deus! (Diz aliviada).
FRANCESCA: (Observa nos olhos do médico responsável pelo caso de Enrico
que ele ainda não concluiu o que tinha vindo falar) Tem mais coisa, non tem
doutor? O que aconteceu com o meu Enrico?
MÉDICO PLANTONISTA: Como disse, o Enrico apresentava uma grande lesão medular,
nas vertebras C4 e C6, tentei descomprimir o coágulo que se formou e já é quase
certo o diagnóstico após avaliações dos reflexos do seu filho. (Situa Francesca
e os demais sobre o caso).
ZECA: Doutor, por favor seja claro. Fale sem tantos termos técnicos, não
estamos conseguindo entender o que quer dizer. (Questiona).
MÉDICO PLANTONISTA: Tudo bem, eu serei mais objetivo. A lesão na medula do
Enrico é compatível para um possível quadro de paraplegia! (Conclui).
LOLA/AMARA: (Leva as duas mãos a boca, horrorizada com a notícia) Meu
Deus!
FRANCESCA: O senhor quer dizer que o mio bambino está paralítico?
(Pergunta em choque).
MÉDICO PLANTONISTA: É muito triste confirmar esse diagnóstico, principalmente para um
paciente tão jovem como o seu filho, mas, infelizmente sim. Os reflexos dos
membros inferiores do Enrico não responderam, isso se caracteriza como
paraplegia. O Enrico vai ter que usar cadeira de rodas a partir de agora!
FRANCESCA: (Desmaia nos braços de Zeca).
MARIA RITA: Que tragédia, o Enrico é tão jovem, não merecia isso.
(Lamenta).
ZECA: Francesca, fala comigo... Por favor, acorda! (Diz ao amparar Francesca).
Cena 09 – Restaurante Umbu-Cajá
[Interna/Manhã]
(Imagens externas da cidade de São
Paulo são apresentadas, pessoas caminham por todos os lados da cidade. Os
transportes interurbanos percorrem as grandes avenidas, as plataformas dos
metrôs estão lotadas. Em seguida, surge o bairro da Mooca e a fachada do
restaurante Umbu-Cajá).
MARCELO: (Após entrar em seu quarto, Marcelo
senta na cama para tirar os sapatos).
ÍTALO: Até que fim apareceu, a noitada foi boa, né tio Marcelo? (Brinca com o
tio ao perceber a hora que ele chegou em casa).
MARCELO: Noitada? Quem dera eu tivesse vindo de uma noitada. Você ainda não soube
o que aconteceu? (Questiona Ítalo após tirar os sapatos e começar a desabotoar
a camisa).
ÍTALO: Não, eu acabei de acordar. Aconteceu alguma coisa com o meu pai?
(Preocupa-se).
MARCELO: Não! Felizmente o seu pai está bem. Estou me referindo ao filho da
italiana aí da frente, a Francesca. (Responde).
ÍTALO: O Enrico? O que aconteceu com o
Enrico, me fala? (Pergunta alterado).
MARCELO: Ele foi espancado na rua ontem, ainda não se sabe porque ou por quem. A
única coisa que sabemos é que ele está em estado grave, passamos a noite no
hospital. (Explica).
ÍTALO: Hospital? Em que hospital? Responde tio! (Grita aflito).
MARCELO: Ele está internado no Santa Veridiana, quando eu saí de lá ele ainda não
tinha terminado de ser operado...
ÍTALO: (Deixa Marcelo falando sozinho e sai correndo).
MARCELO: O que deu nesse menino, meu Deus? (Estranha o comportamento de Ítalo).
Cena 10 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Manhã]
(Eva servia o café da manhã para
Luiza Helena e Durant, enquanto ele falava ao celular).
DURANT: Mas como isso foi acontecer? Como
ele está? Meu Deus! (Diz enquanto conversa ao celular).
LUIZA
HELENA: (Olha para
Eva sem entender o que está acontecendo).
DURANT: Meu Deus, que barbaridade. Eu vou
daqui há pouco até aí, avisa a Francesca que ela não está sozinha, que eles
podem contar comigo. (Finaliza a conversa).
LUIZA HELENA: Desculpa, mas sem querer acabamos ouvindo a sua conversa.
Aconteceu alguma coisa? (Pergunta ao perceber que Durant encerrou a ligação).
DURANT: Infelizmente sim! O filho da Francesca, o Enrico foi brutalmente
espancado quando saiu da festa ontem. (Responde).
LUIZA HELENA: Meu Deus, eu sei quem é. A Betinha gosta muito dele, os dois
se tornaram muito amigos desde que viemos para cá. Como ele está?
(Preocupa-se).
DURANT: Mal, pelo o que a minha prima disse, ele está mal. Eu vi esse menino
crescer, ele vivia lá em casa brincando com o Rafael, é engraçado, mas eu
sentia carinho por ele e pelo Rafael como os filhos que não tive. (Responde).
EVA: (Olha para Luiza Helena, surpresa o comentário).
LUIZA HELENA: Eu lamento muito, vamos até o hospital ajudar de alguma
forma, faço questão de apoiá-los e ajudar no que for necessário. Se eles são
seus amigos e da Betinha, faço questão de ir até lá. (Responde mudando de
assunto).
DURANT: Está bem, quando você terminar o seu café, vãos até lá. (Conclui).
LUIZA HELENA: Eva, a Betinha já levantou?
EVA: Ela não está em casa senhora. Matias, o motorista me disse que ela saiu
de carro com o Rafael. (Explica).
LUIZA HELENA: Sei, vou ligar para ela daqui a pouco, sondar se ela já está
sabendo sobre o amigo dela. Por falar em amigo, a Tamara já levantou?
(Questiona).
EVA: Ainda não senhora, deseja que eu a acorde?
LUIZA HELENA: Não, deixa-a descansar. Quando eu voltar do hospital, quero
falar muitas coisas com essa moça e preciso que ela esteja bem disposta!
(Responde pensativa).
Cena 11 – São Roque - Montanha
[Externa/Manhã]
Música da cena: Anjos – Gabi Luthai
(Após passarem a noite dentro do
carro, Betinha acorda ao ouvir Rafael falar ao celular com alguém).
RAFAEL: Sim, mãe. Eu já estou a caminho, não
vou demorar! (Desliga a ligação).
BETINHA: Sua mãe sentiu a sua falta e te
ligou? (Pergunta tentando se recompor).
RAFAEL: Aconteceu uma tragédia! (Responde).
BETINHA: Tragédia? Que tragédia? Você está me
assustando...
RAFAEL: Eu não entendi bem, ela não explicou
com muitos detalhes, mas foi com o Enrico. Ele está internado no hospital em
estado grave.
BETINHA: Não pode ser! O Enrico não, o Enrico
não, meu Deus. Eu quero vê-lo, vamos até lá! (Diz nervosa).
RAFAEL: Precisamos voltar para São Paulo
agora mesmo.
BETINHA: Então vamos, vamos logo, por favor.
(Suplica).
Cena 12 – Hospital Santa Veridiana
[Interna/Manhã]
(Com autorização do médico
responsável pelo caso, Francesca e Lola/Amara foram as únicas que conseguiram
permissão para visitarem Enrico na unidade de terapia intensiva).
FRANCESCA: (Segura a mão direita de Enrico, enquanto chora. Já
Lola/Amara segura sua outra mão em silêncio).
ENRICO: (Com alguns hematomas no rosto por conta das agressões, Enrico abre os
olhos lentamente) Mamma, onde eu estou? O que aconteceu? (Pergunta meio
disperso, por conta da anestesia).
FRANCESCA: Enrico bambino, amore mio... Graças a Dio e San Gennaro você
acordou! (Comemora).
ENRICO: Porque você está chorando, mamma? O que aconteceu? Eu não lembro
direito... (Se recorda de flashes dos momentos em que estava sendo agredido
instantaneamente).
LOLA/AMARA: (Beija a mão de Enrico) Eu vou avisar ao médico que você
acordou, meu amor. Já volto! (Sai da UTI apressada).
ENRICO: (Volta a olhar para Francesca e tenta tranquilizá-la) Calma mamma, eu
vou ficar bem, te prometo. Estou vivo e aqui com a senhora!
FRANCESCA: Io tive tanto medo de te perder bambino, você foi operado
durante horas. (Explica).
ENRICO: Operado? Então é estou sentindo essa coisa estranha, deve ser efeito da
anestesia.
FRANCESCA: (Assusta-se) Coisa estranha? Que coisa estranha, bambino?
ENRICO: Eu não estou sentindo minhas pernas, não consigo mexê-las, mamma!
(Responde).
A imagem foca em Enrico deitado na
cama de hospital. A cena congela e vira uma capa de revista.
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