CAPÍTULO 22 (Últimas Semanas):
Cena 01 – Jardim
Saúde (Casa de Mercedes) [Interna/Tarde]
(Gigi permanece
obcecada pelas redes sociais, pois cada vez mais seus seguidores aumentam).
MERCEDES: Menina, sai dessas
redes sociais... Você não fez nada hoje, só ficou no celular!
GIGI: Tia, você não tem
noção... As pessoas estão me seguindo, querem me ver. Eu virei famosa! Se eu
soubesse que precisava só tirar uma foto nua, já tinha feito isso antes.
MERCEDES: Que safadeza,
menina. Não diga essas barbaridades que eu te mando de volta para o Ceará e o
seu pai te conserta, Brígida!
GIGI: Não me chame de
Brígida, me chame de Gigi Almeida, a nova estrela das redes sociais. Vou ser
modelo e influencer!
MERCEDES: Vai ser o que?
GIGI: Tia a senhora não
entende também, deixa quieto. Eu vou descansar a minha beleza agora e não quero
ser perturbada.
MERCEDES: Perturbada você já
é... (Sai do quarto e deixa Gigi sozinha).
Música da cena:
Toda Toda – Pikeno e Menor
GIGI: Vai debochando, já,
já eu vou ser a top das tops e a senhora vai ver só! (Gigi faz pose de frente
para o espelho).
Cena 02 – Hospital
de Atibaia [Interna/Tarde]
(Paula e Caíque
caminham pelo hospital enquanto ela explica o caso da paciente que acabaram de
encontrar).
PAULA: Ela teve algumas
lacerações, não fraturou nada. O que era mais preocupante foi a forte pancada
que levou na cabeça provavelmente enquanto caía, mas na tomografia não
identificamos nada demais, só não conseguimos identificar essa demora dela em
acordar.
CAÍQUE: E eu posso vê-la?
PAULA: Vê-la? Pode, pode
sim. Ela já está no quarto, é esse daqui... (Paula abre a porta do quarto).
(Caíque entra no
quarto e se depara com Maria Eduarda deitada na cama com alguns hematomas pelo
rosto com uma aparência serena enquanto dormia. Em suas veias corriam o soro
que descia gota a gota).
Cena 03 – Casarão
Emília Bertolini – Sanatório [Interna/Tarde]
(Ingrid caminha por
um corredor enorme do hospital guiada por uma enfermeira até a sala do diretor
do local).
PSIQUIATRA: Boa tarde, a
senhora é?
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu me chamo Maria
Eduarda Germai!
PSIQUIATRA: Sente-se. Em que
posso ser útil?
MARIA EDUARDA (INGRID): É sobre a minha
mãe, doutor. Ela está passando por momentos bem difíceis. Meu padrasto sofreu
um acidente e está em estado vegetativo, sem possibilidades de acordar e a
minha irmã gêmea desapareceu após lhe aplicar um golpe, diante disso, ela está
estranha...
PSIQUIATRA: Estranha? Defina
estranha!
MARIA EDUARDA (INGRID): Ela está muito
nervosa, vive oscilando. Fora que ela está fora de si, nem parece ela...
(Embarga a voz como se quisesse chorar). Parece está ficando louca!
PSIQUIATRA: Bem, não posso dar
um diagnóstico sem vê-la. Preciso que você a traga aqui o quanto antes.
MARIA EDUARDA (INGRID): Está bem doutor,
trarei ela aqui o quanto antes, como pediu.
Cena 04 – Hospital
de Atibaia [Interna/Noite]
(Caíque permanece
sentado numa poltrona ao lado da cama de Maria Eduarda enquanto ela dorme).
MARIA EDUARDA: (Tem flashes da
noite em que sofreu o acidente como num sonho e acorda aos gritos).
CAÍQUE: (Levanta-se da
poltrona e vai até a cama onde Maria Eduarda está) Calma, fique calma... Você
está segura!
MARIA EDUARDA: Quem é você? Onde
eu estou? Que lugar é esse?
CAÍQUE: Eu me chamo Carlos
Henrique, mas você pode me chamar de Caíque. Estamos um hospital, eu te
encontrei na estrada machucada e inconsciente e trouxe você para cá. Que bom
que você está bem... Como se chama?
MARIA EDUARDA: Como eu me chamo?
(Pensa durante alguns segundos... Até responder). Eu me chamo Isabela!
CAÍQUE: Isabela, que nome
bonito!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu preciso sair
daqui agora mesmo! (Maria Eduarda tenta tirar a agulha com soro de sua mão).
CAÍQUE: Não, você não pode
fazer isso, ainda é cedo. Precisa de uma opinião médica se está bem de saúde o
suficiente para ter alta.
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu... Você não
entende, eu preciso fugir daqui, eles estão me procurando.
CAÍQUE: Eles? Sua família?
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não sei, não sei
de nada... Está tudo confuso na minha cabeça. Eu não tenho dinheiro para pagar
esse hospital, não posso ficar aqui.
CAÍQUE: Eu não quero que se
preocupe com isso, você precisa descansar... Eu vou chamar um médico e já
volto.
(Caíque levanta e
sai correndo para procurar um médico).
CAÍQUE: Oi! Você vai ficar
bem logo, tá? Vamos cuidar bem de você. O que será que aconteceu com você? Como
se chama?
PAULA: Ela não vai te
responder...
CAÍQUE: Ela me ouve, tenho
certeza que me ouve... (Conclui).
Cena 05 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Noite]
(Pérola acaricia o
rosto do pai que permanece em estado de coma profundo enquanto Antônio os
observa).
PÉROLA: Será que ele nos
ouve?
ANTÔNIO: Alguns dizem que
sim, outros que não. Prefiro acreditar que ele ouve tudo a nossa volta!
PÉROLA: Nunca pensei que
diria isso, mas eu sinto saudade de ver os olhos dele, de ouvir a voz dele, dói
tanto ver o nosso pai assim... (Lágrimas começam a escorrer pelo rosto de
Pérola).
ANTÔNIO: (Se aproxima e
abraça a irmã).
PÉROLA: Papai sempre foi
tão cuidadoso... Como foi cair do mezanino?
ANTÔNIO: Provavelmente o
aneurisma se rompeu enquanto ele se preparava para descer e foi aí que tudo
isso aconteceu.
PÉROLA: E se não tiver sido
assim?
ANTÔNIO: Só pode ter sido
assim, porque você duvida?
PÉROLA: Nada, deve ser
coisa da minha cabeça. Esquece!
Cena 06 – Jardim
Saúde [Externa/Noite]
(Ingrid caminha
pelo cortiço enquanto fala consigo mesma).
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu preciso colocar
em prática a segunda parte do meu plano agora... (Ingrid mexe na bolsa e tira o
seu celular e digita uma mensagem para a mãe). “Mamãe, a essa altura você já
deve estar sabendo do erro que cometi. Saiba que eu me arrependo muito e que se
fugi, foi por vergonha, não sabia como te encarar. Eu preciso te ver, explicar
como tudo verdadeiramente aconteceu... Me encontre junto da Maria Eduarda
amanhã, no endereço que irei te passar, é importante que faça segredo e venha
somente com ela, caso contrário, sumirei da vida de todos vocês para sempre.
(Ingrid caminha até entrar no apartamento de Maria Eduarda).
(Enquanto caminha
para o hospital, Malu recebe a sua mensagem).
MALU: Ingrid, eu preciso encontra-la! (Fala
após ler a mensagem).
Cena 07 – Hospital
de Atibaia [Interna/Manhã]
PAULA: (Avalia o
prontuário) Realmente, sua melhora é surpreendente. Acredito que você já pode
ter alta!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Alta?
CAÍQUE: Sim, você não está
feliz com isso? Não tem para onde ir?
MARIA EDUARDA (ISABELA): (Lembra de Ingrid e
Garibaldi lhe perseguindo na mata) Não, eu não tenho.
CAÍQUE: Tive uma ideia,
porque você não fica lá em casa? Passa uns dias conosco, a casa é grande, tem
muitos quartos.
PAULA: Não sei se é uma
boa ideia, lembre-se da recepção que irá acontecer na sua casa...
CAÍQUE: Melhor ainda, clima
de festa!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não quero
incomodar, eu vou dar um jeito e...
CAÍQUE: E mais nada, você
vai e está decidido!
PAULA: (Fica enciumada,
mas disfarça).
Cena 08 – Apartamento
de Maria Eduarda [Interna/Manhã]
(Marcela recebeu
Malu).
MARCELA: (As duas se
cumprimentam com um abraço) Que prazer recebe-la aqui, a Eduarda já está vindo.
Sente-se!
MALU: (Senta) Obrigada!
Será que ela demora?
MARCELA: Não... Aí está ela!
(Ingrid entra na
sala do apartamento).
MARIA EDUARDA (INGRID): Mamãe, que
surpresa... Achei que só te encontraria no hospital...
MALU: Eu preciso falar
com você, é muito importante... (Malu olha para Marcela).
MARIA EDUARDA (INGRID): Marcela, você
poderia nos deixar a sós?
MARCELA: (Se levanta) Eu vou
me arrumar para ir trabalhar, com licença! (Vai para o quarto).
MARIA EDUARDA (INGRID): Então, já pode
falar. Aconteceu alguma coisa? (Ingrid finge não saber de nada).
MALU: Precisamos falar
sobre a Ingrid...
Cena 09 – Delegacia
[Interna/Tarde]
(Miguel e Peter
examinam algumas fotografias de um caso em que estão trabalhando).
PETER: Como o seu tio
está? Teve notícias?
MIGUEL: Nenhuma evolução,
continua na mesma. Não sabemos se ele vai sair do coma!
PETER: Que barra, espero
que ele reaja, sua família deve estar muito abalada.
MIGUEL: Eu também, espero
que ele melhore.
PETER: E o casamento? Como
andam os preparativos?
MIGUEL: Com o desastre no
desfile e o que aconteceu com o meu tio, nem tenho cabeça de tentar organizar
isso, vou esperar os próximos exames do meu tio para saber o que vai acontecer.
Cena 10 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Tarde]
(Antônio caminha
com Pérola rumo a recepção quando encontram com uma visita inesperada).
PÉROLA: Vivian? Eu não
sabia que você estava no Brasil.
VIVIAN: Eu cheguei faz
apenas algumas semanas, pensei em visita-la, mas não quis incomodar. Soube o
que aconteceu com o seu pai e vim saber como ele está.
ANTÔNIO: Obrigado por vir,
não precisava se incomodar. Nosso pai está na mesma, permanece em coma
profundo.
VIVIAN: Como não precisava?
Você sabe que eu me importo muito com você e sua família. (Vivian se aproxima e
acaricia o rosto de Antônio).
ANTÔNIO: (Retira as mãos de
Vivian do seu rosto) Obrigado pela consideração, mas se você não se importa, eu
prefiro que volte outra hora ou sei lá... Aqui é o meu trabalho e a Pérola já
estava de saída.
VIVIAN: Claro, eu vou até a
sua casa depois! (Vivian se despede de Antônio com um beijo no rosto quase na
boca e vai embora).
PÉROLA: Nossa, ela voltou
preparada para te reconquistar!
ANTÔNIO: Só que eu não quero
mais nada com ela, já estou em outra...
PÉROLA: E essa outra por um
acaso se chama Marcela?
ANTÔNIO: (Sorri) Talvez...
Talvez!
Cena 11 – Hospital
de Atibaia [Interna/Tarde]
Música da cena:
Estranho - Biollo
(Paula procura por
Caíque e quando entra no quarto de Maria Eduarda, encontra com os dois
dormindo. Ela na cama e ele na poltrona ao seu lado).
PAULA: (Sofre em ver a
cena e fala consigo em pensamento) Você nunca vai me notar de outra forma que
não seja como sua melhor amiga, pra você é como se o meu lado mulher não
existisse, você não sabe o quanto eu te amo e o quanto daria para ter só um
pouco do seu carinho.
Cena 12 – Casarão
Emília Bertolini – Sanatório [Interna/Tarde]
(Ingrid e Malu
chegam até o sanatório)
MALU: O que será que a
sua irmã veio fazer aqui?
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu não sei, eu vou
falar com o responsável pelo local e já trago mais notícias, espera aí. Tá?
MALU: Tudo bem, eu
espero.
(Ingrid entra na
sala do diretor, enquanto Malu espera na recepção do lugar. Uma mulher de idade
se aproxima dela e senta ao seu lado).
IDOSA: A senhora sabe
escrever?
MALU: Perdão, o que
disse? Eu estava distraída.
IDOSA: Eu perguntei se a
senhora sabe escrever... É que quero mandar uma mensagem para os meus filhos,
só que não sei escrever. Eu tenho papel e caneta, a senhora poderia escrever?
Eu vou dizendo e a senhora escreve...
MALU: Claro, eu posso
escrever... (Pega o papel e a caneta). O que quer escrever para eles?
IDOSA: (Dita) “Filhos
queridos, precisei viajar urgente por conta do trabalho. Não se preocupem
comigo, o lugar onde estou não funciona bem o sinal de celular, mas eu estarei
bem. Em breve mando mais notícias. Um beijo, mamãe!”. Pronto, é isso, conseguiu
escrever tudo?
MALU: Tudo. Aqui está!
(Entrega o caderno e a caneta para a senhora).
IDOSA: Obrigada minha
filha, que Deus te abençoe!
(Ingrid sai da sala
do diretor e chama pela mãe. Malu se levanta e caminha em direção a sala que é
grande e de paredes escuras).
MARIA EDUARDA (INGRID): Essa daqui é a
minha mãe, doutor.
MALU: Onde está a Ingrid?
Não estou entendendo. Cadê minha filha?
PSIQUIATRA: Sua filha é de quem
está falando?
MALU: Claro, continuo sem
entender porque ela marcou esse encontro aqui.
MARIA EDUARDA (INGRID): Está vendo doutor,
como eu falei?
MALU: Como falou? Como
falou o que?
MARIA EDUARDA (INGRID): A senhora não está
bem, precisa se cuidar...
MALU: Como eu não estou
bem? Eu estou ótima! Cadê a sua irmã? Eu quero vê-la agora!
PSIQUIATRA: A senhora está se
exaltando?
MALU: Eu não quero mais
enrolações, quero saber onde está minha filha agora...
PSIQUIATRA: Realmente, as
mudanças de humor condizem com o que me explicou.
MALU: Mudanças de humor?
Quem falou?
PSIQUIATRA: Só um instante,
sim! (Psiquiatra fala pelo telefone). Sim, já podem vir!
MARIA EDUARDA (INGRID): Isso me dói muito,
doutor!
(Dois enfermeiros
entram na sala do diretor do sanatório).
MALU: Quem são esses
dois?
PSIQUIATRA: Ela é a nova
paciente, podem leva-la.
MALU: Como assim nova
paciente? Está havendo algum engano aqui...
(Os enfermeiros
seguram Malu).
MALU: Mas o que é isso?
Me soltem, eu não sou louca, eu não vou com vocês!
PSIQUIATRA: A senhora
demonstrar mudanças de humor bastante significativas, se comporta de forma
violenta, age com mania de perseguição. Precisamos tratar isso, vamos cuidar da
senhora com métodos assertivos!
MALU: Não! (Grita). Eu
não sou louca, me soltem! Eu não sou louca, diga para ele Eduarda, diga!
(Continua gritando).
MARIA EDUARDA (INGRID): (Finge chorar e não
responde).
PSIQUIATRA: (Entrega uma
receita para um dos enfermeiros) Podem leva-la agora, sigam essa receita
prescrita à risca, entendido?
MALU: Não, eu não sou
louca... Eu não sou louca! (Malu continua gritando enquanto tenta se soltar).
(Os enfermeiros
carregam Malu pelo corredor, enquanto ela grita. As cenas se misturam entre o
passado e o presente, relembrando de quando Malu foi deixada no convento no
passado a força por sua mãe. Os enfermeiros entram com Malu numa sala, colocam-na
numa camisa de forças e lhe prendem em uma cama).
MALU: Não, não... O que vocês vão fazer comigo? (Desespera-se).
(A imagem foca em Malu sendo contida por um grupo de enfermeiros, a cena congela e o capítulo encerra ao som de uma câmera fotografando).
Obrigado pelo seu comentário!