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EM SEU LUGAR - CAPÍTULO 23

 



Capítulo 23

 

Cena 01 – Bar do Sílvio (Centro da cidade) [Interna/Noite]

(Sem opção, Amanda sentou na mesma mesa em que Kátia estava).

 

KÁTIA: Isso aí, exatamente... Boa garota! Eu acho bom você entender que sou eu quem dá as cartas nesse jogo.

AMANDA: O que você quer? Você nunca gostou de mim, tudo sempre vem com um interesse logo em seguida. Sem rodeios, quanto?

KÁTIA: Já que insiste, agora você começou a falar a minha língua. Eu ainda não sei exatamente o que você está aprontando, nem que golpe é esse, mas eu tenho uma certeza. Você está se passando por alguém e com isso está conseguindo descolar uma boa vida, não é isso?

AMANDA: O que isso importa agora? Me diga de uma vez quanto você quer para ficar com a boca bem fechada?

KÁTIA: Para começar, 10 mil reais em no máximo 48 horas...

AMANDA: 10 mil reais? Mas você ficou louca? 10 mil reais é uma quantia significativa, onde vou arrumar tudo isso? (Questiona nervosa).

KÁTIA: Ora, conta outra! Eu já venho te observando há muito tempo. Você estava morando na casa da velha milionária do ramo dos tomates. Trabalha na empresa e está infiltrada na casa dela, sabe-se lá por qual motivo. A outra lá te chamou de filha e você se referiu a ela como mãe. Você está se passando por alguém daquela família e os idiotas estão caindo feito patos. Eu quero o meu dinheiro, Amanda e isso é só o começo, está entendendo? (Fala ao se aproximar de Amanda com um olhar ameaçador).

AMANDA: Eu não vou te dar nada, sua louca. Cretina!

KÁTIA: (Segura o rosto de Amanda com força) Agora você já me irritou e você lembra como eu fico quando estou irritada, não lembra? Seu prazo mudou, você tem até amanhã ou eu acabo com você! (Empurra Amanda e em seguida, age naturalmente, bebendo um gole de cerveja).

AMANDA: (Se afasta bruscamente e encara Kátia).

 

Cena 02 – Donna Sô (Café Bar) [Interna/Noite]

(Incomodada com a presença de Vavo, Cristina logo o repreendeu pelo beijo).

 

CRISTINA: Ficou louco? Nunca mais volte a me tocar, entendeu? (Diz irritada).

VAVO: Calma, Cris! Foi um beijo inocente, eu apenas estava com saudade dos velhos tempos.

CRISTINA: Eu não estou te dando liberdade para isso, Gustavo. Você sabe muito bem do que eu preciso nesse momento.

ULISSES: Será que eu estou atrapalhando? (Diz ao se aproximar).

CRISTINA: Ulisses, nem te vi chegar... (Responde sem jeito).

ULISSES: Eu percebi. Não vai me apresentar o seu amigo? (Fala olhando para Vavo).

CRISTINA: Ele não é meu amigo! Esse daqui é o Gustavo. Gustavo, esse é o meu namorado, ele se chama Ulisses.

VAVO: Poxa Cris, como não somos nem amigos? Sou de Campinas, nós nos conhecemos lá, até pensávamos em nos casar, mas não rolou. Ficou só no namoro mesmo, mas nem se preocupa, hoje nós somos só amigos. Amigos, viu dona Cristina? A Cris está me ajudando num lance aí. Bom, agora eu já tenho que ir, só passei aqui para dar um beijo na Cris. Boa noite pra vocês, tchau! (Vai embora após deixar Cristina em uma situação desconfortável).

ULISSES: Sujeito esquisito, quer dizer que vocês já se conhecem?

CRISTINA: Eu sei que parece premeditado, mas não foi. Eu conheço o Vavo desde Campinas, fomos noivos de fato, mas tudo terminou entre nós e...

ULISSES: (Interrompe) E quando você pretendia me contar? Porque pelo o que senti, você não pretendia me falar nada sobre esse ex.

CRISTINA: Eu não tinha o que te contar justamente porque eu não sabia mais nada dele. Ele foi o responsável por estragar a minha vida!

ULISSES: Estraga a sua vida e vocês ficam de beijinho no meio do bar? Essa história está muito estranha pro meu gosto.

CRISTINA: Você está me ofendendo pensando assim de mim, Ulisses.

ULISSES: (Respira fundo e olha para os lados) Desculpa! Mas eu fiquei irritado como esse cara se aproximou de você. Não sei, tive a impressão de que ele não está querendo apenas a sua amizade.

CRISTINA: Tudo bem, eu entendo. Senta ali no balcão, esfria a sua cabeça. Vou atender algumas mesas e depois nos falamos, temos muito a conversar ainda. (Conclui).

 

Cena 03 – Cobertura de Rodrigo [Interna/Noite]

Música da cena: Seu Lugar – Lucas Mennezes

(Imagens externas apresentam a cidade de São Paulo. Grandes viadutos e pontes surgem como plano de fundo. Em seguida surge a fachada do edifício onde Rodrigo morava com seus filhos. Na cobertura, ele jantava acompanhado de Cissa e Caio).

 

RODRIGO: Já está bom, Vilma. Obrigado! (Disse enquanto a governanta servia vinho tinto em sua taça).

CISSA: Eu também posso tomar vinho, papai? (Pergunta animada).

RODRIGO: Não senhora! Você ainda é muito jovem para consumir álcool. Quem sabe daqui uns 50 anos!

CISSA: Mas isso vai demorar muito, papai...

RODRIGO: (Sorri) É exatamente por isso.

VILMA: Essas crianças! (Comentou enquanto pousava a garrafa de vinho em cima da mesa).

RODRIGO: E como foi o seu dia, filho? (Se direciona a Caio).

CAIO: (Se surpreende ao ser notado) Bem... Nada de novo!

RODRIGO: Isso não é verdade! Sempre temos algo para contar que fizemos desde a hora que acordamos até a hora de dormir.

CAIO: Ah, eu fui para escola. Tive prova de inglês e depois voltei pra casa!

RODRIGO: Ele teve uma prova de inglês! Viu como tinha razão? Tenho certeza de que você se saiu muito bem, filho.

CAIO: Assim eu espero. (Responde sem graça).

CISSA: E eu? Ninguém vai perguntar como foi o meu dia? (Questiona).

RODRIGO: (Dá uma risada) Vê se pode, a Maria Cecília quer ser adulta. Pois então vamos lá... Como foi o seu dia, minha nobre senhora?

CISSA: Na escola as minhas colegas me contaram um montão de coisas.

RODRIGO: Ah é e eu posso saber o que?

CAIO: Aposto que um monte de bobagem... Coisas de criança! (Ironiza).

CISSA: Não foi bobagem! As meninas da minha escolha disseram que quando um pai fica viúvo, ele se casa de novo e arruma para os filhos uma madrasta. O senhor também vai se casar de novo, papai?

RODRIGO: Você gostaria de ter uma madrasta, minha filha?

CAIO: (Se irrita) Não, é claro que ela não gostaria. Que conversa mais tola! O nosso pai não vai casar de novo, Cissa. Ele não vai colocar outra mulher no lugar da nossa mãe. (Levanta-se da mesa).

RODRIGO: Espera, Caio... Ao menos termina de comer!

CAIO: Já terminei! (Joga o guardanapo em cima da mesa e sai da sala de jantar).

(Rodrigo e Vilma se encaram por um breve momento, mas permanecem em silêncio).

 

Cena 04 – Motel [Interna/Noite]

Música da cena: Vício – Glória Groove

(No motel, Amanda abriu uma garrafa de champanhe após ficar com Vavo novamente).

 

AMANDA: (Estoura a champanhe) Wow!

VAVO: Nossa, vejo que você está empolgada. Isso tudo é porque está comigo? (Diz enquanto permanece deitado na cama, despido, coberto da cintura para baixo, com um lençol de linho branco).

AMANDA: Digamos que sim e pelo fato do meu plano está funcionando. Você disse que o Ulisses não gostou nada, nada de te ver perto da Cristina.

VAVO: E não gostou mesmo, pensei que ele fosse pular no meu pescoço. Se olhar matasse, com certeza eu estaria morto agora.

AMANDA: Excelente! Você vai continuar... Você tem que continuar cercando a Cristina, até que o Ulisses se canse dela e a deixe.

VAVO: Qual o seu problema com essa moça? Não me diga que você quer roubar o namorado dela e me largar!

AMANDA: (Sobe em cima da cama. De pé, ela desliza a ponta dos dedos pelo corpo de Vavo) Ah, você é tão lerdo... Você não entende nada. Eu e a Cristina somos muito amigas, nos conhecemos na cadeia, pra onde você a mandou por sua causa.

VAVO: Na cadeia? (Repete surpreso).

AMANDA: Sim, Vavinho lindo e na cadeia eu descobri algo muito importante sobre a Cristina. Algo que mudaria a vida dela, mas como ela não iria aproveitar como deveria, eu fiquei com algo que pertencia a ela.

VAVO: Eu continuo sem entender, Amanda.

AMANDA: Eu não sei nem porque te conto essas coisas, você é muito lerdo. Vou te contar apenas porque você me é muito útil. Eu não sou a verdadeira neta de Marion Assumpção. A verdadeira neta da velha é a Cristina, a mesma que você mandou para a cadeia e não quer te ver nem pintado de ouro. (Diz sorridente).

VAVO: A Cristina... Neta da velha? A Cristina é rica? (Repete boquiaberto).

AMANDA: Não, ela não é. Se ela não sabe, então ela não é. Você escolheu a mulher certa para apoiar, a Cristina jamais teria a química que eu tenho com você, seu gostoso. Ao meu lado você vai conseguir muito, mas muito mais. Isso é, desde que continue me apoiando em tudo.

VAVO: Eu estou apoiando, não estou?

AMANDA: Está e só tem a ganhar com isso! (Amanda arranca o lençol de Vavo, se debruça sobre ele e começa a beijar o seu corpo lentamente).

 

Cena 05 – Casa de Marina e Antônio [Interna/Manhã]

(O dia amanhece nublado em São Paulo. Imagens externas apresentam alguns dos pontos turísticos da cidade. Em seguida surgem as ruas do bairro do Bixiga e respectivamente a fachada da casa de Marina e Antônio).

 

MARINA: Já vai, já vai! (Disse ao ouvir a campainha tocar insistentemente. Em seguida ela deixou a cozinha secando as mãos em um pano de prato e foi até a porta ver quem era). – Você? (disse ao abrir a porta e se deparar com o irmão, com quem não falava há muitos anos).

MURILO: Eu sei que você não quer me ver e muito menos falar comigo, eu não tiro a sua razão. O que nós fizemos com você foi monstruoso, mas eu me arrependo amargamente e vim até aqui te pedir perdão, Marina.

MARINA: (Afasta-se da porta) Nem se você pedisse de joelhos apagaria toda a dor e sofrimento que vocês me causaram. Vocês roubaram os melhores anos da vida da minha filha e isso ninguém pode trazer de volta.

MURILO: Me perdoe, Marina! Eu vivo com o peso da culpa há anos. Isso me atormenta de um jeito, que eu já não consigo viver em paz. O Murilo Neto está aqui, não está? Ele fala muito bem de você, como você é boa e amorosa com ele. Eu agradeço muito que você goste do meu filho! (Diz ao adentrar na casa).

MARINA: Felizmente o seu filho não se parece nada com você. Você sempre foi um fantoche nas mãos da Marion, ela sempre te fez de gato e sapato. Como pode deixar que ela comandasse a sua vida desse jeito, Murilo?

(Nesse momento, Antônio deixa o quarto em busca da carteira, pois já estava atrasado para o trabalho).

ANTÔNIO: Marina, você viu a... O que esse homem está fazendo dentro da minha casa? (Pergunta irritado ao se deparar com Murilo parado em sua sala).

MARINA: Ele veio até aqui nos pedir perdão, Antônio.

MURILO: Eu sei que errei muito Antônio, que cometi um crime e estou disposto a arcar com as consequências...

ANTÔNIO: Canalha, saia da minha casa! (Acerta um soco na cara de Murilo).

MARINA: Não Antônio, pelo amor de Deus não faça uma loucura! (Diz ao segurar o marido, impedindo que ele volte a agredir o cunhado).

MURILO: Deixa Marina, o Antônio tem razões o suficiente para descontar todo o ressentimento dele em mim.

ANTÔNIO: Vá embora, desapareça da minha casa antes que eu chame a polícia, seu sequestrador! (Grita).

MARINA: Você já disse o que queria dizer, Murilo. Vá embora, por favor... (Pede nervosa).

MURILO: Está bem, eu vou! (Responde com a mão na boca, onde Antônio havia acertado um soco e em seguida vai embora).

ANTÔNIO: (Fecha a porta com muita força e começa a gritar) Seu bandido, canalha. Canalha!

 

Cena 06 – Mansão Assumpção [Interna/Manhã]

Música da cena: Amarelo, Azul e Branco – ANAVITÓRIA, Rita Lee

(Imagens externas mostram a movimentação nas grandes avenidas da cidade. Passamos pela Avenida São João e Ipiranga. Em seguida, a Rua 25 de Março é mostrada com um grande fluxo de pessoas transitando por ela, logo após surge a fachada da Mansão de Marion. Sorrateiramente e sem fazer barulho, Amanda entrou na mansão com as suas chaves e subiu até o pavimento superior sem ser vista).

 

AMANDA: (Entra no quarto de Marion e em seguida observa todos os lados, como se estivesse procurando algo) Onde será que essa velha esconde dinheiro? Em algum lugar ela deve ter dinheiro, preciso dar um jeito de calar a boca daquela cretina...

(Em seguida, Amanda vai até a penteadeira de Marion e abre as gavetas. Dentro de uma delas, ela acha uma caixa bonita. Trata-se de um porta-joias).

AMANDA: (Abre a caixa e se depara com inúmeras joias de Marion) Bingo! A velha tem tanta coisa aqui dentro, que nem vai se dar conta se uma dessas belezinhas sumirem... (Diz ao retirar um anel com uma pedra grande nele). – É esse, esse anel vai ser a minha chave de libertação com aquela ordinária).

(Cuidadosamente, Amanda devolve o porta-joias a gaveta onde estava. Organiza os pertences tal qual estavam e em seguida vai até a porta do quarto. Coloca o anel no bolso e ao perceber que não há movimentação de empregados, ela vai embora com a joia).


Cena 07 – ONG Amigos da Terra [Interna/Tarde]

Música da cena: Resposta - Skank

(Letícia adentrou no refeitório da ONG segurando uma bandeja com o seu almoço. Observou todo o local, procurando por uma mesa. Foi nesse momento que ela avistou Murilo Neto e resolveu se juntar a ele).

 

LETÍCIA: Será que eu posso almoçar com você? (Pergunta parada de pé, ao lado da mesa).

MURILO NETO: Claro, sente-se! (Responde sorridente).

LETÍCIA: Que bom, hoje eu estou com uma fome de leoa. Aproveito para matar a minha fome e te fazer um convite muito especial... (Disse enquanto levou comida a boca, com ajuda de um garfo).

MURILO NETO: Convite especial? Fiquei curioso, do que se trata? (Questiona empolgado e sorridente).

LETÍCIA: (Limpa a boca com um guardanapo e sorri para Murilo Neto) É, um favor muito especial. Eu vou me casar no civil com o André no próximo dia 10 e gostaria muito que você fosse uma das testemunhas. Você aceita, não é?

MURILO NETO: (Para de sorrir no mesmo momento e fica sério) Olha Letícia, não me leve a mal, mas eu prefiro não ir. Estou oficialmente recusando o seu convite.

LETÍCIA: (Fica surpresa com a recusa dele) Como assim, recusando? Mas porquê?

MURILO NETO: Você não sabe mesmo ou está fingindo que ainda não percebeu?

LETÍCIA: Eu não estou entendendo tudo isso!

MURILO NETO: Tudo bem, já que você insiste, eu vou desenhar. Não é de bom tom ser testemunha de um casamento quando o único desejo da testemunha é estar no lugar do noivo. Eu gosto de você, Leticia. Senti algo por você desde o dia em que te vi naquele boliche. Se existe amor à primeira vista, é exatamente isso o que eu sinto por você.

LETÍCIA: Nossa... Mas Murilo Neto, isso não pode seguir. Eu estou grávida e vou casar com o pai do meu filho! (Responde surpresa com a revelação).

MURILO NETO: (Sorri sem graça e fica de pé) Foi o que pensei que diria. Por isso eu não posso ser a testemunha do seu casamento. Tenho certeza de que você encontrará alguém mais qualificado que eu. Com licença! (Sai do refeitório).

LETÍCIA: (Afasta a bandeja de comida e permanece sozinha na mesa do refeitório, atônita com o que Murilo Neto acabara de confessar).

 

Cena 08 – Ourives [Interna/Tarde]

Música da cena: Bandida - Cleo

(Sozinha, Amanda caminhava por umas ruelas do centro da cidade. Ao avistar uma placa, ela entrou em um estabelecimento, trata-se de um ourives. O homem era especializado em desfazer joias para refazê-las).

 

OURIVES: (Avalia minuciosamente a joia com ajuda de uma lente de aumento).

AMANDA: (Observa, impaciente com o silêncio do profissional) E então, quanto você consegue me pagar por esse anel?

OURIVES: (Guarda a lente de aumento após finalizar a avaliação) Bem, é uma bela joia, mas não vale tanto. Posso te oferecer no máximo 6 mil.

AMANDA: 6 mil? Como 6 mil? Moço, avalie esse anel direito. Ele é de ouro, tem um brilhante maior do que esses seus dentes falsos, feito num protético de quinta categoria. Ele vale pelo menos o triplo do que está me oferecendo, eu preciso de pelo menos 10 mil.

OURIVES: Eu sinto muito, mas é pegar ou largar. Nenhum profissional desse ramo compra pelo design da joia, até porque ela é uma joia antiga. Precisará ser derretida e refeita para se adequar as joias de hoje em dia. Fique à vontade para tentar a sorte com outro ourives, porque é o máximo que vai conseguir por esse anel.

AMANDA: (Sem saída, resolve aceitar a oferta) Está bem, eu aceito. Fico com os 6 mil...

OURIVES: (Sorri maliciosamente) Excelente, a senhora não vai se arrepender em fechar negócio.

 

Cena 09 – PUC-SP, Universidade [Externa/Tarde]

Música da cena: Oceana – OUTROEU, Melim

(Com transição de cenas, surgem as grandes ruas da cidade. Um ônibus percorre a cidade, nele está Cristina. Ao perceber que está se aproximando da parada onde fica a universidade, ela pressiona o botão para descer e o veículo logo estaciona).

 

CRISTINA: (Desce do o ônibus sem perceber que está sendo seguida).

VAVO: (Com um boné e óculos escuros, desce logo após Cristina e a segue pelas ruas).

CRISTINA: (Cumprimenta algumas pessoas e entra na universidade).

VAVO: (Observa a fachada da universidade atentamente) Já sei onde você estuda, gatinha. Logo, logo você vai comer na minha mão de novo! (Pensa em voz alta).

 

Cena 10 – Apartamento de Ulisses [Interna/Noite]

(Ao anoitecer, Ulisses voltou para casa e encontrou Janice organizando a mesa para o jantar).

 

ULISSES: O cheiro da comida dá para se sentir lá do corredor. Se continuar desse jeito, os vizinhos vão bater aqui na porta e pedir para jantar conosco. (Diz ao entrar no apartamento).

IRMÃ JANICE: Não é para tanto. É só um risoto que aprendi a fazer lá no convento de Minas. A madre diz que é de se comer rezando! (sorri).

ULISSES: Já gostei dela, porque ela está coberta de razão e olhe que eu nem comi. Cadê o vovô? (Diz ao lavar as mãos na pia da cozinha).

IRMÃ JANICE: Está tomando banho! Acredita que tive que insistir? Se dependesse dele, ele estaria na cozinha até agora, dando palpites sobre o preparo do risoto. Coloque isso, uma pitada daquilo, mais água, fogo baixo... Enfim! Mas e a Cristina, porque ela não veio com você? Deveria convidá-la para jantar conosco, eu gostei muito dela.

ULISSES: Ela está no segundo emprego. A Cristina tem uma vida muito corrida. Além disso, andamos nos estranhando na noite passada, acho que ela está chateada comigo. (Diz ao deixar a cozinha).

IRMÃ JANICE: Tenho certeza que tudo irá se resolver. Se puder fazer algo, faça. Não espere para dar o primeiro passo! Qualquer coisa, eu vou com você até o trabalho dela e digo o quanto você a ama. Você a ama, não é?

ULISSES: (Sorri) Amo, amo muito. Eu quero me casar com a Cristina, construir uma família com ela. Mas você iria mesmo comigo? Ela trabalha num bar como garçonete... Sabe como é, essas coisas do mundo como as pessoas religiosas dizem.

IRMÃ JANICE: Ué e porque não? Deus está em todos os lugares meu irmão, ele jamais abandona seus filhos. Agora eu vou tirar o risoto do fogo, enquanto isso, você deveria aproveitar e ligar para a Cristina. (Responde e em seguida vai até a cozinha).

ULISSES: (Fica pensativo com o conselho da irmã).

 

Cena 11 – Donna Sô (Café Bar) [Interna/Noite]

Música da cena: Adivinha – Os Travessos

(Sofia e Tiago deixaram a copa do bar enquanto conversavam sobre a aparência dela).

 

SOFIA: Já disse que não tenho nada, que coisa! (Diz ao se aproximar do balcão e checar as comandas).

TIAGO: É sério, mãe! Estou te achando tão abatida, tem certeza de que não está sentindo nada? Podemos ir ao médico e...

SOFIA: (Interrompe Tiago) E mais nada! Olha quem está ali no palco... O seu cantor predileto!

TIAGO: (Olha para a direção onde sua mãe apontou e percebe que ela está se referindo a Daniel).

(Do palco, Daniel acena para Tiago, que sorri para ele envergonhado).

SOFIA: Meu amor, eu estou bem, é sério. Só estou cansada, essa noite eu dormi pouco. Acredite em mim! Porque você não vai até o cantor e serve um chopp por conta da casa pra ele? (Diz enquanto serve um pouco de chopp em uma caneca).

TIAGO: (Coloca a caneca em cima de uma bandeja) Está bem, mas em breve vamos voltar a ter essa conversa. Não pense que vai me engabelar, Donna Sô!

(Sorridente, Tiago caminhou entre as mesas levando a bandeja consigo, até que um dos clientes esbarrou nele, fazendo com que a caneca caísse).

TIAGO: Nossa, me desculpe!

KAREN: Você deveria ser mais cuidadoso e fazer o seu trabalho direito ao invés de ficar flertando. Tá achando que as pessoas acham isso normal? (Diz ao se levantar, após ter esbarrado em Tiago propositalmente).

TIAGO: Eu não sei do que está falando. Certamente a senhorita deve estar me confundindo com outra pessoa, pois eu não a conheço. Vou pegar um pano e uma vassoura para limpar isso, com licença. (Diz secamente e vai embora).

KAREN: (Observa Tiago ir embora e em seguida volta a se sentar, para observar Daniel cantar).

 

Cena 12 – Casa de Marina e Antônio [Interna/Noite]

Música da cena: Because You Loved Me – Claudia Rezende

(Com a transição de cenas, surge a fachada da casa de Marina e Antônio. Amanda, Cristina, Murilo Neto e Letícia conversavam na sala de estar, enquanto Marina preparava o jantar).

 

AMANDA: É sério, primo... Eu ainda não me acostumei a te chamar assim, mas devo confessar que acho lindo o seu trabalho em zelar do meio ambiente.

MURILO NETO: Ah, gentileza sua, Amanda! Se todos colaborássemos, o mundo hoje estaria muito melhor e não estaríamos vivendo essa era de aquecimento global e tantos desastres naturais.

(Nesse momento, Marina ressurge na cala carregando a bolsa).

LETÍCIA: Vai sair, mamãe? (Diz ao notar a presença dela).

MARINA: Vou ao mercado, inventei de fazer uma receita nova sem checar se tinha todos os ingredientes. Agora vou ter que dar um pulo no supermercado, porque não vou deixar o jantar pela metade.

LETÍCIA: Essa hora? Então eu vou a senhora, não gosto que ande pela rua essa hora, é perigoso.

MARINA: E vai carregar peso no seu estado?

LETÍCIA: Ué e qual é o problema? A senhora mesmo que vive dizendo que gravidez não é doença. Eu vou e não se fala mais nisso!

MARINA: Está bem, mas o Murilo Neto vai conosco, assim ele nos ajuda a carregar a sacola. Você se importa, meu amor?

LETÍCIA: (Fica sem jeito ao perceber que Murilo Neto também irá).

MURILO NETO: Não, tia... Será um prazer! (Levanta do sofá e acompanha Marina, sem demonstrar o desconforto.

LETÍCIA: Bem, se não tem outro jeito. Já voltamos! (Diz ao sair acompanhando Murilo Neto).

MARINA: Meninas, não saiam daí... Nós já voltamos! (Diz ao se despedir e fechar a porta em seguida).

CRISTINA: É, pelo o visto tudo voltou a normalidade nessa casa.

AMANDA: Nem tudo, o meu pai continua com a ideia fixa de colocar a minha avó e meu tio na cadeia.

CRISTINA: Amiga, eu não posso negar que continuo concordando com ele. Não me conformo com esse seu posicionamento!

AMANDA: (Levanta-se do sofá, irritada) Claro que não, você nunca concorda com nada. A Santa Cristina é perfeita!

CRISTINA: (Levanta e vai atrás de Amanda) Eu não sou nenhuma santa, Amanda. Eu sou realista! Não dá para tapar o sol com a peneira...

AMANDA: Claro... Eu já entendi tudo, eu já saquei qual é a sua!

CRISTINA: Entendeu? Entendeu o quê, Amanda? (Questiona).

AMANDA: Você está com inveja de mim! Você não consegue se conformar porque eu encontrei a minha família e você não. Que culpa eu tenho se você foi rejeitada? (dispara).

CRISTINA: Inveja? Você só pode estar ficando louca!

AMANDA: É isso mesmo... Inveja! Eu não tenho culpa se você foi abandonada a própria sorte, que a sua família não te quis. Isso deve ser um livramento de Deus. Quem sabe se a sua mãe ao invés de ter te largado com uma velha desconhecida não teria te jogado no fundo de uma lata de lixo? (Grita).

CRISTINA: Já chega! (Acerta uma bofetada na cara de Amanda).

AMANDA: (Encara Cristina após o tapa).

 

CONTINUA!

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