Capítulo 36
(Últimas Semanas)
Cena 01 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Noite]
(As pessoas ao redor, observavam os
ânimos alterados durante a discussão e mais uma vez o médico os advertiu).
NEUROLOGISTA: Senhores, vou adverti-los novamente! Ou vocês acabam de vez com essa
discussão ou eu vou ter que intervir chamando a segurança! (Diz seriamente).
AMANDA: Eu já disse que eu não tenho nada a ver com o acidente da minha avó.
MURILO: Pode ficar tranquilo, doutor. A discussão já acabou!
ULISSES: Nós vamos tomar um café e você vai esfriar a sua cabeça... (Diz ao
arrastar Murilo Neto para longe da recepção).
NEUROLOGISTA: Ótimo! Eu vou checar outros pacientes agora e assim que tiver
novidades, eu retorno. Eu recomendo que vocês passem em casa, tomem um banho,
comam alguma coisa e tentem descansar. Não há muito para fazer, ficando aqui.
(Conclui).
(Na cafeteria,
Ulisses tentava entender o acesso de raiva de Murilo Neto).
ULISSES: Cara, o que está acontecendo com você? Nem de longe parece aquele cara sensato
que conheci no boliche.
(A garçonete serve
dois cafés na mesa onde os dois estão).
MURILO NETO: Obrigado! (Agradece ao receber o café). – Não é possível que ninguém
consiga enxergar o que eu estou enxergando e que a Amanda consiga enganar todo mundo
como tem feito.
ULISSES: Como enganando todo mundo? Me explica o que está acontecendo!
MURILO NETO: A Amanda está mentindo sobre a vida dela, eu só não sei até onde e que
mal isso pode nos causar, mas algo nela está errado. A Amanda esteve presa e escondeu
isso de todo mundo!
ULISSES: (Surpreende-se) Presa? (Repete atordoado e em seguida começa a recordar
algumas situações do passado).
FLASHBACK:
Trecho do 1º Capítulo
ANDRÉ: Você vai comigo fazer a liberação das detentas em Campinas? Esse caso é
seu, você quem começou com essa coisa de ações voluntárias.
ULISSES: Infelizmente hoje não poderei participar. Tenho uma reunião importante
com um cliente em potencial, não posso perder.
ANDRÉ: Mas você nem chegou a conhecer as duas moças que estamos
defendemos, sempre ocupado. Olha, elas são muito bonitas! Você não sabe o que
está perdendo...
ULISSES: É, infelizmente não vai dar mesmo. Cumprimente-a por mim e se coloque a
inteira disposição pelo nosso escritório. Agora eu vou para a sala de reuniões.
ANDRÉ: Pode deixar! (Conclui).
Trecho do 11º Capítulo
ULISSES: Ué, vocês já
se conhecem?
CRISTINA: É claro que
sim, somos amigas. Praticamente irmãs, nos conhecemos no...
AMANDA: (Interrompe
Cristina e a abraça fortemente) Amiga, que saudade!
(Atordoado
pelas lembranças, a mente de Ulisses começou a ligar os pontos).
Trecho
do 11º Capítulo
CRISTINA: Demorei,
mas voltei!
ULISSES: Que
grande coincidência, quem poderia imaginar que vocês duas se conhecem e
estariam hoje no mesmo lugar.
(Após
pegar um copo com uísque, servido por um dos garçons, André caminhou entre os
convidados do jantar e logo foi até Ulisses).
ANDRÉ: Boa
noite! Será que eu os interrompo? (Diz surpreso, ao vê-lo com Cristina).
ULISSES: André,
meu caro. Pensei que não viria, faz tempo que chegou?
ANDRÉ: E
você, Cristina? O que faz nessa festa? Você é a última pessoa que imaginei ver
aqui.
CRISTINA: Doutor
Rios, quanto tempo! Como vai? (aperta a mão do advogado).
ULISSES: Não!
Será possível que vocês também já se conhecem?
ANDRÉ: Claro
e você também teria conhecido ela no dia marcado, se não tivesse escapado do
nosso encontro.
ULISSES: Eu
não estou entendendo. Do que está falando?
ANDRÉ: Cristina
é uma das detentas que defendemos naquele programa solidário do governo. Ela
foi a moça para quem conseguimos aquele induto no presídio de Campinas.
FIM
DO FLASHBACK
(Ulisses
estavam completamente perdido em seus pensamentos, tanto que não havia notado
que Murilo Neto estava lhe chamando).
MURILO
NETO: Ulisses, você tá bem, cara?
ULISSES: Estou,
estou sim! Na verdade, eu estava me recordando de como eu conheci a Amanda e
estou pensando que talvez você esteja certo. Acho que precisamos investigar um
pouco mais da Amanda, mas sem que ela saiba.
Cena 02 – Mansão
Assumpção [Interna/Manhã]
Música da cena: Amarelo,
Azul e Branco – ANAVITÓRIA, Rita Lee
(Imagens externas apresentam a
transição do dia para a noite. As ruas da cidade seguem movimentadas e em
seguida surgem as ruas do bairro do Morumbi. Um táxi se aproximou da mansão e
estacionou em frente ao portão principal).
AMANDA: (Entrega
o dinheiro ao motorista) Aqui está o pagamento, obrigada! (Amanda abre a porta
do táxi e desce do veículo).
(Amanda caminha
pela calçada, quando alguém se aproxima por trás).
KÁTIA: (Puxa
Amanda pelo cabelo).
AMANDA: Ai,
me larga! (Grita sem avistar ainda quem é).
KÁTIA: (Empurra
Amanda e em seguida lhe dá uma bofetada) Surpresa, não imaginava reencontrar a
mamãe, não era?
AMANDA: (Encara
Kátia, visivelmente furiosa) O que é que você quer, sua cretina? Eu soube da
sua nova visita na cadeia.
KÁTIA: Isso
vai te custar muito caro! Pra começar, eu vou entrar nessa mansão e vou ter um
dia de rainha...
AMANDA: Você
só pode ter ficado louca!
KÁTIA: Louca?
Eu? Experimente andar um centímetro fora da linha e eu acabo com você e eu não
estou para brincadeira, garota. (Ameaça). – Agora vamos, me leva para entrar!
AMANDA: Como
eu vou te levar para entrar? O que eu vou dizer? (Questiona).
KÁTIA: Isso
é problema seu, se vira! (Arrasta Amanda pelo braço e as duas adentram na
propriedade).
Cena 03 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Manhã]
(Com a transição de cenas, surge a
fachada do hospital. Em um dos consultórios, Sofia e Tiago conversavam com a
médica que tratava o caso de Sofia).
DRA. VIRGÍNIA: Eu
fico muito feliz que finalmente a sua mãe tenha caído em si e tenha te contado
a verdade. O apoio da família é fundamental nessas horas.
TIAGO: A
minha mãe agiu mal em não ter me contado, mas agora que já sei, quero saber de
tudo.
SOFIA: Mas
eu já te contei tudo!
TIAGO: Eu
quero saber toda a verdade sobre o real estado de minha mãe, doutora.
DRA. VIRGÍNIA: Claro,
eu contarei tudo. Nós iniciamos o tratamento da sua mãe de forma experimental,
mas não surtiu o efeito esperado. Depois iniciamos um processo de
radioterapia... (Começa a conversar com os dois sobre o tratamento de Sofia).
Cena 04 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Manhã]
Música da cena:
Because You Loved Me – Cláudia Rezende
(As ruas do bairro do Bixiga surgem
como plano de fundo e em seguida aparece fachada da casa de Marina e Antônio).
MARINA: Em
coma? (Repete atordoada ao se sentar no sofá da sala de estar).
MURILO NETO: É,
ainda não sabemos direito o que aconteceu, mas o estado dela é bem delicado.
(Explicou ao se sentar do lado da tia).
ANTÔNIO: Nossa,
que coisa! Ela sempre foi tão cheia de si e agora está assim, dependendo de
máquinas para continuar viva. Acho que você deve ir até o hospital, afinal ela é
a sua mãe.
MARINA: E
do que adianta ir agora? Eu e a Marion rompemos há mais de vinte anos, o que
ela fez com a minha filha foi imperdoável. Não dá para passar por cima disso,
não dá.
ANTÔNIO: (Se
aproxima da esposa) Eu sei, meu amor. Mas agora estamos diante de outra
situação, a sua mãe pode morrer. Tem certeza de que vai continuar com esse
rancor? Eu não acho que você deva ser tão irredutível agora. Pense nisso!
Cena 05 –
Apartamento de André [Interna/Tarde]
(Com a transição de cenas, surge a
fachada do edifício onde André morava com Letícia. Sozinha, ela decorava o
quarto do filho que esperava).
LETÍCIA: (Organiza
algumas peças de roupinha de bebê, quando avista André passando pelo corredor)
Meu amor, meu amor... Vem aqui, você tem que ver como está ficando o quartinho
do nosso filho! (Diz ao arrastar André para o quartinho do bebê).
ANDRÉ: É,
tá bonito! (Fala sem olhar direito).
LETÍCIA: Só
isso? Fui eu mesma quem organizou tudo isso aqui... (Responde sem graça).
ANDRÉ: E
o que você quer que eu faça? Que eu saia gritando pela rua que o quarto está
lindo? Faça-me o favor, Letícia.
LETÍCIA: Eu
só queria que você fosse mais presente! Eu já escolhi o nome, sabia?
ANDRÉ: Eu
nunca quis ter filho, se essa criança vai nascer a culpa é toda sua. Eu só me
casei com você pelo o que você talvez pudesse me proporcionar com a sua mãe e a
milionária, mas nem para isso você me serviu. Então não me cobre mais do que eu
já te dou, porque você não terá! (Sai do quarto e deixa Letícia sozinha).
Música da cena:
Resposta – Skank
LETÍCIA: (Sozinha
no quarto, ela acaricia a barriga que já está mais aparente) Eu vou te
proteger, meu filho, não se preocupe. Você terá a sua mãe e eu nunca vou te
deixar sozinho, nunca. Eu vou te chamar de Théo. (Conclui).
Cena 06 – Mansão
Assumpção [Interna/Tarde]
Música da cena: Vício
– Glória Groove
(Amanda desceu a escada após Amália
lhe informar a presença de uma visita na sala de estar, foi então que ela se
deparou com Vavo).
AMANDA: O
que você está fazendo aqui? Ficou maluco? (Questiona furiosa).
VAVO: Caramba, que
casarão... Eu imaginava que era grande, mas não dessa proporção! (Diz olhando
ao redor).
(Nesse momento,
Kátia se aproxima do corredor no segundo andar da casa e começa a ouvir a
conversa, sem ser vista).
AMANDA: E
você veio até aqui somente me dizer isso?
VAVO: Claro que
não, gata! Eu vim saber como você estava, eu li nos jornais o que aconteceu com
a velha. Ela está bem mal, né?
AMANDA: É,
infelizmente é verdade. Não acredito que a minha avozinha sobreviva.
VAVO: (Ri de
Amanda) Avozinha? Amanda, você não precisa mentir na minha frente. Eu sei muito
bem que essa velha não é sua avó, aliás... Eu posso jurar que você tem tudo a
ver com esse acidente. Fala a verdade, você queria se livrar da velha igual
pretende tirar a Cristina do seu caminho, não é? Porque você fez isso? Por
acaso a velha descobriu que a Cristina é a verdadeira neta dela?
AMANDA: Cala
a boca, seu imbecil! Por um acaso quer que alguém descubra a verdade? As
paredes têm ouvido, guarde essa sua língua dentro da boca! (Orienta irritada).
KÁTIA: Cristina!
Então esse é o verdadeiro nome da neta da velha e de quem a Amanda está
roubando tudo! (Fala consigo mesma através do pensamento).
Cena 07 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Noite]
(Murilo Neto e Stella observavam
Marion da UTI, através de uma vidraça, do lado de fora do corredor).
NEUROLOGISTA: (Sai
do quarto).
MURILO NETO: E
então, doutor... Alguma mudança no quadro da minha avó?
NEUROLOGISTA: Infelizmente
não. A sua avó continua na mesma e reforça nossos prognósticos de que
provavelmente seu estado de coma seja irreversível. Eu sinto muito! (Deixa os
dois a sós).
STELLA: Ela
vai sair dessa, meu amor. Não se preocupe! Apesar das nossas brigas e todas as
nossas diferenças, tenho que admitir que Marion Assumpção é uma fortaleza e
logo ela vai despertar.
MURILO NETO: Está
cada mais difícil acreditar nisso... (Diz em tom de desânimo ao voltar a
observar a avó na UTI).
Cena 08 – Mansão
Assumpção [Interna/Noite]
(Amanda invadiu o quarto onde havia
escondido Kátia e jogou um envelope em cima da cama).
KÁTIA: (Faz
cara de surpresa) Nossa, o que é isso?
AMANDA:
Como o que é isso? É o seu dinheiro e dessa vez tem o suficiente para você
desaparecer da minha vida de uma vez por todas.
KÁTIA: (Abre
o envelope e observa o dinheiro no interior) É pouco! (responde jogando o
envelope com desdém em cima da cama).
AMANDA:
Como é pouco? Você só pode ter perdido o juízo, aí dentro tem euros, vale mais
que reais sua toupeira! Pegue esse envelope e desapareça, essa é a sua grande
chance.
KÁTIA: (Sorri
ao levantar da cama) Eu acho que você não entendeu ainda. Depois do seu último
golpe, eu não vou confiar em você, filhinha. Eu quero um depósito em uma conta
no meu nome e com o dobro disso. Ah e não preciso dizer que isso é só o começo,
preciso?
AMANDA: E
porque eu faria isso, pobre idiota? (Pergunta ironizando).
KÁTIA: Porque
eu posso acabar com você num piscar de olhos, tem muitas coisas que convém
esconder. Sua verdadeira identidade, o fato de você ter jogado a velha escada à
baixo para matá-la e eu não posso esquecer da Cristininha, a verdadeira neta. E
então, vamos fechar negócio ou não? (Pergunta ao se aproximar de Amanda).
AMANDA: (Furiosa,
fica em silêncio).
Cena 09 – Cobertura
de Rodrigo [Interna/Noite]
Música da cena: In
The Silence – Leroy Sanchez
(Com a transição de cenas, surge a
fachada do edifício onde Rodrigo morava com os filhos. Acompanhado de Vilma,
Rodrigo acertava os últimos detalhes do jantar que estava organizando).
CAIO: Nossa, que
produção! Jantar importante? É com alguém do trabalho? (Questionou ao observar
a mesa posta).
RODRIGO: Na
verdade não, é uma coisa mais entre amigos! (Disfarça).
CAIO: (Estranha o
comentário) Amigos?
(Nesse momento a
campainha toca).
CISSA: Eu
abro, eu abro... (Disse ao sair do quarto correndo e abrir a porta em seguida).
– Cristina! (Disse empolgada).
CRISTINA: Oi,
princesa! O seu pai está em casa? (Pergunta ao avistar a menina).
RODRIGO: Pronto,
a nossa convidada de honra chegou. (Responde ao avistar Cristina parada na
porta). – Você está linda, entra... (Pede ao se aproximar da porta).
CRISTINA: É
muita gentileza sua! Não sabia se deveria vir ou não, mas o pessoal lá de casa
insistiu, então eu resolvi vir.
CISSA: Vem,
vem... Eu te apresento a casa, entra! (Diz arrastando Cristina para o interior
do apartamento).
CAIO: Eu vou para o
meu quarto, com licença! (Diz ao sair do quarto, deixando todos sem reação).
RODRIGO: Espera,
Caio...
CRISTINA: O
que deu nele? (Pergunta sem entender nada).
CISSA: Não
liga, o meu irmão é muito chato e implica com tudo. Se ele não gostou, eu estou
muito contente que você tenha vindo. (Conclui sorridente).
Cena 10 –
Apartamento de Ulisses [Interna/Noite]
(Quando Joaquim saiu de seu quarto,
encontrou Janice rezando ajoelhada na sala de estar, com os olhos marejados de
quem estava aflita).
IRMÃ JANICE: (Levanta-se
terminando de se benzer ao notar a presença do avô) Vovô, eu nem te vi chegar.
Faz tempo que está aí?
JOAQUIM: Não,
não! Faz pouco tempo. Você estava tão distraída rezando, que nem me viu chegar.
Quem te vê rezando com esse olhar triste, diria que você está infeliz, como se
estivesse presa em um dilema.
IRMÃ JANICE: Triste?
Ora vovô, eu só estava emocionada, nada além disso. Vou preparar seu
jantar! (Disfarça ao se afastar).
JOAQUIM: (Segue
Janice e vai até a cozinha) Você pode enganar qualquer um, menos a mim.
Esqueceu que eu sei decifrar e o seu irmão, melhor que ninguém? Eu poderia
jurar que alguma coisa aconteceu e que essa coisa está te fazendo repensar a
sua fé e a sua vocação, mas tudo bem... Eu vou te dar um tempo e estarei aqui,
quando quiser conversar. Qualquer coisa, estarei em meu quarto. (Sai da cozinha
e Janice fica sozinha).
IRMÃ JANICE: Meu
Deus, o que será que está acontecendo comigo? O que é isso que eu estou
sentindo? (Pergunta a si mesma).
Cena 11 – Mansão
Assumpção [Externa/Noite]
Música da cena: Não
Sai Da Minha Cabeça – Flávio Ferrari, Gabriel Nandes
(Imagens aéreas percorrem a cidade de
São Paulo e apresentam os grandes edifícios da cidade. Em seguida surgem as
ruas do bairro Morumbi e a fachada da mansão. Após estacionar o seu carro na
área externa da casa, Murilo desceu do carro e retirou as chaves da casa do
bolso, em seguida tentou abrir a porta).
MURILO: (Tenta
abrir a porta, mas a chave não entra na fechadura) Ué, o que está acontecendo?
Melhor tocar! (Toca a campainha duas vezes e aguarda alguém abrir a porta).
(Após um breve
momento, Amanda abre a porta sorridente).
AMANDA:
Sim, o que deseja?
MURILO: Como
o que eu desejo? Eu moro aqui, eu quero entrar. Com licença! (Tenta passar).
AMANDA: Não,
você não vai a lugar algum. Não percebeu? Eu troquei as fechaduras da casa. Eu
nunca gostei de você, sempre carregando esse semblante de fracassado. Isso
cansa a minha beleza, sabia? Por isso não te quero mais aqui, pode dar meia
volta e desaparecer.
MURILO:
Você só pode ter perdido a sanidade completamente. Eu moro nessa casa, eu sou
filho da dona e vou entrar. Você não pode me impedir...
AMANDA: É
claro que eu posso, idiota! A sua mãe é minha avó, esqueceu? Antes de sofrer o
acidente, ela me incluiu no testamento e me nomeou sua procuradora, tudo
reconhecido dentro da lei. Portanto, eu estou perfeitamente lúcida e como a
minha querida voz está incapacitada, eu passo a gerir tudo, ou seja, a casa é
minha e você não mora mais aqui. Você vai sair ou eu posso chamar a segurança?
(Ameaça).
(Alguns instantes
depois, surge a fachada do bar de Sofia. Ela atendia alguns clientes na área
externa do local, quando notou Murilo descer de seu carro).
SOFIA: Com
licença! (Disse se afastando da mesa e caminhando na direção de Murilo). – Que
surpresa, não estava te esperando... (Ao olhar para o banco do passageiro,
Sofia nota uma mala no banco do carro). – Que mala é essa? Você vai viajar?
MURILO: A
Amanda me expulsou de casa, eu não tinha para onde ir, por isso eu resolvi te
pedir abrigo. Será que eu posso ficar? (Questiona).
Cena 13 –
Indústrias Assumpção [Interna/Manhã]
(Cristina caminhou pelos extensos
corredores da fábrica e se dirigiu até a diretoria da empresa, de onde havia
sido chamada).
CRISTINA: Mandou
me chamar? (Diz ao entrar na sala da presidência, onde Amanda estava sentada na
mesa de Marion).
AMANDA: Que
maneira é essa de se referir a mim? “Mandou me chamar, senhora?”, era assim que
você deveria fazer.
CRISTINA: Ai,
Amanda... O que você pretende? Brincar comigo? Eu tenho mais o que fazer, estou
cheia de trabalho.
AMANDA: Eu
não estou gostando da forma como você está falando comigo. Não somos iguais,
não sei se percebeu. Eu sou a dona dessa empresa, herdeira e você não passa de
uma faxineirazinha, muito da incompetente por sinal. Você só está aqui por
pena, deveria beijar minha mão e pedir a benção!
CRISTINA:
Bom, já que não era nada de importante... Eu vou voltar ao trabalho, com
licença! (Vira-se e caminha em direção à porta).
AMANDA: Não,
você não vai a lugar algum. Não com esse seu nariz em pé e esse seu ar de
superioridade. Você acha mesmo que é melhor que eu, não acha? A Santa Cristina
acha que é perfeita, mas você não é. Eu estou por cima e você não é ninguém,
você não passa de uma rejeitada. Nem a sua família te quis, por isso te largou
como um saco de lixo. Olhe pra mim quando eu estiver falando! (Grita).
CRISTINA: (Para,
fecha os olhos e respira fundo, como se estivesse tentando se conter e em
seguida volta a encarar Amanda).
AMANDA: Você
não é insubstituível, querida. Você perdeu a mim, perdeu o seu namorado e agora
está perdendo o seu emprego. Você está no olho da rua! Pegue suas coisas, passe
no RH, acerte suas contas e desapareça da minha frente. Eu não quero mais ver
essa sua carinha de rejeitada na minha frente!
CRISTINA: (Sorri
sarcasticamente) Eu tenho pena de você, Amanda. Eu tenho pena da mulher que se
tornou... Aliás, eu tenho pena da mulher que você sempre foi, porque a falta de
caráter a gente não adquire, se nasce com ela e você nasceu desprovida. Quanto
mais alto você sobe, mais alto será a sua queda e eu estarei bem aqui, para
assistir a esse espetáculo. Pode deixar, eu vou sair agora mesmo dessa empresa.
(Arranca o chapéu da cabeça e o joga na direção de Amanda, indo embora em
seguida).
Cena 14 – Ruas de
São Paulo [Externa/Tarde]
Música da cena: Seu
Lugar – Lucas Mennezes
(O dia amanhece e anoitece
rapidamente, representando uma passagem de tempo).
- Marion continua em estado de coma;
- Amanda e Vavo transam pela mansão;
- Cristina e Rodrigo ficam cada vez
mais próximos;
- Murilo ajuda Sofia a seguir seu
tratamento;
- Daniel e Tiago namoram, enquanto
são observados por Karen de longe;
- Marina prepara sapatinhos de crochê
para o neto;
- Letícia faz uma nova
ultrassonografia para acompanhar o desenvolvimento do bebê;
- Janice começa a duvidar de sua
vocação e reza por isso;
- Amanda passa a noite com Ulisses,
que continua desconfiado dela;
- André continua violento com
Letícia;
- Antônio procura emprego, porém não
consegue;
- Jacqueline e Vavo voltam a ficar
juntos;
- Caio se recusa a se aproximar de
Cristina;
- Bárbara continua visitando os
netos;
- Ulisses pensa em Cristina;
- A equipe do hospital tenta
reabilitar Marion.
TRÊS MESES
DEPOIS...
(Marion continuava
em estado vegetativo, porém não dependia mais de aparelhos respiratórios para
continuar viva. Sua aparência era de um sono profundo e por seu quadro não
apresentar mudanças, o médico responsável pelo caso achou melhor lhe dar alta.
Amanda fingindo preocupação, montou uma estrutura de hospital no quarto de
Marion e a levou de volta para casa).
AMANDA:
Pronto, ela está bem acomodada. Muito obrigada! (Diz após os enfermeiros
colocarem Marion em cima da cama). – Amália, por favor acompanhe a equipe até a
saída, pode deixar que eu fico com a minha avozinha. (Diz olhando para Marion).
AMÁLIA: Sim
senhora! Por aqui, senhores... (Disse conduzindo a equipe de enfermeiros para
fora do quarto).
(Ao ficar
finalmente sozinha com Marion, Amanda sorriu ao vê-la naquele estado e resolveu
se aproximar dela para tripudiar de sua situação).
AMANDA: (Inclinou
a cabeça e aproximou seus lábios da orelha de Marion) Vovozinha! Vozinha...
Está muito escuro aí onde a senhora está? A senhora pode me ouvir? Ah, que
pena... A senhora não pode! (Debocha). – Mas para você ver como eu não sou má,
eu vou te fazer companhia e até vou te contar uma história. Lá vai, hein? Era
uma vez, uma velha muito miserável. Tão miserável, que mesmo tendo tudo, ela
não tinha nada. Daí, surgiu uma moça linda em sua vida, eu, é claro. Essa moça
era muito mais esperta e acabou ficando com tudo, porque tinha que ser assim...
Está gostando da história, velha moribunda? (pergunta de maneira sarcástica).
MARION: (Abre
os olhos e olha para o teto, sem muita precisão).
AMANDA: (Afasta-se
rapidamente e acaba caindo sentada) Não pode ser, essa velha maldita acordou!
Ela acordou! (Repete aterrorizada).
CONTINUA!
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