A Razão de Amar - Capítulo 36 (Reprise)

  

Capítulo 36

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

    Otávio Duarte                                                                                  Atendente               

Celso Correia                                          Lola

Jorge Correia.                                        

Madalena Correia.                                                            

Marta Correia                                         

Olímpio Vasconcelos.                           

Radialista.                                               

Letícia Fernandes

Cecília Valadares

José Jacinto – Carcará

Débora Valadares

CENA 01/ CEMITÉRIO/ INT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Tocar a música “Bachianas Nº 4”, de Heitor Villa-Lobos. O cortejo acompanha o enterro de Olga. Todos estavam muito emocionados com a partida daquela jovem. Ela é enterrada e todos batem palmas.

A música acaba por aqui.

Corta para:

CENA 02/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Afonso, Branca, Cecília e Eduardo entram muito emocionados dentro de casa. Em seguida Horácio, Vilma e Otávio.

AFONSO (Emocionado) – Que tragédia, Meu Deus!

OTÁVIO (Revoltado / P/Afonso) – O senhor sabe quem fez isso com? Sabe?

AFONSO (Emocionado) – Não, mas independente disso, não deixa de ser uma tragédia.

OTÁVIO (P/Afonso) – Foi o Carcará! Pelo que se pode constar, pelas provas coletadas, ele e Olga eram amantes! Eles marcaram um encontro naquele e Carcará a matou como uma forma de vingança para me atingir e atingir Eduardo.

VILMA (Emocionado) – Eu não quero nem olhar para a cara daquele monstro!

Enquanto estão todos falando mal de Carcará, Cecília sobe as escadas triste. Neste instante, Otávio a acompanha e a segura pelo braço.

OTÁVIO - Você vai dar pelo menos um segundo de atenção a mim? Agora você está vendo que o Carcará não é uma pessoa de confiança? A gente vê na cara dele que ele é um assassino. A polícia o encontrou no hotel naquela hora da noite com um pedaço de tecido da roupa da minha irmã. Se isso não é suficiente para que você acredite que aquele rapaz é inocente....

CECÍLIA – Olga e Carcará amantes? Eu não consigo acreditar que eles fizeram isso.

OTÁVIO – Nem eu consigo acreditar que a minha irmã fez. Trair o Eduardo dessa forma.

Neste instante, Eduardo quebra o seu silêncio.

EDUARDO – Eu sempre desconfiei que existia algo entre aquele caipira e Olga. Desde a primeira vez que nos cruzamos na rua, eles se olharam de uma forma diferente. Sentia que algo de ruim iria acontecer. Tentei afastá-lo de nossa família a qualquer custo, porque sentia que existia uma energia ruim. É... Eu não sei nem se quero olhar para a cara daquele assassino mais Cecília não segura a decepção e sobe para o quarto.

Corta para:

CENA 03/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Jorge entra em casa, instante que seu pai está escutando o rádio. O filho de Celso está muito feliz. Celso então questiona Jorge.

CELSO – Você pensou bem no que nós conversamos naquele dia?

JORGE – Sim, pai! Eu já tomei uma decisão e sei que é o melhor a ser tomada no momento. É.. Irei conversar com Letícia sobre tudo isso que está acontecendo na minha vida. Eu irei conversar com Lola também.

CELSO – Espero que você não se arrependa de nada do que você escolher daqui por diante. Filho é coisa séria!

JORGE – Eu já estou ciente de tudo que eu fiz até aqui.

CELSO – Eu sei muito bem o trabalho que é manter um filho. Não posso nem criticar você, caso seja a sua escolha ter esse filho. Eu criei Bernardo sabendo que ele não era meu filho. Dei todo o amor do mundo a ele. E.. E não me arrependo.

JORGE – Eu já sei a decisão que é mais coerente com os meus princípios e já sei o que dizer para Lola e Letícia. Espero que elas me entendam.

Celso concorda com a cabeça. Eles dão um aperto de mão. Em seguida, Jorge sai.

Corta para

CENA 04/ MANSAÕ DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Zilda abre a porta da sala. Jorge está em pé com um buquê de flores. Ele entra. Letícia está ajudando o pai fazer alguns desenhos. Ela interrompe para falar com Jorge.

LETÍCIA (P/Jorge) – Espero que você não tenha vindo com essas flores para me iludir!

Jorge entrega o buquê para Letícia.

JORGE (Nervoso) – Eu já tomei uma decisão. É você que eu amo..., mas com Lola eu adquiri uma grande responsabilidade. Ela está grávida. Por mais que as circunstancia dessa gravidez sejam questionáveis, é uma criança que está em jogo. Entre um grande amor e um filho, eu dou prioridade ao filho.

LETÍCIA – Você está com toda razão. Tudo isso é para você me dizer que não quer mais ficar comigo. A escolha é sua. Pelo menos, está sendo honesto.

JORGE – Eu prezo pela honestidade. Eu não conseguiria ficar com você, com o peso na consciência de ter abandonado um filho.

Neste instante, Raul e Zilda saem da sala. Jorge e Letícia dão o último beijo.

JORGE – Me perdoe!

Em seguida, eles dão um abraço. Jorge sai.

Corta para:

CENA 05/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ TARDE

Tocar a música “Maracatu Atômico”.

Mostrar a calmaria da cidade. Um vendedor passado de casa em casa vendendo plantas medicinais. Dois rapazes se apresentando na praça. Um vendedor de pipoca passando pela cidade. Crianças correndo pelas calçadas. Mulheres fazendo crochê na frente de suas casas. Viatura da polícia passando pela cidade.

Corta para:

CENA 06/ DELEGACIA/ CELA / EXT. INT. / TARDE

Tocar o instrumental “Nova Embocada”, da novela Lado a Lado.

Carcará, no INTERIOR da cela, está tentando ocupar sua mente arrumando o seu colchão. Neste instante, no EXTERIOR, Eduardo se aproxima da cela. Ele está muito nervoso e inquieto. Carcará, ao perceber a chegada do filho de Afonso, se aproxima da cela. Enraivado, Eduardo puxa Carcará pela camisa e o pressiona contra a grade da cela.

EDUARDO (Gritando) – Comigo, o buraco é mais embaixo! Não pense que eu vou deixar em vão a morte da minha esposa. Bem que eu sempre desconfiei que existia algo entre você e Olga. Eu sempre notei que ela te tratava de uma forma diferente.

CARCARÁ (Sufocado) – Eu não tenho culpa de nada. Fui vítima de uma emboscada.

EDUARDO (Gritando) – Eu já cansei de ouvir que você inocente! (Imitando). Eu sou inocente! Eu sou inocente. (Exaltado). Seja homem, rapaz, seja homem! Assuma seus erros. Eu não vou sossegar, enquanto não te ver destruído.

O policial vê que Eduardo está pressionando Carcará contra a grade e tenta separá-los. Carcará se solta de Eduardo, que sai. Carcará, quase sem folego, tenta se recuperar do susto.

A música deixa de ser tocada neste ponto.

Corta para:

CENA 07/ HOSPITAL AFONSO VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ TARDE

Otávio está sentado na cadeira e se lembra que esqueceu de enviar a correspondência para Celso.

CELSO – Os últimos dias foram tão agitados, que eu esqueci de dá prosseguimento ao meu plano.

Ele pega a correspondência e olha um pouco. Neste instante, Horácio entra sorridente.

HORÁCIO – Estava lembrando do dia que você chegou lá em casa. Tão sujo, Meu Deus! Mas logo nos encantamos com você. Olga logo já te tratava como irmão. Você tinha e tem as mesmas manias de Pedro, meu falecido filho. Éramos felizes e hoje só temos você de filho. Perdi meus dois filhos biológicos de uma forma que eu não desejo a ninguém. 

OTÁVIO – A vida é muito imprevisível. Estávamos eu e Olga conversando há alguns dias, e hoje ela já não está mais entre nós.

Eles continuam e conversando.

Corta para:

CENA 08/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ NOITE

Tocar a música “Sertão”, da novela Cordel Encantado.

Carros passando pela rua. Pessoas conversando na praça. Pessoas entrando na igreja. Homens entrando no bordel, bebendo nos bares. Pessoas saindo e entrando no hotel.

A música para por aqui.

Corta para:

CENA 09/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 06/ INT./ NOITE

Jorge entra no quarto. Lola está um pouco triste, mas recebe o filho de Celso.

LOLA – Achei que você não viria mais. Já estava quase ficando louca.

JORGE – Eu vim te dizer que já tomei uma decisão.

Lola fica feliz.

Corta para:

CENA 10/ HOTEL CASSINO/ QUARIO 06/ INT./ NOITE

Continuação da última cena do bloco anterior. Jorge fica muito emocionado antes de falar a sua decisão.

JORGE – Eu decidi escolher meu filho. Ele é a coisa mais importante para mim neste momento.

LOLA – Não esperava outra atitude sua a não ser essa.

JORGE – Eu não iria me sentir bem sabendo que eu abandonei uma criança. Eu tenho um irmão que ele foi renegado pelo pai. Irmão adotivo. Ele só não sofreu porque descobriu já adulto quem era o verdadeiro pai dele. Eu não essa criança desamparada. E que fique claro que estou com você por causa dessa criança.

LOLA – Tudo bem. Pelo menos, você é homem suficiente para assumir um filho.

Eles se abraçam.

LOLA – Estou muito feliz pela a sua escolha. Construiremos uma família bonita.

Eles se beijam.

Corta para:

CENA 11/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Marta chega com uma correspondência. Celso, escutando o rádio e fumando, questiona.

CELSO – O que é isso?

MARTA – É uma correspondência que tinha na porta. Da CottonPlus. É para você.

CELSO – CottonPlus? É uma fábrica? Eu não conheço!

Celso pega a correspondência e faz uma leitura silenciosa.

CELSO – É uma empresa que quer firmar uma sociedade com a nossa fazenda. Eles são uma empresa do ramo da tecelagem. Vou analisar com rigor a proposta.

Nesse instante, uma notícia sai no rádio.

RADIALISTA – Já foi dado o início a campanha política para as eleições suplementares deste ano de 1935.

Corta para:

CENA 12/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: 3 semanas depois. 

Uma multidão se aglomera na praça. Todos acompanham o comício de Jorge e gritam o nome dele.

POVO (Gritando) – Jorge! Jorge! Jorge!

JORGE (Gritando) – É com imenso prazer que eu tenho o dever de defender o povo. O povo precisa de uma vida digna e eu vou dar! Precisa de emprego e eu vou dar! O povo cansou de ser enganado. São quase meio de mentira da família Valadares. O povo quer mudança! Quer segurança!

Neste instante um homem encapuzado atravessa a multidão com uma faca. Jorge não consegue se esquivar e homem encapuzado atinge em cheio o seu abdômen.

Focar na expressão de dor de Jorge.

Corta para: