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A Razão de Amar - Último Capítulo (Reprise)

  

    






                                                                     Capítulo 50

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Otavio Duarte                                                                                  Atendente               

Afonso Correria

Celso Correia                                          Lola

Jorge Correia.                                         Afonso Valadares

Madalena Correia.                                    Miro                        

Marta Correia                                           Carmen

Olímpio Vasconcelos.                              Pablo

Radialista.                                                

Letícia Fernandes

Cecília Valadares

José Jacinto – Carcará

Débora Valadares

CENA 01/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Carcará encara todos os presentes na igreja, que retribuíam com olhar de surpresa, desprezo e indignação. O filho caçula de Madalena torna a repetir o que dissera assim que chegara naquele local.

CARCARÁ – Eu tenho algo para revelar. (Olhando para os fixos de Cecília). Cecília é grande amor da minha vida, e eu sou o grande amor da vida dela. Esse casamento é uma farsa! (P/Otávio). A Cecília não te ama, Otávio!

OTÁVIO (P/Carcará) – Olha, rapaz, se você veio achando que vai acabar com o meu casamento, perdeu seu tempo.... Aliás, o que os delegados presentes neste casamento estão esperando para prender este assassino? Eu exijo que esse rapaz seja preso imediatamente. Ele já atrapalhou a minha vida o suficiente e fez o que fez com a minha família. Matou a minha irmã com uma crueldade jamais vista neste país.

CECÍLIA (Interrompe) – Carcará, o que você veio fazer aqui? Veio me enganar mais uma vez, como fez desde que eu te conheço? Veio fazer mais uma promessa de fugirmos juntos, como sempre fez comigo? Eu não acredito mais em nenhuma palavra que sai da sua boca. Eu não sei como você ainda teve a coragem e desfaçatez de vim até aqui. Veio dizer mais mentiras? Veio fazer mais juras de amor falsas? Eu quero que você saia daqui!

CARCARÁ (P/Cecília) – Eu te amo!

OTÁVIO (P/Carcará) – Você não escutou o que Cecília disse? Saia daqui!

CARCARÁ (P/Otávio) – Não antes de revelar o que eu tenho para revelar!

Otávio e Cecília se viram para o padre.

OTÁVIO (P/Padre Antônio) – Pode continuar a cerimônia!

CARCARÁ (P/Otávio) – Você vai virar as costas para seu irmão?

Otávio vira-se para Carcará, intrigado. Cecília também fica surpresa com o que Carcará acabara de dizer.

OTÁVIO (P/Carcará) – O que foi que você disse?

Carcará repete.

CARCARÁ (P/Otávio) – Vai virar as costas para seu irmão?

OTÁVIO (P/Carcará) – Você só pode estar desajuizado! Você meu irmão? Ah, não me faça rir, rapaz!

CECÍLIA (P/Carcará) – Enlouquecestes?

CARCARÁ (P/Otávio) – Vai dizer que não conhece Madalena Alves Correia?

OTÁVIO (P/Carcará) – Que brincadeira de mau gosto é essa?

Neste instante, Madalena entra na igreja.

MADALENA (P/Otávio) – Não há brincadeira de mau gosto nenhuma, meu filho.

OTÁVIO (P/Madalena) – Continuo não entendo.

MADALENA (P/Otávio) – Sou eu, meu filho, a sua mãe Madalena!

OTÁVIO (P/Madalena) – Você não é minha mãe... mãe não abandona filho, mãe não deixa o filho sofrer o que eu sofri. Você só pensou em você. Não pensou em mim. Fugiu sem nem mesmo se despedir de mim. Você não sabe o tanto que eu sofri nas mãos do meu tio. Fugi da fazenda para procurar você, porque achava que você se importava comigo. Mas preferiu fugir com seu amante. Me lembro como se fosse hoje.

Inserir o Flashback da cena 08 do capítulo 15:

A cena começa no INTERIOR do QUARTO DE OTÁVIO na FAZENDA CORREIA.

A madrugada é de chuva forte. Otávio lê um livro. Ele não consegue dormir há duas noites. Coloca o livro do lado da cama e pega o diário e escreve algumas coisas.

OTÁVIO (lê, enquanto escreve) – Eu não aguento viver nessa situação. Desde que o meu pai se foi e que a minha mãe saiu de casa, que eu não tenho mais paz. Apanho todo dia, estou sem comer direto há três semanas, algumas vezes o meu tio tira a roupa na minha frente e me obriga ter relações com ele. Eu não aguento mais essa situação.

Ele pega uma mala e coloca algumas roupas, o diário e algumas fotos de família. Ele pega um pano coloca na cabeça. Em seguida, fecha a mala e desce com ela. Anda devagar pela SALA DE ESTAR para não fazer barulho. Ele sai da fazenda.

Fim do insert.

OTÁVIO (P/Madalena) – É no mínimo cômico você aparecer quase 30 anos depois e achar que está tudo bem, que agiu corretamente.

MADALENA (P/Otávio) – Você está sendo injusto comigo. Não sabe nada do que aconteceu no passado e não tem o direito de me julgar desta forma.

OTÁVIO (P/Madalena) – Você não acha que eu ia te receber de braços abertos depois de tanto tempo, acha? Eu apaguei você da minha memória. Você e nada tem o mesmo significado para mim. O meu pai, Venâncio, não. Ficamos eu e ele sozinhos naquela fazenda, somente nós e os empregados, até acontecer aquela tragédia. Abandonou eu e o meu pai para viver como quenga ao lado daquele jagunço.

CARCARÁ (P/Otávio / Gritando) – Olha como você fala da minha mãe!

OTÁVIIO (P/Carcará) – Muito bem! A sua mãe. A Madalena é sua mãe; minha não.

MADALENA (P/Otávio) – Eu estava acuada. Estava vivendo um casamento infeliz e de mentiras a anos. Você era pequeno e não sabia de nada. O Venâncio deve ter feito a sua cabeça contra mim.

OTÁVIO (P/Madalena) – Não, você que se afastou de mim.

MADALENA – Eu fugi com jacinto porque fui muito humilhada nesta cidade. (Entreolha os convidados, enquanto fala). Andava pela cidade e as pessoas me julgavam, sem nem mesmo saber o que estava acontecendo. (Chorando). Fugi porque estava com medo... medo porque fui eu que dei o tiro que matou seu pai.

Focar nas expressões de surpresas e espanto de Afonso, Branca, Eduardo, Cecília, Vilma, Horácio, Guilherme, Olímpio e Carcará.

MADALENA (P/Otávio) – Matei! Você não tem ideia do que uma mulher humilhada e traída faz. Me lembro como se fosse hoje como tudo aconteceu.

Cena desaparece:

CENA 02/ FAZENDA CORREIA/ EXT.INT. / NOITE (FLASHBACK)

No EXTERIOR da fazenda, Madalena observa Venâncio, todo molhado, entrando dentro da fazenda, com uma garrafa de cachaça e uma pistola.

MADALENA (Sussurra) – Ele estava praticando tiro!

Ela escuta ele conversando com Otávio.

VENÂNCIO (off) – Já vai dormir, filho?

OTÁVIO (off) – Vou ler um pouco, painho!

VENÂNCIO (off) – Está certo, filho. Boa leitura.

Madalena, de repente, percebe um silêncio. Ela entra na fazenda vagarosamente. Ela vê que Venâncio, que não percebeu a presença dela, pega um terço do bolso.

VENÂNCIO – Deus, porque permitiu ela fosse embora? (Gritando). Porque, Deus? Deus... (Se ajoelha próximo a mesa, bebendo um pouco da cachaça). Não era para o senhor ter tirado ela de mim. Porque tu tirastes, Deus? (Gritando/Chorando) O que vai ser de mim agora, Deus? (Gritando/Senta-se à mesa)

Ela vê que a pistola está em cima da mesa e pega sem que ele perceba. Ele percebe que uma pessoa se aproxima e vê que Madalena, mas ela já está com a arma apontada para a cabeça dele. Ela aperta o gatilho. Ele desfalece sobre a mesa. Em seguida, Madalena coloca a arma na mão dele e sai correndo.

Cena desaparece aos poucos, dando lugar à próxima cena:

CENA 03/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

A pessoas olham assustadas para Madalena. Otávio quebra, após alguns minutos escutando a revelação de Madalena.

OTÁVIO – Você é a pessoa mais egoísta e repugnante que eu já tive oportunidade de conhecer. Me arrependo de um ter te chamado de mãe.

Carcará fica surpreso com que Madalena revela.

CARCARÁ (P/Madalena / Sério) – Então era por isso que a senhora relutava em vim para cá?

MADALENA (P/Otávio) – Eu o matei porque eu já tinha mais o amor dele. Queria pelo menos ter um pouco da herança, mas nem isso eu consegui. Ele não deixou nada para mim.

Ele relembra o dia da leitura da herança. Inserir o Flashback da cena 14 do capítulo 11:

Aurélio, advogado que substituiu Raul nos assuntos jurídicos da família entra no escritório. Bernardo, Celso, Jorge, Madalena, Marta e Otávio já o esperam no escritório.

AURÉLIO – Passada todas as formalidades, vou fazer do testamento do senhor Venâncio Alves Correia. “Deixo aos meus dois filhos a minha fazenda. Cada um deve ficar com 40% dela. Celso e a Marta ficarão com 20% da fazenda. 45% da minha fortuna deve ficar para Otávio, 45% para Bernardo, 10% para Celso”. Madalena, a senhora não herdou nada de Venâncio.

MADALENA – Há algum engano!

Fim do insert.

MADALENA – Foi então que decidi incriminar Celso.

Relembra este momento. Inserir o Flashback da cena 01 do capítulo 13:

Madalena entra na delegacia, no mesmo instante o delegado assina alguns papeis. No primeiro momento, ele fica surpreso.

MADALENA – Foi Celso que matou Venâncio!

OLÍMPIO (Surpreso) – O que a senhora está fazendo é uma denúncia muito grave. A senhora tem provas do que está dizendo.

MADALENA – Não, infelizmente não.

OLÍMPIO – Desculpe, mas eu não posso levar em consideração o que a senhora está dizendo.

MADALENA – Desde que esse irmão dele voltou que não tivemos mais paz. Os dois ficavam de cochicho o dia inteiro, ficavam trocando indiretas a todo momento.

OLÍMPIO – Nada do que a senhora está dizendo prova que Celso matou Venâncio.

MADALENA – Ele e a família dele ficaram com mais da metade da herança de Venâncio.

OLÍMPIO – Muitos crimes acontecem por questões de herança e outras questões familiares, mas a sua acusação é muito rasa. A lei diz que uma pessoa é inocente até que se prove o contrário.

MADALENA – Então, a minha vinda até aqui foi em vão.

OLÍMPIO – Eu irei averiguar sua acusação, apesar de que os autos e o que a pericias constatou que foi suicídio.

MADALENA – Pode deixar para lá isso que eu disse! Não quero dar prosseguimento. Sei que não vou ganhar nada mesmo.

Madalena sai decepcionada e chateada, por não poder provar que Celso é o assassino de Venâncio.

Fim do insert.

Cecília fica surpresa com tudo que foi revelado. Padre Antônio interrompe.

PADRE ANTONIO – Meus senhores, eu tenho outros casamentos ainda hoje. Eu não tenho todo tempo do mundo.

CARCARÁ – Cecília, pense direito. Eu estou vendo pela sua cara que você não está feliz com esse casamento. Você não ama o Otávio. Não será feliz com ela.

Cecília fica nervosa com o Carcará e fica ofegante. No instante em que ela ia falar, Otávio a interrompe.

OTÁVIO (P/Carcará) – Chega dessa palhaçada, rapaz. (P/Carcará e Madalena). Vocês ainda não perceberam que não são bem-vindos aqui. Saiam!

Madalena se ajoelha.

MADALENA (P/Otávio) – Me perdoa, meu filho. Eu vim para esta cidade depois de tanto tempo porque eu queria receber o seu perdão.

OTÁVIO (P/Madalena) – O que você fez não tem perdão. Você é a pior rameira e quenga que esta cidade. Você é muito esperta esperou o crime prescrever para falar que matou meu pai. Eu tenho vergonha de você... Nojo de você.

Carcará tira a pistola da cintura e aponta na direção de Otávio, que não se intimida.

OTÁVIO (P/Carcará) – Vai atirar em mim? É isso que você vai fazer: atirar em mim? Atira! Atira, para eu ver se você é macho mesmo! Atira!

Carcará fica nervoso com a fala de Otávio.

CARCARÁ (Nervoso) – Não me provoca.

As pessoas gritam de desespero. Cecília tenta acalmar os ânimos.

CECÍLIA (P/Carcará) – Não precisa disso. Abaixa essa arma, Carcará!

OTÁVIO (P/Cecília) – Deixa ele atirar! (P/Carcará). Atira, porra!

Carcará fica mais nervoso a cada provocação de Otávio.

CARCARÁ (P/Otávio) – Não me provoca senão eu atiro!

OTÁVIO (P/Carcará / Conclusivo) – Você não vai atirar. Primeiro, que se você quisesse atirar já tinha atirado; segundo, porque você não é um assassino como eu.

Neste instante, Cecília olha assustada para o noivo.

CECÍLIA (P/Otávio) – Assassino?

OTÁVIO (P/Carcará) – Não foi você que jogou a Olga do quarto andar do hotel, fui eu!

Os olhos de Cecília se enchem de lágrimas.

CECÍLIA (P/Otávio) – Não, não é verdade. Você não teve a coragem de matar a sua própria irmã!

OTÁVIO (P/Cecília) – Ela estava atrapalhando meus planos. Vi nisso uma oportunidade de matar dois coelhos com uma tacada só. Eliminar a minha irmã, que descobriu alguns segredos meus e incriminar o meu principal rival. E você caiu direitinho na emboscada. Achou que tinha sido Cecília que tinha enviado aquelas cartas.

CARCARÁ (P/Otávio) – Você é uma pessoa desequilibrada. Só isso pode explicar o que você fez.

OTÁVIO (P/Otávio) – Eu estava desesperado!

Otávio relembra o que aconteceu no momento da morte da Olga.

Corta para:

CENA 04/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 16/ INT./ NOITE (FLASHBACK)

Letreiro mostra: noite do crime

Obs: A versão a seguir corresponde a versão de Otávio sobre o crime.

Otávio entra no quarto. Olga está indo em sua direção e se assusta

OLGA – O que você está fazendo aqui? Não era você que eu estava esperando!

Otávio acena para que ela fique silêncio, enquanto vai se aproximando dela, com os olhos fixos e penetrantes. Ela tenta correr, mas ele a segura pelo braço.

OTÁVIO – Para onde você pensa que vai?

OLGA – Me solta!

Olga consegue se soltar das mãos de Otávio. Ela pega um jarro e tenta jogar nele, mas não acerta.

OTÁVIO – Você endoideceu?

OLGA (Gritando) – Eu já sei de tudo. É você que está roubando o hospital, não é?

OTÁVIO (Gritando) – Cala essa sua boca.

Olga dá um tapa no rosto dele.

OLGA – Por que você está roubando o hospital? Eu vou falar para papai!

OTÁVIO – É tudo mentira!

OLGA – Achei que você era uma pessoa honesta, mas estou vendo que você é muito ardiloso. A Cecília fez bem em ter terminado tudo contigo. E vou dar todo para que se casa com Carcará.

OTÁVIO – Você não sabe o que está falando.

OLGA – Eu sei muito bem o que estou falando.

Otávio dá um tapa no rosto dela, que cai no chão. Em seguida, ele avança em cima e a estrangula, apertando o pescoço dele com força. Ela tenta se defender, segurando os braços de Otávio. Mas é insuficiente e ela acaba desfalecendo. Ele arranca um pedaço de roupa. Em seguida, coloca ela nos braços e leva à varanda, de onde joga o corpo. Ele observa ela caindo, até se chocar com o chão da calçada do hotel.

OTÁVIO – Vá com Deus, minha irmã!

A cena desaparece aos poucos, dando lugar à próxima cena:

CENA 05/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

Otávio, entreolhando todos na igreja, com um olhar frio. Olha para os pais e ele estão com um olhar de decepção.

VILMA (P/Otávio) – Diz que não é verdade, meu filho!

OTÁVIO (Para todos) – Foi assim que tudo aconteceu!

O padre interrompe, fazendo o sinal da cruz.

PADRE ANTÔNIO (Interrompe) – Meu Deus, que blasfêmia! A humanidade está perdida! Dois assassinos em vossa casa, Senhor, eu não ei de permitir!

CECÍLIA (P/Otávio / Com olhos cheios de lágrimas) – Eu não acredito que você fez isso! Matar a própria irmã e ainda armar para que um inocente seja preso.

CARCARÁ (P/Otávio) – Você armou tudo isso para me incriminar.

OTÁVIO – Como eu já disse, quis matar dois coelhos com uma tacada. Eliminar a minha irmã, que atrapalharia o meu plano de vingança contra o meu tio; e de quebra, incriminar você, que era um empecilho na minha relação com Cecília.

CECÍLIA (P/Otávio / Com lágrimas nos olhos) – Você não podia ter feito isso. Matar a própria irmã. Que tipo de ser humano é você? Ainda teve a coragem de chorar à morte dela.

EDUARDO (Gritando / Otávio) – Assassino!

O Coronel Afonso ele de avançar em Otávio.

Afonso (P/Eduardo) – Calma! Isso aqui é um local sagrado.

Eduardo senta no chão e cai no choro.

Carcará inclina um pouco a cabeça, enquanto relembra o momento que entrou hotel na noite do crime. Inserir o Flashback da cena 02 do capítulo 35:

Carcará entra no quarto com um bilhete.

CARCARÁ – “Estou à espera de você para a nossa primeira noite romântica”

Ele entra, mas não encontra ninguém.

CARCARÁ – Cecília! Cecília!

Não vendo ninguém, ele vai até a varanda. Encontra um pedaço de tecido no chão. Ele pega ele em sua mão. Ele caminha um pouco até a varada, de onde vê uma muita movimentação e muita aglomeração e um carro da polícia. Alguns policias entram no hotel.

CARCARÁ – O que está acontecendo? 

Ele fica desesperado ao perceber que no meio da aglomeração há um corpo caído na calçada. Ele fica desesperado ao perceber que pode se tratar de Cecília. Vai correndo até a porta. Abre e se depara com três policiais.

POLICIAL 1 – O que você faz aqui?

CARCARÁ (Gaguejando) – É....

POLICIAL 2 (Interrompe/Observando o pedaço de tecido na mão de Carcará) – Nem precisa falar nada. Já estou vendo um pedaço da roupa da moça que está lá em baixo. (Pega o pedaço de tecido).

POLICIAL 1 (P/Carcará) – Você está preso pela morte de Olga Duarte Valadares!

Carcará fica surpreso, mas nega com a cabeça.

Fim do insert.

Carcará levanta a cabeça, com lágrimas nos olhos, e volta a apontar a pistola para Otávio. A câmera foca na mão de Carcará com a pistola na mão. Ele está ofegante e com as pernas tremulas, de tanta raiva.

CARCARÁ (Gritando / Otávio) – Assassino!

Carcará aperta o gatilho. A câmera mostra em slow motion a bala indo na direção de Otávio. Cecília entra na frente de Otávio.

CECÍLIA (Gritando) – Não!

Focar na expressão de susto de Cecília.

Corta para:

CENA 06/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior.  A bala atinge Cecília, no peito, que cai nos braços de Otávio.

OTÁVIO (Desesperado) – Cecília, não me deixa!

Cecília agoniza e diz suas últimas palavras.

CECÍLIA (P/Otávio) – O filho que eu estava esperando não é seu, mas no Carcará.

Carcará leva as mãos à cabeça ao ver que atingiu Cecilia. Ela dá alguns passos para trás e aponta a arma para a cabeça.

CARCARÁ (Sussurra) – Desculpa, meu amor!

MADALENA (P/Carcará / Gritando) – Não, meu filho, não faz isso!

Carcará fecha os olhos e, nervoso e ofegante, atira. Ele cai no chão desacordado.

MADALENA (Gritando) – Não!

Tocar a música “Requien in D minor K626: X Sanctus – Michel Corboz”. Mostrar as imagens dos santos na igreja. Madalena de joelhos no chão, tentando acudir o filho, mas já está sem vida. Neste instante, vem em formato de lembranças os momentos que Cecília e Carcará passaram juntos. Inserir o Flashback da cena 10 do capítulo 26:

Cecília sai do banheiro. Elias e Carcará a recepcionam. 

ELIAS – Aqui é tudo simples, mas é de bom coração. Nós temos suco, bolo. Se quiser sentar para comer, fique à vontade. Eu sei que você cresceu comendo do bom e do melhor, mas aqui é tudo algazarra mesmo. Falamos um por cima do outro...

CECÍLIA – Eu não me importo muito com isso. Vou tomar um pouco de suco. Estou sem comer desde manhã. (P/Elias). Eu ainda não sei seu nome. 

ELIAS – Meu nome é Elia. 

CARCARÁ – E o meu nome é José Jacinto, mas pode me chamar de Carcará. 

Começa a tocar a música “Deusa da minha rua”. 

CECÍLIA (P/Carcará) – Eu acho que te conheço. 

CARCARÁ (P/Cecília) – E você não me é estranha mesmo não. Acho que você estava com Olga no dia que esbarrei nela. 

CECÍLIA (Sorridente) – Muito obrigada por ter me salvado. Eu quase morri. 

CARCARÁ – Eu estou muito feliz por você está bem. 

Fim do insert.

Ao fundo as vozes de Carcará e Cecília aparecem, enquanto passam as lembranças.

CECÍLIA (off) – O nosso amor será eterno, Carcará!

Inserir o Flashback da 06 do capítulo 28:

Cecília e Débora andam pela rua e cruzam com Carcará. Ele cumprimenta Cecília com um singelo beijo na mão. 

CECÍLIA (P/Débora) – Foi ele que me salvou do afogamento. 

DÉBORA (P/Cecília) – Eu me lembro dele ontem lá na fazenda. 

CARCARÁ (P/Cecília) – Você está muito bem. Diferente daquela moça fraquinha e desorientada que encontrei ontem desacordada no Rio. 

Fim do insert.

CARCARÁ (off) – Será maior que a morte!

Inserir o Flashback da cena 10 do capítulo 30:

Carcará pega alguns grãos e coloca em um saco. Cecília entra no celeiro. Carcará tem um susto. 

CARCARÁ – Aí que susto!

Os dois riem. 

CECÍLIA – Estava passando por aqui e vi você entrando aqui no celeiro. 

CARCARÁ – Não é bom nós ficarmos sozinho. 

CECÍLIA – Se você está falando isso por causa de Otávio, peço para que não dê importância ao que ele fala.

CARCARÁ – Ele me subornou ontem. Queria me dá dinheiro para eu fugir. 

CECÍLIA – Eu não acredito que ele foi capaz de chegar a um nível tão baixo. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso. Desculpa, pelo meu namorado ter agido assim. Ele não é uma má pessoa, mas está passando por uma crise de ciúmes. Mas eu vou falar com ele agora. 

Cecília sai. 

Fim do insert.

CECÍLIA (off) – Eu te amo!

Inserir o Flashback da cena 06 do capítulo 32:

Cecília se aproxima da cela em que Carcará está. Ele tem um susto, mas seus olhos brilham ao ver a filha do Coronel. 

CARCARÁ – Cecília, eu sou inocente!

CECÍLIA – Eu sei e vim pedir desculpas por todo o constrangimento que fizeram você passar. Sinto muita vergonha do que o Otávio fez. Nunca pensei que ele fosse capaz de fazer uma coisa dessas. Desculpa, desculpa mesmo!

CARCARÁ – Eu não sei o que tanto ele tem raiva de mim. 

CECÍLIA – Ciúmes! Ele tem ciúmes de você. Mas isso não vai acontecer mais. Eu vou dá um basta nisso. 

CARCARÁ – Mas o que você vai fazer?

CECÍLIA – Depois eu te digo. 

Eles se despedem. Em seguida, Cecília sai. 

Fim do insert.

CARCARÁ (off) – Eu te amo.

CECÍLIA (off) – O nosso amor é maior que tudo!

A música para por aqui.

Otávio chora compulsivamente.

OTÁVIO (Gritando) – Cecília! Meu amor, volta! Volta, pelo amor de Deus.

Corta para Madalena, que está de joelhos abraçada ao filho morto.

MADALENA (Chorando) – O que fizestes, meu filho?

O padre Antônio, interrompe, horrorizado com a cena que vê. Olhando para os céus.

PADRE – Que tragédia, Meu Deus, que tragédia! Que as almas desses dois jovens estejam em um bom lugar. O de Cecília eu sei que está; o do rapaz já não posso dizer o mesmo. O suicídio é um dos atos mais condenados pela religiões e doutrinas de todo o mundo.

Otávio se levanta em uma crise de choro. Afonso está com os olhos fixos nele e ofegante.

AFONSO (P/Otávio) – Você é responsável por tudo isso que aconteceu aqui. (Gritando). Assassino!

OTÁVIO (P/Afonso) – Se esse caipira não tivesse vindo aqui, nada disso não teria acontecido.

HORÁCIO (Interrompe) – Se esse caipira, como se referia ao Carcará, não tivesse vindo aqui talvez não saberíamos que você é o assassino da Olga.

OTÁVIO (P/Horácio / Frio) – Se fosse preciso, eu faria tudo de novo.

Eduardo se levanta do chão e avança em cima de Otávio.

EDUARDO (P/Otávio / Gritando) – Assassino!

Otávio tenta se defender da fúria de Eduardo. Afonso fecha os olhos enquanto sente uma palpitação e vem à sua memória as lembranças do nascimento de Cecília. Inserir o Flashback da cena 06 do capítulo 16:

Branca entra em trabalho de parto. A parteira pede para que ela, que segura a mão de Afonso, faça força.

PARTEIRA 2 – Faça mais força!

BRANCA (Gritando) – Meu Deus, me ajuda! Ai!

Um choro de bebê reverbera pelo quarto.

PARTEIRA 2 – É uma menina!

Fim do insert

AFONSO – Ah, minha filha, por que você se foi?

Guilherme se aproxima de Otávio.

GUILHERME (P/Otávio) – Você está preso pelo assassinato de Olga Pereira Duarte.

Otávio não oferece nenhuma resistência e é algemado pelos policiais que acompanham o delegado. Os convidados gritam na igreja e jogam objetos em Otávio.

CONVIDADOS (Gritando) – Assassino! Assassino!

câmera, em plano aéreo, mostra Cecília e Carcará estirados no chão da igreja. Madalena continua chorando compulsivamente abraçada ao corpo do filho. Tocar a música “Requien in D minor K626: X Sanctus – Michel Corboz”.

Corta para:

CENA 07/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ TARDE

Otávio entra na cela. O policial ironiza.

POLICIAL 1 – Você está inaugurando a nova sede da delegacia da cidade. E pelo que fez, vai ficar muito tempo aqui ainda.

OTÁVIO – Eu conheço os melhores advogados do país. Vou sair daqui logo, logo!

POLICIAL 1 – Você vai precisar muito desse seu otimismo!

Otávio se deita no coxão, que está no chão, pensativo.

OTÁVIO – Acabei com a minha vida, mas vou dar a volta por cima.

Neste instante, outro policial entra com Raul e o coloca na cela em frente a de Otávio. Eles se entreolham enraivados.

Corta para:

CENA 08/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ NOITE

Tocar a música “Ave Maria”. As ruas da cidade demonstram a tristeza pela qual a cidade naquele momento. As poucas pessoas que caminham pelas ruas vão até a fachada da igreja, que está fechada, em sinal de luto, e colocam flores e alguns bilhetes com palavras de conforto para a família Valadares

Corta para:

CENA 09/ FAZENDA VALADARES/ VARANDA/ INT./ NOITE

Afonso está sentado em sua cadeira. Ainda tenta digerir a dor de perder uma filha e pela a forma trágica como tudo aconteceu. Branca se aproxima dele com uma xícara de chá.

BRANCA – Toma um pouco!

AFONSO – Não sinto fome! A minha vida não tem mais sentido. Em menos de trinta anos perdi meu irmão, minha mãe e agora minha filha. Como a vida pode ter sido tão cruel comigo? O que eu fiz para merecer isso, Meu Deus?

BRANCA – Não se culpe! Ela se foi porque a hora dela chegou. Vamos sentir muitas saudades dela. Mas ela está em um bom lugar agora. Irei rezar pela alma dela.

AFONSO – A bala não era para ela.

Branca, também muito triste, sobe para o quatro.

Afonso, consumido pela tristeza, não consegue parar de pensar na filha. Inserir o Flashback da cena 09 do capítulo 16:

Eduardo e Cecília, agora adultos, dançam.

AFONSO – Hoje faz exatamente 28 anos que Cecília nasceu. Ela e Eduardo sempre se deram muito bem.

BRANCA – Irmãos unidos!

Eduardo se aproxima do pai.

EDUARDO – Painho e Mainha, daqui há uma semana, estou devidamente formado em Direito pela Faculdade de Recife. Vou pedir a minha namorada em casamento.

AFONSO – Mas já meu filho?

EDUARDO – É com ela que eu quero viver pelo resto da minha vida.

CECÍLIA (Interrompe) – Casar, por enquanto, não está em meus planos.

EDUARDO – Eu já tenho alguns pretendentes para você, minha irmã!

CECÍLIA – Eu quero aproveitar a vida, antes de entrar no casamento.

Eles continuam conversando.

Fim do Insert.

AFONSO – Ah, minha filha, um dia nós nos reencontraremos de novo.

Ele olha para o céu estrelado.

Corta para:

CENA 10/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE AFONSO E BRANCA/ INT./ NOITE

Branca acende uma vela. Ela começa, então, a rezar, com o teço em mãos, pela alma da filha.

BRANCA – Filha, que a sua alma esteja em paz e que esteja em um bom lugar. Que você, de onde estiver, proteja a mim e o seu pai. Eu sinto a sua presença. Ah, minha filha, como eu queria que você estivesse aqui para conversarmos, como sempre fazíamos toda tarde. Éramos confidentes uma da outra. Obrigado por ter feito da minha vida uma alegria contagiante, como você fez nos quase trinta anos que passamos juntas.

Corta para:


Fim do Insert.

AFONSO – Ah, minha filha, um dia nós nos reencontraremos de novo.

Ele olha para o céu estrelado.

Corta para:

CENA 10/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE AFONSO E BRANCA/ INT./ NOITE

Branca acende uma vela. Ela começa, então, a rezar, com o teço em mãos, pela alma da filha.

BRANCA – Filha, que a sua alma esteja em paz e que esteja em um bom lugar. Que você, de onde estiver, proteja a mim e o seu pai. Eu sinto a sua presença. Ah, minha filha, como eu queria que você estivesse aqui para conversarmos, como sempre fazíamos toda tarde. Éramos confidentes uma da outra. Obrigado por ter feito da minha vida uma alegria contagiante, como você fez nos quase trinta anos que passamos juntas.

Corta para:

CENA 11/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ NOITE

Tocar a música “Requien in D Minor, K. 626: III. Sequenz – Lacrimosa”.

Eduardo caminha pelo quarto em silêncio. Ele observa os objetos de Cecília. Pega, então, o retrato da irmã. Abre um sorriso, ao mesmo tento que se emociona vendo a foto de Cecília.

EDUARDO – Por que a vida é tão injusta. Vão-se os bons; ficam os maus. É.... minha irmã, a maior tragédia que há é o tempo, pois ele só anda para frente. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria alimentado o mostro que eu alimentei em minha casa. Via o perigo onde não havia e não enxergava o perigo onde, de fato, havia. Era muito ingênuo, mas se achava esperto. Mas talvez não tive e não tenho a sua bondade, minha irmã. Morreu de tiro que não era para você.

Neste instante, Débora entra no quarto. Ela vê que o marido está concentrado falando sozinho. Ela vê que na escrivaninha tem um diário. É o diário de Cecília. Ela abre na última página escrita por ela.  

DÉBORA – “Hoje será, talvez o dia mais feliz da minha vida. Um casamento é sempre um momento marcante para a mulher... para qualquer pessoa, na verdade. É um ponto de virada na vida de qualquer pessoa”. Essas foram as últimas palavras que Cecília escreveu no diário

Neste instante, começa a cair uma chuva forte. Débora fecha as janelas do quarto. Eduardo relembra o momento em que Otávio revelou ser o assassino de Olga. Inserir o Flashback da cena 03 do capítulo:

Carcará tira a pistola da cintura e aponta na direção de Otávio, que não se intimida.

OTÁVIO (P/Carcará) – Vai atirar em mim? É isso que você vai fazer: atirar em mim? Atira! Atira, para eu ver se você é macho mesmo! Atira!

Carcará fica nervoso com a fala de Otávio.

CARCARÁ (Nervoso) – Não me provoca.

As pessoas gritam de desespero. Cecília tenta acalmar os ânimos.

CECÍLIA (P/Carcará) – Não precisa disso. Abaixa essa arma, Carcará!

OTÁVIO (P/Cecília) – Deixa ele atirar! (P/Carcará). Atira, porra!

Carcará fica mais nervoso a cada provocação de Otávio.

CARCARÁ (P/Otávio) – Não me provoca senão eu atiro!

OTÁVIO (P/Carcará / Conclusivo) – Você não vai atirar. Primeiro, que se você quisesse atirar já tinha atirado; segundo, porque você não é um assassino como eu.

Neste instante, Cecília olha assustada para o noivo.

CECÍLIA (P/Otávio) – Assassino?

OTÁVIO (P/Carcará) – Não foi você que jogou a Olga do quarto andar do hotel, fui eu!

Os olhos de Cecília se enchem de lágrimas.

 Fim do Insert.

EDUARDO – Eu vou fazer questão de ser o advogado de acusação e quero ter o prazer de condenar Otávio. Ele me traiu da pior forma possível.

Débora abraça o noivo para confortá-lo.

Corta para:

CENA 12/ DELEGACIA/ CELA 2/ INT./ NOITE

Letícia entra, trazendo uma fatia de bolo para o pai. Ele está um pouco tranquilo. A filha de Raul olha para cela do lado e vê Otávio. Sente como se já o conhecesse. Otávio a olha com um olhar encantador.

LETÍCIA – Eu acho que eu te conheço de algum lugar.

OTÁVIO – Você também não me é estranha. Certamente você deve me conhecer porque eu sou de uma família muito importante. Sou filho biológico de Venâncio Alves Correia. 

Neste instante, Letícia o olha com olhar de desprezo. Em seguida, ela volta-se ao pai, que se revolta ao descobrir que o seu colega de cela é o filho de seu maior rival.

RAUL (Gritando) – Você é filho do maior traidor que essa cidade já teve!

LETÍCIA (P/Raul) – Calma, pai.  Ele é filho de Venâncio, mas não é responsável pelos atos do pai.

RAUL (Calmo) – Acho que você tem razão!

Em seguida, Letícia sai. Ela e Otávio se entreolham mais uma vez e abrem um sorriso. Otávio relembra a última frase que Cecília disse. Inserir o Flashback da cena 06 do capítulo 50:

 A bala atinge Cecília, no peito, que cai nos braços de Otávio.

OTÁVIO (Desesperado) – Cecília, não me deixa!

Cecília agoniza e diz suas últimas palavras.

CECÍLIA (P/Otávio) – O filho que eu estava esperando não é seu, mas no Carcará.

Fim do insert.

OTÁVIO – Tudo seria diferente hoje se Cecília não tivesse se envolvido com Carcará.

Corta para:

CENA 13/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ MANHÃ

Tocar a música “Maracatu Atômico”. Mostrar as pessoas caminhando pela cidade. Pessoas leem o jornal do dia. A manchete destaca: “Casamento do Século termina em tragédia”. Pessoas saem e entram no hotel. Pessoas estão sentadas na praça.

Corta para:

CENA 14/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT,/ MANHÃ

Tocar a música “Requien in D Minor, K. 626: I. Introitus – Requiem Aetermam” caixão está na sala. Pessoas acompanham o velório da filha do Coronel Afonso. Pessoas entram e saem da fazenda. Afonso está sentado. Às vezes sussurra o nome da filha. Eduardo se aproxima do caixão e beija o rosto da irmã no rosto.

EDUARDO – Vá com Deus, minha irmã!

Estão presentes na ocasião o delegado aposentado Olímpio Vasconcelos, Inês, Tânia, o delegado Guilherme, Horácio, Vilma, Débora, Tereza. Eles se solidarizam com o momento difícil pelo qual Afonso, Branca e Eduardo. Olímpio cessa o silêncio.

OLÍMPIO – Que tragédia! Um dia que era para ser histórico vai ficar marcado para sempre na cidade.

Afonso, no canto da sala, sentado em sua cadeira, está em silêncio, enquanto fuma um charuto. A câmera foca no caixão de Cecília. O rosto dela está coberto por um pano de renda branco

Corta para:

CENA 15/ CEMITÉRIO/ INT./ MANHÃ

Todos acompanham o cortejo que levam o caixão ao jazigo da família. Algumas pessoas carregam flores, outros carregam velas. Todos estão de preto em sinal de luto. Algumas pessoas trazem algumas fotos dela e já a tratam como santa. A música que tocou na cena anterior continua nesta cena. Afonso, após algumas horas em silêncio horas e tristeza, quebra com um discurso que ele mesmo aceitou proferir naquele momento.

AFONSO – Cecília foi uma das pessoas mais admiráveis que eu tive o prazer de conhecer e de conviver. Tive a sorte de sido o pai dela que só me deu orgulho nesses quase trinta anos que passamos juntos. Foi pouco tempo, mas foi o suficiente para ver o coração bom que ela tinha e me fez repensar que existe bondade no ser humano. Ela foi um símbolo e exemplo de bondade, que é coisa rara no mundo! Partiu de uma forma trágica e de um tiro que não era para ela, infelizmente.

Todos aplaudem, emocionados. Uma chuva forte cai, parecendo que o próprio céu estava triste com tudo aquilo.

Corta para:

CENA 16/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Marta está pensativa na sala no instante em que o filho entra. Ela fica surpresa com a presença dele ali e não hesita em abraça-lo todo esse tempo.

MARTA – Onde você estava, meu filho, por todo esse tempo? Eu estava preocupada com o seu sumiço.

JORGE – Passei uns dias andando por aí e pensando na vida. Decidi que eu vou sair do país! Eu não vou assumir a prefeitura da cidade.

MARTA – Mas por que meu filho?

JORGE – Vou procurar buscar um sentido para minha vida. Vivi tanto tempo aqui e tudo me parece tão vazio e tão insignificante. Eu preciso renovar as minhas energias e buscar conhecer novos lugares. Preciso me desprender desta cidade pacata.

MARTA – Sentirei muitas saudades, meu filho.

JORGE – Eu estou levando comigo um pouco de dinheiro. Eu consigo me virar por lá.

MARTA – Você pretende ir para onde, meu filho? Vai voltar para a Inglaterra?

JORGE – Irei ficar um tempo em Roma!

MARTA – Que Deus te abençoe, filho!

Eles se abraçam novamente. Agora, em um tom de despedida. Em seguida, ele sai. Neste instante, Madalena entra. Ainda muito abalada pela morte do Carcará. Marta se assusta ao vê-la.

MARTA (Surpresa) – Madalena, é você?

Focar nas duas se entreolhando.

Corta para:

CENA 17/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Marta fica intrigada ao ver que a viúva de Venâncio estava bem a sua após quase 30 anos. Madalena fica em silêncio diante da pergunta da viúva de Celso. Passados alguns segundo dela se entreolhando, Madalena responde à pergunta de Marta.

MADALENA – Sou eu sim, Marta!

MARTA – Nunca imaginei que você ia aparecer depois de tantos anos.

MADALENA – Tinha algumas dívidas com esta cidade. Já quitei essas dívidas com algumas pessoas. Mas ainda falta você.

MARTA (Intrigada) – Não estou entendendo.

MADALENA – Eu sei que você foi a pessoa que mais amou Venâncio, depois de mim, claro. Precisa revelar uma coisa. É.. Fui eu que dei o tiro que matou Venâncio há quase trinta anos. Fui eu que o matei.

MARTA – Que horror, Madalena! Nunca imaginei que você fosse capaz de tamanha atrocidade.

MADALENA – Fiz isso por amor.

MARTA – Quem ama não mata!

MADALENA – Fiz isso como uma forma de vingança por ter sido. O matei para pelo menos receber a herança que ele deixou. Mas ele não deixou nada parar mim.

MARTA – Você não tinha o direito de fazer isso. (Gritando). Você só pensou em você. Egoísta! Não pensou no seu filho em nenhum momento.... Não pensou no meu filho com ele. Não sei como você achava que ganharia algum. (Enraivada). Você não é santa. Todo mundo da cidade que você traia o Venâncio. Sabe lá com quantos você dormiu, enquanto esteve casada. Você gosta muito de apontar, mas não repara nos próprios. Sempre foi assim e parece que não mudou nada. Egoísta! Egoísta! Na idade média, você já estaria queimada na fogueira, como Joana Darc.

MADALENA – Me chame do que você quiser. Eu estou ciente de que eu errei. Me arrependo? Talvez não, porque uma mulher apaixonada e traída é capaz de tudo... inclusive, matar! Eu só vim falar isso e já estou de saída!

Madalena sai, enquanto Marta fica pensativa e relembra a sua juventude com Venâncio.

Desaparece lentamente, enquanto a cena seguinte é sobreposta como lembrança:

CENA 18/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE VEMÂNCIO/ INT./ NOITE (FLASHBACK)

Marta e Venâncio entram no quarto. Eles estão muito apaixonados. Eles se beijam. Uma chuva começa a cair. Venâncio fecha as janelas se puxa as cortinas.

VENÂNCIO – Está fazendo frio essa noite.

MARTA – Bom que a gente pode dormir juntinhos.

Eles se jogam na cama, enquanto se beijam e se abraçam loucamente. Marta passa a mão na barriga.

MARTA (Sorridente) – Estou grávida!

Venâncio se levanta da cama um pouco preocupado, após ouvir o que Marta acabou de dizer. O sorriso que estava no rosto dela deu lugar a um semblante sério. Acaba por se levantar também.

VENÂNCIO – Eu não posso ser pai agora. (Pausa). Eu quero que você aborte!

MARTA – O que você está dizendo, meu amor?

VENÂNCIO – Eu vou me casar com Madalena!

MARTA – Eu sabia que tinha alguma ainda entre você e Madalena. E como eu ficou? Eu não vou suportar ficar longe de você.

VENÂNCIO – Infelizmente, eu não posso mais ficar com você.

Marta dá um tapa em Venâncio.

MARTA – Eu fui muito ingênua de acreditar nas declarações amorosas. 

VENÂNCIO – Podemos fazer um acordo. Você se casa com meu irmão Celso Afrânio e tudo fica bem. Você não me perturba. Essa criança não vai ficar sabendo que eu sou o pai dela. Esse filho agora é do Celso.

MARTA – Não é assim que se resolve as coisas não, Venâncio! Você vai se arrepender amargamente do que está fazendo comigo.

Marta sai do quarto.

A cena desaparece lentamente e é sobreposta pela imagem seguinte:

CENA 19/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Marta abre um sorriso.

MARTA – Ah, Venâncio, se você tivesse ficado comigo não estava morto.

Marta se levanta e sobe para o quarto.

Corta para:

CENA 20/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: Uma semana depois.

Eduardo está em cima de um palanque. Ao seu lado está Débora.

EDUARDO (Gritando) – Diante de tudo que aconteceu nesta cidade nos últimos dias, eu serei o novo prefeito da cidade. A chapa que ganhou, em meio as fraudes, renunciou e está declarado que está vaga o cargo de prefeito da cidade. Eu sou o novo prefeito da cidade. E enquanto eu estiver no cargo de prefeito desta cidade, o Otávio, o assassino da minha esposa, vai apodrecer na cadeia.

As pessoas gritam e comemoram o discurso de Eduardo.

Corta para:


  CENA 21/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ MANHÃ

Zilda e Letícia entram. Elas entregam a comida para Raul. Neste momento, na cela em frente o Otávio lê um jornal. Letícia então fala com o pai.

LETÍCIA (P/Raul) – Espero que o senhor esteja se alimentando bem.

RAUL (P/Letícia) – Estou comendo pouco, minha filha. Não tenho sentido fome.

LETÍCIA (P/Raul) – Será que o senhor está doente?

RAUL (P/Letícia) – Acho que é a idade que está chegando.

Zilda percebe que Otávio não para de olhar para Letícia. Despois de conversar um pouco com o pai, Letícia sai acompanhada de Zilda. Otávio e ela se entreolham.

Corta para:

CENA 22/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Zilda e Letícia entram em casa. A filha de Raul coloca uma sacola sobre o sofá. Zilda olha para ela com um olhar de preocupação; Letícia percebe que Zilda quer dizer alguma, mas indagar sobre o que é, Zilda tratou logo de dizer o que vinha à sua cabeça naquele momento.

ZILDA – Aquele rapaz que está preso na delegacia, junto com seu pai, não parava de olhar para você.

LETÍCIA – Deve ser impressão sua... na verdade, acho que ele estava me olhando mesmo. Ele é o filho de Venâncio Gomes Valadares, o amante de minha mãe.

ZILDA (Surpresa) – Eu não quero causar intriga não, mas eu não gostei nada do jeito que ele olhou para você.

LETÍCIA – A senhora está vendo maldade onde não tem.

ZILDA – Eu só quero o seu bem. Eu não quero você se relacionando com aquele rapaz. Se ele está preso é porque coisa boa não fez. E tendo o sangue dos Correia é que eu não confio mesmo.

LETÍCIA – Eu já sou adulta, dona Zilda. Sei muito bem me cuidar.

ZILDA – Você é adulta, mas é ingênua!

Zilda vai para cozinha, Letícia fica pensativa.

Corta para:

CENA 23/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

Débora entra na igreja segurando um teço. Ela se senta no banco e se emociona ao relembrar a prima, de olhos fechados.

DÉBORA (Emocionada) – Ah, Cecília, como eu sinto sua falta. As nossas conversas à tarde.... Como era bom.... Éramos felizes e sabíamos. Quis o destino que você morresse pela mão de seu grande amor e junto a ele. Peço a ti proteção! Quando eu mais precisei, foi você que me salvou.

Depois de falar aquelas palavras, Débora respira fundo e, depois de alguns segundos, sai.

Corta para:

CENA 24/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ TARDE

Raul, enquanto entreolham Otávio, sério, relembra momentos da sua amizade com Venâncio. Inserir o Flashback da cena 04 do capítulo 02:

Venâncio, Raul e Herculano brindam uma terça de vinho para comemorar o acontecido.

VENÂNCIO – Bom trabalho, meu caro! (Sorridente) Excelente trabalho!

RAUL – Eu não te disse que o homem era eficiente!

VENÂNCIO – Os meu jagunço são um bando de incompetente. (bebendo o vinho) Não acertam nem uma mosca.

HERCULANO – Estou disposto a ajudar o senhor em tudo que precisar!

VENÂNCIO – Finalmente o Coronel Afonso estará fora de meus caminho! (Sentindo-se aliviado) Aquele ali pode até não morrer, mas acordar ele não vai nunca!

HERCULANO – Eu disse que eu nunca errei um tiro (sorrindo e fumando um charuto) Tá pra nascer uma pessoa que é páreo pra mim.

VENÂNCIO – Tá pra nascer uma pessoa que ouse me enfrentar!

RAUL – O senhor volta quando lá pra fazenda?

VENÂNCIO – Hoje. (Embebedando) Precisava descansar a minha mente! Madalena tá desconfiada que eu tenho uma amante

RAUL – Na minha casa não existe esse problema. Eu e a minha mulher somos um fiel ao outro!

VENÂNCIO – Eu e Madalena andamos nos aturando. Amor mesmo não existe mais!

Fim do insert.

RAUL – O mal do ser humano é confiar em quem não merece confiança.

Raul se deita.

Corta para:

CENA 25/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ NOITE

Tocar a música “Escorregando”. Pessoas sentadas na praça. Pessoas passeando na rua. Pessoas vão à igreja e colocam flores na fachada dele. Cecília está sendo muito cultuada. Homens saem e entram no bordel. Alguns casais entram no teatro. Carros passando pela cidade. Pessoas saem e entram no Hotel Cassino.

Corta para:

CENA 26/ HOTEL CASSINO/ RESTAURANTE/ INT./ NOITE

Eduardo e Débora brindam e abrem um sorriso naquela noite. Eles demonstram estarem muito felizes.

EDUARDO – Apesar de estar ainda triste por tudo que aconteceu nos últimos dias, eu não posso negar que estou feliz. Você me faz sentir. Daqui há três somos nós que estaremos no altar.

DÉBORA – Espero que não tenhamos o mesmo fim que Cecília.

EDUARDO – Deus me livre... (Rindo). A não ser que você esteja me traindo.

Os dois caem na gargalhada. Em seguida, se beijam.

Corta para:

CENA 27/ MANSÃO DA FAMÍLIA VASCONCELOS/ ESCRITÓRIO/ INT./ NOITE

Olímpio está fumando um charuto, no instante em que Inês e Tânia entram. O patriarca da família quebra então o silêncio.

OLÍMPIO (P/Inês) – Apesar de muito contestado, no final eu estava certo. Venâncio foi assassinado. Madalena, que nem tinha passado pela minha cabeça que pudesse ser uma assassina, foi a autora do crime. Um crime que eu julgava ser político, na verdade foi passional. A Olga foi morta de forma trágica pelo próprio irmão. Esse mundo está perdido mesmo. Não existe mais harmonia nas famílias.

INÊS (P/Olímpio) – Eu não estava aqui na cidade quando aconteceu a morte de Venâncio, mas eu não julgo a moça por ter feito isso. Quando eu era casada, sofri violência durante quase todos os dias. Um dia quase peguei uma arma para matar o meu ex-marido. Ela devia estar sofrendo muito para chegar no limite de cometer um assassinato.

OLÍMPIO (P/Inês) – De qualquer forma, nada justifica um crime.

Inês concorda com a cabeça. Eles continuam conversando.

Corta para:

CENA 28/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ MANHÃ

Letreiro mostra: três meses depois.

Tocar a música “Disfarçando”, da novela Lado a Lado. A cidade está voltando ao normal, depois de se ter passado três meses da morte de Cecília. Algumas pessoas ainda deixam flores na fachada na igreja. Carros passam por toda a cidade. Pessoas sentam na praça, enquanto leem o jornal e conversam. Pessoas sentadas nas calçadas de suas casas também conversam.

Corta para:

CENA 29/ MANSÃO DE FAUSTO/ QUARTO DE DÉBORA/ INT./ MANHÃ

Tereza faz os últimos ajustes no vestido de Débora, que está sorridente. A barriga está crescida por conta da gravidez. Enquanto a mãe a ajeita, ela relembra o último momento que esteve com Cecília. Inserir o Flashback da cena 25 do capítulo 49:

Branca, Tereza e Débora ajudam Cecília a se vestir. Branca se emociona ao ver a filha se vestir de noiva.

BRANCA (Emocionada) – Tanto que eu sonhei, minha filha, com esse dia.

CECÍLIA (Emocionada) – Ah, mãe, assim a senhora me deixa toda sem graça. Mas, apesar de tudo, eu estou muito feliz com o casamento.

DÉBORA (Interrompe) – Mas você está muito linda mesmo. A noiva mais bonita que eu já vi.

CECÍLIA (P/Débora) – Obrigado, minha prima! Você me ajudou e me apoiou bastante. Serei eternamente grata por você.

Tereza se aproxima de Cecília.

TEREZA (P/Cecília) – Que Deus te abençoe, minha sobrinha. Fausto está te abençoando lá do céu.

Branca olha a hora no relógio.

BRANCA – Ainda falta algumas horas para o casamento. É no começo da tarde. (P/Cecília). Falta fazer a maquiagem e ajeitar o cabelo, mas você já está linda!

A costureira dá alguns pontos no vestido de Cecília. Branca, Cecília, Tereza e Débora continuam conversando.

Fim do insert.

Débora se emociona.

DÉBORA – Eu estou sentindo um turbilhão de emoções. Felicidade, incerteza e medo. Mas estou sentindo que vai dar tudo certo. Tantas pessoas que eu queria que estivessem aqui neste momento. Meu pai, meus avós, Cecília...

TEREZA – Eles estão presentes, mas em alma. Devem estar muito felizes com a realização de seu sonho.

Débora abre um sorriso.

Corta para:

 


 CENA 30/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Marta recebe uma carta assinada por Jorge. Ela abre o envelope e lê o que está na folha de papel branca.

MARTA – “Mãe, cheguei bem em Roma. Vim de navio e tudo correu bem durante a viagem. Chegando aqui na Itália, fiquei numa pensão, mas acabaram por me despejar. Estou vivendo solitário nas ruas imundas de Roma. Acabei contraindo uma infecção no olho. Estou enxergando e comendo menos ainda. A noite passo muito frio. É uma situação deplorável, mas está me ensinando o verdadeiro significado de humanidade”. (Emocionada). Ah, meu filho, aqui está tudo tão triste sem a sua presença.

Ele caminha pela sala, emocionada e pensativa.

Corta para:

CENA 31/ ESTAÇÃO DE TREM/ INT./ MANHÃ

Lola com um bebê nos braços entra em um trem, onde a cena continua.

LOLA – Nós iremos para a capital, meu filho. Lá eu vou te dá uma vida melhor.

Enquanto ela fala, o bebê chora. O trem parte.

Corta para:

CENA 32/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

Os convidados já estão presentes na igreja. Eduardo está um pouco nervoso e ansioso, apesar já ter passado por esse momento uma vez. A “Marcha Nupcial” começa a tocar. Os convidados fiquem de pé. Débora entra acompanhada de Afonso. Ele a conduz até Eduardo.

AFONSO (P/Eduardo e Débora) – Que vocês sejam muito felizes!

PADRE ANTONIO – Estamos aqui essa tarde para celebrar o matrimônio de Eduardo e Débora. Esses dois jovens, que sempre sonharam em viver felizes para sempre. Os contos de fadas são só na ficção, mas cada um é capaz de conseguir aproveitar ao máximo o casamento com união e fraternidade. (P/Débora). Débora Gomes Valadares aceita Eduardo Gomes Valadares como seu legítimo esposo?

DÉBORA (P/Padre Antônio e Eduardo) – Sim, aceito!

PADRE ANTONIO (P/Eduardo) – Eduardo Gomes Valadares, aceita Débora Gomes Valadares como sua legítima esposa?

EDUARDO (P/Padre Antônio e Débora) – Sim, aceito!

PADRE ANTÔNIO – Se há alguém contra esse casamento ou que tenha algo a revelar, que fale agora ou cale-se para sempre. (Um silêncio na igreja). Podem se beijar!

Eduardo e Débora se beijam e todos aplaudem. Em seguida, eles sabem sob uma chuva de arroz.

Corta para:

CENA 33/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ TARDE

Raul está deitado e irreconhecível. A barba e o cabelo estão grandes. Neste instante, Letícia entra e se senta ao lado dele. O pai dela tosse muito.

RAUL (Falando com dificuldade) – Eu estou muito doente, minha filha! Eu não se vou resistir por muito tempo.

LETÍCIA – Não fale isso, meu pai!

RAUL (Falando com dificuldade) – Eu quero um último abraço seu.

Letícia faz o que o pai está pedindo e o abraça.

RAUL (Falando com dificuldade) – Obrigado, minha filha, obrigado...

Letícia percebe que os braços do pai relaxaram e que ele não está respondendo mais. Ela começa a chorar compulsivamente, enquanto toca como trilha de fundo a música “Requien in D Minor, K. 676: III. Sequenz – Lacrimosa.

Corta para:

CENA 34/ FORUM DE PALMEIRÃO/ SALA DE JURI/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: três meses depois. 

Otávio está apreensivo. Alguns funcionários do hotel já depuseram. O juiz então recebe o resultado da votação dos jurados. Ele fica alguns segundos em silêncio, mas logo profere a sentença, enquanto Otávio está apreensivo.

JUIZ – Declaro que o réu está condenado há dez anos de prisão em regime fechado.

Otávio desaba em choro. Ele vira para o lado e vê que Letícia estava acompanhando o julgamento. Do outro lado estão Horácio e Vilma muito abalados. Otávio, algemado, é conduzido pelos policiais para a prisão.

Corta para:

CENA 35/ MANSÃO DE FAUSTO/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ MANHÃ

Débora está entrando em trabalho de parto. A parteira pede para que ela faça mais força. A filha de Fausto e Tereza faz força, enquanto segura na mão do marido..

DÉBORA (Gritando) – Jesus, Jesus...

De repente, um silêncio. Um choro de bebê é escutado. Débora e Eduardo abrem um sorriso e se emocionam. A parteira coloca a criança no braço de Débora.

DÉBORA (emocionada) – É um menino. Joaquim Gomes Valadares Neto será o nome dele, em homenagem ao nosso avô.

EDUARDO (Emocionada) – Apesar de não ter meu sangue, darei tudo do bom e do melhor para ele, nosso filho.

DÉBORA – Nosso filho. Receberá a benção da nossa Santa Cecília

Eles se beijam emocionados.

Corta para:

CENA 36/ ILHA DE FERNANDO DE NORONHA/ COLONIA PENAL/ CELA/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: 5 anos depois

Otávio está muito barbudo. Ele anda pela cela. Neste instante, Letícia entra e o beija.

LETÍCIA – Falta pouco para você sair daqui.

OTÁVIO – Mais 5 anos e eu estarei livre. Não sei de eu aguentarei até lá.

Eles se beijam mais uma vez.

LETÍCIA – Você ainda tem muito a viver.

OTÁVIO – Só você mesmo para me ajudar nesse momento tão difícil, enquanto muitos me odeiam

LETÍCIA – Eu te amo!

OTÁVIO – Eu também te amo!

Eles se abraçam.

Corta para:

CENA 37/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Afonso e Branca se sentam no sofá, enquanto Débora, Eduardo e Joaquim estão de pé. Todos abrem um sorriso. O fotógrafo tira a foto.

AFONSO – Mais uma foto para o álbum da família.

Eles continuam a conversar. Joaquim corre pela sala.

Corta para:

CENA 38/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR INT./ NOITE

Letreiro mostra: 4 de junho de 2020.

Joaquim, com 84 anos, entra na fazenda, que está sucumbindo pelas ruínas e pelas teias de aranhas.

JOAQUIM – Quanta coisa aconteceu nesta fazenda. Desde que o meu pai morrera há 50 anos, que eu não ponho os pés aqui. Hoje está fazendo 85 anis da morte da minha tia Cecília. Ela que hoje faz tantos milagres na vida do povo palmeironense. As pessoas a tratam como santa. Ela, segundo meu pai, dizia uma frase: “É melhor morrer a viver uma vida sem emoções”. E ela viveu intensamente.

Ela caminha pela sala.

Corta para:

CENA 39 / PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DA IGREJA/ EXT./ NOITE

Pessoas, segurando velas, caminham em provisão em homenagem a Cecília Gomes Valadares. Eles carregam consigo também alguns ramos e crucifixos, indo na direção da igreja.

JOAQUIM (narrando) – É muito raro uma jovem despertar tanto carinho e emoção como ela, que partida com apenas 29 anos. O seu algoz foi esquecido pela passagem do tempo. José Jacinto Vieira era o grande amor da vida. Muitos dizem que ele faz milagres; outros dizem que ele espalha a maldição feito diabo!

As pessoas entram na igreja com as velas acessas. A câmera vai passando pelo interior da igreja.

JOAQUIM (Narrando) – A missão dela era encontrar a razão de amar

Focar no retrato de Cecília, que fora colocado no altar.

Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.

FIM

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