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Ilusões Perdidas - Capítulo 18

 




ILUSÕES PERDIDAS

 

EPISÓDIO 18

 

Ronaldo Martins — Fábio Assunção                 Laércio — Jayme Periard 

CENA 1/ RIO DE JANAEIRO/ EMBAIXADA/ SALÃO DE FESTA/ NOITE/ INT,

Astrid dá a mão a Rubens, que entende aquele gesto como uma aceitação. Ele a conduz para o meio do salão. Eles então dançam alegremente. As luzes brilhantes pareciam dançar em sincronia com o casal, que chamava atenção de todos no salão, que olhavam com admiração para Astrid e Rubens dançando.



RUBENS — A gente está dançando aqui há alguns minutos, mas ainda não nos apresentamos. Meu nome é Rubens. Rubens Martins.

ASTRID — O meu é Astrid. Astrid Fisher.

RUBENS — Pelo seu nome e pelo sotaque, devo imaginar que não é brasileira, é?

ASTRID — Não, sou alemã, mas já andei por vários lugares do mundo. Estou no Brasil há seis anos.

RUBENS — Eu morei por muito tempo na Europa. Foi embaixador do Brasil em Paris. Já morei por alguns meses em Viena, em Praga. Curiosamente, não conheço a Alemanha.

ASTRID — Apesar de tudo que aconteceu lá nos últimos anos, é um país muito bonito. Você deveria conhecer.

RUBENS — Quando eu tiver oportunidade, irei conhecer com certeza. Mas agora eu quero conhecer mais sobre você. Veio para o Brasil sozinha?

ASTRID — Vim sozinha. A minha família toda morreu na guerra. A última vez que vi meus pais foi no dia do meu casamento há 11 anos. Mas eles foram levados, acredito eu, para um campo de concentração. O meu irmão eu cheguei a ver alguns depois, mas infelizmente ele foi fuzilado na minha frente.

RUBENS — E o que aconteceu com o seu marido?

ASTRID — Foi capturado também pelos nazistas também no dia do casamento. Eu não queria ficar falando sobre essas coisas. O ambiente não é propício.

RUBENS — Sobre mim, além de embaixador, sou piloto de automobilismo. Já competi nas melhores pistas do mundo.

ASTRID — Nossa! Você parece ser um homem incrível. Embaixador, piloto...

RUBENS — E herdeiro da maior empresa de metalúrgicos do Brasil.

ASTRID — Nossa! Você é muito compromissado

RUBENS — Eu sou uma pessoa muita ativa. Estou deixando um pouco de lado a diplomacia, mas vou continuar no automobilismo.

ASTRID — Deve ser incrível viver a vida como você vive.

RUBENS — É..... Realmente, se eu fosse morrer hoje, estaria tranquilo e satisfeito. Fiz tudo que quis: me apaixonei, me decepcionei, curti a vida como ninguém. Disso eu não posso negar.

ASTRID — Já eu quero recomeçar a minha vida agora. No auge dos meus trinta anos. Quero viver um novo romance. Ainda tenho tempo.

RUBENS — Eu sou viúvo. Até que não seria uma má ideia também viver um novo romance. Eu também estou na flor da idade. (Eles terminam a dança). Agora, vou te apresentar a minha família.

Eles vão até a mesa em que Rosemary e Manuel Martins, que estão sentados admirando aquelas músicas e aquela noite agradável.

RUBENS (P/Manuel e Rosemary) — Mamãe e papai, essa daqui é a Astrid Fisher.

Rosemary e Manuel se levantam e cumprimentam Astrid.

ROSEMARY (P/Astrid) — Acho que conheço você de algum lugar. Você é atriz ou algo do tipo.

ASTRID (P/Rosemary) — Eu sempre estou nas colunas sociais.

ROSEMARY (P/Astrid) — Ah, então deve ser isso.

MANUEL (P/Astrid) —Aceita sentar conosco?

ASTRID (P/Manuel) — Adoraria.

Rubens acena para que o garçom traga bebidas. Astrid se senta e conversa com Rosemary, Manuel e Rubens. Ronaldo Martins, o irmão de Rubens se aproxima da mesa.

RONALDO — Boa noite, a festa está magnífica, mas tenho que ir.

MANUEL — Fique mais um pouco, meu filho.

RONALDO — Vou ter que ir. Amanhã tenho trabalho logo cedo no Banco do Brasil.

Ronaldo se despede dos pais e do irmão. Em seguida, sai.

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CENA 2/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO FISHER/ QUARTO DE ASTRID/ NOITE/ INT.

Astrid retira a maquiagem, enquanto conversa com Arlete.

ARLETE — Hoje, a noite foi maravilhosa.

ASTRID — Você já tinha ouvido falar em Rubens Martins?

ARLETE — Já. Ele é bem famoso aqui no Rio de Janeiro. Ele é um piloto muito famoso e diplomata também.

ASTRID — Eu não conhecia, mas acho que é porque eu não sou de ler e ver corridas. Ele é herdeiro de um império da metalurgia.

ARLETE — Nunca cheguei a conversar com ele, mas é muito bem falado. Dizem que ele é muito educado.

Astrid acende um cigarro e fuma, enquanto anda pelo quarto.

ASTRID — Ele é extremamente atencioso e educado. Fala muito bem. Das pessoas mais simpáticas que eu já tive o prazer de conversar. Ele me disse que era viúvo.

ARLETE (Mudando de assunto) — Posso dormir aqui?

ASTRID — Claro, minha amiga!

Arlete e Astrid se abraçam. Em seguida, Arlete sai do quarto. Astrid bebe um pouco de água, se deita e adormece.

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CENA 3/ NUREMBERG/ RUAS DA CIDADE/ TARDE/ EXT (SONHO).

Astrid, com 18 anos, corre desesperada pelas ruas de Nuremberg. Soldados jogam bombas.

ASTRID (Gritando) — Mãe! Mãe.

Aviões sobrevoam a cidade de Nuremberg e tentam atingir pessoas com bombas. Astrid avista a mãe, que não profere nenhuma palavra.

ASTRID — Mãe, mãe!

As palavras proferidas por Astrid parecem não ser escutadas por Emma. Astrid olha para a palma das mãos, que sangra.

ASTRID (Gritando) — Não!

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CENA 4/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO FISHER/ QUARTO DE ASTRID. BANHEIRO/ NOITE/ INT.

Astrid se acorda repentinamente do susto que teve com o pesadelo. Ela respira fundo e se acalma.

ASTRID — Foi só um pesadelo! Foi só um pesadelo!

Ela vai ao banheiro, onde a cena continua, ela abre uma caixa e toma dois comprimidos. Em seguida, ela volta para o quarto e abre o guarda-roupa e retira de dentro uma maleta cheia de dinheiro e abre. Ela relembra o dia em que recebeu a maleta. Inserir flashback da cena 9 do capítulo 17:

Francesco e Michael entra com Astrid, que chora compulsivamente. Eles colocam ela no sofá.

FRANCESCO (P/Astrid) — Hoje, terminou o nosso trato. Como prometido, você receberá a recompensa.

Astrid parte para cima de Francesco.

 ASTRID (Gritando) — Assassino! Assassino! Era esse o seu plano, não era?

FRANCESCO — Deixe de gritaria, pois você nem o amava. Fui eu que os aproximei. Foi para matá-lo, realmente, confesso. Mas foi por uma boa causa. É pelo fim do fascismo. Não se esqueça de que sua família foi vítima de uma ideologia parecida.

Astrid, neste instante, fica pensativa. Francesco traz uma maleta de dinheiro.

FRANCESCO — Aqui está a sua recompensa!

Astrid abre a maleta e verifica que tem muitas notas de dinheiro.

ASTRID — Eu vou aceitar porque estou necessitando muito, mas...

FRANCESCO — Você não tem mais o que questionar. O dinheiro está aí! O nosso acordo até concluído com sucesso.

ASTRID — Está bem!

FRANCESCO — Mas antes nós vamos comemorar a vitória contra os fascistas.

Francesco, Michael e Astrid vão para o quintal.

Fim do insert.

Ela olha para aquelas cédulas, enquanto relembra a morte de Giovani. Inserir o flashback da cena 6 do capítulo 17:

Ao entardecer, Astrid e Giovani caminham até o parque florestal de Milão. De mãos dadas, eles se sentam na grama. Abrem o pano e colocam algumas frutas em cima.

GIOVANI — A tarde está bonita!

Eles se beijam.

ASTRID — O céu está bem azul.

A câmera vira-se para a mata, onde o bando de Francesco se aproxima. Eles correm na direção de Astrid e Giovani, que se levantam ao perceber que estão sendo cercados. Giovani ergue os braços.

GIOVANI — O que é isso?

FRANCESCO — O seu dia chegou, desgraçado!

Francesco puxa Giovani, que não oferece nenhuma resistência, pelo braço. Michael protege Astrid. Os outros metralham Giovani, que cai no chão, envolvido em uma poça de sangue.

Fim do insert.

Por alguns segundos, ela chora, mas volta para cama e adormece.

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CENA 5/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO DA FAMÍLIA MARTINS/ BANHEIRO/ NOITE/ INT.

Rubens Martins se olha no espelho, enquanto tira a barba. Neste instante, ele se lembra do encontro com Astrid. Inserir flashback cena 1 do capítulo 18:



Astrid dá a mão a Rubens, que entende aquele gesto como uma aceitação. Ele a conduz para o meio do salão. Eles então dançam alegremente. As luzes brilhantes pareciam dançar em sincronia com o casal, que chamava atenção de todos no salão que olhavam com admiração para Astrid e Rubens dançando.

RUBENS — A gente está dançando aqui há alguns minutos, mas ainda não nos apresentamos. Meu nome é Rubens. Rubens Martins.

ASTRID — O meu é Astrid. Astrid Fisher.

RUBENS — Pelo seu nome e pelo sotaque, devo imaginar que não é brasileira, é?

ASTRID — Não, sou alemã, mas já andei por vários lugares do mundo. Estou no Brasil há seis anos.

RUBENS — Eu morei por muito tempo na Europa. Foi embaixador do Brasil em Paris. Já morei por alguns meses em Viena, em Praga. Curiosamente, não conheço a Alemanha.

ASTRID — Apesar de tudo que aconteceu lá nos últimos anos, é um país muito bonito. Você deveria conhecer.

RUBENS — Quando eu tiver oportunidade, irei conhecer com certeza. Mas agora eu quero conhecer mais sobre você. Veio para o Brasil sozinha?

ASTRID — Vim sozinha. A minha família toda morreu na guerra. A última vez que vi meus pais foi no dia do meu casamento há 11 anos. Mas eles foram levados, acredito eu, para um campo de concentração. O meu irmão eu cheguei a ver alguns dias depois, mas infelizmente ele foi fuzilado na minha frente.

RUBENS — E o que aconteceu com o seu marido?

ASTRID — Foi capturado também pelos nazistas também no dia do casamento. Eu não queria ficar falando sobre essas coisas. O ambiente não é propício.

Fim do insert.

Ele se vira e olha a fotografia de sua esposa, se emocionando. Neste instante, Rosemary entra no banheiro e ver o filho emocionado. Ela olha na direção de onde o filho está olhando.

ROSEMARY — Você nunca esqueceu a Helena, não é, meu filho?

RUBENS — Acho que eu nunca vou conseguir me apaixonar outra vez.

ROSEMARY — O trauma foi grande. Não é fácil perder alguém tão querido. Principalmente, da forma que foi. A Helena era uma grande mulher. Você vai conseguir superar esse trauma. Agora você tem que focar no Grande Prêmio do Brasil de Automobilismo.

Eles se abraçam.

RUBENS — Só você para me confortar, minha mãe!

Eles saem do banheiro.

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CENA 6/ RIO DE JANEIRO/ AUTÓDROMO/ MANHÃ/ INT.

Letreiro mostra: “Três semanas depois”

Os carros passam na maior velocidade pela pista. As pessoas pulam nas arquibancadas, com suas bandeiras. Astrid e Arlete, de óculos escuro, também estão na arquibancada prestigiando aquele evento.

LOCUTOR (off) — Estamos aqui no Grande Prêmio do Brasil de Automobilismo. Evento que conta com a participação de pilotos de vários países do mundo. Tem dois brasileiros na competição. E são irmãos. Ronaldo Martins e Rubens Martins. Os dois estão muito bem na corrida. Rubens está em segundo e Ronaldo está em quinto.

Rubens e Ronaldo passa na maior velocidade.

LOCUTOR (off) — Que corrida emocionante, meus amigos! Vamos para a última volta. A diferença entre o primeiro e o segundo colocado é de pouquíssimos milésimos de segundo. E vamos para a última curva do circuito. Rubens e James Lauder estão muito próximos um do outro. Será que dá para ultrapassar? Será que o Rubens vai tentar a ultrapassagem?

Rubens, aproveitando que James Lauder desacelerou na curva, consegue ultrapassar.

LOCUTOR (off) — O Rubens agora está em primeiro, mas James Lauder consegue se recuperar e eles voltam a ficar muito próximos. Estão lado a lado! Quem será que vai ganhar? Tudo está indefinido! Eles vão cruzar a linha de chegada.

Rubens Marins e James Lauder cruzam a linha de chegada praticamente juntos.

LOCUTOR (off) — O impossível aconteceu! Eles cruzaram a linha de chegada ao mesmo tempo. É isso? O que será decidido? O que os juízes vão fazer?

Rubens Martins, James Lauder e os demais pilotos saem dos carros para esperar o resultado.

LOCUTOR (off) — Os juízes estão analisando para anunciar o vencedor. Daqui de onde estou foi impossível ver quem cruzou primeiro. Atenção! Resultado oficial. Podem comemorar que o título é do Brasil! O carro do Rubens cruzou primeiro. A roda do carro do Rubens, por uma diferença milimétrica, cruzou primeiro!

Rubens dá pulos de alegria. Ele recebe a garafa de champanhe. Retira o capacete e comemora com o irmão na pista.

Na arquibancada, Astrid e Arlete, de pé, aplaudem a vitória de Rubens. Em seguida, eles descem para pista para reverenciar o amigo.

Rubens sobe no pódio, assim como o segundo e o terceiro colocado. Uma multidão se aproxima deles. Jornalistas, fotógrafos, familiares. Astrid e Arlete se aproxima deles também. Rosemary e Manuel abraçam os filhos. Os fotógrafos tiram várias fotos.

Astrid se aproxima de Rubens e o cumprimenta.

ASTRID (P/Rubens) — Parabéns pelo título! Corrida emocionante. Eu nem sou muito de acompanhar automobilismo, mas estou encantada com a sua corrida.

RUBENS (P/Astrid) — Feliz por você ter vindo. Não esperava você por aqui. Estou muito feliz.

ASTRID (P/Rubens) — Eu não podia deixar de prestigiar você.

Rubens olha para os lados e surpreende Astrid com um beijo na boca.

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CENA 7/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO DA FAMÍLIA MARTINS/ TARDE/ INT.

Rubens Martins recepciona os convidados que vão prestigiar a vitória dele. Os garçons passam pela sala com a bandeja de coquetéis e salgados. Astrid está sentada sofá conversando com Arlete e Rosemary. Neste instante, ela avista um jornal e se surpreende com que ver na primeira página. A foto de dela e Rubens se beijando no autódromo.

ASTRID — Que desrespeito! (Lê a manchete). “Piloto e herdeiro de uma das maiores empresas brasileiras, Rubens Martins beija a socialite Astrid Fisher durante as comemorações do título do Grande Prêmio do Brasil de Automobilismo. Será que vem um novo romance por aí? ”. Essas pessoas não têm o que fazer não. Fazer esse tipo de reportagem.

ARLETE (P/Astrid) — Acho que só você não percebeu que ele está encantado por você.

Astrid olha na direção de Rubens, que dá um aceno.

ROSEMARY (P/Astrid) — Eu conheço bem o meu filho. Ele não ficava fascinado com uma mulher, desde que que Helena, a esposa dele faleceu em um acidente de carro.

ASTRID (P/Rosemary) — Ele tinha comentado que era viúvo, mas não sabia que tinha sido de uma forma tão trágica.

Enquanto Astrid, Rosemary e Arlete conversam, Rubens se aproxima delas, que o cumprimenta. Elas ficam conversando. A festa continua até de noite.

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CENA 8/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO FISHER/ NOITE/ EXT.

Astrid, Rubens e Arlete saem do carro e caminham pela calçada até a fachada da mansão.

ASTRID (P/Rubens) — Não precisava, mas fico muito grata pela sua gentileza. Aceita um convite para entrar em minha casa?

ARLETE (Interrompe/ P/Astrid) — Vou para casa, Astrid. (P/Astrid e Rubens). Boa noite para vocês.

Arlete anda até sua casa.

RUBENS (P/Astrid) — Muito simpática essa sua amiga.

ASTRID (P/Rubens) — Ela é uma pessoa incrível. Vamos entrar.

Astrid e Rubens entram na casa.

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CENA 9/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO DA FAMÍLIA MARTINS/ NOITE/ INT.

Rosemary e Manuel agradecem as pessoas que foram a festa e a casa se esvaziando aos poucos. Ronaldo se aproxima dos pais preocupado. Rosemary percebe que o filho está triste e preocupado.

ROSEMARY — O que foi, meu filho?

RONALDO — Estou apaixonado por uma moça, mas ela já tem outro pretendente. Eles vão até se casar.

ROSEMARY — Você sempre arrumando problema, Ronaldo Martins. Se relacionando com uma mulher comprometida.

RONALDO — Ela me ama, mas os pais dela não aceitam. Eles querem que ela se case com um brigadeiro.

ROSEMARY — O Rubens tem muito mais juízo que você.

MANUEL (P/Ronaldo) — Você já é adulto e tem que ter responsabilidade. Se relacionar com uma moça prometida de casamento. Eu não quero desejar mal a ninguém não, mas isso não vai terminar nada bem. Escute o que estou falando. Isso não vai terminar nada bem.

Manuel e Rosemary sobem para o quarto, enquanto Ronaldo fica pensativo.

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CENA 10/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO FISHER/ SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT.

Rubens caminha pela sala.



RUBENS — Essa casa é belíssima. Você deve ter muito dinheiro, não é?

ASTRID — O meu ex-marido era muito rico. (Mudando de assunto). Você viu o que colocaram no jornal? Tiraram a foto do momento em que você me beijou. Esses jornalistas não nos deixam em paz.

RUBENS — É o preço alto que pagamos por termos vida pública.  

ASTRID — Eles ainda tiveram audácia de colocar um título bem tendencioso. “Piloto e herdeiro de uma das maiores empresas brasileiras, Rubens Martins beija a socialite Astrid Fisher durante as comemorações do título do Grande Prêmio do Brasil de Automobilismo. Será que vem um novo romance por aí? ”

RUBENS — Mas por que você acha tendencioso? Só você não percebe que eu estou apaixonado por você.

Astrid se surpreende com a fala de Rubens, mas abre um sorriso.

ASTRID — Eu acho que não estava querendo acreditar, por medo ou por respeito a você... não sei dizer.

Rubens s surpreende com um beijo.

RUBENS — Você me hipnotizou de um jeito ao qual nenhuma mulher tinha conseguido. Pode parecer exagero, mas é a pura verdade. Acho até que eu nunca tive essa sensação nem quando era casado.

ASTRID — E você é um homem muito raro. Atencioso, educado, simpático. A sua família é incrível.

Eles se beijam mais uma vez.

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CENA 11/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO DA FAMÍLIA MARTINS/ SALA DE JANTAR/ NOITE/ INT.

Letreiro mostra: “três dias depois”

Rosemary, Manuel, Arlete, Rubens e Astrid sentam-se à mesa. Os empregados colocam os pratos e o jantar na mesa. O telefone toca e a empregada atende. Rubens quebra o silêncio.

RUBENS — Acredito que a essa altura não é novidade para ninguém. Todos os jornais, todas as revistas de fofoca já noticiaram e não estão mentido. Reuni todos aqui para anunciar que eu e a Astrid estamos namorando.

Todos aplaudem. Neste instante, o telefone toca mais uma vez.

ROSEMARY (P/Empregada) — Quem está ligando direito?

EMPREGADA — É um homem querendo falar com Ronaldo. Mas eu já falei que ele não está em casa.

Neste instante, Ronaldo entra em casa. O telefone toca mais uma vez.

EMPREGADA (P/Ronaldo) — Um homem quer falar com você. Já ligou três vezes.

RONALDO (P/Empregada) — Transfere a ligação para o meu quarto, que eu vou atender lá. Estou muito cansado

EMPREGADO (P/Ronaldo) — Vou fazer isso.

Ronaldo sobe para o quarto. Rosemary fica preocupada.

ROSEMARY (P/Manuel) — Eu vou ver o que está acontecendo.

Rosemary se levanta e sobe para o quarto do filho.

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CENA 12/ RIO DE JANEIRO/ MANSÃO DA FAMÍLIA MARTINS/ QUARTO DE RONALDO/ NOITE/ INT.

Ronaldo está falando no telefone.

RONALDO — Não dá para resolver isso outra hora?

A pessoa no telefone responde, mas Ronaldo replica.

RONALDO — É que eu cheguei do trabalho agora.

A pessoa no telefone responde e Ronaldo confirma.

RONALDO — Está bom! Está bom! Eu vou. Na lagoa Rodrigo de Freitas, não é isso? Conhece meu carro? Um fusca preto! (Enraivado). Está bem! Está bem! Eu vou.

Ronaldo vê que a mãe está na porta do quarto.

ROSEMARY — Você vai para onde, meu filho?

RONALDO — Esse rapaz quer falar comigo!

ROSEMARY — Você não estava cansado, meu filho?

RONALDO — E estou. Mas esse cara precisa falar comigo e só pode ser hoje.

Ronaldo sai. Rosemary fica preocupada.

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CENA 13/ RIO DE JANEIRO/ LAGOA RODRIGO DE FREITAS/ LADEIRA DO SACOPÃ/ NOITE/ EXT.

Apesar na noite escura, somente com a iluminação forte da lua, a câmera mostra um fusca preto próximo do meio-fio. Poucas pessoas conversam nas praças adjacentes. Um primeiro tiro é escutado. Um casal (Cassio e Rita) que está namorando na esquina, se assusta.

CASSIO — O que isso?

RITA — Pareceu um tiro!

Eles, assustados, saem daquele local. Um segundo tiro é escutado. Os vigias (Maciel, Felizardo e Antônio), que estão na outra esquina, ouvem o disparo.

ANTÔNIO (P/Felizardo e Maciel) — Vocês escutaram isso?

MACIEL (P/Antônio e Felizardo) — Deve ter sido cabeça-de-nego!

FELIZARDO (P/Antônio e Maciel) — Parece que veio dali.

Felizardo aponta para a direção de onde ele acha que veio o barulho. Maciel e Antônio o acompanha.

Um terceiro tiro escutado. O Diógenes, um idoso que sempre fica fumando até tarde na praça, escuta,

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CENA 14/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ MANHÃ/ EXT.



É mostrado o Cristo Redentor, Pão-de-açúcar, o calçadão de Copacabana. Pessoas andam pelas ruas movimentadas. Carros e bondes passam pela cidade.

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CENA 15/ RIO DE JANEIRO/ LAGOA RODRIGO DE FREITAS/ LADEIRA DO SACOPÃ/ MANHÃ/ EXT.

 O investigador Pacheco e comissário de polícia Laércio chegam próximo ao fusca preto. Ele avista que um homem está caído no carro, com três marcas de tiro na cabeça. Laércio abre a porta do fusca analisa todo o carro. Os peritos tiram fotos. Pacheco acha o documento da vítima.

PACHECO — Ronaldo Martins!

A imagem congela em preto e branco e fixa em um camafeu, que se fecha

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