A MENINA NA PORTA
webnovela criada e escrita por Jonny Nascimento
Capítulo 15
Lívia fica sem reação após dar um tapa em sua filha, que agora está chorando abraçada com seu pai, Sérgio.
LÍVIA - Filha… filha, me perdoa. Eu agi por impulso, me perdoa.
EDUARDA (chorando) - Impulso, mãe? Não foi impulso. Ou também vai dizer que age por impulso quando me chama de gorda e manda eu fazer dieta, como se eu já não soubesse disso?
SÉRGIO (irritadíssimo com a situação) - Filha, você NÃO É GORDA! E mesmo se fosse, eu te amaria porque você seria linda também. Quem colocou isso na sua cabeça?
EDUARDA - A questão não é quem colocou a que na cabeça de quem, pai. A questão é o que o espelho mostra! Toda vez que eu me vejo no reflexo do espelho, tem três de mim e eu ODEIO isso! Não foi o corpo que eu planejei, não foi isso que eu pedi.
SÉRGIO - Entenda de uma vez por todas que ser gorda não é um problema, não é feio… mas que, acima de tudo, você não é gorda! Entenda isso, filha.
LÍVIA - Filha, gordura nenhuma vai embora com remédios, eu te disse isso tantas vezes que…
SÉRGIO (interrompendo/gritando) - CALA A BOCA, LÍVIA! Será que você não percebe que só piora a situação falando essas baboseiras?
LÍVIA - Mas eu não disse nada demais…
SÉRGIO - Porque antes disso você falou demais. Você já passou do limite. Você não ajuda em nada a nossa filha, só atrapalha.
LÍVIA - Ah claro, agora a culpa é minha! Você passa o dia todo fora, trabalhando, mas a culpa da Eduarda ser assim é minha?
EDUARDA - "Assim" como, mãe? Que outros defeitos eu tenho, segundo você?
LÍVIA - Você não percebe que metade dos seus problemas poderiam ser resolvidos se você saísse mais, conhecesse meninas da sua idade pra falar sobre assuntos da sua idade? Você é muito solitária, fica trancada nesse quarto o dia todo.
EDUARDA - Mas foi você quem me ensinou a ser assim… a não falar com ninguém porque posso ser rejeitada… e digo mais, meu pai passa horas fora de casa mas o pouco que ele cuida de mim, me dá mais amor que você em 24 horas dentro de casa.
Lívia engole a saliva, não consegue responder.
SÉRGIO - Filha, a partir de agora eu prometo te ajudar. Vou te levar numa psicóloga, pra você conversar com ela e se entender mais. Só me promete que não vai ficar tomando esses comprimidos e nem forçando vômito.
EDUARDA - Eu prometo!
SÉRGIO - Papai te ama, tá? Conta comigo pra tudo.
Sérgio abraça Eduarda e dá um beijo na sua testa. Em seguida, ele puxa Lívia pelo braço.
SÉRGIO - Agora a gente vai conversar, bem sério!
Sérgio arrasta Lívia para fora do quarto, e a câmera foca em Eduarda chorando.
CENA 2 || Sérgio arrasta Lívia até o quarto deles e começa a dar uma bronca.
SÉRGIO - Sério, como você pode ser tão irresponsável?
LÍVIA - Me poupe, você sabe que eu não tô errada. Ela tá gorda sim.
SÉRGIO - Gorda tá a sua língua. Ela tá com um corpo ótimo, e você faz comentários que fazem ela se cegar pra isso. Você não percebe?
LÍVIA - Você não vai levar ela no psicólogo? Então pronto, não enche o saco.
SÉRGIO - Você parece criança, não sabe e não quer ouvir onde errou. Mas vou te avisar que se eu ver você falando gracinha pra Eduarda de novo, você vai me conhecer.
Sérgio sai e deixa Lívia revoltada.
CENA 3 || Camila chega no orfanato de Célia. Ela toca a campainha e sua mãe atende.
CÉLIA - Oi filha, tudo bom?
CAMILA - Sim, mãe. Vim buscar a Gabi, a dona Vera aceitou cuidar dela.
CÉLIA - AAAhhhhh, poxa. Logo agora? Ela está esperando o bolo assar.
CAMILA - Tudo bem, eu entro e espero com ela, também quero bolo.
CÉLIA - Vocês são umas formigas mesmo hein.
Camila entra. Dentro do orfanato, ela encontra Gabriele.
GABRIELE (ansiosa) - Policiaaalllll. E aí, qual é a novidade?
CAMILA - A novidade é: você vai pra casa da tia Vera.
GABRIELE - EBAAAAA!
CÉLIA (dramática) - Tá feliz porque vai me abandonar…
GABRIELE - Ah para de graça que tem outras crianças aqui.
CAMILA - Bom, quase esqueci de contar. Mãe, o Daniel voltou.
CÉLIA (surpresa) - MENTIRA? Gente mas tanto tempo depois…
CAMILA - Ele voltou hoje.
GABRIELE - A minha mãe falou que esse era o nome do papai… Daniel.
CAMILA - Nossa que coincidência.
GABRIELE - Pois é!
CENA 4 || Casa de Rosana e Ernesto. Rosana chega em casa e vê Ernesto fazendo as malas.
ROSANA (em dúvida) - Ué? Aonde você vai?
ERNESTO - Vou pra Tereza da Flor.
ROSANA - Onde é isso?
ERNESTO - É uma cidadezinha de interior. Como você está cuidando da cafeteria, eu vou tirar umas férias.
ROSANA - A cafeteria tá quase falindo e você vem falar de férias? Se manca.
ERNESTO - Se manca você. Se você ainda insiste num comércio sem futuro, eu não. Agora com licença.
Ernesto empurra Rosana para fora do quarto e tranca a porta. Do lado de fora, o celular de Rosana toca e ela atende.
ROSANA (em ligação) - Alô?
CENA 5 || Val está no celular, em ligação. Já em casa, enquanto Carol está na cozinha.
VAL (sussurrando) - Rosana, fiz minha parte. Não deixei ela te denunciar, porque ela ia. Agora faça a sua. Vá pra Tereza da Flor, e pegue a menina.
ROSANA - Tereza da Flor…
VAL - Sim, esse é o nome do lugar onde a peste se escondeu. Vá pra lá e pegue ela.
ROSANA - Certo!
Rosana desliga o telefone, e a cena continua a partir de Val. A campainha da casa toca, Val abre a porta e dá de cara com Íris.
ÍRIS - Oi irmã. Como você tá bonita pessoalmente…
VAL (espantada) - Íris…
ÍRIS - Feliz em me ver?
Val olha surpresa para Íris, que estampa um sorriso sarcástico na cara.
CENA 6 - Camila e Gabriele terminam de comer o bolo feito por Célia, que nesse momento serve as outras crianças residentes no orfanato.
CAMILA - Agora que acabamos de comer, podemos ir?
GABRIELE - Podemos sim.
Célia chega.
CAMILA - Estamos indo, mãe.
CÉLIA - Está bem.
Gabriele se levanta e abraça Célia.
GABRIELE - Muito obrigada, moça, pelo abrigo. Muita felicidade pra você!
CÉLIA - Fofa… que Deus te abençoe!
Célia dá um beijo na testa de Gabriele. Camila e Gabriele vão embora. Num corte seco, vemos as duas entrando no carro enquanto Célia se emociona.
CENA 7 || Vera abre a porta de casa, decepcionando Gabriele e Camila.
VERA - Bem vinda de volta, pequena.
GABRIELE - Oi dona Vera, obrigada pelo abrigo também.
VERA - Não há de que. Vamos entrar.
Dentro de casa, Vera apresenta Gabriele a Daniel.
VERA - Gabi, esse aqui é o meu filho Daniel. Quando você bateu aqui na primeira vez, ele não estava.
GABRIELE - Oi moço.
DANIEL - Oi, tudo bom, mocinha?
GABRIELE - Tudo. Sabia que você tem o mesmo nome que o meu pai? Ele também era Daniel.
DANIEL - É mesmo? E qual é o nome da sua mãe?
GABRIELE - É Carol. Carolina, na verdade. Carolina Mendes.
Espantado, Daniel arregala os olhos e encara a menina.
CENA 8 || Sentadas no sofá, Val, Carol e Íris conversam.
ÍRIS - Tô feliz em ver você, cunhada.
CAROL - Eu também, menina. Quanto tempo. Agora cê me dá licença, preciso ver o bolo no forno.
ÍRIS - Claro.
Carol sai, e Val questiona.
VAL - Agora fala, o que você veio fazer aqui?
ÍRIS - Eu vim dizer que eu quero fazer parte do seu esquema. Quero dinheiro também!
Val e Íris se encaram.
CONTINUA…
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