De Janeiro a Janeiro | Capítulo 06
Tít: “Ceia de Natal”
Autor: Francisco Neto
Classificação indicativa: +14
CENA 01: INTERNA. CASA DE PALOMA - SALA DE ESTAR. TARDE.
PALOMA — Desculpe-me Felipe, mas não posso aceitar o seu convite.
FELIPE (Surpreso) — O que houve?
PALOMA — Não sei me comportar diante daquele povo fino, sou atrapalhada.
FELIPE — Sei que você não é tão ignorante assim. Não está mentindo para
mim, está?
PALOMA (Raiva) — Eu jamais, omitiria algo de você. Entenda, eu não me
sinto a vontade.
FELIPE (Enfadado) — Faça o que quiser!
**Felipe vai embora da casa de Paloma.**
LUCIANA — Você mentiu para ele, não?
PALOMA (Sentando-se no sofá) — Tive que fazer isso, lu. Eu também não me
sinto confortável de ir até essa festa.
LUCIANA (Sensível) — O coração dele ficou tão partido. Já pensou se ele
estiver gostando de você?
PALOMA — Não inventa.
**Paloma se levanta do sofá.**
CENA 02: INTERNA - PARLATÓRIO. TARDE.
**Em um parlatório, Arthur e Diego conversam separados por um vidro.**
DIEGO — O que faz aqui?
ARTHUR — Pensei duas vezes antes de visitá-lo. Me diz, o que deu em
você?
DIEGO — Não interessa a você.
ARTHUR (Bravo) — Sim, interessa.
DIEGO (Irônico) — Hum… por que eu deveria contar alguma coisa para um
bunda mole feito você? Nem sequer teve coragem de se declarar para ela enquanto
estava viva.
ARTHUR — Sei respeitar o espaço de uma garota, coisa que você nunca fez.
**Diego levanta da cadeira irritado.**
ARTHUR (Provocando Diego) — Calma! Por que reagiu assim? Vai me matar
também?
DIEGO (Bravo) — Seu cuzão!
ARTHUR — Me xinga, faz o que quiser comigo infeliz. Mas eu nunca vou te
perdoar pelo que fez com a Filipa.
DIEGO — Era só isso que queria falar?
ARTHUR — Se eu pudesse, eu diria tudo o que merece ouvir, mas não
gastarei meu tempo com você.
**Arthur vai embora, Diego também é retirado do local pela segurança.**
CENA 03: INTERNA. MANSÃO DOS CORRÊA -SALA DE ESTAR/COZINHA/QUARTO.
NOITE.
**Marília e Catarina terminam de enfeitar uma árvore de natal.**
CATARINA — Ficou linda!
MARÍLIA — Uma lindeza, srª Catarina.
CATARINA — Chamarei Brenda e Felipe, devem estar terminando de se
arrumar.
MARÍLIA — Cuida! Vou ver como estão as coisas na cozinha, estamos
preparando as comidas para a ceia de natal.
CATARINA — Estou ansiosa para ver o que você preparou para essa noite.
MARÍLIA — Eu garanto que a senhora e todos os outros convidados vão
gostar.
CATARINA (Sorrindo) — Subirei para ver se Brenda e Felipe já terminaram,
ok?
MARÍLIA — OK!
**Catarina segue em direção ao quarto de Brenda e Marília volta para a
cozinha.**
**Catarina chega ao quarto da filha, ela nota que ela não está arrumada
e está estirada em cima da cama.**
CATARINA — Filha, levante-se! Por que ainda não se arrumou? Daqui a
pouco os convidados da festa vão chegar.
BRENDA — Não estou com humor para nenhuma comemoração. Prefiro ficar
aqui no meu quarto sozinha.
CATARINA — E vai perder o peru delicioso que a Marília preparou?
BRENDA — Não tente me convencer usando a Marília como pretexto, mamãe.
Eu não quero descer, eu já decidi sobre isso.
CATARINA — Ok! Não vou mais insistir nisso. Mas cada vez eu me
decepciono mais com você, sabia?
**Brenda dá de ombros.**
**Marília chega na cozinha, uma fumaça está cobrindo o local. Ela
percebe que algo está queimando dentro no fogão.**
MARÍLIA (Desesperada) — MEU DEUS!
\[Ela retira o peru queimado do fogão]
MARÍLIA — E agora? O que servirei para a ceia dos patrões? Acho que
pedirei para o Luís fazer umas compras para mim urgentemente.
\[Marília liga para Luís]
MARÍLIA (Ao telefone) — Alô? Luís? Preciso de você aqui... Venha rápido!
MARÍLIA — Queimei o peru dos patrões e preciso de ajuda para consertar
isso.
\[Marília desliga o telefone]
Marília — Droga! Tô lascada!
**Catarina está recebendo os convidados ao lado do marido. Parentes e
amigos começam a chegar para a festa.**
**Isabela também chega a festa.**
ISABELA — Boa noite!
CATARINA — Boa noite, querida.
JORGE (Sorrindo) — Você deve ser amiga do Felipe, não é? Ele não perde
tempo.
CATARINA — Jorge, tenha modos!
ISABELA (Sorrindo) — Não se preocupe senhora, eu adorei o senso de humor
do seu marido. Onde posso encontrá-lo?
\[Catarina aponta para a escada]
CATARINA — Ainda não desceu, acredito que esteja terminando de se
arrumar.
ISABELA — Vou esperá-lo aqui.
\[Isabela afasta-se do casal, senta-se no sofá e espera ansiosamente
pelo amigo. O casal comenta sobre a garota]
CATARINA — Felipe e essa garota fariam um belo casal, não acha?
JORGE — Sim, ela é muito simpática.
**Depois de um tempo, Felipe chega a sala de estar e cumprimenta
Isabela.**
FELIPE — Belinha, que bom que veio.
ISABELA — E Paloma? Não vem?
FELIPE — Ela me disse que não se sentiria confortável de estar aqui.
ISABELA (Sorrindo) — Bom, eu discordo totalmente. Estou adorando tudo.
ISABELA — Seus pais são gentis.
FELIPE — Eles falaram com você?
ISABELA — É claro... eles me receberam quando cheguei. E, desde então,
estou aqui esperando que você descesse.
FELIPE — Você é única.
ISABELA — Levarei isso como elogio.
**Na cozinha, Luís volta com compras feitas e Marília tenta
organizá-las.**
MARÍLIA (Preocupada) — Conseguiu comprar outro peru para a ceia?
LUÍS — Sim, aqui está!
MARÍLIA — Eu só espero que os patrões não notem a demora. Proponho
tentarmos fazer outro o mais depressa possível.
LUÍS — Será que vai dar tempo?
MARÍLIA — Tem que dar.
\[Marília começa a preparar o peru]
CENA 04: INTERNA. CASA DE ALESSANDRA - QUARTO. NOITE.
**Alessandra está deitada em sua cama, ela está com o celular navegando
em uma rede social, quando encontra algo que desperta o seu interesse.**
ALESSANDRA — Que foto linda!
\[Alessandra amplia a foto de uma garota, ao ampliar percebe-se que se
trata de Isabela em uma viagem antiga.]
ALESSANDRA — Que gata. Quando foi que você ficou tão linda?
\[Ela vê outra foto de Isabela]
ALESSANDRA — Se ao menos ela olhasse para mim..., mas ela é hétero, ao
menos até onde sei sobre ela.
\[Ela continua a navegar pela rede]
ALESSANDRA (Pensando) — Melhor não me iludir..., se ela for hétero, não
olhará para mim de jeito nenhum.
CENA 05: INTERNA. MANSÃO DOS CORRÊA - QUARTO DE BRENDA. NOITE.
SONOPLASTIA: Black Out Days - Phantogram
\[Brenda está lendo o livro “A Noite dos mortos-vivos de John A. Russo”]
VOZ — Por que não foi a festa?
BRENDA (Surpresa) — Que susto! Deveria me avisar quando for aparecer
assim.
VOZ — Você ainda não respondeu a minha pergunta. O que faz enfurnada
aqui?
BRENDA — Não sinto vontade.
VOZ — Você deveria aproveitar..., sua mãe sempre adorou essa época do
ano.
BRENDA — Como sabe sobre minha mãe?
VOZ — Eu disse saber de muitas coisas..., eu estou ciente de tudo.
BRENDA — Afinal, diga logo! Qual é o seu jogo? Quem é você? O que
pretende?
\[A voz se cala por um momento]
BRENDA — O que houve? Por que ficou calado? Preciso de uma resposta.
\[O espírito de um homem surge na frente de Brenda, ela se assusta]
BRENDA — Quem..., o que é você?
ALFREDO — Sou o seu falecido avô.
BRENDA (Assustada) — Mas como?
ALFREDO — Preciso contar o que aconteceu comigo, a armadilha que fizeram
para mim.
BRENDA — Espera! Preciso assimilar tudo isso..., eu literalmente tô
falando com um fantasma.
ALFREDO — Vou explicar tudo.
(Sonoplastia Off)
CENA 06: INTERNA. SORVETERIA. NOITE.
\[Paloma e Cristiano estão em uma sorveteria e conversam entre si]
CRISTIANO — Fico feliz que aceitou.
PALOMA (Sorrindo) — Eu não poderia recusá-lo. Grata pelo convite.
\[Paloma se recorda de Felipe, que também convidou-lhe para a ceia em
sua casa, mas recebeu uma recusa de sua parte]
CRISTIANO — Tá tudo bem?
PALOMA — É..., está sim.
CRISTIANO — Por um momento você ficou parada e pensativa. Aconteceu
algo?
PALOMA (Preocupada) — Sinto que estou em dívida com uma pessoa agora.
Felipe também me fez um convite hoje cedo e tive que dizer não a ele.
CRISTIANO — Você tomou a atitude certa. Se tivesse aceitado..., estaria
com ele agora, não comigo.
PALOMA (Preocupada) — Sim, você tem razão. Mas sinto que decepcionei o
Felipe e estou mal por isso.
CRISTIANO — Por favor, não deixe esse cara atrapalhar nossa noite. Por
que não damos um passeio pela cidade para relaxar?
PALOMA — Está bem.
CENA 07: EXTERNA. RUA. NOITE.
**Paloma e Cristiano andam de moto pela cidade, admirando a beleza dos
grandes prédios e ruas à noite.**
CRISTIANO — Está se sentindo melhor?
PALOMA (Abraçando-o) — Sim, é sempre tão bom estar perto de ti.
\[Paloma abraça Cristiano com carinho]
CRISTIANO (Sorrindo) — Tenho para te contar, Paloma. Eu gostaria de te perguntar
uma coisa.
PALOMA — Fala! Por que tanto mistério?
CRISTIANO — Você quer ser...
**Cristiano perde o equilíbrio e perde o controle da moto, e os dois
caem sem querer.**
\[Cristiano socorre Paloma]
PALOMA — Acho que ralei a perna.
CRISTIANO — Você está bem?
PALOMA — Não é nada, não se preocupe comigo. Porém, o que queria me
dizer?
CRISTIANO — Quem? Eu? Nada!
PALOMA (Curiosa) — Achei que você tinha algo a dizer.
PALOMA — Esquece! Deve ter sido impressão minha, nada, além disso.
**Cristiano se aproxima do rosto de Paloma e a temperatura aumenta entre
eles. Cristiano acaricia os lábios de Paloma com os dedos.**
CRISTIANO — Eu te amo, era isso que eu queria te falar e que venho
tentando falar todo esse tempo.
PALOMA — Eu também te amo, Cris.
CRISTIANO (Sorrindo) — Então para que esconder, me beija de uma vez.
**Cristiano e Paloma se beijam.**
A IMAGEM ESCURECE
(FIM DO CAPÍTULO)
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