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VILAREJO - Capítulo 52 (Última Semana)



Capítulo 52 (Última Semana)

Cena 01 - Casa dos Lobato [Externa/Noite]


[As chamas e a fumaça atraia cada vez mais curiosos.]


PEDRO: - A Açucena está lá dentro? Eu preciso tirar ela de lá!


LAURA: - Meu irmão, vosmecê não pode entrar… É perigoso.


PEDRO: [Corre para o interior da casa sem dar ouvidos a Laura].


MARIA DO CÉU: - Deus meu, ele vai se ferir desse jeito…


MIGUEL: - Eu vou ajudá-lo! [Diz ao sair correndo logo atrás].


MARIA DO CÉU: [Grita desesperada] - Não… Miguel… Miguel!


[Enquanto Maria do Céu, Laura, Ricardo, Tomásia e Amália observavam a cena do lado de fora da casa. Pedro conseguiu arrombar a porta e entrar primeiro.]


PEDRO: - Açucena! [Gritou ao ver a sala começando a se encher de fumaça].


[Ao perceber que a esposa não respondia, Pedro decidiu ir até o piso superior da casa e logo subiu a escada correndo. Foi neste momento, que ele viu Açucena caída no chão.]


PEDRO: - Açucena, meu amor… [Abaixa a cabeça, encostando-a no peito de Açucena]. - Graças a Deus, está viva.


[No quarto, Graça conseguiu retirar todos os seus pertences do cofre e os colocou no interior de uma maleta. Suas atitudes começavam a dar indícios que sua sanidade não estava boa.]


GRAÇA: - Pronto, juntando tudo o que tenho, conseguirei fugir e ninguém vai me pegar. Eu não vou ser presa, não vou! [Grita aos risos].


[Neste momento, Miguel conseguiu chegar onde Pedro e Açucena estavam e se aproximou.]


MIGUEL: - Como ela está? [Disse cobrindo o rosto, para não inalar fumaça].


PEDRO: - Está viva…


MIGUEL: - É melhor tirá-la da casa, há muita fumaça e isso não fará bem a ela.


GRAÇA: [Sai do quarto bruscamente e se depara com os três].


PEDRO: - Mamãe, o que foi que vosmecê fez? [Grita].


GRAÇA: - Estava te protegendo, me livrei dessa cigana imunda. Ela não é pra vosmecê, meu filho querido. Ela não é! O fogo, somente o fogo irá nos purificar… [Grita].


MIGUEL: - Vosmecê não está bem, Graças. Vosmecê precisa de ajuda, venha comigo! [Diz ao estender a mão].


GRAÇA: - Nunca, de vosmecê eu não quero nada… Nada! [Responde ao sair correndo na direção contrária].


PEDRO: [Coloca Açucena no colo e começa a descer a escada com ela ainda desacordada].


MIGUEL: [Olha para os dois lados, refletindo sobre o que deve fazer, porém não consegue deixar Graça para trás e resolve segui-la].


[Desorientada, Graça vai até o sótão e começa a delirar.]


GRAÇA: - Não conseguirão me capturar, não conseguirão! [Fala consigo mesma às gargalhadas].


MIGUEL: [Entra no lugar, tentando proteger-se das chamas] - Vosmecê precisa sair da casa, senão morrerá queimada! [Grita].


GRAÇA: - Não, eu não quero ajuda de um preto imundo como vosmecê! 


[Uma viga em chamas se desprende e cai do teto entre os dois, levantando uma grande labareda. No lado exterior da casa, Pedro consegue sair com a esposa.]


PEDRO: - Vosmecê vai ficar bem, meu amor. Respira… Respira!


MARIA DO CÉU: - Pedro, onde está o Miguel? Ele foi atrás de vosmecê e não voltou.


PEDRO: - A mamãe estava lá dentro, foi ela quem provocou o incêndio. Ele foi atrás dela! [Explica].


MARIA DO CÉU: - Não… Miguel! [Grita desesperada ao tentar entrar na casa, porém é segurada por Laura e Ricardo].


Cena 02 - Igreja São José dos Vilarejos [Interna/Noite]

[Sozinho, Ângelo percorreu a igreja e foi em direção a porta, pois iria fechá-la, quando se deparou com Mila.]


SEMINARISTA ÂNGELO: - Mila, que surpresa. Não esperava vê-la agora! [Diz com um brilho nos olhos].


Música da cena: Rosa - Fagner


MILA: - Atrapalho? Se quiser, posso voltar em outro momento.


SEMINARISTA ÂNGELO: - Não, pode entrar. Faço muito gosto, sente-se e conversaremos.


MILA: [Senta-se em um dos bancos] - Eu gostaria de agradecer por tudo o que tens feito por mim, sua amizade tem me fortalecido nesses últimos tempos. Tudo desmoronou na minha cabeça e vosmecê me foi abrigo. Nem sei como te pagar!


SEMINARISTA ÂNGELO: [Senta-se ao lado de Mila] - Vosmecê não precisa me pagar, sua felicidade é a minha maior alegria. Gosto de vê-la bem, isso não tem preço. Vosmecê é uma jovem muito especial, Emília. Não esqueça disso nunca! [Diz ao tocar a mão de Mila].


MILA: [Olha para a mão de Ângelo sobre a sua e em seguida, se perde no olhar do rapaz].


SEMINARISTA ÂNGELO: [Tira um pequeno bibelô de madeira, esculpido em formato de anjo] - Isso acá é um presente. Para que vosmecê lembre-se sempre de mim, mesmo quando não estiver mais acá nessa cidade.


MILA: [Estranha] - Mas porque vosmecê diz isso? Até parece que está se despedindo.


SEMINARISTA ÂNGELO: [Olha para Mila] - O monsenhor do mosteiro da capital escreveu para o padre. Devo fazer meus votos dentro de alguns meses e precisarei me preparar para esse momento, por isso precisarei ir embora da cidade.


MILA: [Fica com os olhos marejados] - Embora? [Questiona ao segurar o anjo].


Cena 03 - Casa dos Lobato [Externa/Noite]

[Desesperada, Maria do Céu tentava se desvencilhar de Ricardo e Laura para salvar Miguel do incêndio, enquanto Amália era consolada por Tomásia, acreditando que o filho havia morrido. Nesse momento os guardas chegaram ao local.]


MARIA DO CÉU: - Me soltem, eu preciso salvar o Miguel. Miguel… Miguel! [Grita].


GUARDA 1: Nós estamos procurando por Maria da Graça Lobato Ribeiro Alves, alguém sabe o paradeiro dela?


RICARDO: - Apenas que ela começou esse incêndio e que está lá dentro da casa.


GUARDA 2: Sentimos muito! [Diz consternado].


MARIA DO CÉU: [Ajoelha-se no chão desolada] - Não pode ser…  Miguel não pode ter morrido, não pode! [Fala consigo mesma].


LAURA: - Vosmecê precisa ser forte, minha prima. Miguel foi um herói! [Responde consolando].


GUARDA 1: - Nós vamos pedir reforços para conter as chamas e resgatar os corpos.


AMÁLIA: - Meu filho morreu fazendo o que mais gostava de fazer… Salvando vidas! [Murmura resignada].


[Em meio a fumaça saindo pelas janelas e porta principal da casa, surgiu um vulto.]


TOMÁSIA: - Mas o que é aquilo? [Questiona apontando para a porta].


Música da cena: Corre  Gabi Luthai


MARIA DO CÉU: [Ergue a cabeça e olha para a direção orientada por Tomásia e percebe que é Miguel. Neste momento, ela se põe novamente de pé e corre em sua direção, chorando de emoção].


[Todos observam a cena emocionados. Debilitado por inalar muita fumaça, Miguel cambaleava, mas ao avistar Maria, abriu os braços e a aguardou.]


MARIA DO CÉU: [Beija Miguel e o abraça] - Eu tive tanto medo de te perder, Graças a Deus vosmecê está bem.


MIGUEL: - Eu prometi que ficarei ao seu lado, eu não podia te deixar. Vosmecê me deu forças para continuar vivo. [Respondeu acalentando Maria do Céu em seu abraço].


Cena 04 - Acampamento Cigano [Interna/Noite]

[Sozinha em sua tenda, Madalena havia colocado as cartas de tarot na mesa e estava decifrando o que iria acontecer.]


MADALENA: [Observa as cartas e desvira mais uma] - Morte… A carta da morte! [Diz ao segurar a carta].


Cena 05 - Consultório Médico [Interna/Noite]

[O médico da cidade examinava Açucena em seu consultório, enquanto Pedro observava.]


PEDRO: - E então, doutor. Como ela está? [Questiona].


MÉDICO: - Vosmecê fez muito bem em trazê-la. [Diz enquanto examina].


AÇUCENA: - Eu estou bem, já disse. Quero ir pra casa, só preciso esquecer essa noite. [Responde ao se sentar na maca].


PEDRO: - Não, senhora. Não antes do médico falar o diagnóstico dele, ele precisa dizer se vosmecê ficará com alguma sequela, vosmecê bateu a cabeça e inalou muita fumaça, poderia ter sido pior.


MÉDICO: - Ele tem razão, por isso disse que fez bem ao trazê-la. Apesar do susto, vosmecê sai desse ocorrido apenas com um pequeno corte na nuca e precisará fazer muito repouso nos próximos dias.


PEDRO: - Então quer dizer que minha esposa está bem? [Questiona].


MÉDICO: - Sim, sua esposa e o bebê estão bem! [Responde sorridente].


Música da cena: Lua Cheia - Dienis (Participação Especial: Letícia Spiller)

[Surpresos, Pedro e Açucena repetem ao mesmo tempo.]


AÇUCENA: - Bebê?


PEDRO: - Bebê?


MÉDICO: - Sim, os dois terão um bebê daqui aproximadamente uns oito meses, eu diria. [Responde ao sair de perto de Açucena e ir até sua escrivaninha, prescrever uma receita]. - Sim, vou aproveitar e recomendar umas vitaminas, na botica do centro.


[Pedro se aproxima de Açucena.]


AÇUCENA: - Um filho, nós vamos ter um filho! [Diz emocionada].


PEDRO: - O melhor presente que vosmecê poderia me dar, uma semente do nosso amor. [Beija Açucena].


Cena 06 - Posto Policial [Interna/Manhã]

[A noite se vai e o sol surge iluminando os extensos canaviais do engenho. Em seguida, surgem as ruas da cidade ganhando movimento de pessoas a charretes, logo após somos apresentados à fachada do posto policial. No interior do lugar, Ana Catarina e Antônio se dirigiram a sala do oficial, quando se depararam com Juvenal.]


ANA CATARINA: - Juvenal, recebemos o seu recado… [Diz ao se aproximar].


ANTÔNIO: - Algum problema, comandante? [Questiona].


JUVENAL: - Esse acá, é Josué Pedreira. Ele foi comparsa de Zeferino e acaba de confessar tudo. Já temos uma testemunha do crime de Carlota, ele viu quando ela pagou a Zeferino para que executassem o serviço. [Diz referindo-se a Pedreira, sentado de frente ao oficial].


ANA CATARINA: [Encara o homem sem acreditar no que está acontecendo].


ANTÔNIO: - Qual o próximo passo, oficial?


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Chamaremos Carlota Guerra para depor e…


ANA CATARINA: - Ah é e para quê? Para ficar o dito pelo não dito e o senhor não acreditar em ninguém? Não, não vamos correr esse risco.


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Condessa, me respeite ou eu a prenderei por desacato.


ANTÔNIO: - Não será necessário, oficial. Perdoe a minha esposa, ela está nervosa.


ANA CATARINA: - Vosmecê não vai interrogar Carlota, antes disso eu tenho um plano.


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Um plano? [Estranha].


ANA CATARINA: - Vou explicar, prestem atenção, pois não teremos muito tempo. 


[Ana começa a explicar seu plano, enquanto o oficial, Juvenal e Antônio ouvem atentamente.]


Cena 07 - Cemitério do Vilarejo [Externa/Tarde]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Com a transição de cenas, surgem as ruas da cidade e em seguida a fachada do cemitério. No interior do local, Maria do Céu, Laura, Ricardo, Pedro, Açucena, Tomásia, Amália e Miguel acompanhavam o enterro de Carlota.]


MARIA DO CÉU: - Acabou, agora estamos livres da tirania dela. [Diz ao lado de Miguel].


AMÁLIA: - Que final mais horrível essa mulher teve. Que Deus tenha piedade de sua alma!


LAURA: - Descanse em paz, mamãe! 


RICARDO: [Abraça Laura].


AÇUCENA: - Vai ficar tudo bem, Pedro. Eu estarei com você! [Diz ao consolar o marido].


PEDRO: [Observa em silêncio].


Cena 08 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Após receber um recado, Carlota foi até sua antiga casa e ao entrar, se deparou com Ana Catarina.]

CARLOTA: - Devo admitir, vosmecê é realmente muito persistente. Desde quando voltou, não parou de me atormentar um só dia. [Diz ao se aproximar].


ANA CATARINA: - Vosmecê venceu, Carlota. Chamei-a até acá para lhe comunicar isso e que pretendo ir embora da cidade definitivamente.


CARLOTA: [Gargalha ao se sentar] - Ora, por quem me tomas? Acha mesmo que eu vou cair nessa lorota? Vamos, Ana Catarina. Me diga, qual é o seu plano? [Questiona].


ANA CATARINA: - Plano nenhum. Acá estou, vulnerável e derrotada. Vosmecê conseguiu tudo o que queria, cometeu o crime perfeito e me tirou tudo. Minha família, minha herança, minha casa… Eu não tenho mais nada. O meu marido não me perdoa, minha filha me odeia por eu ter escondido a verdade. Não tenho motivos para continuar acá. O testemunho de Zeferino era minha última esperança, mas ele se foi e eu sei que assim como os outros, foi vosmecê que o matou.


CARLOTA: - Ora, vosmecê não para de dizer sandices. Eu não sei do que está falando.


ANA CATARINA: [Sorri] - Foi o que pensei, vosmecê é realmente muito ardilosa. Conseguiu enganar a todos durante todos esses anos e vai continuar como a mocinha dessa história. Espero que esteja satisfeita… Eu tenho fé que um dia vosmecê há de pagar por isso tudo. [Começa a ir embora].


CARLOTA: [Estranha] - Vosmecê me chamou acá apenas para isso? Dizer essas tolices e ir embora? [Pergunta ao ficar de pé].


ANA CATARINA: - O que mais quer que eu diga, Carlota? Ninguém acredita em mim, perdi tudo. Não tenho mais forças para continuar lutando. É melhor desaparecer… [Começa a caminhar].


[Escondidos no escritório, Antônio, Juvenal, o oficial de justiça e Vladimir ouviam tudo.]


CARLOTA: - Vosmecê é realmente muito fraca, Ana Catarina. Não é párea para mim e nunca será. Pensou mesmo que conseguiria chegar ao meu patamar? [Questiona].


ANA CATARINA: [Para de caminhar e permanece imóvel].


CARLOTA: - Sabe qual é o seu problema, querida? Vosmecê me subestimou, só que eu sou mais inteligente que vosmecê, eu cometi o crime perfeito, não deixei rastros. Isso aconteceu com seu pai, sua irmã e até Zeferino, que planejava me trair. [Confirma satisfeita].


ANA CATARINA: [Vira-se e encara Carlota de frente].



Cena 09 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Antônio e os demais, estavam surpresos com a confissão de Carlota, enquanto ouviam tudo no escritório.]


ANA CATARINA: - O que disse? [Questiona com a voz trêmula].


CARLOTA: - Isso mesmo que ouviu. Planejei cada detalhe daquela emboscada… Seu pai era um pobre idiota. [Gargalha]. - Péssimo de cama, por sinal. Nunca me satisfez como mulher, não parava de choramingar pela sua mãe. Sabia que uma hora ele iria cair nas suas ideias estapafúrdias, por isso resolvi me livrar de todos, só que vosmecê tinha que sobreviver…


ANA CATARINA: - Então foi por isso que vosmecê matou o Zeferino? Para que ele não dissesse a verdade? Assim como fez com Vicente? [Pergunta ao se aproximar].


CARLOTA: [Senta-se novamente, de maneira confortável] - Não estavam nos meus planos me livrar do Vicente, eu o amei de verdade e nunca entendi o motivo dele ter preferido a sem tempero da minha irmã, mas ele descobriu a verdade e não podia deixar que ele saísse espalhando por aí, foi então que demos cabo nele. Já o Zeferino… Ah, nós nos divertimos muito. Só que ele começou a ficar com o rei na barriga, querendo me dominar e eu não sou mulher que use cabresto. Quando ele pensou em dar com a língua nos dentes, eu resolvi lhe dar uma lição, para que ele entendesse que eu sempre continuaria no comando.


ANA CATARINA: - E com isso, mais um crime perfeito, sem deixar rastros.


CARLOTA: - Na verdade tem mais… Esse ninguém desconfia, nem mesmo vosmecê que gosta de bancar a detetive. Não imagina como matei Zeferino? Veneno! O mesmo veneno que eu matei a sonsa da sua mãe, minha pobre amiga Adelaide. [Gargalha ainda mais alto]. - Como foi fácil! Eu me aproximei da sua mãe e logo nos tornamos amigas. Ela tinha tudo o que eu queria pra mim, só não sabia aproveitar. Por isso resolvi ficar com o Gonçalo e comecei a envenená-la lentamente, um veneno extremamente eficaz e logo fui me livrando dela lentamente. Assim, todo mundo ficava sem entender que enfermidade havia se abatido contra ela. Diferente do Zeferino, pois não tinha tempo de dar pequenas doses. Medidas desesperadas provocam uma atitude improvisada, querida. Lhe dei uma dose mais forte e letal… Todos os crimes sem deixar rastros… Os únicos erros foram vosmecê e o Juvenal, nada que eu não consiga dar um jeito ainda…


ANA CATARINA: [Senta-se no sofá em frente ao de Carlota e sorri] - Finalmente! Vosmecê deixou cair a sua máscara. Finalmente estou diante a verdadeira Carlota Guerra, uma bandida e assassina fria. 


CARLOTA: - Já saciei seu desejo, agora pode desaparecer da cidade com a sensação de missão cumprida, pois vosmecê nunca conseguirá provar nada.


ANA CATARINA: - Na verdade Carlota, eu não fui a única a ouvir sua confissão.


CARLOTA: - Como não? Não me diga que a negra Rosaura que agora se acha dona do mundo porque tem essa casa também ouviu? Já lhe adianto que a palavra dela também não servirá de nada.


ANTÔNIO: - Na verdade não, Carlota. Eu também estou acá e tenho companhia… [Diz ao sair do escritório].


VLADIMIR: - Sua assassina, desgraçada. Vosmecê vai pagar por todos os seus crimes! [Grita].


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Senhora Carlota Guerra, vosmecê está presa pelos crimes de assassinato e tentativa de homicidio contra Ana Catarina D’ávilla e Antônio Guerra.


CARLOTA: [Surpreende-se].


ANA CATARINA: - E então, Carlota… O que dizia mesmo sobre crime perfeito? [Questiona sorridente].


Cena 10 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]

Música da cena: Acreditar no Seu Amor - Liah Soares

[Com a transição de cenas, surge a área externa da Fazenda Santa Clara. Ao adentrar no interior da casa.]


BARÃO FILIPE: - Idalina… Idalina! [Grita].


IDALINA: - Pois não, senhor.


BARÃO FILIPE: - Onde está Carlota? Diga que quero falar com ela.


IDALINA: - Ela não está não, senhor. Saiu cedo e até agora não voltou…


BARÃO FILIPE: - E ela não disse para onde ia? [Questiona].


IDALINA: - Disse não, senhor.


BARÃO FILIPE: - Onde será que ela se enfiou agora? [Questiona-se].


Cena 11 - Posto Policial [Interna/Noite]

Música da cena: Mil Noites de Um Amor Sem Fim - Silva

[Surgem imagens externas com a transição de cenas. Em seguida surge a fachada do posto policial, de onde se ouviam gritos. Do interior do local, notamos o corredor por onde os guardas arrastavam Carlota e abriram uma das celas, empurrando-a para o interior do pequeno espaço.]


CARLOTA: - Vosmecês não podem fazer isso comigo. É um absurdo, eu sou Carlota Guerra, uma mulher respeitada! [Grita].


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Vamos ver o que o juiz que ficará responsável por seu caso dirá, Senhora Guerra. Enquanto isso, recomendo colaborar… Para o seu próprio bem, pois deverá passar muito tempo aí dentro… Vamos rapazes! [Diz ao sair com os dois guardas].


CARLOTA: - Isso não vai ficar assim, vosmecê vai me pagar, ouviu? Vosmecê vai me pagar! [Grita segurando as grades].


Cena 12 - Acampamento Cigano [Interna/Noite]

Música da cena: Lua Cheia - Dienis (Participação especial: Letícia Spiller)

[O acampamento cigano estava movimentado naquela noite. Em sua tenda, Madalena recebia Pedro e Açucena.]


MADALENA: - Bendito seja Deus e o teu ventre, xaborrí. Um bisneto? [Questiona emocionada].

Tradução: Xaborrí = Menina.


AÇUCENA: - Ou uma bisneta, mas seja menino ou menina, isso não importa. O que importa mesmo é que estaremos juntos, como uma família. Não é, meu amor?


PEDRO: - Pode apostar que sim, continuaremos juntos. Quando Açucena disse que queria te contar, fizemos questão de que fosse a primeira a saber, Dona Madalena.


MADALENA: - Vosmecê é mesmo um bom gadjó, eu estava enganado sobre sua pessoa. Te julguei mal, admito. Mas um homem que é capaz de enfrentar o fogo para salvar a vida do meu maior tesouro, é digno de toda a minha admiração e eterna gratidão. Vosmecê agora também é um dos nossos, um verdadeiro Kalitch! [Abraça Pedro e o beija na bochecha].

Tradução: Gadjó = Homem não cigano.


Cena 13 - Posto Policial [Interna/Manhã]

Música da cena: Quem Tome Conta de Mim - Paula Toller

[A noite se foi e o dia amanheceu ensolarado. Carruagens percorriam as avenidas da cidade, enquanto escravos trabalhavam nos canaviais. Em seguida, surge a fachada do posto policial. Após ter passado a noite na cadeia, a aparência de Carlota já demonstrava que ela não havia tido uma boa estadia naquele local.]


ANA CATARINA: [Aplaude] - Confesso que cheguei a sonhar com essa cena, sabia? [Diz parada, diante da cela de Carlota].


CARLOTA: - Sua desgraçada, vosmecê pensa que eu vou ficar acá muito tempo? Está enganada, logo eu vou dar a volta por cima, como sempre fiz e vou te dar uma lição.


ANA CATARINA: - Vosmecê perdeu, Carlota. Eu venci, como lhe disse que seria. Não adianta me fazer ameaças, não tenho medo de vosmecê. Um cachorro velho não aprende novos truques. Sabe onde será o nosso próximo encontro? No seu julgamento, de onde vou sair satisfeita ao te ver condenada por todos os seus crimes. Vosmecê não passa de um inseto e eu vou te esmagar.


CARLOTA: - Se eu fosse vosmecê, não cantaria vitória tão cedo.


ANA CATARINA: - E se eu fosse vosmecê, arrumaria algumas roupas mais confortáveis. Esses vestidos não combinarão com a sua nova moradia nos seus próximos anos. Apodreça acá, Carlota. O seu inferno será na terra, disso, eu vou me encarregar. [Se retira].


CARLOTA: [A encara enquanto vai embora, completamente furiosa].


Cena 14 - Igreja do Vilarejo [Externa/Manhã]

Música da cena: Rosa - Fagner

[Após os últimos acontecimentos, Maria do Céu finalmente podia começar a planejar seu casamento, já que tinha a benção de seu pai para que ela fosse feliz. Mila estava morando em sua casa e por isso, havia resolvido a lhe ajudar a organizar o enxoval].


MARIA DO CÉU - É realmente muito gentil de sua parte me ajudar a montar o enxoval, Mila. A casa está uma bagunça, mas felizmente não tivemos muitos danos materiais e logo ela estará pronta novamente.


MILA: - Não há de quê, faço com muito gosto Maria. Vosmecê é uma verdadeira amiga e merece toda felicidade do mundo, além disso, Miguel é como se fosse um tio, tenho muito carinho por ele.


[Neste momento, Maria e Mila avistam Ângelo colocar algumas malas na traseira de uma charrete e se despedir do padre.]


MILA: [Muda o semblante e instantaneamente se entristece].


MARIA DO CÉU: - Se vosmecê realmente gosta dele, deveria fazer alguma coisa para evitar que ele fosse embora.


MILA: - Vosmecê não entende, Maria. Isso o que sinto é errado, é impossível e nunca poderá ser realidade.


MARIA DO CÉU: - Se uma coisa eu aprendi nos últimos tempos, é que o impossível pode ser transformado.


MILA: - Seja o que for, ele já tomou uma decisão, eu não estou nela e ele está indo embora. [Conclui melancólica].


Cena 15 - Ruas do Vilarejo [Externa/Tarde]

Música da cena: Esquadros - Gal Costa

[Surgem as ruas do vilarejo quando Ricardo e Laura se aproximam de uma das bancas de jornais do centro.]


LAURA: [Lê a manchete do jornal] - Prisão da bancária Carlota Guerra traz à tona uma grandiosa lista de crimes e assassinatos, por Ricardo Bonifácio. 


RICARDO: - Logo mais, as edições acompanharão o desenrolar dessa história, que a cidade promete não esquecer tão facilmente. Um brinde à Gazeta do Vilarejo.


LAURA: - Vulgo meu noivo e futuro marido, de quem eu tenho muito orgulho. 


RICARDO: - Vosmecê realmente amadureceu muito e está muito mudada, provou que é digna de toda felicidade do mundo que nos espera. Mal vejo a hora de sairmos viajando pela Europa.


LAURA: - Europa? [Questiona].


RICARDO: - Naturalmente, nossa lua de mel… [Sorri e beija Laura no meio da rua].


Cena 16 - Posto Policial [Interna/Tarde]

[Carlota estava sem sua cela, quando alguém se aproximou.]


BARÃO FILIPE: - Que confusão vosmecê se meteu, hein? [Diz ao se aproximar].


CARLOTA: - Filipe, que bom que vosmecê veio… Vai me tirar daqui, não é? Eu sabia que ninguém iria conseguir me deixar acá por tanto tempo! [Aproxima-se aliviada].


BARÃO FILIPE: - Não, Carlota. Vosmecê está enganada, eu não consegui autorização para tirar-lhe da cadeia. Eles estão com sua confissão redigida… O que foi que vosmecê fez? 


CARLOTA: - Nada, eu não fiz nada e vosmecê precisa acreditar em mim. Fui vítima de uma armação e eu preciso sair desse lugar, eu não nasci para ficar enclausurada, vou enlouquecer. Filipe, vosmecê precisa fazer alguma coisa!


BARÃO FILIPE - Não será tão fácil, mas eu farei.


CARLOTA: - Foi o que pensei. Vosmecê certamente conseguirá os melhores advogados da capital, não é?


BARÃO FILIPE: - Advogados? Nem uma dúzia será suficiente para te tirar da cadeia. Meus planos são outros para te ajudar!


CARLOTA: - Mas do que vosmecê está falando? [Questiona].


BARÃO FILIPE: [Aproxima-se da cela, olhando para os lados, certificando-se que ninguém está lhe ouvindo] - Estou falando da sua fuga. Vosmecê vai fugir da cadeia e vamos embora da cidade assim que ficar com tudo da Ana Catarina. [Conclui].


[A imagem congela focando em Carlota atrás das grades, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].




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