SARAMANDAIA ��️ – CAPITULO
Web novela adaptada e escrita por: Luan Maciel
Baseada na obra homônima de: Dias Gomes
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 1: INTERIOR. FAZENDA DE TIBÉRIO. CASA GRANDE.
SALA. TARDE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. ZÉLIA VAI
SAINDO DE TRÁS DA PORTA DEIXANDO TIBÉRIO
COMPLETAMENTE TRANSTORNADO. ELA SE APROXIMADE
SEU AVÔ E O ENCARA DE UM JEITO SÉRIO. TIBÉRIO TENTA
DESVIAR O OLHAR, MAS ZÉLIA PARECE IRREDUTÍVEL.
TIBÉRIO (surpreso): - Minha neta…. Há quanto tempo você
estava aí? Eu já disse que eu não gosto dessa mania de você
ficar ouvindo atrás da porta. Eu queria te explicar que….
ZÉLIA (interrompendo): - Não me venha com os seus discursos
morais, Vô. Você mais do que ninguém sabe o perigo que esse
homem significa para nossa cidade, e agora ele vem aqui. Essa
história está muito mal contada para o meu gosto.
TIBÉRIO: - É melhor você esquecer essa história, Zélia. Ficar
enfrentando o Zico Rosado não vai te levar a lugar nenhum.
ZÉLIA FICA MUITO NERVOSA COM O JEITO QUE SEU AVÔ
TRATA TODA ESSA SITUAÇÃO. ELA SE CURVA E O OLHA NOS
OLHOS.
ZÉLIA (firme): - Eu sei muito bem que você está escondendo
algo de mim, senhor Tibério Villar. Mas eu quero saber o que o
Zico Rosado queira dizer quando disse que você afastou ele da
minha mãe. Eu não quero saber mais desses segredos.
TIBÉRIO (enigmático): - Esquece essa história pela amor de
Deus, Zélia. Você está em um caminho que não tem volta.
ZÉLIA: - Se você não quer me contar, ótimo. Eu vou descobrir
sozinha o que você está escondendo. Pode ter certeza disso.
ZÉLIA VAI SAINDO DA SALA TOTALMENTE DECIDIDA. A
CÂMERA FOCA NO OLHAR SÉRIO DE TIBÉRIO. ELE ESTÁ
INDIFERENTE.
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CENA 2: EXTERIOR. FAZENDA DE TIBÉRIO. CASA GRANDE.
ESCADARIA. TARDE
CLOSE EM ZICO ROSADO DESCENDO AS ESCADAS FA CASA
GRANDE COM UMA CERTA PRESSA. NESSE MOMENTO UM
DOS PEÕES DA FAZENDA VEM CAVALGANDO NA DIREÇÃO DO
VILÃO. ELE DESCE DO CAVALO E CUMPRIMENTA ZICO
ROSADO.
ZICO ROSADO (firme): - Você conseguiu descobrir o que eu te
ordenei? Para onde está indo essa quantia enorme que o seu
patrão movimenta todos os meses? Eu sei que é para a Vitória.
Mas eu quero saber onde aquele traidora está.
PEÃO (figurante): - Ela está no Rio de janeiro, senhor Zico
Rosado. Mas isso não é tudo. A dona Vitória está voltando
para Bole-Bole. E pelo o que eu entendi ela deve chegar
amanhã.
ZICO ROSADO FICA BALANÇADO AO SABER DO REGRESSO DE
VITÓRIA. EM QUESTÃO DE SEGUNDOS EKE FICA COM RAIVA.
ZICO ROSADO (enraivecido): - Então quer dizer que depois de
todos esses anos a Vitória vai voltar para a cidade? Eu faço
questão de transformar a vida dela em um inferno.
PEÃO (figurante): - O senhor deseja mais alguma coisa, Zico
Rosado? Eu não quero que o meu patrão saiba que eu estou
trabalhando para o senhor. Eu não sei o que iria acontecer.
ZICO ROSADO: - Com isso você não precisa se preocupar. Eu
estou te pagando bem o suficiente pelo o seu silêncio. Agora vá
embora e finja que esse encontro nunca aconteceu.
O PEÃO MONTA NO CAVALO E SAI CAVALGANDO PELA
FAZENDA. LOGO DEPOIS ZICO ROSADO ENTRA NO CARRO E
VAI EMBORA.
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��️ TRANSIÇÃO DE TEMPO: ANOITECE ��️
CENA 3: INTERIOR. CASA DE LEOCÁDIA. QUARTO DE JOÃO
GIBÃO. NOITE
JOÃO GIBÃO ESTÁ DEITADO NA CAMA TOTALMENTE IMERSO
EM SEUS PENSAMENTOS. NESSE MOMENTO A PORTA DO
QUARTO VAI SE ABRINDO LENTAMENTE E PODEMOS VER
LUA VIANA ENTRAR NO QUARTO E SENTAR NA CAMA AO
LADO DO IRMÃO.
LUA VIANA (preocupado): - O que está acontecendo com você,
João? Desde que você foi embora daquela manifestação no
coreto que eu estou te sentindo diferente. Eu sinto que você
está escondendo algo de mim, mas não sei o que é.
JOÃO GIBÃO (disfarçando): - Você está enganado, meu irmão.
Eu apenas estou cansado e estou querendo dormir. É apenas
isso.
LUA VIANA: - Se você não quer me contar, eu entendo. Mas eu
quero que você saiba que apesar de eu ser o prefeito e estar
atarefado nessa guerra política contra o Zico Rosado eu ainda
sou seu irmão. Nada do que aconteça vai mudar isso.
LUA VIANA DÁ UM FORTE ABRAÇO EM JOÃO GIBÃO. DEPOIS
QUE LUA VIANA SAI DO QUARTO JOÃO GIBÃO CHORA.
TRILHA SONORA: (Meu
Mundo e Nada Mais – Guilherme Arantes)
JOÃO GIBÃO (abatido): - Eu queria te contar toda a verdade,
irmão. Mas eu tenho medo do que você iria sentir se soubesse
que eu sou um monstro. Eu prefiro que as coisas fiquem assim.
A CÂMERA VAI SE APROXIMANDO AINDA MAIS DE JOÃO
GIBÃO. PODEMOS VER CLARAMENTE QUE A CORCUNDA NAD
COSTAS DE NOSSO PROTAGONISTA ESTÁ CADA VEZ MAIOR.
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CENA 4: INTERIOR. TREM EM MOVIMENTO. VAGÃO. NOITE
A CÂMERA MOSTRA QUE O TREM ESTÁ EM MOVIMENTO.
CORTE. AGORA DENTRO DO TREM PODEMOS VER VÁRIAS
PESSOAS DIFERENTES UMA DA OUTRA. POR FIM A CÂMERA
FOCA NO ROSTO DE VITÓRIA QUE ESTÁ TOTALMENTE
PENSATIVA.
VITÓRIA (pensando): - Depois de todos esses anos longe eu
vou ter que enfrentar alguns fantasmas do meu passado. Isso
ainda me deixa com medo. Mas isso é algo que eu preciso
fazer.
A CÂMERA VAI SE AFASTANDO DO ROSTO DE VITÓRIA.
CLOSE EM PEDRO QUE SE LEVANTA E ELE ACABA
ESBARRANDO EM UMA JOVEM QUE PASSAVA ALI NESSE
MOMENTO. ELA É ESTELA (GABRIELA MEDVEDOVSKI). ELES SE
OLHAM.
PEDRO (sendo cordial): - Mil desculpas, moça…. Eu sou mesmo
um desastrado. Eu não te vi chegando. Me perdoe o
transtorno.
ESTELA (sorrindo): - Você não precisa se desculpar não. Eu
estava distraída e não vi que você estava indo em minha
direção. A propósito eu me chamo Estela. Estela Rosado.
A CÂMERA MOSTRA O PAVOR NO OLHAR DE VITÓRIA. ELA
SEGURA PEDRO PELO BRAÇO COM CERTA FORÇA.
VITÓRIA (enfática): - Pedro…. Vamos para outro vagão agora
mesmo. Eu não quero você perto dessa garota. Me obedeça.
PEDRO (confuso): - Mãe…. Por que você está agindo dessa
forma? Eu nunca vi você falar nesse tom comigo. Eu não
consigo entender essa sua reação. Tem algo que não está me
contando.
VITÓRIA: - Não discuta comigo, menino. Eu tenho os meus
motivos disso você pode ter certeza. Agora vamos embora.
VITÓRIA SAI ANDANDO E ELA VAI PUXANDO PEDRO ATRÁS
DELA. ESTELA FICA PARADA NO MEIO DO VAGÃO SEM
ENTENDER O QUE FOI QUE ACABOU DE ACONTECER.
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��️ BOLE-BOLE ��️
CENA 5: INTERIOR. CASA DE DONA REDONDA E SEU
ENCOLHEU. SALA. NOITE
SEU ENCOLHEU (TADEU MELLO) ESTÁ PARADO NA JANELA
ABERTA OLHANDO PARA A CIDADE QUE ESTÁ MUITO
QUIETA. DONA REDONDA (GRACE GIANOUKAS) APARECE EM
CENA COMENDO UM QUINDIM E LIMPANDO O RESTO DE
SEUS DEDOS. LOGO DEPOIS ELA SE APROXIMA DE SEU
ENCOLHEU E ELES VÊEM JOÃO GIBÃO PASSAR PELA JANELA
DELES E DONA REDONDA OLHA PARA JOÃO GIBÃO COM
DESDÉM.
DONA REDONDA (desdenhando): - Olha só aquele esquisito do
João Gibão. Eu não sei como a Leocádia não sente vergonha de
ter um filho assim. Ele não passa de um esquisito.
SEU ENCOLHEU (ponderando): - Você não acha que está sendo
um pouco exagerada, Redondinha? Você como umas damas da
nossa cidade deveria ter compaixão. Você não acha isso?
DONA REDONDA: - Não vai me dizer que está com pena desse
esquisito Encolheu? Essa cidade já foi melhor frequentada. Eu
sinto pena da Maria Aparadeira em ter uma filha que se
apaixone por alguém tão insignificante assim.
SEU ENCOLHEU FICA EM SILÊNCIO. DONA REDONDA
COMEÇA A FICAR INCOMODADA COM JEITO PACÍFICO DE
SEU MARIDO.
DONA REDONDA (irritada): - Quer mesmo saber de uma coisa,
Encolheu? Às vezes essa sua calma me incomoda. Tudo que eu
faço é pelo bem dessa cidade. E você sabe muito bem disso.
SEU ENCOLHEU (intrigado): - Até hoje eu não consigo entender
essa sua implicância com o João Gibão Redondinha. O que ele
fez para você sentir essa raiva toda?
DONA REDONDA: - Eu não acredito que você está me
perguntando isso, Encolheu. Eu não sou obrigada a ficar aqui
ouvindo você defender esse esquisito. Eu vou me deitar.
DONA REDONDA VAI SAINDO DA SALA MUITO IRRITADA.
SEU ENCOLHEU FICA EM SILÊNCIO E OBSERVANDO SUA
ESPOSA.
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CENA 6: EXTERIOR. PRAÇA. NOITE
CLOSE EM MARCINA QUE ESTÁ SENTADA NO BANCO DA
PRAÇA E ELA OLHA OARA O CÉU ESTRELADO QUE ILUMINA A
NOITE DE BOLE-BOLE. NESSE MOMENTO JOÃO GIBÃO VEM SE
APROXIMANDO A PASSOS LENTOS. ELE E MARCINA SE
OLHAM.
MARCINA (séria): - João…. A gente precisa conversar. Você
sabe que eu te amo e que eu enfrentei a minha família para a
gente ficar juntos. Mas eu sinto que você está se afastando
cada vez mais de mim. Se estiver acontecendo alguma coisa
pode falar.
JOÃO GIBÃO (respirando fundo): - Eu estive pensando melhor
nesse assunto, Marcina. Eu também amo você, mas eu não
posso ser egoísta ao ponto de querer você ao meu lado e ver
todos dessa cidade falar mal de você. Que futuro eu poderia te
dar?
MARCINA: - Eu não estou acreditando que você está me
dizendo isso agora, João. Quantas vezes eu te disse que isso
não me importa. O que importa é o que eu sinto por você.
MARCINA TENTA SE APROXIMAR DE JOÃO GIBÃO, MAS ELE
SE AFASTA. AS LÁGRIMAS ESCORREM PELO ROSTO DELA.
JOÃO GIBÃO (firme): - Não pense bem por um momento que eu
estou feliz em tomar essa decisão, Marcina. Eu amo você, mas
eu preciso pensar no que é melhor pra você. Vai ser melhor
assim.
MARCINA (decepcionada): - Quer mesmo saber o que eu acho,
João? Que você não passa de um covarde. Se você me amasse
de verdade iria enfrentar tudo e todos para ficar comigo.
JOÃO GIBÃO: - Tudo o que eu estou fazendo é pelo seu bem,
Marcina. Você pode não acreditar, mas essa é a realidade.
JOÃO GIBÃO VAI INDO EMBORA DA PRAÇA DEIXANDO
MARCINA ALI SOZINHA. ELA COMEÇA A CHORAR
COPIOSAMENTE.
TRILHA SONORA: (Eu sei que
vou Te Amar – Maysa)
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CENA 7: INTERIOR. CASARÃO DA FAMÍLIA ROSADO. SALA DE
ESTAR. NOITE
A CÂMERA MOSTRA QUE UMA MULHER ENTRA NO CASARÃO
DE UM JEITO COMPLETAMENTE DESESPERADO. ESSA
MULHER É RISOLETA (FLÁVIA ALESSANDRA) QUE OLHA PARA
TODOS OS LADOS COMO SE ESTIVESSE PROCURANDO POR
ALGUÉM. LOGO DEPOIS CÂNDIDA ADENTRA NA SALA DE
ESTAR E É PERCEPTÍVEL EM SEU ROSTO QUE ELA NÃO ESTÁ
CONTENTE AO VER RISOLETA EM SUA FRENTE.
CÂNDIDA (furiosa): - O que você pensa que está fazendo aqui
em minha casa? Como tem coragem de aparecer aqui depois de
todos esses anos? Vá embora antes que eu mesma te expulse
daqui pelos cabelos. Eu estou te avisando.
RISOLETA (com coragem): - A senhora sabe exatamente o que
eu estou fazendo aqui, dona Cândida. Eu quero saber apenas
uma coisa. Onde está a minha filha? Eu tenho esse direito.
CÂNDIDA: - Você perdeu esse direito quando foi embora e
abandonou a Estela. Você está conseguindo me irritar. Esse é o
seu último aviso. Vá embora antes que o meu filho te veja aqui.
RISOLETA ESTÁ IRREDUTÍVEL. CÂNDIDA A PEGA PELO
BRAÇO COM MUITA FORÇA. ELAS SE ENCARAM.
RISOLETA (séria): - Faz muito tempo que eu não tenho medo
da figura que o seu filho exerce sobre a vida de todos nessa
cidade. Eu errei em ter abandonado a minha filha, mas isso
nunca mais vai acontecer. A Estela vai saber quem é a mãe
dela de verdade.
CÂNDIDA (irônica): - Não me faça rir, Risoleta. O que de bom
você poderia trazer para a vida da minha neta? Ela já tem uma
mãe, e nada do que faça vai mudar isso.
RISOLETA: - Até parece que você não me conhece, Cândida. Eu
jamais vou desistir de reconquistar o amor da minha filha. E
pela última vez a Helena não é mãe da Estela. Eu sou.
PARA A SURPRESA DE RISOLETA QUE FICA SEM REAÇÃO
ZICO ROSADO ENTRA NO CASARÃO E ELE NÃO CONSEGUE
ESCONDER A RAIVA QUE ELE ESTÁ SENTINDO. FORMIGAS
COMEÇAM A SAIR DE SEU NARIZ, E ISSO DEIXA RISOLETA
APAVORADA.
A IMAGEM CONGELA NO OLHAR DE PAVOR DE RISOLETA.
AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM EFEITO
COMO SE TRANSFORMASSE EM UMA MOLDURA.
Obrigado pelo seu comentário!