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VENTO NORTE: Capítulo 17



Cena 01/ Itália/ Campo de batalha/ Noite. 

(cena sem som)

Plano geral e logo em seguida close em Celso ferido. Ocorre uma pequena transição de tempo. Os bombardeios e os disparos acabam, os canhões andam em direção a saída do campo. Tanto os inimigos quanto os brasileiros saem em debandada. Close no momento em que a guerra acaba. Foco em alguns homens feridos jogados à própria sorte. Foco em Celso junto à uma sonoplastia de fundo. 

Instrumental: (que dura até o final da cena)


Cena 02/ Stock Shots.

Close na lua sob o céu. Ocorre uma transição de tempo entre o sol e a lua. 
 


Cena 03/ Residência Trajano Ferraço/ Suíte principal/ Dia. 

(cena sem som)

Close em Regina dormindo sob a cama. Alguns minutos se passam e ela acorda, se espreguiça e levanta, se dirigindo até o banheiro.

Cena 04/ Residência Trajano Ferraço/ Banheiro/ Dia. 

Close em Regina entrando e se dirigindo até o espelho. Ela se observa, pega um pente e ajeita o cabelo. Ela pega a escova que está sob a gaveta e escova os dentes. Ocorre uma transição minuciosamente detalhada enquanto ela cospe a água sob a pia.

(corta p/ sala de jantar)

Cena 05/ Residência Trajano Ferraço/ Sala de jantar/ Dia. 

Close em Regina pondo a mesa, ao terminar ela se senta e olha profundamente para a cabeceira vazia, ficando reflexiva. Alguns minutos se passam e Celso e Melissa se levantam e se dirigem até a mesa. 

Carlos: (dá um beijo em Regina) Bom dia mãe! 

Melissa: (dá um beijo em Regina) Bom dia mamãe!

Regina: Bom dia crianças, dormiram bem essa noite? (serve o café para eles na xícara e logo em seguida coloca o leite)

Carlos: Dormi sim mamãe. 

Melissa: Eu já tive um pesadelo... Eu sonhei que o papai... (pausa profunda) Eu sonhei que ele tinha morrido... 

Nesse instante uma rajada de vento forte bate sob a sala. Close nos três assustados. 

Regina: (desnorteada) Foi um sonho querida, eu tenho certeza que o seu pai está bem, está em segurança e logo logo voltará para casa! 

Regina segura a mão de Melissa e a conforta. Close em Melissa. 

Regina: (ainda incrédula) Bom... Vamos, me ajudem à arrumar a mesa... (desnorteada) Ainda preciso ir visitar a vovó e não estou nem arrumada... 

Melissa: Mas nós nem terminamos de tomar café...

Regina: (desnorteada) Comam uma fruta enquanto aguardam o almoço, comam alguns biscoitos, não sei... O leite está azedo, o café não está no ponto...

Carlos: A senhora está bem mamãe? 

Regina: Estou, estou... 

Ao pegar uma xícara, Regina um pouco zonza, a deixa cair no chão. 

Regina: Ah céus... 

Carlos: Mamãe, a senhora tem certeza que está tudo bem? 

Regina: Tenho, não foi nada... Vou pegar a vassoura para limpar essa bagunça... 

Ela se dirige até a cozinha. Close em Carlos e Melissa estranhando o comportamento da mãe. 

Cena 06/ Rua/ Dia. 

Ocorre uma pequena transição de tempo. Close em Regina andando desnorteada pela rua. 

Cena 07/ Residência Fontes/ Dia.

Close na sala vazia.  Se ouve batidas à porta que se abre, Regina entra. 

Regina: (com a  voz um pouco exaltada) Vovó? Vovó? A senhora está no quarto?

Regina se dirige até o corredor. 

Cena 08/ Residência Fontes/ Corredor/ Dia.

Close em Regina se dirigindo até o quarto de Eleonora enquanto observa sob as portas que estão localizadas aos arredores do corredor, se a avó não está em outro cômodo. 

Cena 09/ Residência Fontes/ Quarto de Eleonora/ Dia.

Close em Eleonora deitada sob a cama desfalecida, gélida, pálida. Regina entra no quarto e se dirige em frente à cama dela. 

Regina: Vovó? Queria conversar um pouquinho com a senhora... Vovó? A senhora está dormindo? (se dirige até ela e toca em seu corpo já sem vida) 

Ela fica perplexa. 

Regina: (gritos) Vovó, vovó, não, não, não, não!

Sua voz fica desfocada, se ouve apenas gritos junto à uma sonoplastia de fundo e uma pequena transição de tempo. 

Instrumental: (que dura até o fim da cena 10)


Cena 10/ Cemitério/ Dia.

Com a transição de tempo, passa a ser de tarde, por volta das cinco horas. 

Close em Regina em frente à lápide de Eleonora. Ela derrama uma lágrima seca, Carlos e Melissa estão ao fundo desolados. Ela beija uma flor branca e joga sob a lápide da avó e se retira com os filhos. Primeiro close nos três saindo desolados do local. O segundo close é na lápide de Eleonora. 


Abertura: 


Vinheta de intervalo: 


Cena 11/ Stock Shots.

Ocorre uma transição entre o sol e a lua, escurece. 



Cena 12/ Residência Trajano Ferraço/ Sala de estar/ Noite. 

Close em Regina, Carlos e Melissa sentados sob o sofá um pouco abalados. 

Melissa: (sob o colo da mãe) Mamãe, a vovó morreu de que? Disseram que ela teve um mal súbito só, o que seria isso? 

Regina: Ah filha... A vovó estava muito triste, muito triste... (desolada) E ela não resistiu à essa tristeza, à esse vazio que ela sentia... 

Carlos: Foi depressão não foi? 

Regina: (abalada) Eu não sei... Ela não comia, quase não dormia... 

Melissa: Uma pessoa pode morrer de tristeza mamãe? 

Regina: (pausa profunda em relação à pergunta de Melissa) Sim, uma pessoa pode morrer de tristeza meu amor... 

Close em Regina sendo forte, com um olhar fechado e seco enquanto Carlos e Melissa choram. 

Cena 13/ Residência Trajano Ferraço/ Suíte principal/ Noite. 

(cena sem som)

Regina entra desolada em seus aposentos, se dirige até sua escrivaninha e começa escrever em seu diário. 

Regina: (pens.) Recordo o momento em que me casei, era um vestido lindo, todo bordado à mão sob medida, especialmente criado para mim, criado por minha querida avó, um dos seres mais dóceis, gentis e carinhosos que eu já tive o prazer de conhecer em minha vida... Uma mulher de fibra, de garra, ela me ensinou tantas coisas... Foi a primeira mulher da família à estudar em uma escola, um exemplo à ser seguido... Se estou aqui, hoje, viva são por meus filhos, apenas por eles, por eles sou capaz de matar e morrer... Sinto que minha sina ainda não terminou... (pausa profunda) Sinto que jamais voltarei a ver Celso e pensar nessa possibilidade me causa um grande medo, ao mesmo tempo que me fortalece... Mas sei que... (pausa profunda) eu não sou de ferro... (desolada) Não sou... 

Close nela desolada. 

Cena 14/ Residência Trajano Ferraço/ Quarto de Carlos/ Noite. 

A porta está entreaberta enquanto Carlos conversa ajoelhado em frente à imagem de Jesus cristo que está pendurada sob sua parede, Regina aparece.

Carlos: Deus sei que não posso ir contra sua vontade, mas apenas te peço, te suplico, não leve minha mãe, proteja também minha irmã que apesar de brigarmos tanto e termos diversas desavenças, eu a amo tanto... Elas são as únicas pessoas que eu ainda tenho nesse mundo... Por favor... (desolado. ocorre uma pausa profunda) Não temos notícias de papai à vários meses, mas algo me diz... (desolado) Que jamais voltarei a vê-lo... 

Close em Regina desolada sob a porta. 

Cena 15/ Residência Trajano Ferraço/ Quarto de Melissa/ Noite. 

(cena sem som)

Melissa está aos prantos sob a cama quando Regina entra em seus aposentos e se dirige até ela, a confortando. Close nas duas abraçadas.

Cena 16/ Stock Shots.

Ocorre uma transição entre o sol e a lua, amanhece. 



Cena 17/ Residência Trajano Ferraço/ Suíte principal/ Dia. 

Close em Regina um pouco abatida dormindo sob a cama. Alguns minutos se passam e ela acorda. Close nela abalada. Ela se dirige até o banheiro.

Cena 18/ Residência Trajano Ferraço/ Cozinha/ Dia. 

Regina entra na cozinha e se dirige até a dispensa onde pega um jogo de xícaras, pão e leite, ela coloca tudo sob a mesa. Close nela reflexiva. Alguns minutos se passam quando finalmente cai a ficha e seu chão desaba. Ela começa a debulhar-se em lágrimas aos prantos sob a mesa, em um choro silencioso e copioso junto à uma sonoplastia de fundo. 

Instrumental: 


Close nela. 

Cena 19/ Mercado Rodrigo Trajano Ferraço/ Saguão principal/ Dia. 

Close em Regina vestindo luto e se dirigindo até o escritório. Close nos funcionários a olhando com pena, ao perceber os olhares, Regina faz uma expressão seca. Close nela caminhando elegantemente até o escritório.

Cena 20/ Mercado Trajano Ferraço/ Escritório/ Dia. 

Regina entra e se senta sob a mesa. Ela respira fundo e logo em seguida começa a ler alguns papéis. Ocorre uma pequena transição de tempo, close no relógio. De 7h20 passam a ser 8h50. Osório bate na porta. 

Regina: Pode entrar. 

Osório: Dona Regina, tem um oficial de justiça querendo conversar com a senhora.

A partir do momento em que Osório diz que há um oficial de justiça aguardando a moça, ocorre uma sonoplastia de fundo em uma transição minuciosamente detalhada. 


Close em Regina com uma expressão fria e gélida, um pouco pálida, já prevendo o que o homem em questão diria. 

A imagem fica em preto e branco, como se fosse um filme dos anos 40. Gancho em Regina sem reação e ao mesmo tempo surpresa e fria. 

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