SARAMANDAIA ��️ – CAPITULO
Web novela adaptada e escrita por: Luan Maciel
Baseada na obra homônima de: Dias Gomes
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 1: INTERIOR. FAZENDA DE TIBÉRIO. CASA GRANDE.
SALA. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. ZÉLIA VAI
SE APROXIMANDO AOS POUCOS DE VITÓRIA QUE NÃO
CONSEGUE ACREDITAR QUE SUA FILHA OUVIU SUA
CONVERSA. QUEM TAMBÉM CHEGA NA SALA DA CASA
GRANDE É PEDRO QUE FICA ATENTO EM TUDO QUE ESTÁ
ACONTECENDO.
ZÉLIA (séria): - Me explica essa história direito, mãe. Como é
que você pode ter se envolvido com aquele canalha do Zico
Rosado? Eu não acredito que você foi tão fraca assim. Estou
decepcionada com você, mãe.
PEDRO (firme): - Quem você pensa que é para julgar a nossa
mãe dessa maneira, Zélia? Você sabe os motivos que ela teve?
Você não está sendo justa com a nossa mãe. Pense melhor.
VITÓRIA: - Está tudo bem, meu filho. Se a sua irmã quer
mesmo saber a verdade, e então é isso que ela vai ter. (P) Eu e
o Zico Rosado namoramos quando éramos jovens, mas graças
ao seu avô eu abri os olhos a tempo e vi quem ele era de
verdade.
ZÉLIA VAI FICANDO AINDA MAIS REVOLTADA AO OUVIR
CADA PALAVRA DE SUA MÃE. TIBÉRIO CONFIRMA A
HISTÓRIA QUE SUA FILHA ESTÁ CONTANDO.
ZÉLIA (incrédula): - Eu não acredito que a minha própria mãe
tem um passado tão obscuro dessa maneira. Justamente com o
homem que é o grande responsável por essa cidade estar
assim.
VITÓRIA (séria): - Quem você pensa que é para ficar me
criticando, menina? Você não conhece nada da vida. Acha que
ser adulto é um mar de rosas, mas não é.
TIBÉRIO: - A sua mãe está certa, Zélia. Você ainda é muito
jovem, e não sabe dos perigos que o Zico Rosado representa.
ZÉLIA (determinada): - Isso é o que nós vamos ver. Eu vou
trazer a mudança que essa cidade precisa, e ninguém vai me
impedir.
ZÉLIA VAI SAINDO DA SALA TOTALMENTE DECIDIDA. ELA
PASSA POR PEDRO COMO SE FOSSE UM FURACÃO.
//
CENA 2: INTERIOR. FARMÁCIA DE SEU CAZUZA. BALCÃO.
DIA
SEU CAZUZA ESTÁ NO BALCÃO DA FARMÁCIA QUANDO JOÃO
GIBÃO VEM SE APROXIMANDO COM MUITA DIFICULDADE
ATÉ O BALCÃO DA FARMÁCIA. ELES SE OLHAM EM SILÊNCIO.
O SEMBLANTE DE JOÃO GIBÃO É DE TRISTEZA.
SEU CAZUZA (sério): - O que você está fazendo aqui, João?
Como você tem coragem de aparecer depois de tudo que você
fez com a minha filha? É melhor você ir embora. Eu não quero
te ver.
JOÃO GIBÃO (se desculpando): - Eu preciso que o senhor tente
me entender, seu Cazuza. Eu sempre fui preterido por todos
nessa cidade por ter essa corcunda. Eu não quero que a sua
filha sofra a rejeição do povo dessa cidade. É o melhor para
ela.
SEU CAZUZA: - E desde quando a opinião desse povo importa
alguma coisa, João? A minha filha te ama mais que tudo, e é
assim que você agradece? Você foi muito ingrato com ela.
AS PALAVRAS DE SEU CAZUZA DEIXAM JOÃO GIBÃO MUITO
EMOCIONADO. O NOSSO PROTAGONISTA FICA EM DÚVIDA.
JOÃO GIBÃO (com os olhos marejados): - Eu também amo a
sua filha demais, seu Cazuza. Mas esse medo do que as
pessoas dessa cidade possam fazer com ela me deixa
paralisado.
SEU CAZUZA (ponderando): - Sabe de uma coisa João…. Em
seu lugar eu iria atrás da minha filha. Eu não sou como a minha
esposa. Eu sempre te admirei, rapaz. Apesar dessa sua
delicada situação você nunca se deixou abater. Isso é
admirável.
JOÃO GIBÃO ESBOÇA UM SORRISO. A CÂMERA MOSTRA UM
BRILHO NOS OLHOS DELE. ELE VAI EMBORA, E DEIXA SEU
CAZUZA MUITO CONTENTE.
//
CENA 3: EXTERIOR. CENTRO DE BOLE-BOLE. PRAÇA. DIA
EM PLANO ABERTO E BEM DINÂMICO A CÂMERA MOSTRA
QUE ZÉLIA VEM ANDANDO PELA PRAÇA DA CIDADEZINHA,
MAS ELA SÓ CONSEGUE SE LEMBRAR DA CONVERSA QUE
TEVE COM SUA MÃE. NESSE MOMENTO LUA VIANA SE
APROXIMA DE ZÉLIA. ELE A PUXA PELO BRAÇO E IMPEDE
QUE UM ACIDENTE ACONTEÇA.
LUA VIANA (esbravejando): - Onde é que você está com a
cabeça, Zélia? Você precisa prestar atenção por onde você
anda.
ZÉLIA (irritada): - Essa não é uma boa hora, Lua. Eu não estou
com paciência para conversar com ninguém. (P) A minha mãe
voltou para a cidade, e eu descubro que ela teve um caso com
o Zico Rosado. Consegue entender o que estou dizendo?
LUA VIANA: - Você tem certeza disso, Zélia? Eu não consigo
imaginar isso acontecendo. A sua família e os Rosado são
inimigos desde sempre. Isso é estranho.
ZÉLIA VAI FICANDO CADA VEZ MAIS INCOMODADA. LUA
VIANA TENTA ACALMAR ELA, MAS ZÉLIA ESTÁ BUFANDO DE
ÓDIO.
ZÉLIA (séria): - Pode acreditar, Lua. Mas se a minha mãe
pensa que eu vou ficar de braços cruzados ela está muito
enganada. Essa cidade vai se chamar Saramandaia. Disso não
abro mão.
LUA VIANA (preocupado): - Cuidado com o caminho que você
está tomando, meu amor. Quando o assunto é poder e status, o
Zico Rosado não pensa duas vezes em passar por cima.
ZÉLIA: - É melhor você não tentar me convencer a desistir,
Lua. Eu te amo, mas se você tentar me colocar um cabresto eu
termino tudo agora mesmo com você. Compreendeu?
LUA VIANA FICA ESTARRECIDO COM O JEITO DE ZÉLIA
FALAR. ELA ESTÁ CIENTE DO QUE ELA QUER.
//
CENA 4: INTERIOR. CASA DE MARIA APARADEIRA E SEU
CAZUZA. QUARTO DE MARCINA. DIA
MARCINA ESTÁ DEITADA E DORMINDO PROFUNDAMENTE.
ELA COMEÇA A SONHAR QUE ESTÁ DANÇANDO EM UM
LOCAL COM JOÃO GIBÃO E A FELICIDADE PODE SER VISTA
NOS OLHOS DELE. ELA E JOÃO GIBÃO SE TOCAM AS MÃOS NO
SONHO.
ATENÇÃO: AS AÇÕES A SEGUIR OCORREM EM UM SONHO
MARCINA (sorrindo): - Você não pode imaginar como eu
sonhei com esse momento, João. Tudo o que eu quero é ter
você comigo. Nunca mais eu vou deixar você escapar de mim.
JOÃO GIBÃO (cortando o clima): - Eu sinto muito, Marcina.
Mas infelizmente eu não estou aqui. Eu queria estar, mas não
estou.
JOÃO GIBÃO SOLTA AS MÃOS DE MARCINA AO PERCEBER
QUE ELA ESTÁ FICANDO QUENTE DE UM JEITO ANORMAL.
DO LADO DE FORA DO SONHO UMA FUMAÇA COMEÇA A SAIR
DO CORPO DE MARCINA. SEM PENSAR DUAS VEZES MARIA
APARADEIRA JOGA UM BALDE DE ÁGUA GELADA QUE
ACORDA MARCINA.
MARIA APARADEIRA (estranhando): - Minha filha…. O que
está acontecendo com você? Tinha uma fumaça saindo do seu
corpo. Se eu não fizesse algo você iria pegar fogo.
MARCINA (respirando fundo): - A senhora pode até não
acreditar em mim, mãe. Mas quando eu estou com o João ou
penso nele eu fico assim. Em estado de pegar fogo.
MARIA APARADEIRA: - Eu cansei de ficar ouvindo desse
esquisito do João Gibão. Eu quero o seu bem, minha filha. Você
nunca vai ser feliz se insistir em ficar com aquele fracassado.
MARIA APARADEIRA SAI DO QUARTO DEIXANDO MARCINA
ABALADA. A CÂMERA MOSTRA QUE ELA ESTÁ CABISBAIXA.
//
CENA 5: EXTERIOR. PENSÃO "ARCO-ÍRIS". LADO DA RUA.
DIA
MUITAS PESSOAS VÃO PASSANDO PELA RUA, E ENTRE ELAS
ESTÁ DONA PUPU (FABIANA KARLA), UMA DAS BEATAS DA
CIDADE QUE POR ALGUMA RAZÃO PARA EM FRENTE A
PENSÃO "ARCO-ÍRIS". NESSE MOMENTO RISOLETA ABRE A
JANELA E COLOCA UM AVISO DIZENDO QUE ESTÁ
PROCURANDO "MENINAS" PARA UM TRABALHO A NOITE.
SEM PENSAR DUAS VEZES DONA PUPU VAI NA DIREÇÃO DE
RISOLETA.
DONA PUPU (indignada): - Você não tem vergonha na cara
não? O que uma pessoa imoral como você está querendo em
nossa cidade? As pessoas de bem não vão deixar isso
acontecer.
RISOLETA (sorrindo): - É mesmo?! E o que vocês estão
pensando em fazer? Eu comprei essa pensão de uma forma
legal. Vocês não tem motivo nenhum para querer me ver longe.
DONA PUPU: - Você não passa de uma desaforada. O que você
está querendo com tudo isso? Seduzir os homens da cidade? Eu
já vou dizendo que isso não vai funcionar.
RISOLETA SORRI BEM CÍNICA. DONA PUPU FICA COM
RAIVA.
RISOLETA (ardilosa): - Sabe o que realmente eu vim fazer
nesse fim de mundo? Escancarar para todas as pessoas como
você são hipócritas. E isso é algo que eu não abro mão.
DONA PUPU (com raiva): - Sua insolente…. Se tem alguma
hipócrita aqui é você. Eu vou reunir todas as senhoras dessa
cidade e impedir você de trazer a imoralidade até nós.
RISOLETA: - Boa sorte tentando fazer isso. Agora se você me
dá licença eu tenho mais o que fazer. Estou esperando algumas
visitas joviais. Acredito que você não vai querer presenciar.
RISOLETA FECHA A JANELA BEM SATISFEITA. DONA PUPU
VAI SAINDO DALI COM FOGO ENTRE AS VENTAS.
//
CENA 6: INTERIOR. CASARÃO DA FAMÍLIA ROSADO. SALA DE
ESTAR. TARDE
CLOSE EM ZÉLIA QUE VAI ANDANDO PELA SALA DE ESTAR
DO CASARÃO PARECENDO ESTAR MUITO NERVOSA. ZICO
ROSADO VEM SE APROXIMANDO E SORRI DE UM JEITO
CÍNICO E FRIO.
ZICO ROSADO (manipulador): - Olha só como as coisas são
engraçadas. Eu nunca imaginei ver você aqui, Zélia. Veio aqui
para entregar os pontos? Admitir a sua derrota.
ZÉLIA (enfrentando): - Você acha mesmo que eu sou mulher de
desistir do que eu quero? Eu vim aqui te dar um aviso, maldito.
Fica longe da minha mãe. Nunca ouse chegar perto dela.
ZICO ROSADO: - Então a infeliz da sua mãe teve coragem de
contar como destruiu a minha vida? Ela é uma desgraçada que
vai conhecer que ninguém me passa para trás.
ZÉLIA FICA COMPLETAMENTE FURIOSA. ELA TENTA DAR UM
TAPA EM ZICO ROSADO, MAS ELE A SEGURA COM FORÇA.
ZICO ROSADO (frio): - Eu tenho que admitir que você tem
coragem, menina. Mas escuta o que eu vou te falar. Você e
aquele seu amigo João Gibão não vão conseguir mudar o nome
da cidade. Eu não vou permitir que vocês façam isso.
ZÉLIA (corajosa): - Eu não tenho medo das suas ameaças, Zico
Rosado. Eu nunca vou desistir daquilo que eu acredito.
ZICO ROSADO: - Essa é a sua última chance de desistir de toda
essa bobagem. Em Bole-Bole eu sou a lei, e ninguém nunca vai
enfrentar o que eu mando. Essa foi a última vez que você me
desafia assim. Da próxima eu acabo com você, garota.
UM SEGURANÇA DO CASARÃO VAI LEVANDO ZÉLIA EMBORA
A FORÇA. ZICO ROSADO FICA PARADO E BEM PENSATIVO.
//
CENA 7: EXTERIOR. BOLE-BOLE. RUA. TARDE
JOÃO GIBÃO VEM ANDANDO PELA RUA COM UMA CERTA
PRESSA. ELE VAI CAMINHANDO COM UM SORRISO NO
ROSTO AO PENSAR EM MARCINA. NESSE MOMENTO ELE É
SURPREENDIDO POR CARLITO PRATA QUE O EMPURRA DE
UMA FORMA COVARDE. CARLITO FICA SATISFEITO.
CARLITO PRATA (sorrindo): - Olha só para você. Um
fracassado que acha que pode ter o amor da Marcina. É melhor
você desistir, João Gibão. A Marcina vai ser minha. Pode ter
certeza disso.
JOÃO GIBÃO (respirando fundo): - Eu não tenho nada contra
você, Carlito. É melhor você deixar eu seguir o meu caminho.
Eu amo a Marcina, e nada do que você fale vai mudar isso.
CARLITO PRATA: - Você acha mesmo que está na posição de
me enfrentar? Você não passa de um pobre coitado. Mais cedo
ou mais tarde a Marcina vai ver que eu sou o homem ideal para
ela.
JOÃO GIBÃO VAI FICANDO NERVOSO. ELE TENTA SE
LEVANTAR, MAS CARLITO PRATA DÁ UM SOCO NO
ESTÔMAGO DE JOÃO GIBÃO.
CARLITO PRATA (arrogante): - Fica aí no chão que é o seu
lugar. Você pode ter certeza de uma coisa. Eu vou fazer o que
for preciso para a Marcina ser minha. E você não vai impedir.
JOÃO GIBÃO (confuso): - Eu não consigo entender essa
obsessão que você tem pela Marcina. Ela não te ama, Carlito.
Será que você não entende isso? Você não pode fazer nada a
respeito.
CARLITO PRATA: - Eu não contaria com isso, João Gibão. Não
se esqueça de quem eu sou sobrinho. E além disso a mãe da
Marcina me adora. Enquanto a sua mãe não passa de uma mal
amada que tem vergonha de um filho como você.
A CÂMERA MOSTRA A RAIVA NO OLHAR DE JOÃO GIBÃO. ELE
PEGA UM PEDRA QUE TEM NO CHÃO E ACERTA NA CABEÇA
DE CARLITO PRATA QUE FICA ATÔNITO COM A SITUAÇÃO.
A IMAGEM CONGELA NO OLHAR APAVORADO DE JOÃO
GIBÃO. AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM EFEITO
COMO SE A IMAGEM SE TRANSFORMASSE EM UMA
MOLDURA.SARAMANDAIA ��️ – CAPITULO
Web novela adaptada e escrita por: Luan Maciel
Baseada na obra homônima de: Dias Gomes
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 1: INTERIOR. FAZENDA DE TIBÉRIO. CASA GRANDE.
SALA. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. ZÉLIA VAI
SE APROXIMANDO AOS POUCOS DE VITÓRIA QUE NÃO
CONSEGUE ACREDITAR QUE SUA FILHA OUVIU SUA
CONVERSA. QUEM TAMBÉM CHEGA NA SALA DA CASA
GRANDE É PEDRO QUE FICA ATENTO EM TUDO QUE ESTÁ
ACONTECENDO.
ZÉLIA (séria): - Me explica essa história direito, mãe. Como é
que você pode ter se envolvido com aquele canalha do Zico
Rosado? Eu não acredito que você foi tão fraca assim. Estou
decepcionada com você, mãe.
PEDRO (firme): - Quem você pensa que é para julgar a nossa
mãe dessa maneira, Zélia? Você sabe os motivos que ela teve?
Você não está sendo justa com a nossa mãe. Pense melhor.
VITÓRIA: - Está tudo bem, meu filho. Se a sua irmã quer
mesmo saber a verdade, e então é isso que ela vai ter. (P) Eu e
o Zico Rosado namoramos quando éramos jovens, mas graças
ao seu avô eu abri os olhos a tempo e vi quem ele era de
verdade.
ZÉLIA VAI FICANDO AINDA MAIS REVOLTADA AO OUVIR
CADA PALAVRA DE SUA MÃE. TIBÉRIO CONFIRMA A
HISTÓRIA QUE SUA FILHA ESTÁ CONTANDO.
ZÉLIA (incrédula): - Eu não acredito que a minha própria mãe
tem um passado tão obscuro dessa maneira. Justamente com o
homem que é o grande responsável por essa cidade estar
assim.
VITÓRIA (séria): - Quem você pensa que é para ficar me
criticando, menina? Você não conhece nada da vida. Acha que
ser adulto é um mar de rosas, mas não é.
TIBÉRIO: - A sua mãe está certa, Zélia. Você ainda é muito
jovem, e não sabe dos perigos que o Zico Rosado representa.
ZÉLIA (determinada): - Isso é o que nós vamos ver. Eu vou
trazer a mudança que essa cidade precisa, e ninguém vai me
impedir.
ZÉLIA VAI SAINDO DA SALA TOTALMENTE DECIDIDA. ELA
PASSA POR PEDRO COMO SE FOSSE UM FURACÃO.
//
CENA 2: INTERIOR. FARMÁCIA DE SEU CAZUZA. BALCÃO.
DIA
SEU CAZUZA ESTÁ NO BALCÃO DA FARMÁCIA QUANDO JOÃO
GIBÃO VEM SE APROXIMANDO COM MUITA DIFICULDADE
ATÉ O BALCÃO DA FARMÁCIA. ELES SE OLHAM EM SILÊNCIO.
O SEMBLANTE DE JOÃO GIBÃO É DE TRISTEZA.
SEU CAZUZA (sério): - O que você está fazendo aqui, João?
Como você tem coragem de aparecer depois de tudo que você
fez com a minha filha? É melhor você ir embora. Eu não quero
te ver.
JOÃO GIBÃO (se desculpando): - Eu preciso que o senhor tente
me entender, seu Cazuza. Eu sempre fui preterido por todos
nessa cidade por ter essa corcunda. Eu não quero que a sua
filha sofra a rejeição do povo dessa cidade. É o melhor para
ela.
SEU CAZUZA: - E desde quando a opinião desse povo importa
alguma coisa, João? A minha filha te ama mais que tudo, e é
assim que você agradece? Você foi muito ingrato com ela.
AS PALAVRAS DE SEU CAZUZA DEIXAM JOÃO GIBÃO MUITO
EMOCIONADO. O NOSSO PROTAGONISTA FICA EM DÚVIDA.
JOÃO GIBÃO (com os olhos marejados): - Eu também amo a
sua filha demais, seu Cazuza. Mas esse medo do que as
pessoas dessa cidade possam fazer com ela me deixa
paralisado.
SEU CAZUZA (ponderando): - Sabe de uma coisa João…. Em
seu lugar eu iria atrás da minha filha. Eu não sou como a minha
esposa. Eu sempre te admirei, rapaz. Apesar dessa sua
delicada situação você nunca se deixou abater. Isso é
admirável.
JOÃO GIBÃO ESBOÇA UM SORRISO. A CÂMERA MOSTRA UM
BRILHO NOS OLHOS DELE. ELE VAI EMBORA, E DEIXA SEU
CAZUZA MUITO CONTENTE.
//
CENA 3: EXTERIOR. CENTRO DE BOLE-BOLE. PRAÇA. DIA
EM PLANO ABERTO E BEM DINÂMICO A CÂMERA MOSTRA
QUE ZÉLIA VEM ANDANDO PELA PRAÇA DA CIDADEZINHA,
MAS ELA SÓ CONSEGUE SE LEMBRAR DA CONVERSA QUE
TEVE COM SUA MÃE. NESSE MOMENTO LUA VIANA SE
APROXIMA DE ZÉLIA. ELE A PUXA PELO BRAÇO E IMPEDE
QUE UM ACIDENTE ACONTEÇA.
LUA VIANA (esbravejando): - Onde é que você está com a
cabeça, Zélia? Você precisa prestar atenção por onde você
anda.
ZÉLIA (irritada): - Essa não é uma boa hora, Lua. Eu não estou
com paciência para conversar com ninguém. (P) A minha mãe
voltou para a cidade, e eu descubro que ela teve um caso com
o Zico Rosado. Consegue entender o que estou dizendo?
LUA VIANA: - Você tem certeza disso, Zélia? Eu não consigo
imaginar isso acontecendo. A sua família e os Rosado são
inimigos desde sempre. Isso é estranho.
ZÉLIA VAI FICANDO CADA VEZ MAIS INCOMODADA. LUA
VIANA TENTA ACALMAR ELA, MAS ZÉLIA ESTÁ BUFANDO DE
ÓDIO.
ZÉLIA (séria): - Pode acreditar, Lua. Mas se a minha mãe
pensa que eu vou ficar de braços cruzados ela está muito
enganada. Essa cidade vai se chamar Saramandaia. Disso não
abro mão.
LUA VIANA (preocupado): - Cuidado com o caminho que você
está tomando, meu amor. Quando o assunto é poder e status, o
Zico Rosado não pensa duas vezes em passar por cima.
ZÉLIA: - É melhor você não tentar me convencer a desistir,
Lua. Eu te amo, mas se você tentar me colocar um cabresto eu
termino tudo agora mesmo com você. Compreendeu?
LUA VIANA FICA ESTARRECIDO COM O JEITO DE ZÉLIA
FALAR. ELA ESTÁ CIENTE DO QUE ELA QUER.
//
CENA 4: INTERIOR. CASA DE MARIA APARADEIRA E SEU
CAZUZA. QUARTO DE MARCINA. DIA
MARCINA ESTÁ DEITADA E DORMINDO PROFUNDAMENTE.
ELA COMEÇA A SONHAR QUE ESTÁ DANÇANDO EM UM
LOCAL COM JOÃO GIBÃO E A FELICIDADE PODE SER VISTA
NOS OLHOS DELE. ELA E JOÃO GIBÃO SE TOCAM AS MÃOS NO
SONHO.
ATENÇÃO: AS AÇÕES A SEGUIR OCORREM EM UM SONHO
MARCINA (sorrindo): - Você não pode imaginar como eu
sonhei com esse momento, João. Tudo o que eu quero é ter
você comigo. Nunca mais eu vou deixar você escapar de mim.
JOÃO GIBÃO (cortando o clima): - Eu sinto muito, Marcina.
Mas infelizmente eu não estou aqui. Eu queria estar, mas não
estou.
JOÃO GIBÃO SOLTA AS MÃOS DE MARCINA AO PERCEBER
QUE ELA ESTÁ FICANDO QUENTE DE UM JEITO ANORMAL.
DO LADO DE FORA DO SONHO UMA FUMAÇA COMEÇA A SAIR
DO CORPO DE MARCINA. SEM PENSAR DUAS VEZES MARIA
APARADEIRA JOGA UM BALDE DE ÁGUA GELADA QUE
ACORDA MARCINA.
MARIA APARADEIRA (estranhando): - Minha filha…. O que
está acontecendo com você? Tinha uma fumaça saindo do seu
corpo. Se eu não fizesse algo você iria pegar fogo.
MARCINA (respirando fundo): - A senhora pode até não
acreditar em mim, mãe. Mas quando eu estou com o João ou
penso nele eu fico assim. Em estado de pegar fogo.
MARIA APARADEIRA: - Eu cansei de ficar ouvindo desse
esquisito do João Gibão. Eu quero o seu bem, minha filha. Você
nunca vai ser feliz se insistir em ficar com aquele fracassado.
MARIA APARADEIRA SAI DO QUARTO DEIXANDO MARCINA
ABALADA. A CÂMERA MOSTRA QUE ELA ESTÁ CABISBAIXA.
//
CENA 5: EXTERIOR. PENSÃO "ARCO-ÍRIS". LADO DA RUA.
DIA
MUITAS PESSOAS VÃO PASSANDO PELA RUA, E ENTRE ELAS
ESTÁ DONA PUPU (FABIANA KARLA), UMA DAS BEATAS DA
CIDADE QUE POR ALGUMA RAZÃO PARA EM FRENTE A
PENSÃO "ARCO-ÍRIS". NESSE MOMENTO RISOLETA ABRE A
JANELA E COLOCA UM AVISO DIZENDO QUE ESTÁ
PROCURANDO "MENINAS" PARA UM TRABALHO A NOITE.
SEM PENSAR DUAS VEZES DONA PUPU VAI NA DIREÇÃO DE
RISOLETA.
DONA PUPU (indignada): - Você não tem vergonha na cara
não? O que uma pessoa imoral como você está querendo em
nossa cidade? As pessoas de bem não vão deixar isso
acontecer.
RISOLETA (sorrindo): - É mesmo?! E o que vocês estão
pensando em fazer? Eu comprei essa pensão de uma forma
legal. Vocês não tem motivo nenhum para querer me ver longe.
DONA PUPU: - Você não passa de uma desaforada. O que você
está querendo com tudo isso? Seduzir os homens da cidade? Eu
já vou dizendo que isso não vai funcionar.
RISOLETA SORRI BEM CÍNICA. DONA PUPU FICA COM
RAIVA.
RISOLETA (ardilosa): - Sabe o que realmente eu vim fazer
nesse fim de mundo? Escancarar para todas as pessoas como
você são hipócritas. E isso é algo que eu não abro mão.
DONA PUPU (com raiva): - Sua insolente…. Se tem alguma
hipócrita aqui é você. Eu vou reunir todas as senhoras dessa
cidade e impedir você de trazer a imoralidade até nós.
RISOLETA: - Boa sorte tentando fazer isso. Agora se você me
dá licença eu tenho mais o que fazer. Estou esperando algumas
visitas joviais. Acredito que você não vai querer presenciar.
RISOLETA FECHA A JANELA BEM SATISFEITA. DONA PUPU
VAI SAINDO DALI COM FOGO ENTRE AS VENTAS.
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CENA 6: INTERIOR. CASARÃO DA FAMÍLIA ROSADO. SALA DE
ESTAR. TARDE
CLOSE EM ZÉLIA QUE VAI ANDANDO PELA SALA DE ESTAR
DO CASARÃO PARECENDO ESTAR MUITO NERVOSA. ZICO
ROSADO VEM SE APROXIMANDO E SORRI DE UM JEITO
CÍNICO E FRIO.
ZICO ROSADO (manipulador): - Olha só como as coisas são
engraçadas. Eu nunca imaginei ver você aqui, Zélia. Veio aqui
para entregar os pontos? Admitir a sua derrota.
ZÉLIA (enfrentando): - Você acha mesmo que eu sou mulher de
desistir do que eu quero? Eu vim aqui te dar um aviso, maldito.
Fica longe da minha mãe. Nunca ouse chegar perto dela.
ZICO ROSADO: - Então a infeliz da sua mãe teve coragem de
contar como destruiu a minha vida? Ela é uma desgraçada que
vai conhecer que ninguém me passa para trás.
ZÉLIA FICA COMPLETAMENTE FURIOSA. ELA TENTA DAR UM
TAPA EM ZICO ROSADO, MAS ELE A SEGURA COM FORÇA.
ZICO ROSADO (frio): - Eu tenho que admitir que você tem
coragem, menina. Mas escuta o que eu vou te falar. Você e
aquele seu amigo João Gibão não vão conseguir mudar o nome
da cidade. Eu não vou permitir que vocês façam isso.
ZÉLIA (corajosa): - Eu não tenho medo das suas ameaças, Zico
Rosado. Eu nunca vou desistir daquilo que eu acredito.
ZICO ROSADO: - Essa é a sua última chance de desistir de toda
essa bobagem. Em Bole-Bole eu sou a lei, e ninguém nunca vai
enfrentar o que eu mando. Essa foi a última vez que você me
desafia assim. Da próxima eu acabo com você, garota.
UM SEGURANÇA DO CASARÃO VAI LEVANDO ZÉLIA EMBORA
A FORÇA. ZICO ROSADO FICA PARADO E BEM PENSATIVO.
//
CENA 7: EXTERIOR. BOLE-BOLE. RUA. TARDE
JOÃO GIBÃO VEM ANDANDO PELA RUA COM UMA CERTA
PRESSA. ELE VAI CAMINHANDO COM UM SORRISO NO
ROSTO AO PENSAR EM MARCINA. NESSE MOMENTO ELE É
SURPREENDIDO POR CARLITO PRATA QUE O EMPURRA DE
UMA FORMA COVARDE. CARLITO FICA SATISFEITO.
CARLITO PRATA (sorrindo): - Olha só para você. Um
fracassado que acha que pode ter o amor da Marcina. É melhor
você desistir, João Gibão. A Marcina vai ser minha. Pode ter
certeza disso.
JOÃO GIBÃO (respirando fundo): - Eu não tenho nada contra
você, Carlito. É melhor você deixar eu seguir o meu caminho.
Eu amo a Marcina, e nada do que você fale vai mudar isso.
CARLITO PRATA: - Você acha mesmo que está na posição de
me enfrentar? Você não passa de um pobre coitado. Mais cedo
ou mais tarde a Marcina vai ver que eu sou o homem ideal para
ela.
JOÃO GIBÃO VAI FICANDO NERVOSO. ELE TENTA SE
LEVANTAR, MAS CARLITO PRATA DÁ UM SOCO NO
ESTÔMAGO DE JOÃO GIBÃO.
CARLITO PRATA (arrogante): - Fica aí no chão que é o seu
lugar. Você pode ter certeza de uma coisa. Eu vou fazer o que
for preciso para a Marcina ser minha. E você não vai impedir.
JOÃO GIBÃO (confuso): - Eu não consigo entender essa
obsessão que você tem pela Marcina. Ela não te ama, Carlito.
Será que você não entende isso? Você não pode fazer nada a
respeito.
CARLITO PRATA: - Eu não contaria com isso, João Gibão. Não
se esqueça de quem eu sou sobrinho. E além disso a mãe da
Marcina me adora. Enquanto a sua mãe não passa de uma mal
amada que tem vergonha de um filho como você.
A CÂMERA MOSTRA A RAIVA NO OLHAR DE JOÃO GIBÃO. ELE
PEGA UM PEDRA QUE TEM NO CHÃO E ACERTA NA CABEÇA
DE CARLITO PRATA QUE FICA ATÔNITO COM A SITUAÇÃO.
A IMAGEM CONGELA NO OLHAR APAVORADO DE JOÃO
GIBÃO. AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM EFEITO
COMO SE A IMAGEM SE TRANSFORMASSE EM UMA
MOLDURA.
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