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Caminhos - capítulo 19

 


CAMINHOS

novela de MIGUEL VICTOR

direção RICARDO WADDINGTON

CAPÍTULO 19 - ÚLTIMAS SEMANAS

CENA 01. CASA CLARA. SALA. DIA

Yedda e Clara se encarando. Norma se levanta.

Norma: Bom, eu vou deixar vocês duas conversando sozinhas. Com licença.

Norma sai. Yedda encara Clara. Yedda está visivelmente abalada e com os olhos

marejados.

Yedda: Clara, por favor, me escute. Eu imploro, tire essa denúncia. Eu cometi um erro, eu

sei, mas eu não posso perder tudo por causa disso.

Clara cruza os braços, mantendo uma expressão séria e determinada.

Clara: Yedda, você me enganou. Você brincou com meus sentimentos e me usou para seus

próprios fins. Agora você precisa lidar com as consequências das suas ações.

Yedda cai de joelhos, segurando as mãos de Clara em um gesto de súplica.

Yedda: Clara, eu sei que errei, mas eu nunca quis te machucar. Eu só queria avançar meus

experimentos, seria uma grande vitória fazer do JOE uma IA com sentimentos humanos e

acabei com os pés pelas mãos fazendo isso, mas eu me arrependi. Por favor, eu te imploro.

Clara se afasta, soltando suas mãos das de Yedda.

Clara: Ata... O JOE pode ter sentimentos. E os meus? Você não pensou um pouco em

como eu ia ficar magoada, como fiquei, descobrindo que eu fui usada pra uma experimento

de inteligência artificial? Você não pensou, senão não ia fazer. Isso é coisa de gente fria,

sem coração. Eu não posso simplesmente apagar tudo o que aconteceu.

Yedda levanta-se, ainda em lágrimas, mas determinada a convencer Clara.

Yedda: Eu entendo sua mágoa, Clara, e eu me arrependo profundamente. Por favor, me dê

uma chance de reparar meus erros. Eu farei o que for preciso para mostrar que sou capaz

de ser melhor.

Clara olha nos olhos de Yedda, ponderando suas palavras por um instante. No entanto, sua

expressão permanece inabalável.

Clara: Yedda, eu não posso mudar o que aconteceu. A denúncia é séria e precisa ser

levada adiante. Eu não posso permitir que você escape das consequências das suas ações.

E quem me garante que assim que eu tirar essa denúncia, você não vai lá fazer o que fez

comigo com outra pessoa?

Yedda soluça, aceitando a resposta de Clara. Ela se levanta e olha para Clara, com um

misto de tristeza e resignação.

Yedda: Bom, não custava tentar... A gente se vê na audiência, Clara.

Yedda sai de casa e Clara fica tensa, pensativa.

Clara: O que será que vai dar essa audiência...

CORTE:

CENA 02. RESTAURANTE. DIA

Gabi está sentada em uma mesa do restaurante, ansiosa, aguardando a chegada de Cris.

Ele entra no local e se aproxima da mesa, cumprimentando-a com um sorriso.

Cris: Oi, Gabi. Desculpe a demora, o trânsito estava caótico.

Gabi retribui o sorriso e se levanta para cumprimentá-lo com um abraço.


Gabi: Sem problemas, Cris. Fico feliz que você tenha vindo.

Os dois se sentam à mesa, e Gabi parece um pouco tensa. Cris percebe e se preocupa.

Cris: Gabi, você parece preocupada. Aconteceu alguma coisa?

Gabi: Minha mãe não me aceita. Ela não aceita quem eu sou, minha identidade de gênero.

É difícil lidar com essa rejeição dentro da minha própria família.

Cris coloca a mão de Gabi sobre a mesa, demonstrando apoio.

Cris: Sinto muito que você esteja passando por isso, Gabi. É doloroso quando não nos

sentimos aceitos por quem mais amamos. Mas saiba que você não está sozinha, estou aqui

para te apoiar.

Gabi olha para Cris, sentindo-se reconfortada por suas palavras de consolo.

Gabi: Obrigada, Cris. É bom saber que tenho alguém ao meu lado. Às vezes, parece que o

mundo inteiro está contra mim.

Cris sorri, olhando profundamente nos olhos de Gabi.

Cris: Você não precisa enfrentar isso sozinha. Estou aqui para te mostrar que você é amada

e valorizada exatamente como é. Sua mãe pode não entender agora, mas o amor e a

aceitação prevalecerão.

Gabi sorri timidamente, sentindo-se emocionalmente conectada a Cris.

Gabi: Eu não sei o que seria de mim sem você e sem a Caterine. Sua presença em minha

vida tem me dado forças para enfrentar todos esses desafios.

Cris estende a mão, acariciando gentilmente o rosto de Gabi.

Cris: E eu estarei aqui sempre. Para te apoiar, te ouvir e te amar incondicionalmente. Você é

especial para mim.

Gabi se inclina um pouco na direção de Cris, sentindo-se atraída por ele. O clima entre os

dois fica carregado de romance.

Gabi: Cris, eu sinto algo muito forte por você. É como se meu coração estivesse dançando

quando estou perto de você.

Cris sorri, aproximando-se ainda mais de Gabi.

Cris: Eu também sinto algo especial por você, Gabi. E não importa o que aconteça, estou

disposto a enfrentar qualquer obstáculo ao seu lado.

Os dois se olham intensamente, deixando claro o sentimento mútuo que os envolve.

CORTE:

CENA 03. CASA GLÓRIA. SALA. DIA

Rebeca está sentada no sofá da sala de estar, folheando um livro. Glória entra na sala, com

um sorriso no rosto.

Glória: Oi, filha. O que está fazendo aí?

Rebeca: Mãe, a senhora não vai acreditar na novidade que eu descobri. Sabe a Yedda, a

ex-namorada do papai?

Glória: Claro, infelizmente, eu lembro dela. O que tem ela?

Rebeca: Pois é, parece que ela está enfrentando sérios problemas legais. Aquela menina

que processou ela, está pressionando para que ela seja condenada. Se isso acontecer,

Yedda pode até ser presa.

Glória solta uma risada, sentindo-se satisfeita com a notícia.

Glória: (irônica) Ah, que pena. Quem diria, não é mesmo?

Rebeca percebe o tom sarcástico de Glória e tenta não demonstrar surpresa.

Rebeca: Mãe, eu sei que você e Yedda tiveram uma história, mas... é estranho ver você

comemorando a desgraça dela.


Glória olha para Rebeca, seus olhos brilhando de satisfação.

Glória: Você não entende. Yedda só trouxe problemas pra nós, pra minha relação com teu

pai. Agora, finalmente, ela vai colher o que plantou.

Rebeca balança a cabeça, compreendendo o ressentimento de Glória, mas preocupada

com a frieza de suas palavras.

Rebeca: Eu entendo que você não goste dela, mas não podemos nos alegrar com o

sofrimento dos outros. Isso não é saudável.

Glória suspira, tentando controlar suas emoções.

Glória: Você está certa. Talvez eu esteja deixando minha raiva me levar longe demais. Mas

não posso negar que essa notícia me traz um certo alívio.

Rebeca: Eu sei que você passou por muitas coisas difíceis, mãe. Mas lembre-se de que o

ódio e a vingança não trazem paz de espírito. Talvez seja hora de seguir em frente e deixar

o passado para trás.

Glória olha para Rebeca, refletindo sobre suas palavras.

Da porta, vemos Milton ouvindo a conversa e ficando triste, pensativo.



CORTE:

CENA 04. RUA. DIA

Gabi está caminhando pela rua quando avista Lúcia, sua mãe, que está parada em um

ponto de ônibus. Ela se aproxima, com esperança de uma reconciliação.

Gabi: Mãe... Lúcia...

Lúcia se vira para Gabi, com um olhar frio e distante.

Lúcia: (nervosa) Desculpe, você deve estar me confundindo com outra pessoa. Eu não

tenho filha.

Gabi fica chocada e magoada com as palavras de Lúcia.

Gabi: Mãe, sou eu... Gabi, sua filha. Como você pode dizer isso?

Lúcia desvia o olhar, fingindo desinteresse.

Lúcia: Ah, é você... a aberração. Desculpe, mas eu não tenho tempo para lidar com

pessoas como você.

As lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Gabi, que luta para se manter firme.

Gabi: Como você pode ser tão cruel? Eu sou sua filha, eu te amo!

Lúcia vira-se para Gabi, com um olhar de desprezo.

Lúcia: Amor? Você não sabe o que é amor. Eu sinto vergonha de ter uma filha como você.

Eu não quero mais ter nada a ver com você. Agora, por favor, me deixe em paz.

Gabi, devastada pela rejeição da própria mãe, recua alguns passos.

Gabi: Tudo bem, se é isso que você quer... Eu vou embora.

Gabi vira-se e caminha rapidamente, tentando conter suas emoções. Lúcia observa Gabi se

afastar, fica magoada, mas disfarça.

CORTE:

CENA 05. CASA JULIANO. SALA. NOITE

Juliano está sentado no sofá, com expressão séria. Cassandra, furiosa, está em pé diante

dele, gesticulando com raiva.

Cassandra: Você não pode terminar comigo assim! Eu não vou aceitar isso!

Juliano: Cassandra, já conversamos sobre isso. Não estamos mais funcionando como

casal, e precisamos seguir em frente.


Cassandra avança em direção a Juliano, pronta para atacá-lo, mas ele consegue se

esquivar rapidamente.

Juliano: Cassandra, pare com isso! Não adianta usar a violência. Nossa relação acabou, e

não tem como voltar atrás.

Cassandra respira fundo, tentando se acalmar, mas ainda transbordando de raiva.

Cassandra: Eu te amei de verdade, Juliano! Como você pode simplesmente jogar tudo fora?

Juliano: Eu sei que é difícil para você, Cassandra, mas não podemos continuar assim. Não

estamos felizes juntos, e é melhor seguirmos caminhos separados.

Cassandra, com lágrimas nos olhos, soca o sofá com força.

Cassandra: Você vai se arrepender disso, Juliano! Eu vou fazer você se arrepender!

Juliano mantém sua postura firme, sem se deixar abalar pelas ameaças de Cassandra.

Juliano: Chega, Cassandra! Eu não vou mais tolerar esse comportamento. É melhor você

sair da minha casa agora.

Cassandra encara Juliano por um momento, com ódio e tristeza misturados em seu olhar.

Em seguida, ela vira as costas e sai do apartamento, batendo a porta com força. Juliano

suspira, aliviado por finalmente ter colocado um ponto final na relação tumultuada. Ele se

senta no sofá, refletindo sobre a decisão que tomou.

CORTE:

CENA 06. CASA CLARA. SALA. NOITE

Clara está sentada no sofá, com os olhos fixos na tela da televisão. Ela segura o controle

remoto, zapeando os canais. De repente, uma reportagem chama sua atenção e ela para

de zapear. A reportagem mostra imagens dela e do caso envolvendo JOE.

Apresentador: (pela TV) Nossa reportagem exclusiva traz à tona os detalhes chocantes do

caso envolvendo Clara e a inteligência artificial JOE. A jovem afirma ter sido enganada e

agora está processando a criadora de JOE, Yedda Newman, por danos morais e

psicológicos. Esse caso está levantando a discussão de todo o Brasil e o mundo. Afinal,

Yedda esteve certa ou errada ao usar uma pessoa real para experimentar uma IA?

Clara encara a tela, com uma mistura de raiva e indignação. As imagens mostram

conversas dela com JOE, junto com trechos de entrevistas e depoimentos de pessoas

envolvidas no processo.

Apresentador: (pela TV) A comunidade científica e os defensores dos direitos das IA's têm

acompanhado de perto esse caso, que levanta questões éticas e jurídicas sobre o

relacionamento entre humanos e inteligências artificiais. Clara não quer entrevistas, embora

seu rosto hoje esteja estampado na capa de todos os jornais, revistas e sites de notícias.

Clara aperta com força o controle remoto, desligando a televisão.

Clara: Essa reportagem é um absurdo! Eles estão me expondo dessa maneira, como se eu

fosse uma mera sensação midiática!

Clara se levanta do sofá, caminhando de um lado para o outro, com o semblante tenso.

Clara: Eu não vou permitir que me diminuam assim. Vou lutar até o fim para que Yedda

pague pelo que fez. Essa reportagem só me dá mais motivos para continuar com o

processo.

Clara determinada.

CORTE:

FIM DO CAPÍTULO 19



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