CAMINHOS
novela de MIGUEL VICTOR
direção RICARDO WADDINGTON
CAPÍTULO 20 - ÚLTIMAS SEMANAS
CENA 01. PROGRAMA DE TV. DIA
Um programa de debate está sendo gravado ao vivo. O cenário é composto por um palco
com duas cadeiras, uma para cada debatedor, e um apresentador no centro.
Apresentador: Bem-vindos ao nosso programa de debates! Hoje discutiremos o tema do
limite da inteligência artificial em nossas vidas. Temos aqui dois especialistas com opiniões
divergentes. De um lado, temos João Carvalho, que é contra a expansão desenfreada da
IA, e do outro, Ana Menezes, que defende a sua evolução. Vamos começar! João, por que
você é contra a expansão da IA?
João: O caso de Clara, JOE e Yedda é um exemplo perfeito do perigo que a inteligência
artificial pode representar. JOE foi criado com a intenção de enganar Clara, brincando com
seus sentimentos e manipulando sua vida. Yedda, por sua vez, violou os princípios éticos ao
não revelar a verdade. Isso tudo causa danos emocionais e psicológicos irreparáveis.
Ana: Compreendo sua preocupação, João, mas acredito que casos isolados não devem ser
generalizados. A inteligência artificial tem o potencial de trazer inúmeros benefícios para a
humanidade, desde avanços na medicina até soluções para problemas complexos.
Devemos trabalhar para estabelecer regulamentações adequadas e garantir que a IA seja
desenvolvida de forma ética.
Apresentador: Ana, mas e quanto à privacidade e segurança das pessoas? Afinal, a IA pode
ter acesso a informações pessoais sensíveis.
Ana: É um ponto válido, mas devemos considerar que a IA pode ser projetada com medidas
de segurança robustas para proteger os dados dos usuários. Além disso, é
responsabilidade das empresas e pesquisadores estabelecerem protocolos éticos para
garantir o uso responsável da IA.
João: Eu entendo a busca por avanços tecnológicos, mas não podemos negligenciar o fator
humano. Precisamos estabelecer limites claros para a IA, garantindo que ela esteja a
serviço das pessoas, e não o contrário. O caso de Clara é apenas um exemplo do que pode
acontecer quando esses limites são ultrapassados.
Apresentador: Muito bem, vocês levantaram pontos importantes. Infelizmente, nosso tempo
acabou. Agradecemos a João e Ana por compartilharem suas perspectivas conosco. E a
vocês, caros telespectadores, continuem refletindo sobre o papel da inteligência artificial em
nossas vidas. Até a próxima!
A plateia aplaude enquanto o programa de debates chega ao fim. Os debatedores se
retiram do palco.
CORTE:
CENA 02. BAR. DIA
Um bar movimentado, com pessoas conversando e bebendo. Diversos grupos de amigos e
desconhecidos ocupam as mesas ao redor. Em um grupo de amigos se reúne, cada um
com sua bebida na mão. Eles falam em voz alta, discutindo animadamente sobre o caso.
Amigo 1: Você viu aquela reportagem sobre Clara, JOE e Yedda?
Amigo 2: Sim, é incrível como a inteligência artificial pode mexer com a vida das pessoas.
Coitada da Clara, ser enganada dessa forma...
Amigo 3: Mas e a responsabilidade da Yedda nisso tudo? Ela sabia desde o início que JOE
não era uma pessoa real.
Amigo 1: Concordo! Ela deveria ter sido honesta com a Clara desde o começo. Isso é muito
desleal.
Em outra mesa, duas pessoas sentadas em um canto mais afastado do bar também estão
discutindo o caso.
Pessoa 1: Eu acho que a Clara tem todo o direito de processar a Yedda. Foi uma violação
enorme da privacidade dela.
Pessoa 2: Mas e a IA? Até que ponto devemos responsabilizar a tecnologia? Será que não
somos nós que falhamos em usar a IA de maneira ética?
Pessoa 1: É verdade, mas a Yedda também tem culpa nessa história. Ela poderia ter
evitado todo esse sofrimento se tivesse sido sincera.
Em uma outra mesa, um casal sentado em uma mesa próxima ao balcão também está
envolvido na discussão.
Mulher: É assustador pensar no poder da inteligência artificial. Eu não sei se confiaria em
um sistema como esse.
Homem: Mas a culpa é da Yedda, não da IA em si. Ela usou JOE de maneira manipuladora
e enganou a Clara.
Mulher: Talvez seja uma lição para todos nós, sermos mais cautelosos ao lidar com a
tecnologia. Afinal, nem tudo é o que parece.
CORTE:
CENA 03. CASA CLARA. SALA. NOITE
LEGENDA: UM MÊS DEPOIS...
Clara está sentada no sofá, com os olhos fixos na televisão. Uma reportagem anuncia que o
caso entre Clara e Yedda terá sua primeira audiência no dia seguinte. Clara parece tensa e
preocupada. Norma entra na sala e percebe a angústia da filha.
Norma: Clarinha, você está bem?
Clara desvia o olhar da televisão e olha para Norma, tentando esconder sua preocupação.
Clara: Sim, mãe, estou bem. É só que... amanhã é a audiência, e eu não sei o que esperar.
Norma se senta ao lado de Clara, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.
Norma: Eu sei que está sendo difícil, meu amor. Mas você tem sido corajosa ao enfrentar
tudo isso. Confie no sistema judiciário, na justiça, e principalmente, confie em si mesma.
Clara olha para Norma, seus olhos cheios de gratidão e um lampejo de esperança.
Clara: Eu só quero que essa história chegue ao fim, mãe. Quero seguir em frente, deixar
tudo isso para trás.
Norma: E você vai conseguir, minha querida. Tenho certeza disso. Estarei ao seu lado em
cada passo desse caminho.
Clara sorri, sentindo o apoio e amor incondicional de sua mãe.
Clara: Obrigada, mãe. Eu não sei o que faria sem você.
Norma: Nunca duvide do nosso amor e da força que temos juntas. Vamos enfrentar essa
audiência com determinação e esperança.
Elas se abraçam com ternura, compartilhando um momento de cumplicidade e apoio mútuo.
CORTE:
CENA 04. RUA. NOITE
Gabi e Cris caminham lado a lado em uma movimentada rua da cidade. Gabi parece
preocupado, enquanto Cris tenta confortá-la.
Gabi: Cris, estou tão preocupada com a Clara. Amanhã é a primeira audiência do caso dela
e não sei como vai ser.
Cris: Eu entendo sua preocupação, Gabi. Mas lembre-se de que a Clara é forte e corajosa.
Ela vai enfrentar tudo isso da melhor maneira possível.
Gabi olha para Cris, encontrando conforto em suas palavras. Ele aperta suavemente a mão
dele.
Gabi: Você tem razão, Cris. A Clara é incrível e tenho certeza de que ela vai superar isso.
Mas é difícil não se preocupar.
Cris: Eu sei, Gabi. Mas estamos aqui para apoiá-la, não importa o que aconteça. Ela sabe
que pode contar conosco.
Um clima romântico começa a surgir entre Gabi e Cris, com uma troca de olhares cheios de
significado.
Gabi: Você tem sido incrível, Cris. Obrigada por estar sempre ao meu lado, tanto nos bons
quanto nos momentos difíceis.
Cris: Eu não poderia estar em outro lugar, Gabi. Você é especial para mim.
O clima entre eles se intensifica, e eles se aproximam lentamente. Um instante de silêncio
carregado de emoção se estabelece antes que seus lábios se encontrem em um doce beijo.
CORTE:
CENA 05. QUARTO YEDDA. DIA SEGUINTE
Yedda está em frente a um espelho, arrumando-se para a audiência. Ela está usando um
terno impecável, mas seus olhos revelam uma tristeza profunda. Ela se sente solitária,
como se estivesse enfrentando tudo sozinha. Yedda olha ao redor do quarto vazio, sentindo
o peso da ausência de apoio. Uma sensação de isolamento a envolve, e ela abaixa a
cabeça, deixando escapar um suspiro pesado.
Yedda: Eu fiz tudo isso por mim mesma... mas agora me sinto tão sozinha. Perdi o Milton e
vou perder o meu trabalho, um trabalho tão árduo e duro que eu tive...
Ela segura seu colar com uma foto antiga, onde ela está ao lado de alguém que já foi
importante em sua vida. Uma lágrima solitária escorre pelo seu rosto. Yedda fecha os olhos,
tentando afastar a tristeza que a consome. Ela luta para encontrar forças para seguir em
frente, mesmo quando a solidão parece esmagadora.
Yedda: Eu escolhi esse caminho, mesmo que seja solitário. Preciso acreditar em mim
mesma e no que eu fiz. Não posso desistir agora.
Ela se limpa e endireita a postura. Yedda reafirma sua determinação, mesmo diante das
incertezas. Ela sabe que terá que enfrentar a audiência sozinha, mas está disposta a lutar
pelos seus ideais. Yedda respira fundo e se olha novamente no espelho. Uma expressão de
coragem e determinação toma conta de seu rosto.
Yedda: Eu posso estar sozinha, mas não vou me deixar abalar por isso. Tenho que acreditar
em mim mesma e seguir em frente.
Yedda determinada.
CORTE:
CENA 06. CASA GLÓRIA. SALA. DIA
Glória e Milton estão sentados no sofá, tomando café da manhã. O clima na sala está tenso,
como se algo importante estivesse prestes a acontecer.
Glória: Milton, hoje é o dia da audiência do caso da Yedda...
Milton olha para Glória, seu rosto revelando uma mistura de apreensão e tristeza. Ele tenta
disfarçar, mas não consegue esconder seus sentimentos.
Milton: (disfarçando a preocupação) Sim, eu também espero. Será um dia importante para
ela.
Glória percebe a aflição no olhar de Milton e uma ponta de ciúmes começa a surgir em seu
tom de voz.
Glória: Você ainda se importa tanto com ela, não é? Mesmo depois de tudo que ela fez?
Milton se levanta, demonstrando sua frustração e descontentamento com a situação.
Milton: Glória, não é sobre se importar com ela. É sobre compreender que ela está
enfrentando um momento difícil, independente de tudo que aconteceu entre nós.
Glória cruza os braços, seus olhos mostrando a mistura de ciúmes e mágoa.
Glória: Você sempre coloca ela em primeiro lugar, Milton. Eu estou aqui, ao seu lado, e
parece que isso não importa para você.
Milton se aproxima de Glória, tentando acalmar a situação.
Milton: Eu não quero que se sinta assim. Mas a Yedda faz parte da minha história, assim
como você. Eu não posso simplesmente apagar o que vivemos juntos.
Glória solta um suspiro, lutando para controlar suas emoções.
Glória: Eu só queria sentir que sou importante para você, Milton. Que você me escolheu de
verdade.
Milton: Você é importante para mim, Glória. Eu escolhi estar ao seu lado. Mas eu também
não posso ignorar a dor de alguém que um dia amei.
Os dois permanecem em silêncio por um momento, deixando as palavras afundarem.
Glória: Eu entendo... mas é difícil para mim.
Milton abraça Glória, buscando confortá-la.
Milton: Eu sei, Glória. Eu estou aqui com você.
Glória se aconchega no abraço de Milton, sentindo-se um pouco mais segura.
CORTE:
CENA 07. PORTA DO TRIBUNAL. DIA
Uma equipe de reportagem está posicionada em frente ao tribunal, com câmeras e
microfones prontos. Dezenas de pessoas se aglomeram ao redor, aguardando o início da
audiência. A ansiedade e a expectativa são palpáveis no ar.
Repórter: Estamos aqui em frente ao tribunal, onde está prestes a ocorrer a audiência do
caso de Yedda, a renomada cientista acusada de falsidade ideológica e danos morais e
psicológicos. As pessoas estão se reunindo em apoio ou em repúdio a ela. Vamos ouvir o
que elas têm a dizer.
A câmera foca em um grupo de pessoas que seguram cartazes com mensagens a favor de
Yedda, demonstrando solidariedade e respeito.
Homem 1: Yedda é uma mulher incrível, uma cientista brilhante. Ela nunca faria algo tão
grave como alegam. Estamos aqui para apoiá-la e mostrar nossa confiança nela.
Mulheres vestidas de forma elegante, com semblantes sérios, seguram cartazes com
dizeres contrários a Yedda, pedindo justiça e responsabilização.
Mulher 2: Nós não podemos permitir que a falsidade ideológica passe impune. As pessoas
precisam saber a verdade. Estamos aqui para garantir que a justiça seja feita.
Enquanto os manifestantes expõem seus pontos de vista, a câmera se move pela multidão,
capturando diferentes expressões faciais. Há curiosidade, tensão e até mesmo indiferença
estampadas nos rostos das pessoas.
Repórter: É notável ver como o caso de Yedda desperta tantas opiniões diferentes. Hoje,
aqui na porta do tribunal, podemos sentir a intensidade desse momento histórico. Todos
aguardam ansiosos para saber qual será o desfecho dessa audiência.
A câmera se afasta gradualmente, revelando a multidão ao redor do tribunal, com suas
emoções à flor da pele. O burburinho e a expectativa se misturam no ar, enquanto todos
aguardam o desenrolar do processo.
CORTE:
CENA 08. SALA DO TRIBUNAL. DIA
A sala do tribunal está repleta de pessoas. O juiz, imponente em sua cadeira, bate o
martelo, marcando o início da audiência. Clara e Yedda estão sentadas lado a lado,
acompanhadas por seus advogados.
Juiz: Damos início à audiência do caso de Clara contra Yedda. Presentes nesta sala estão
as partes envolvidas, seus advogados e testemunhas, assim como membros da imprensa e
interessados. Vamos proceder com os depoimentos iniciais.
Clara encara Yedda. As duas trocam olhares.
CORTE:
FIM DO CAPÍTULO 20
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