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AMOR DE VERÃO - Capítulo 06

 



CENA 01: COBERTURA DE HELENA. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. NOITE

Continuação imediata do capítulo anterior. Vicente permanece aguardando uma resposta de Helena. As lágrimas escorrem pelo rosto do homem.


VICENTE – Me diz que isso não é real, Helena. Que é apenas um delírio da minha cabeça. 

HELENA – Onde você encontrou essa carta? Quem te deu o direito de mexer nas minhas coisas?

VICENTE – Estava bem aqui. Em cima da cama. Eu não mexi em nada seu.


Helena cai em si e percebe que esqueceu a carta em cima da cama.


VICENTE – Por quê? Não era para eu ler?

HELENA – Não! Quer dizer, não agora…

VICENTE – Não agora?! Então era para eu ler quando? Até quando eu iria continuar sendo feito de idiota?

HELENA – No momento mais oportuno eu iria te entregar/

VICENTE – Momento oportuno? Existe momento oportuno para PENSAR em parar de enganar alguém?

HELENA – Não começa a se vitimizar, Vicente.

VICENTE – Como é que é? Me vitimizar? Se escuta, Helena. Escuta o que você tá falando. Aí quando você se escutar, lembra que foi você que escreveu isso daqui. (Ergue a carta) Lembra de cada palavra que aqui você redigiu. E aí você me pede desculpa por esse termo que você acabou de utilizar. (P) Eu não estou me vitimizando, eu sou vítima. Sua vítima!

HELENA – Vicente, pelo amor de Deus, não é pra tanto. O amor acabou, mas o respeito que eu tenho por você ainda existe. Sempre vai existir. Você me deu uma filha incrível, momentos que eu nunca irei esquecer.

VICENTE – E de quê valeu isso, Helena? Você diz agora que o amor acabou, mas aqui nessa carta você diz que talvez nunca tenha me amado como homem. Não bate. Isso me faz pensar: o que foram esses trinta anos da minha vida? Tudo foi baseado em uma grande mentira? Não é possível. Nós tivemos uma filha juntos! Como você pode dizer que nunca me amou? E se nunca me amou por que casou comigo? Pra se satisfazer sexualmente? Pra se sentir amada verdadeiramente por alguém? Porque saiba, Helena, que tudo que eu te disse há trinta anos atrás, quando éramos jovens e eu me declarei pra você, era verdadeiro. Era eu em meu mais puro estado de amor. Você me disse palavras tão bonitas naquela época, e saber agora que foi tudo da boca pra fora, me dói mais do que se você me desse um tapa.

HELENA – (início de choro) Eu achava que eu te amava…

VICENTE – (incrédulo) Achava?! Ninguém acha que ama alguém, a gente tem certeza. Quando a gente ama alguém, a gente não consegue viver sem. Não consegue imaginar uma vida em que não tenha aquela pessoa. A gente sente e sente muito! Essa foi a sensação que eu tive por trinta anos, Helena. O amor pode até ter esfriado em algum momento, mas ele sempre ressurgia e cada vez mais forte, mais firme.

HELENA – Me perdoa, Vicente. Eu devia ter falado sobre isso com você muito antes, ter explicado melhor…

VICENTE – Isso aqui que você escreveu nessa carta, você deveria ter me falado há trinta anos atrás. Porque assim eu nunca teria casado com você. 

HELENA – Essas suas palavras estão me machucando!


Vicente respira fundo e dá uma risada desacreditada. 


VICENTE – Só me responde mais uma coisa: quem é que tá nos seus pensamentos? Você disse que seus pensamentos não são fiéis à mim, então são fiéis à quem?


Helena não responde e continua a derramar lágrimas. 


VICENTE – É aquele cara que você namorou antes de me conhecer? Aquele… Eu esqueci o nome…

HELENA – Celso.

VICENTE – Ah, então você me confirma. Celso. (P) Você namorou comigo pensando nele, você casou comigo pensando nele e quiçá transou comigo pensando nele! Parabéns, Helena!


Vicente deixa a carta sobre a cama, levanta e fica de frente para Helena.


VICENTE – Você, definitivamente, não sabe o que é amar.


Após isso, Vicente ultrapassa ela e deixa o ambiente.


CENA 02: MANSÃO DE PAULA. INTERIOR. NOITE


TRILHA SONORA: Instrumental - Brigas e Discussões (até o fim desta cena)


Ilana está diante de Paula e Fernando, incrédula com aquela situação. 


ILANA – O que é que tá acontecendo aqui?

FERNANDO – Ilana…

ILANA – ALGUÉM ME RESPONDE O QUE É QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?!


Miriam se aproxima dela, com o objetivo de provocar.


MIRIAM – Você não tá vendo não, minha querida?! Isso aqui é uma celebração. 

ILANA – Celebração de quê?

MIRIAM – Da união da minha mãe… com o meu pai.


Os olhos de Ilana arregalam ao ouvir aquelas palavras de Miriam. Em um impulso, ela tenta ir para cima de Paula, mas Fernando a segura. Ilana se debate.


ILANA – VAGABUNDA!!! Como você teve coragem de fazer isso comigo??? Você entrou dentro da minha casa, você sabia TUDO que acontecia ali dentro! Eu te confiei a minha vida, Paula. O meu casamento. POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO?


Paula permanece provocativa. Fernando ainda segurando Ilana.


ILANA – Me solta, Fernando! Eu vou embora.

FERNANDO – Você está muito descontrolada. Não quer que eu te leve em casa?

ILANA – Me levar em casa?! Eu quero que você nunca mais chegue nem PERTO de mim! (secando as lágrimas) Eu te desconheço, Fernando. 


Ilana solta-se e dá as costas para ele, passando em meio a todos da sala, que acompanham pelo olhar, indo até a porta de saída. 


CENA 03: DIVISÃO DE CENA

CAM se divide entre Ilana e Vicente, cada um em seu carro, em lugares distintos, chorando por amor. Ambos sentem a dor da traição e dirigem sem rumo algum, tentando encontrar algum sentido sequer na vida.


CENA 04: COBERTURA DE HELENA. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. NOITE


TRILHA SONORA: Instrumental - Dramas de Helena (até o fim desta cena)


Helena está sentada na cama, encarando a carta, e chorando incontrolavelmente. Ana vai entrando no quarto, e ao ver a mãe naquela situação, fica surpresa.


ANA – Mãe! O que foi que aconteceu com a senhora?

HELENA – O seu pai leu a carta.


Ana corre para o lado da mãe, sentando com ela na cama. Helena, desabando em lágrimas, começa a deitar sob a filha. Ana permite que ela deite em seu colo e começa a acariciar a cabeça da mãe, tentando acalmá-la. Helena está inconsolável.


ABERTURA:



CORTE:


CENA 05: APARTAMENTO DE RENATA. SALA. INTERIOR. NOITE

Jéssica está sentada no sofá. Caio abre a porta e se senta na poltrona.


CAIO – O que aconteceu?

JÉSSICA – Caio, precisamos conversar. Eu decidi que é hora de colocar um ponto final nessa situação.

CAIO – (Surpreso) Que? Como assim? Isso foi coisa que aquela fotógrafa colocou na sua cabeça, né? 

JÉSSICA – Olha como você é Caio, ainda pergunta porque eu quero isso?

CAIO – Ah, Jéssica, me perdoa, eu sei que cometi erros, mas prometo que irei mudar.

JÉSSICA – Caio, já ouvi essas promessas antes. Eu quero acreditar em você, mas estou cansada de me sentir magoada e desrespeitada.

CAIO – Jéssica, eu estou disposto a fazer o que for preciso para consertar as coisas. Por favor, me dê uma chance de provar que posso mudar.

JÉSSICA – (Suspira) Eu tô com medo de me machucar de novo. Se realmente quiser uma chance, precisará mostrar com suas ações, não apenas com palavras.

CAIO – Jéssica, eu entendo seu receio, e prometo que não vou desperdiçar essa oportunidade. Vou fazer o possível para reconquistar sua confiança e tratar você com o respeito que merece.

JÉSSICA – Tá, Caio. Eu vou ceder mais uma vez e te dar essa chance, mas saiba que minhas expectativas estão altas. Se as coisas não mudarem, teremos que enfrentar as consequências.


CENA 06: QUARTO DE HOTEL. INTERIOR. NOITE

Daniel e André estão sentados numa mesa cheia de variedades de queijos, uvas e uma garrafa de vinho aberta.


DANIEL – André, esses queijos são uma delícia! Onde você comprou?

ANDRÉ – Eu comprei em uma loja perto da companhia. Eles têm uma seleção maravilhosa.


Dando um gole de vinho, André parece pensativo.


DANIEL – O que foi? Tá pensando no que?.

ANDRÉ – Tava pensando sobre meus colegas de ensaio. Eles são perfeitos, mas tem um que tem uma birra comigo, acho que tem ciúmes demais da namorada. 

DANIEL – Cuidado que os ciumentos são os piores, filho. (Ri) Mas não liga, você tem um talento incrível, André.

ANDRÉ – (Sorri) É, acho que eu puxei a minha mãe. Sinto falta dela, mesmo sem conhecer completamente. Queria encontrar ela algum dia.

DANIEL – Mas lembra que você sempre vai ter a mim filho.

ANDRÉ – Nunca vou esquecer, pai.


CENA 07: MANSÃO DE PAULA. SALA. INTERIOR. NOITE

Fernando já está preparado para dormir. Paula sai do banheiro, enrolada no roupão e chega por trás dele, lhe dando beijos no pescoço. Fernando é frio.


PAULA – Ih quê isso?! Tá me evitando, é?

FERNANDO – Não consigo ignorar o que aconteceu essa noite, Paula.

PAULA – Ah não, não acredito que você está pensando na Ilana.

FERNANDO – Como é que ela veio parar aqui, Paula? Alguém fez ela vir. Atraiu ela.

PAULA – Você tá suspeitando de mim?! Você acha mesmo que eu ia atrair essa mulher até aqui, pra ela dar aquele showzinho e estragar a nossa festa?

FERNANDO – Se não foi você, então quem foi?

PAULA – Sei lá, Fernando! Se brincar, ela veio aqui por conta própria. 

FERNANDO – Como?

PAULA – Uma vez ela me contou que começou a te seguir para descobrir onde você ia. Talvez ela já tenha chegado até aqui, mas na época não teve coragem de entrar. Agora entrou.

FERNANDO – Em um momento bem oportuno, não acha?

PAULA – A vida é feita de coincidências. 

FERNANDO – Eu não acredito em coincidência.

PAULA – Pois passe a acreditar.


Paula tira ele de sua frente e deita na cama, séria. Fernando continua pensativo sobre o ocorrido.


CENA 08: PRAIA DO LEBLON. EXTERIOR. NOITE


TRILHA SONORA: Instrumental - Lamentos (até o fim desta cena)


A orla está pouco movimentada. Ilana caminha pelo calçadão. O vento bagunça seus cabelos, mas ela não liga e apenas chora incessantemente. Distraída, acaba esbarrando em alguém. É Vicente, que também está visivelmente abatido.


VICENTE – Ilana?!

ILANA – Vicente.

VICENTE – O que você tá fazendo aqui?

ILANA – Vim olhar o mar para ver se esqueço de tudo.

VICENTE – Parece que tivemos a mesma ideia.


Os dois dão um sorriso desajeitado. Em um corte, os dois estão sentados lado a lado em um banco, de frente para o mar. Ambos encaram o horizonte.


VICENTE – Que cara canalha, hein?! Te traiu com a sua melhor amiga.

ILANA – A minha maior decepção nem foi com ele, de homem a gente sempre espera o pior. O que me doeu foi a Paula. Minha melhor amiga. Pelo que eu estou vendo, essa traição não é de hoje. É de muito tempo atrás. Eles têm uma filha, Vicente, você tem noção disso?

VICENTE – Quantos anos ela tem?

ILANA – Vinte.

VICENTE – Meu Deus.

ILANA – Você tem noção de que o Fernando e a Paula me traem desde antes de eu casar com ele? Que tipos de seres humanos são esses? Se é que se pode chamar isso de ser humano.

VICENTE – São seres humanos sim, Ilana. Infelizmente. Em suas piores formas. 

ILANA – E o pior é que eu sempre quis ter um filho do Fernando. Eu contei isso pra ele, mas ele me disse que era estéril, que não podia ter filhos. Sugeri que ele fizesse tratamento, mas ele sempre negava, dizia que filho só trazia problemas e responsabilidade demais. Bem deve ter feito vasectomia depois que engravidou a Paula. (P) Meu Deus, eu perdi vinte anos da minha vida ao lado desse homem. Vinte anos de oportunidades perdidas. Vinte anos jogados no lixo.


Ilana volta a chorar e acaba deitando no ombro de Vicente. Ela lembra que o homem também está mal.


ILANA – Ai, me desculpa, eu tô falando tanta coisa que esqueci que você também tem muito a falar.

VICENTE – Não se preocupe. Aliás, eu nem quero ficar falando mal da Helena pra você. Vocês duas são amigas, não pega bem.


Ilana assente e respira fundo. Os dois seguem fazendo companhia um para o outro. CAM descentraliza deles e foca no horizonte, aos poucos a noite vai cessando e o sol nascendo, dando espaço ao dia na trama.


CENA 09: CASA ROSADA. INTERIOR. MANHÃ

Gabriela está conversando com algumas funcionárias da recepção. Ana chega na agência sozinha e Gabriela nota, indo até ela.


GABRIELA – Bom dia, Aninha.

ANA – Bom dia, Gabi.

GABRIELA – Cadê a Helena?

ANA – Ela não acordou se sentindo bem e resolveu ficar em casa descansando. Talvez venha de tarde.

GABRIELA – Ah, ok. Mas, então, vamos ao trabalho?

ANA – Vamos!

GABRIELA – Hoje o dia está daquele jeito…


CENA 10: COMPANHIA DE TEATRO. INTERIOR. MANHÃ

Rose entra apressada na companhia de teatro, olhando para o relógio em seu pulso e esbarra em Daniel.


ROSE – (Ofegante) Daniel…


Rose dá meia-volta, pronta para fugir, mas antes que possa se afastar completamente, Daniel a alcança e segura seu braço.


DANIEL – Rose, espera!


Rose se vira para Daniel.


ROSE – (Com a voz trêmula) Por favor, Daniel, eu não posso reviver tudo aquilo.


CENA 11: CASA ROSADA. ESCRITÓRIO DE HELENA. INTERIOR. DIA

Ana está sentada em frente à mesa da mãe, porém não faz nada. Sua atenção está voltada totalmente ao celular, que está aberto na conversa com Celso. Ele ainda não respondeu às mensagens da jovem.


ANA – Cadê você, hein?!


Ana respira fundo e pensa em enviar novas mensagens, mas desiste. Gabriela bate na porta e entra.


GABRIELA – Ana?!

ANA – Ah, oi.

GABRIELA – Tenho um ensaio com algumas modelos agora e gostaria de umas ideias sua. Você pode vir até o estúdio?

ANA – Claro.


Ana levanta da cadeira e vai na direção de Gabriela. As duas deixam a sala.


CENA 12: COBERTURA DE HELENA. SALA. INTERIOR. DIA

Helena está sentada no sofá da sala, com o pensamento distante. A porta da cobertura começa a ser aberta, Vicente entra. Helena volta a si e levanta. Os dois se encaram, tensos. 


HELENA – Onde passou a noite?

VICENTE – Andei na praia para espairecer e depois fui para o nosso flat dormir, só que não consegui.

HELENA – Eu também não consegui dormir pensando em você. 

VICENTE – Helena, se você quiser nós podemos passar uma borracha nessa situação e seguir em frente. Dar uma nova chance pra gente.

HELENA – Vicente…


Vicente olha para o lado e nota três malas colocadas no canto da sala. Helena fica nervosa.


VICENTE – O que é aquilo?

HELENA – Suas malas.

VICENTE – Helena, eu não tô acreditando…/

HELENA – Você vai embora dessa casa.


Helena, mesmo nervosa, parece decidida. Vicente, definitivamente, não esperava por isso.


ENCERRAMENTO:







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