CENA 01: COMPANHIA DE TEATRO. SALÃO INTERIOR. DIA
Rose termina de entregar os resultados dos testes e se dirige de volta ao escritório. André permanece em transe. Marina percebe e vai até ele.
MARINA – André, vamos sair daqui. Você precisa de um pouco de ar fresco.
Os dois se encaminham para a saída da companhia, deixando Henrique e Bárbara para trás.
HENRIQUE – Bárbara, eu não estou gostando disso. Marina e André estão muito próximos. Não sei se é uma boa ideia deixar eles sozinhos assim.
BÁRBARA – Você tem razão, Henrique. Também tenho notado essa proximidade entre eles, ainda mais com esses papéis românticos que eles estão pegando, acho que devemos ficar de olho nisso.
Henrique e Bárbara olham para André e Marina com raiva.
CENA 02: FACHADA DA COMPANHIA DE TEATRO. EXTERIOR. DIA
Marina está ao lado de André, que ainda está abalado com o encontro com sua mãe. Ela tenta acalmá-lo, mas Henrique chega acompanhado de Bárbara, separando os dois.
HENRIQUE – Marina, vamos para dentro da companhia para conversar. André pode ficar aqui com a Bárbara.
Bárbara olha para André e se aproxima dele.
BÁRBARA – Fique tranquilo, André. Estou aqui com você. Vou esperar até que você se sinta melhor.
ANDRÉ – Obrigado, Bárbara.
Enquanto Bárbara cuida de André, Henrique leva Marina para dentro da companhia.
CENA 03: CASA ROSADA. ESTÚDIO FOTOGRÁFICO. INTERIOR. DIA
Gabriela se aproxima de Jéssica.
GABRIELA – Jéssica, precisamos conversar. Notei que você tem sido bastante ríspida comigo.
JÉSSICA – É… eu tenho refletido muito sobre nossa relação. Nós estamos nos aproximando demais. A partir de agora, precisamos estabelecer uma relação estritamente profissional.
GABRIELA – Eu entendo que as coisas possam estar se misturando, mas nossa amizade é um laço tão lindo que nos une, não quero que isso nos afaste.
JÉSSICA – Eu admiro e respeito você, mas precisamos separar as coisas. Se não for possível manter uma relação estritamente profissional, serei obrigada a considerar outras opções e talvez até deixar a agência.
As duas se encaram por um momento com um clima de tensão no ar.
CENA 04: APARTAMENTO DE RENATA. SALA. INTERIOR. DIA
Renata está sentada no sofá e Caio bate na porta do apartamento dela.
RENATA – Quem é?
CAIO – (Gritando) É o Caio, Renata.
Renata levanta e abre a porta, Caio entra.
CAIO – Renata, precisamos conversar. Eu vi algo que me deixou bastante preocupado.
RENATA – O que foi, Caio? O que você viu?
CAIO – Eu vi Gabriela e Jéssica juntas, em uma situação bastante íntima.
RENATA – Eu fui cega por Jéssica ser minha filha e ela estar namorando com você. Precisamos ficar de olho nessa Gabriela. Se Gabriela estiver tentando influenciá-la, vamos precisar agir.
CAIO – Vou tomar todas as medidas necessárias para proteger Jéssica e o nosso relacionamento. Não vamos permitir que nada atrapalhe nosso caminho.
ABERTURA:
CENA 05: COBERTURA DE HELENA. SALA. INTERIOR. DIA
Ilana e Helena estão sentadas frente a frente no sofá, conversando. Ilana dá um gole na xícara de café e volta a falar.
ILANA – E ela ainda teve a coragem de me falar que transou com o Fernando na minha cama.
HELENA – Meu deus do céu, Ilana, eu estou perplexa! Eu jamais esperaria isso da Paula.
ILANA – Ainda custo a acreditar que tudo isso que eu tô vivendo é verdade, minha amiga.
HELENA – Ah mas a próxima vez que eu encontrar com essazinha, ela vai me ouvir e eu vou dar um cacete nela!
ILANA – E você pensa que eu não dei uma bofetada na cara dela?
HELENA – Ah, meu amor, mas comigo não vai ser tapa não, comigo vai ser cacete mesmo! Vou fazer ferver o sangue carioca que tem dentro de mim.
ILANA – Agora não esquece que você é uma dondoca do Leblon e que a Paula é cria de Bangu.
As duas caem na risada.
ILANA – Eu fico brincando, mas agora eu nem sei o que vou fazer da minha vida daqui em diante.
HELENA – (pensando) Ilana, você é formada em Artes Cênicas, não é?
ILANA – Sou sim.
HELENA – Então?! Por que você não volta a tentar sua carreira como atriz? O que mais tem aqui no Rio é oportunidade, você foi boba de não ter investido.
ILANA – Ai, Helena, na minha idade?
HELENA – O que é que tem? Não tem idade pra realizar sonho, Ilana. O tempo é agora e acabou. Eu tenho certeza que ia te fazer muito bem.
ILANA – Será?!
HELENA – Se eu fosse você, arriscaria.
Ilana fica pensativa diante da sugestão de Helena.
CENA 06: CASA ROSADA. ESCRITÓRIO DE HELENA. INTERIOR. DIA
Gabriela chega no escritório e vai até a mesa de Ana, entregando um pen drive. A fotógrafa parece abatida.
GABRIELA – Estão aqui as fotos de hoje, Ana.
ANA – Obrigada… Que carinha é essa, Gabriela?
GABRIELA – Quê?! Como assim?
ANA – Você parece triste.
GABRIELA – (tentando desconversar) Não é nada.
ANA – Tem certeza? Senta aí pra que a gente possa conversar.
Gabriela respira fundo e senta na cadeira em frente à Ana.
ANA – Eu não sou a dona Helena, mas até que sei dar uns bons conselhos. Me diz, o que houve?
GABRIELA – Não sei se você sabe, mas além de uma relação profissional com a Jéssica, a nova modelo, eu também estava criando uma amizade.
ANA – Sim, eu estou ciente disso.
GABRIELA – E as coisas foram indo rápido demais… e eu acabei me apaixonando por ela.
ANA – Mas ela não tem um namorado?
GABRIELA – Esse é o problema. Eu sinto que ela também sente algo por mim, só que ela está presa a esse rapaz. E não sei se a Helena te falou, mas ele é super tóxico! Não confia nela e vive querendo acompanhar as sessões de fotos.
ANA – Meu Deus, que situação, Gabi!
GABRIELA – Até que eu estava lidando bem com o fato de sermos apenas amigas, só que ontem fomos jantar juntas, e após umas taças de vinho, acabei dando em cima dela. Extrapolei.
ANA – E ela?
GABRIELA – Não gostou nada. Quer dizer, eu vi que ela estava atraída, mas por respeito ao namorado, pediu para ir embora e disse que não podia se envolver comigo. Hoje ela chegou, mal falou direito comigo e depois, no final da sessão, disse que teríamos que nos afastar.
ANA – Que barra…
GABRIELA – O que é que eu faço agora, Ana?
ANA – O melhor a se fazer é dar um tempo pra ela. Para que ela pense e entenda o que realmente quer. Respeita o espaço dela por agora.
Gabriela assente com a cabeça. As duas seguem conversando.
CENA 07: COMPANHIA DE TEATRO. ESCRITÓRIO DE VICENTE. INTERIOR. DIA
Vicente está trabalhando em seu notebook. Daniel bate na porta do escritório e entra.
VICENTE – Pois não?
DANIEL – Vicente, aqui está o relatório que você me pediu sobre os escalados para O Jardim sem Flores, como está a desenvoltura deles nos ensaios gerais.
VICENTE – Ah, muito obrigado, Daniel. Estava realmente precisando desse relatório, pode deixar em cima da mesa.
DANIEL – Certo.
Assim ele faz. Na sequência, Daniel caminha para a saída da sala, e ao abrir a porta novamente, esbarra com Rose. Os dois se encaram por alguns segundos. Vicente nota. Daniel abre espaço para que Rose passe e sai da sala.
VICENTE – O que foi isso agora?
ROSE – O quê?
VICENTE – Esse clima estranho entre vocês dois.
ROSE – Ele é meu ex-marido, né, Vicente?
VICENTE – Mas tem algo a mais.
Rose respira fundo e senta na cadeira em frente ao amigo.
ROSE – O Daniel me colocou contra a parede. Disse que eu preciso conhecer o André.
VICENTE – E você sabe que ele tem razão.
ROSE – É muito difícil, Vicente, você não tem ideia.
VICENTE – Eu sei, Rose. Mas como você mesma diz, é hora de encarar a realidade. E mais cedo ou mais tarde, você vai ter que conversar com o seu filho.
CENA 08: CASA ROSADA. ESCRITÓRIO DE HELENA. INTERIOR. DIA
Ana está entediada no escritório, olhando apenas para o teto e esperando pela hora de ir embora. O celular da mulher recebe uma notificação e ela para pra olhar. No visor, uma mensagem de Celso:
"Me encontra no Cavallini, hoje às 20h. Beijos."
ANA – (digitando) Como assim???? Resolveu aparecer?
Celso não responde mais nada e fica offline. Ana não consegue compreender a atitude do homem.
CENA 09: RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
Anoitece na trama. A orla vai esvaziando e as avenidas começam a ficar movimentadas. Corte para a fachada da cobertura de Helena.
CENA 10: COBERTURA DE HELENA. SALA. INTERIOR. NOITE
Helena chega com uma garrafa de café na sala e coloca em cima da mesa. Ana desce as escadas, está com um vestido de sair, mas sem assessórios. Helena não deixa de reparar.
HELENA – Para onde vai com esse vestido?
ANA – Lembra do misterioso que eu te falei? Resolveu aparecer.
HELENA – Olha aí, eu te falei…
ANA – Mandou uma mensagem dizendo para eu ir pro Cavallini agora à noite, mas eu não sei se devo ir.
HELENA – Por que não?
ANA – Ah, mãe, o cara some por dias e do nada aparece, manda uma mensagem e pronto. Acha que tá tudo resolvido.
HELENA – Se eu fosse você, eu iria. Chegava bem sisuda, jogando charme e aos poucos ia cedendo. Ainda faria ele pagar tudo pra mim!
ANA – Ai, será?
HELENA – Vai, boba! Comer de graça e ainda dar uns beijinhos no final, queria eu estar no seu lugar…
ANA – Você tem razão, vou terminar de me arrumar.
HELENA – Não há nada melhor do que uma noite de amor depois de uma discussão feroz.
Ana ri e corre para o andar de cima. Helena fica feliz em ver a filha demonstrando felicidade.
CENA 11: APARTAMENTO DE ILANA. SALA. INTERIOR. NOITE
Ilana chega na sala carregando seu notebook e senta no sofá, apoiando o aparelho em seu colo. A mulher começa a procurar por companhias de teatro na internet, encontrando uma há poucos metros de seu prédio.
ILANA – Essa daqui é bem pertinho aqui de casa… Acho que vou andando até lá amanhã. (P) É hora de começar a investir em mim mesma!
CENA 12: RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE
Ana chega ao restaurante e é recebida pela recepcionista.
RECEPCIONISTA – Boa noite. Tem reserva? Veio encontrar alguém?
ANA – Eu vim encontrar uma pessoa. Um homem de mais ou menos cinquenta anos, cabelos grisalhos, branco e forte. Celso. Não sei se fez reserva.
RECEPCIONISTA – (averiguando) Celso… Fez sim! Você segue por todo o restaurante, última mesa à direita.
ANA – Obrigada.
Ana atravessa o restaurante e chega até à mesa. Celso está sentado, degustando um vinho. Ela senta em frente a ela.
CELSO – Finalmente você chegou.
ANA – É bom você começar se explicando, Celso. Por que você desapareceu e parou de falar comigo?
Ana fica com uma expressão séria diante dele, que sente-se intimidado, recuando para trás.
CENA 13: COBERTURA DE HELENA. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. NOITE
Helena saiu do banheiro de banho tomado e já de camisola para dormir. A mulher tem um pensamento.
HELENA – Onde será que tá aquele meu álbum de fotos da juventude?
Ela caminha até o armário e começa a vasculhar pelas gavetas, até que acaba encontrando.
HELENA – Achei!
Helena leva o álbum para a cama, onde senta e começa a folhear. A cada foto, ela dá um sorriso diferente. Folheando, ela percebe que há uma folha grudada e faz esforço para que desgrude.
HELENA – Meu Deus… uma foto minha com o Celso!
Helena retira a foto de dentro e deixa o álbum de lado, concentrando-se apenas em seu registro ao lado de Celso.
HELENA – Vou guardar essa foto para mostrar à Ana… Já passou da hora dela saber quem foi o meu grande amor.
Ela sorri enquanto encara a foto, relembrando do tempo em que ficou ao lado de sua paixão.
ENCERRAMENTO (ao som de Cyndi Lauper - Girls Just Want To Have Fun):
Obrigado pelo seu comentário!