Budapeste - Capítulo 14
Budapeste
– Hungria
Cena 01 – Haras Kovács – Ext. – Dia
András está cavalgando em seu cavalo. Ele vai pulando
alguns obstáculos com uma precisão. Dali distante, Emese vai aparecendo,
trajada com um vestido floral até o tornozelo. Ela para na cerca e vê András em
seu cavalo. Ele vislumbra a imagem dela e vai até perto e desce do cavalo.
Emese: Não sabia que você tinha tanto talento. Bom,
mas o que esperar do dono do Haras, não é?
András: Confesso que estou surpreso com a sua visita.
Algum motivo especial?
Emese: Não, não. Eu estava apenas passando por perto e
percebi que nunca tinha visitado um haras.
András: Eu posso te mostrar o restante, se você
quiser. Acabei meu treino, estava muito enferrujado. Cá entre nós, se eu
voltasse a competir, eu perderia facilmente.
Emese: Você está louco! Você estava ótimo! Era como se
vocês (aponta para o cavalo e András) fossem um só.
András: Fico feliz por ouvir isso. Mas a nossa
competidora oficial é a Felicia.
Emese: É, eu já a vi na TV. Ela é maravilhosa.
András: Vamos ver o restante do Haras? Além desse
garanhão (acaricia o cavalo) tem outros querendo atenção também (ri).
Emese: Será uma honra.
Cena 02 – Delegacia – Escritório – Int. – Dia
Nala entra no escritório e Severus está mexendo em um
tablet.
Nala: Conseguiu as imagens?
Severus: Sim! Ah… Já ia me esquecendo, consegui que o
Quotar chegue hoje a noite aqui em Budapeste, então ele poderá acessar o
computador e quebrar as senhas.
Nala: Perfeito. Eu quero resolver isso o quanto antes.
Severus aproxima-se de Nala e mostra o tablet um
vídeo. No vídeo em questão, mostra Ráchel entrando no Monster Grill.
Severus: Esse foi o horário que a Ráchel entrou no
Monster Grill, no dia em que ela cometeu o Suicídio, aparentemente, ela está
normal.
Nala: Sim, não há nada demais até então.
Severus: É, mas olha isso se acelerarmos o vídeo.
Close no tablet mostrando o vídeo. Ráchel sai do
Monster Grill correndo e até leva um tombo.
Um senhor tenta ajudá-la, mas ela evita.
Nala: Ela sai totalmente desesperada. O que me leva a
crer…
Severus(completa): Que ela foi abusada dentro do
Monster Grill.
Nala: Ou seja, provavelmente ela foi abusada por
alguém de lá. Algo me diz que foi o Konrad.
Severus: O Konrad sai depois de 30 minutos, logo em
seguida chegam os outros funcionários. Foi ele, Nala! Foi ele!
Nala: Muito cedo dizer isso, mas ao que tudo indica
foi esse canalha, sim!
Severus: Vamos colocá-lo na cadeia.
Close no rosto de Nala.
Cena 03 – Casa do Senador – Sala – Int. – Dia
A campainha toca e Borbála estava se preparando para
sair, colocando um batom nude em seus lábios. Ela abre a porta e leva um susto
ao se deparar com Vencel.
Vencel: Oi, mãe. Surpresa em me ver?
CORTA PARA:
Cena 04 – Haras Kovács – Estábulo – Int. – Dia
Emese e András estão andando pelo corredor do
Estábulo. Alguns funcionários estão dando ração aos cavalos e cuidando deles.
András: Então, Emese Angyal, esse aqui é o meu mundo.
Emese: É um mundo bastante interessante. Sou
apaixonada por cavalos, mas infelizmente nunca tive a oportunidade de ter um.
András: Posso entender… Mas me fala, como você tá?
Emese: Estou bem, tentando esquecer tudo que
aconteceu. Aquela cena fica se repetindo diversas vezes na minha mente.
András: Tenta não pensar nisso, sei que é difícil, mas
se tudo ficar pior, prefiro que você busque uma ajuda profissional, isso pode
se tornar um trauma.
Emese (ri sem graça): Minha vida inteira é um
verdadeiro trauma, András.
András: Eu sinto que você está escondendo algo de mim.
Aconteceu algo?
Emese: András, meu avô, ele era nazista. Era do
exército alemão, ou seja, tenho sangue de canalhas.
András (suspira): Não pense dessa forma.
Emese: Agora está tudo bem, estou tentando não pensar
nisso. Agora mais do que nunca, quero descobrir quem matou meus pais.
András: Eu vou te ajudar!
András puxa Emese para um abraço. Ela encosta sua
cabeça no peito dele que engole em seco.
Cena 05 – Fame Magazine – Sala – Int. – Dia
Na cena há modelos experimentando roupas e Otavio de
longe está observando tudo.
Otávio (aponta para um vestido): Não gostei dessa cor.
Está diferente do que foi desenhado pelo estilista. Não combina com a coleção.
Peça imediatamente que mudem.
Frank aparece e o abraça, Otávio sai do abraço
rapidamente.
Frank: Já vi que você está super agitado.
Otávio: Desculpa não poder te dar atenção, mas
infelizmente estou cheio de coisas para resolver.
Frank: Pensei em te levar para almoçar. Não vou
aceitar um não como resposta.
Otávio: Tudo bem. Eu irei, mas tem que ser rápido.
Frank: Não, tenho você por duas horas. O horário de
qualquer pessoa que trabalha e tem direito a horário de almoço.
Otávio (bufa): Frank, isso é muito importante pra mim.
Frank: É justamente que eu estou fazendo isso. Não
adianta bufar. Pega suas coisas e vamos.
Cena 06 – Casa do Senador – Sala – Int. – Dia
Vencel: Não vai me convidar para entrar?
Borbála: Você ficou maluco em vir até aqui? Se o seu
pai ver você aqui, ele te mata!
Vencel: Ele não é meu pai. Ele faz questão de reiterar
isso sempre.
Borbála puxa Vencel para dentro de casa. Eles se
acomodam no sofá.
Vencel: Não está feliz com a minha visita? Não se
preocupe, eu o esperei sair com o motorista para tocar a campainha.
Borbála: É claro que eu estou feliz, meu filho. Só que
eu tenho medo do que seu pai pode fazer se te ver aqui.
Vencel (olha pro quadro): Ele ainda tem essa
baboseira? Mãe, por que a senhora não se separa desse canalha? Olha o monstro
que ele é. Certamente o senador financia diversos grupos neonazistas.
Borbála: Meu filho, eu não posso. Não tenho como sobreviver se acontecer essa separação.
Vencel: Faz como todo mundo: trabalha. Sei que você
sempre foi dondoca, mas será mesmo que isso vale sua integridade? Mãe, vou te
dar uma última chance. Se você não se separar dele, não quero que me procure
mais e tampouco vá em meu casamento.
Borbála: Você não pode me dar um ultimato desses. Isso
é ridículo.
Vencel: Mãe, quando o Fridrich me expulsou daqui, você
foi conivente, mas tentei entender o seu lado, porque você nunca me deixou
passar fome e nem desabrigado. Me enviava dinheiro sempre, mas isso já passou.
Eu não ganho muito, mas o suficiente para dar uma qualidade de vida boa para
nós dois.
Borbála: Eu vou pensar, juro que irei pensar. Agora
você precisa sair. Ele disse que não iria demorar.
Vencel: Tudo bem! Mãe, será se você pode pegar um copo
d'água?
Borbála: Claro.
Borbála vai em direção a cozinha. Vencel pega o seu
telefone e tira diversas fotos do quadro com o símbolo nazista. Borbála volta e
ele guarda o celular rapidamente.
Vencel: Quer saber? Melhor eu ir. Tchau e pensa no que
eu te disse, por favor.
Vencel abre a porta e sai de cena. Borbála fica ali
segurando o copo com água.
Cena 07 – Haras Kovács – Ext. - Dia
Emese e András estão sentados em um balanço que está
suspenso em uma árvore aparentemente de 30 metros.
András: Quando eu era criança, costumava vir até aqui.
Era muito legal, não sei porque, mas esse lugar lembra a minha mãe.
Emese: Eu te entendo. Tenho certeza que sua mãe está
orgulhosa em ver o homem que você se tornou
András: Prefiro não pensar nisso.
Emese (indaga): Por que?
András: Acho que todo mundo tem uma memória com sua
mãe, menos nós, é claro, porém, é muito difícil imaginar como seria minha vida
se minha mãe estivesse aqui.
Emese: Sinto o mesmo. Às vezes a angústia bate e eu só
queria estar nos braços dela para me sentir protegida.
András: Emese, tenho que te contar isso.
Emese: O quê?
András: Meu pai tem ódio da sua família, por muitos
anos ele acreditou que minha mãe tivesse morrido porque a sua família mandou,
mas eu não acredito nisso. No dia do assassinato da minha anya, seus pais
estavam em Berlim.
Emese: Mas por que ele acha isso?
András: Minha mãe tinha saído pra ir até a sua casa no
dia e nunca mais voltou.
Emese: Não sabia. Sinto muito por isso. Tudo
ultimamente tem se tornado muito pesado pra mim. Meu avô era soldado nazista.
Isso me corroeu por dentro, senti minha pele inteira queimar.
András: Agora está tudo bem. Seu avô era um criminoso,
mas isso não significa que você seja também!
CORTA PARA:
Cena 08 – Avenida de Budapeste – Dia.
Carros passam em alta velocidade em ambas as vias. O
trânsito está um verdadeiro caos. Buzinas ecoam em um coro caótico.
O Diretor Kim está em seu carro aguardando o sinal
verde. Um Caminhão de carga se aproxima em alta velocidade, atravessando o
sinal vermelho.
O Diretor Kim percebe e tenta desviar, mas o caminhão
faz o impacto contra o carro que é arrastado e arrasta outros carros por uns
quinze metros. Vidros quebrados e a lataria é violentamente amassada
O som do impacto ecoa por toda a avenida, logo é
tomado pelo silêncio das buzinas. Close no rosto do Diretor Kim que está
ensanguentado e colado ao volante. Os airbags falharam.
O motorista do caminhão sai correndo sem prestar
socorro.
A CAM se afasta, mostrando os destroços e a bagunça na
avenida e os paramédicos que acabaram de chegar correndo contra o tempo.
Cena 09 – Monster Grill – Int. – Dia.
Nala está sentada em frente ao balcão e tomando um
whisky. Konrad se aproxima e estranha.
Konrad (estende a mão): Não fomos apresentados.
Nala (ignora): Meu nome é Nala. Sou delegada.
Konrad (finge): Ah, que bacana. Em que posso te ajudar?
Nala: Então acho que você ainda não está sabendo, não
é mesmo?
Konrad: Não sei do que você está falando.
Nala: Uma funcionária sua, a Ráchel Király se
suicidou.
Close no rosto de Konrad Que tenta conter a
felicidade.
Nala: Parece que você não sabia mesmo. Mas bom, eu vim
até aqui, porque tenho uma ordem para pedir os seus materiais genéticos.
Konrad (surpreso): Não estou entendendo.
Nala: Imaginei. A Ráchel foi vítima de um estupro.
Inclusive, ela foi violentada aqui. E antes que você tente me convencer que
não, ela estava aqui quando tudo ocorreu, o que n leva a crer que: Ou ela foi
abusada por um dos funcionários, ou um dos clientes.
Konrad (nervoso): Eu posso verificar quem estava
trabalhando no dia e também os horários. Infelizmente eu não estava aqui.
Nala (debocha): Engraçado, sabe? Não é isso que as
câmeras dizem.
Nala retira duas fotos da bolsa. Uma está Ráchel
correndo e na outra aparece Konrad.
Nala: Como você não estava aqui, sendo que poucos
minutos dela sair correndo você sai do Monster Grill? E não tente me convencer
de que não estava aqui, porque já mandei verificar todas as câmeras de
segurança da rua.
Konrad: Delegada, tome cuidado com essas acusações,
você não sabe com quem está lidando.
Nala (se aproxima): Sei muito bem com quem estou
lidando. Vou ignorar o fato da sua frase ter soado como uma ameaça e
interpretarei como um conselho. E já que estamos sendo contemplativos, vou ser
sincera, comece a orar, Sr. Konrad, irá precisar. Você tem até amanhã para
fazer a coleta.
Nala coloca um papel em cima do balcão e uma nota de 5
euros. Ela da um último gole em seu whisky e sai.
Cena 10 – Hospital – Recepção – Int. Dia.
Emese corre desesperada pelo corredor do hospital. Na
recepção há uma jovem (aproximadamente 25 anos, asiática e cabelos longos
pretos) andando de um lado para outro chorando.
Emese (para recepcionista): Estou aqui buscando Kim
Minho.
Taeyeon (chorando): Emese?
Emese: Taeyeon! (Abraça). Fiquei estarrecida quando me
contaram do acidente. Vim o mais rápido que pude. Alguma notícia?
Taeyeon (chorando): Eles estão fazendo uma cirurgia
neste exato momento, eu não sei o que pensar. Emese, meu pai estava sangrando
muito.
Emese (tenta acalmar): Olha, vai ficar tudo bem! O seu
pai é um homem forte! Ele tem uma saúde de touro!
Taeyeon (enxuga as lágrimas): Emese, não acredito que
isso tenha sido um acidente. Tenho certeza que foi proposital! O policial me
falou que segundo algumas pessoas, a intenção do caminhão foi acertar o carro
do meu pai desde o início.
Emese (surpresa): Taeyeon, isso é uma acusação muito
grave. Quem seria capaz de fazer algo contra seu pai?
Taeyeon (seca): O seu primo, o Konrad.
Close no rosto de Emese que parece levar um soco no
estômago com a informação.
Cena 11 – Casa de Barbara – Sala – Int. Dia.
Barbara está no telefone. Ela está apenas de calcinha,
os seus seios estão amostra.
Barbara (tel.): Então quer dizer que deu tudo certo?
Quer dizer, agora só falta esperar ele morrer e espero que isso aconteça.
Ótimo. O pagamento eu te faço assim que recebermos a notícia.
Barbara desliga o telefone. A campainha toca. Ela bufa
e veste uma camisa por cima. Ao abrir a porta ela se assusta.
Barbara (assustada): Mãe?
Gizzela: Olá, queridinha.
Close no rosto de Barbara.
A História não tem conexão real com a realidade.
O preconceito e o ódio jamais deverão ser aceitos em qualquer sociedade! Apologia
ao Nazismo no Brasil é crime previsto no art. 20, da Lei nº 7.716/89 do Código
Penal, que define os crimes
resultantes de preconceito de raça ou de cor.
DENUNCIE!
Fim do Capítulo 14
Obrigado pelo seu comentário!