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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 17

 



Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAVENA
CÁSSIA
MAURÍCIO
BEATRIZ
MARIA


Participação Especial:
PROFESSORA da faculdade, alunos


CENA 01/ VISÃO GERAL

A cena começa com vislumbres das vidas de alguns personagens. Laura e Ravena brincam amorosamente com sua recém-nascida, Pandora. Paulo se diverte com a filha Maria, enquanto Jana observa com admiração. Cássia e Maurício compartilham um momento romântico e apaixonado. Raimunda ora intensamente, enquanto Moisés olha com desaprovação e preocupação. Giovana se dedica incansavelmente aos estudos.

A cena avança com o letreiro "Dois meses depois".

 

 CENA 02/ INT/ CASA DA JANA/ JARDIM/ TARDE

Jana e Cássia estão sentadas confortavelmente em cadeiras de jardim almofadadas, posicionadas estrategicamente sob a sombra de uma árvore. A brisa suave balança as folhas, criando um ambiente agradável. Na mesinha baixa à frente delas, há uma bandeja com xícaras de chá e um prato de biscoitos caseiros. Paulo está no chão, em um tapete macio, brincando animadamente com Maria. Cássia observa com emoção a interação entre pai e filha, enquanto Jana mantém um olhar atento e carinhoso sobre os dois.

 

CÁSSIA

(emocionada)

- É lindo ver como Paulo tá se dedicando à Maria. Como cê tá lidando com tudo isso, Jana?

 

JANA

- Tô dividida, Cássia. Ainda sinto muita mágoa pelas atitudes passadas de Paulo, mas ao mesmo tempo vejo que ele tá disposto a assumir a responsabilidade como pai. Tô deixando ele cuidar de Maria. Eu até fui ao cartório para acrescentar o nome dele no documento dela.

 

Cássia pega uma xícara de chá, apoiando-a com as duas mãos, enquanto Jana segura uma xícara com uma mão e com a outra pega um biscoito, levando-o aos lábios com delicadeza.

 

 

CÁSSIA

- Oxente, mas é sério isso? Cê fez muito bem, viu Jana? Tem mesmo é que colocar uma pedra no passado e seguir em frente.

 

JANA

- Não é tão simples assim não, Cássia. Mas uma coisa é certa, Maria não teria outro pai melhor que Paulo.

 

Enquanto conversam, Paulo se aproxima de Maria, percebendo um cheiro desagradável no ar.

 

PAULO

(brincalhão)

- Tô sentindo um cheirinho de azedo aqui, acho que alguém fez caquinha, hein?

 

Todos riem, Jana coloca a xícara sobre a mesinha e se levanta, pronta para ajudar.

 

JANA

- Traz ela aqui, que vou trocar a fralda dela.

 

PAULO

- Oxe, pode deixar comigo, viu Jana? Faço isso com todo prazer. Venha Maria, venha com painho!

 

Paulo levanta-se do tapete com Maria nos braços, fazendo gestos engraçados e fazendo cócegas na barriguinha dela enquanto caminha em direção à casa.

 

JANA

(gritando)

- Não se esqueça de passar a pomada, hein Paulo?

 

PAULO

(off)

- Vá bem, deixe comigo!

 

Cássia e Jana se olham com ternura, compartilhando o orgulho que sentem pelo envolvimento de Paulo como pai. Jana volta a se sentar na cadeira, retomando a xícara de chá e os biscoitos.

 

CÁSSIA

(com ternura)

- É muito fofo ver Paulo se oferecendo pra trocar a fralda da Maria. Geralmente homem não gosta de fazer isso, né? Ele tá realmente querendo se redimir e ser um pai presente.

 

Jana concorda com um sorriso e pega um biscoito, mordendo-o suavemente.

 

JANA

- Realmente, ele tá sendo um paizão... Sabe, Cássia, a Maria tem tido assaduras na região genital com frequência. Tô fazendo o possível pra cuidar, mas tá difícil. Já tentei várias pomadas e cuidados, mas ainda não melhorou totalmente.

 

Cássia expressa preocupação, colocando a xícara de chá sobre a mesinha.

 

CÁSSIA

- Oxe Jana! Talvez seja bom procurar um pediatra, pra verificar se é necessário algum tratamento específico, né mesmo?

 

JANA

- Ela tá fazendo o CD direitinho. A pediatra que cuida dela também estranhou e me receitou uma pomada. Paulo comprou,foi essa que pedi pra ele usar.

 

Cássia assente, refletindo sobre a situação. Ambas retomam as xícaras de chá, desfrutando do momento de tranquilidade enquanto aguardam o retorno de Paulo e Maria.

 

CENA 03/ INT/ CASA DA RAVENA/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Ravena está sentada em frente ao computador, com os olhos fixos na tela enquanto move o mouse. Laura se aproxima por trás e envolve os braços ao redor de Ravena, depositando um beijo suave em sua cabeça. Em seguida, ela se acomoda no braço do sofá próximo.

 

LAURA

- Pandorinha finalmente dormiu. Pensei que não iria parar mais de sugar os meus peitos. E cê o que tanto faz aí?

 

Ravena vira ligeiramente o rosto para olhar Laura, com um sorriso carinhoso.

 

RAVENA

- Nada demais, só tava aqui dando uma olhada no meu Orkut. E essa testa franzida, tá preocupada com alguma coisa?

 

LAURA

(suspirando)

- Pensando em mainha. Ela disse que iria ao hospital, não foi e nem veio aqui me ver.

Ravena desvia o olhar do computador e volta sua atenção totalmente para Laura.

 

RAVENA

- Oh, minha linda, já sabemos o que aconteceu, né mesmo? Na certa, seu pai não deixou ela vir.

 

Laura balança a cabeça, com uma expressão de tristeza.

 

LAURA

- É isso que me preocupa, viu Ravena? Será que mainha contou pra ele que tive uma filha?  Será que ela contou sobre nós duas?

 

Ravena acaricia gentilmente o rosto de Laura com o polegar, tentando transmitir conforto.

 

RAVENA

- Laura, entendo como cê se sente, viu? Deve ser difícil não ter a presença de sua mãe nessa fase tão importante de sua vida. Mas é importante que cê entenda uma coisa meu amorzinho. Sua família agora sou eu e Pandora. De agora em diante, somos só nós três. Tá entendendo?

 

LAURA

- Sei que painho é muito controlador, mas ainda assim, desejava muito que mainha tivesse aqui comigo. Agora também sou mãe, né? Queria também ter minha mãe por perto.

 

Ravena segura as mãos de Laura com firmeza, transmitindo confiança.

 

RAVENA

- Não há nada que cê possa fazer, meu bem. Cê sabe que sua mãe é totalmente submissa ao seu pai. E uma ordem dele pra ela é lei... É impressionante as feridas que o machismo trás na nossa sociedade, né? É por isso que nosso movimento é importante, pra que no futuro Pandora e suas filhas tenha um mundo melhor.

 

As duas se olham por um instante, e dão um beijo de cumplicidade.

 



CENA 04/ INT/ CASA DA CÁSSIA/ BANHEIRO/ NOITE

Cássia está nua escorada na parede do banheiro, acariciando seus seios enquanto com a água do bidê se masturba. Maurício entra no banheiro deixando-a sem graça. Ele olha pra ela, depois vai tirando sua roupa se aproximando dela. Ele pega o bidê e joga para um lado e começa a beijar ardentemente Cássia, ela se entrega aos beijos dele. Ela entrelaça umas das pernas na cintura dele, ele acaricia sua perna enquanto beija seu pescoço. Maurício abraça Cássia que geme de tesão.

 

CÁSSIA

- Lhe quero tanto meu amor!

 

MAURÍCIO

- Também lhe quero Beatriz!

 

Cássia para por um instante ao ouvir o nome de Beatriz, mas continua deixando a coisa fluir. Ele faz movimentos vai vem com a cintura enquanto lhe penetra.


 CENA 05/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ SALA DE JANTAR/ NOITE

Estão todos reunidos em torno da mesa jantando. Jana vai chegando com Maria nos braços. A família está reunida em torno da mesa de jantar, desfrutando da refeição. Jana entra na sala com Maria nos braços.

 

JANA

- Boa noite família!

 

Giovana corre em direção a Jana, ansiosa para pegar a sobrinha nos braços.

 

GIOVANA

(encantada)

- Maria! Oh titia, como ela tá linda minha gente!

 

JANA

(brincando)

- Também tô bem, obrigada por perguntar.

 

GIOVANA

- Quem quer saber de cê? Quero saber é de minha princesinha.

 

Giovana ri, focando toda sua atenção na pequena Maria, enquanto o restante da família compartilha o momento descontraído. Exceto Eliete que permanece sentada, concentrada em sua refeição. Jana se aproxima de Genivaldo e lhe dá um beijo afetuoso.

 

ELIETE

(sarcasmo)

- Chegou a morta de fome. Marcou a hora certa de filar boia, hein?

 

JANA

- Não se preocupe, viu Eliete? Já jantei antes de vir. Não tô aqui pra "filar boia" nenhuma.

(virando-se para Genivaldo)

- Queria conversar um tiquinho com senhor, painho.

 

Genivaldo se levanta prontamente, com um sorriso no rosto.

 

GENIVALDO

- Claro, meu amor. Vamos sentar ali no sofá.

 

ELIETE

- Oxente homem, nem terminou de jantar! Capaz da comida fazer até mal, viu?

 

JANA

- Pode terminar primeiro, meu pai, não tô com pressa.

 

GENIVALDO

- Já tô satisfeito, filha. Ficar mais tempo nessa mesa aqui pode me dá má digestão. Não sabe?

 

Genivaldo segue Jana para a sala de estar, enquanto Eliete se levanta e começa a recolher os pratos da mesa.

 

ELIETE

- Giovana, deixa essa menina com a mãe dela e venha cá me ajudar.

 

GIOVANA

- Deixe de aperrei minha mãe, já já faço isso aí.

 

ELIETE

- Eu aperriada? Humm! Se for deixar pela boa vontade de cês, a louça passa a noite toda na pia. Fazer o quê, né? Deixa que a escrava Isaura aqui faz tudo.

 

Eliete vai para o rumo da pia com algumas louças nas mãos. Giovana balança a cabeça negativamente, com Maria ainda nos braços.

 

CENA 06/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ NOITE

Genivaldo e Jana sentam-se no sofá, criando um ambiente mais íntimo para a conversa que está por vir.

 

GENIVALDO

- Agora me diga, tá avexado por quê?

 

JANA

- É sobre Paulo, meu pai. Fui ao cartório com ele, colocamos o nome dele nos documentos de Maria. Definitivamente, agora ele é pai dela.

 

GENIVALDO

- E não era o cê queria?

 

JANA

- Sim, claro que queria. Isso só faz bem pra Maria. Ele tá sendo um pai tão carinhoso, amoroso... Que senhor tem que ver, viu?

 

GENIVALDO

- Então me diga filha, o que lhe preocupa?

 

JANA

- Nós dois. Ele não quer ser só o pai de Maria, né? Ele quer voltar a viver comigo também. Desde que Paulo reapareceu que fiquei dividida, não sabe? Não sei o que fazer meu pai.

 

Genivaldo reflete por um momento e, com calma, responde à filha.

 

GENIVALDO

- Não preciso perguntar o óbvio, tá na cara que cê ainda o ama. Oh minha linda, em situações como essa, o melhor conselho que posso lhe dar é que ouça seu coração. Ele sabe o que é melhor pro cê. Analise suas opções, pense nos prós e contras, mas, no final das contas, siga o que sua intuição lhe diz.

 

Jana olha para o pai, buscando consolo e sabedoria em suas palavras.

 

JANA

- Oh painho, aí que tá viu? Meu coração pede para eu me jogar de cabeça. Pra esquecer tudo e recomeçar do zero. Mas minha intuição me alerta a ter cautela. Eu não posso simplesmente esquecer o que aconteceu, né mesmo? Quando olho pra Maria e começo a imaginar que, se eu fizesse o que ele queria, ela não estaria aqui comigo... No mesmo instante, um sentimento de ódio, rancor e raiva de Paulo toma conta de mim.

 

Genivaldo segura as mãos de Jana, transmitindo segurança e afeto.

 

GENIVALDO

- Olhe Filha, só cê sabe o que sentiu naquele momento, assim como só cê sabe o que é melhor pro cê e pra Maria hoje. Avalie os sentimentos que existem entre vocês, pondere as experiências do passado e siga o caminho que lhe parecer mais verdadeiro, né? Só não deixe que esses sentimentos ruins sobreponham aquilo que é bom. Agora, se cê me permite um conselho mais direto, dê mais uma chance pra Paulo. Cês têm uma história de mais de dez anos juntos, merecem uma nova chance. Não acha não?

 

 

 CENA 07/ EXT/ PLANO GERAL

A cena começa com Salvador à noite, suas luzes cintilantes e o Farol da Barra destacando-se no horizonte escuro. A cidade histórica ganha vida com música e animação nas ruas do Pelourinho. À medida que a noite avança, a brisa do oceano acalma a cidade. Com o nascer do sol, o céu se transforma em cores quentes, pintando a paisagem. O Farol da Barra brilha sob a luz dourada do amanhecer. A cidade começa a despertar, as praias ganham vida, e Salvador se prepara para outro dia.

 

 

 CENA 08/ INT/ APT. DA CÁSSIA/ QUARTO/ DIA

Maurício está se arrumando, preparando-se para sair. Cássia entra no quarto e se aproxima dele, com uma cartela de Viagra em suas mãos. Ela expressa preocupação e questiona.

 

CÁSSIA

- Venha cá Mauricio, que significa isso, hein? Por que cê tomou isso, me diga?

 

Maurício, um pouco desconcertado, olha para Cássia e explica sua frustração.

 

MAURÍCIO

- Eu ouvir cê no banheiro. Aliás, eu sempre ouço quando cê tá no banheiro. Cássia, não aguentava mais lhe ver se masturbando e não conseguir satisfazer suas necessidades. Eu me senti impotente e culpado.

 

Cássia se aproxima de Maurício e o olha nos olhos, com compreensão e carinho.

 

CÁSSIA

- Maurício, tô com cê porque lhe amo, viu? E quero que cê esteja comigo pelo mesmo motivo, porque cê me quer, porque deseja tá comigo. O sexo é importante, mas há tantas outras qualidades no cê que lhe fazem um companheiro maravilhoso. Não quero que se sinta pressionado a tá comigo apenas pra me satisfazer sexualmente. Quero que seja uma escolha mútua, movida pelo desejo de ambos, não por culpa ou obrigação.

 

MAURÍCIO

- Sei disso, cê tá certa. Mas não aguentava mais lhe ver subindo pelas as paredes, de tanto desejo e eu não fazer nada... Porém, o que aconteceu no banheiro, não foi bom pra mim. Me senti muito mal depois.

 

CÁSSIA

(curiosa)

- Venha cá, só me responde uma coisa. Era nela que cê pensava quando tava comigo no banheiro, não foi?

 

Maurício vira-se de costas para Cássia, hesitando em responder.

 

MAURÍCIO

- Oxente, que isso? Claro que não.

 

CÁSSIA

- Cê me chamou de Beatriz por duas vezes. Mas eu tava tão afim que nem dei importância a isso.

 

Maurício se vira olhando nos olhos de Cássia.

 

CÁSSIA

- Não era comigo que cê estava naquele banheiro, e sim com ela. Por isso não foi bom, pois quando cê gozou se deu conta. Eu vi a mudança no seu semblante na hora.

 

MAURÍCIO

- Cássia...

 

Maurício tenta falar, mas Cássia levanta a mão, interrompendo-o.

 

CÁSSIA

- Escute Maurício. Se acontecer novamente, quero que cê esteja comigo, pensando em mim. Se surgir desejo sexual entre nós, que seja naturalmente, sem pressões. Caso contrário, vamos buscar outras formas de nos conectar e nos satisfazer. Já sabia de sua condição antes de entrar nesse relacionamento, né mesmo?

 

Cássia um pouco decepcionada, acaricia o rosto de Maurício e o beija suavemente.

 

CÁSSIA

- Termine de se arrumar, já estamos atrasados.

 

 

Cássia sai do quarto, deixando Maurício pensativo em suas próprias reflexões.

 

 

 CENA 09/ INT/ FACULDADE/ SALA DE AULA/ DIA

Uma sala de aula espaçosa, com carteiras organizadas em fileiras. Os alunos estão sentados, atentos, enquanto a professora, uma mulher madura e carismática, está em pé na frente da sala, segurando um livro e com um quadro branco ao fundo. Giovana está sentada na fileira da frente, com livros e cadernos abertos.

 

PROFESSORA

(com entusiasmo)

- Bom dia, turma! Hoje vamos mergulhar no fascinante mundo da psicologia do desenvolvimento. Vamos entender como os indivíduos evoluem e se transformam ao longo da vida.

 

Giovana, concentrada, olha para frente, pronta para aprender. Nesse momento, a porta da sala se abre lentamente e um rapaz adentra a sala, um jovem negro de aproximadamente 23 anos, com cabelos curtos e bem cuidados. Seu sorriso revela dentes brancos e um charme cativante. Ele veste uma camiseta casual, jeans e tênis, transmitindo um estilo descontraído e confiante. Ele olha ao redor e escolhe uma carteira vazia, que fica no fundo da sala. Giovana sente uma vibração estranha e vira a cabeça para trás. Seus olhos encontram os do rapaz, e eles trocam um olhar breve, mas significativo. Ambos sorriem timidamente antes de ela voltar sua atenção para a frente da sala.

A professora continua sua explicação, usando gestos expressivos para enfatizar seus pontos.

 

PROFESSORA

- A psicologia do desenvolvimento estuda os processos de mudança que ocorrem desde o nascimento até a idade adulta. Nós nos concentramos nas áreas cognitiva, emocional e social do indivíduo.

 

Giovana faz anotações em seu caderno. Enquanto isso, o rapaz na fileira de trás também está prestando atenção na explicação da professora, mas ocasionalmente desvia o olhar para Giovana. A aula prossegue, e Giovana decide olhar para trás novamente, dessa vez encontrando o olhar do Rapaz já esperando por ela. Eles trocam um sorriso caloroso, transmitindo uma conexão mútua. Giovana volta sua atenção para a frente, ainda sorrindo, enquanto a professora conclui sua explicação.

 

PROFESSORA

- E é assim que compreendemos a importância da psicologia do desenvolvimento em nossa prática como futuros psicólogos. Essa compreensão nos permite auxiliar nossos pacientes em suas jornadas de crescimento e amadurecimento.

 

 

CENA 10/ INT/ CLINICA BIO IN VITRO/ LANCHONETE/ TARDE

Jana e Cássia estão sentadas em uma das mesas da lanchonete da clínica, desfrutando de um momento de pausa entre os atendimentos. Jana está visivelmente preocupada, enquanto Cássia ouve atentamente suas palavras.

 

JANA

- Painho acha que devo reatar com Paulo. Tô tão confusa, Cássia. Sabe o que me deixa mais revoltada? A praticidade de Paulo quando me viu grávida. Ele simplesmente sugeriu que eu eliminasse Maria. Ave Maria, meu Deus, como alguém pode ser conveniente em tirar a vida de um ser inocente.

 

CÁSSIA

(cautelosa)

- Jana, não acha que cê tá sendo um tanto radical demais?

 

JANA

(cruzando os braços)

- E radical em que sentido, me diga? Vai me dizer que cê ainda concorda com o aborto?

 

CÁSSIA

- Sabe, Jana, pra mim aborto é uma questão muito complexa e pessoal. Eu mesma acho que não teria coragem de fazer um aborto, mas defendo que as mulheres tenham o direito de escolher o que fazer com seus corpos. Né não? Cada situação é única, e acredito que elas devem ter acesso a opções seguras e legais, sim.

 

JANA

- É o quê, Cássia? E quem aqui tá falando do corpo da mulher? Tô falando é do corpo da crinaça. A vida começa desde a concepção, o aborto é um ato que interrompe o desenvolvimento de um ser humano, e isso vai contra os meus princípios. Não consigo entender, pra mim é assassinato do mesmo jeito.

 

 

Nesse momento, Beatriz, se aproxima da mesa onde as duas estão sentadas e cumprimenta-as com um sorriso. Jana e Cássia retribuem o cumprimento.

 

BEATRIZ

(apontando para a cadeira vazia)

- Olá, meninas! Posso me sentar aqui com cês?

 

JANA

- Claro, Doutora! Fique a vontade.

 

CÁSSIA

- Estamos aqui discutindo sobre aborto Dra. Beatriz. Jana como sempre é radical sobre esse assunto. Eu já acho que deveria ser liberado. As mulheres tem que ter autonomia em decidir se querem ou não ter filhos. Se elas decidirem não querer, deveriam ter um atendimento digno pra poder interromper a gestação. Que cê acha?

 

BEATRIZ

- Humm! Oxente Cássia, mas as mulheres têm essa autonomia. Muitas vezes criticadas, de fato, por conta do machismo. Mas mesmo assim, ainda temos. Eu, por exemplo, decidi não ter filhos. E me cuido pra que isso não aconteça. Existem inúmeros meios contraceptivos para isso.

 

CÁSSIA

- Oxe Dra. Beatriz não tô entendendo. A senhora também é contra a liberação do aborto, é?

 

BEATRIZ

- Completamente! Essa nunca foi a solução, apenas um ato de egoísmo.

 

CÁSSIA

(surpresa)

- Nossa, confesso que tô surpresa com sua resposta Dra. Beatriz, cê sempre foi tão feminista.

 

BEATRIZ

- Sou feminista mesmo. E acho que toda mulher deveria ser feminista. Mas tô aqui falando do feminismo que é contra o machismo, e não o feminismo que quer se igualar ao machismo, como já vi muito por ai... Vou contar aqui uma história. Tenho uma amiga chamada Alessandra, que no tempo da faculdade a gente saía muito pra beber, paquerar também que a gente não é boba, né? Um certo dia a gente tava saindo de um barzinho, rindo naquela algazarra toda. E todo rapaz que passava pela calçada Alessandra mexia, alguns se empolgavam e vinha todo assanhado pro lado dela, outros ficavam sem graça. Aí veio um rapaz muito bem vestido, todo social, camisa por dentro da calça, e bem sério. Ao passar perto de nós Alessandra simplesmente passou a mão na bunda dele, chamando ele de gostoso, e que faria loucuras com ele e tudo mais. Olhe só, cê que acha? O rapaz ficou muito sem graça, e saiu bem constrangido. Eu chamei a atenção de Alessandra, afinal achei aquilo bem invasivo. Ela se defendeu me perguntando “Porque os homens podem fazer isso com as mulheres, e nós mulheres não podemos fazer o mesmo?”.

 

CÁSSIA

- Mas tá certo não? Concordo com Alessandra. A gente sofre esse tipo de abuso todos os dias nas ruas. Aí quando é com eles não podem, é?

 

BEATRIZ

- Aí que tá, Cássia. Essa é uma atitude escrota, que não pode mais ser aceitável. Não é as mulheres se tornando escrotas como a maioria dos homens que vamos conseguir mudar o que tá errado. E isso também pode ser levado para a nossa discussão inicial. O que a maioria das mulheres reclama? Que quando a mulher engravida, o homem joga toda a responsabilidade em cima dela. Sem saída e sem apoio, elas não conseguem ver alternativa a não ser o aborto.

 

JANA

- Pois é Doutora, penso assim também. Por ter pais escrotos as crianças perdem o seu primeiro direito, o de nascer.

 

BEATRIZ

- O sexo sem proteção pode trazer outras consequências além da gravidez indesejada. Existem coisas muito mais sérias em jogo, como as DSTs. Venha cá, vamos supor uma coisa. Uma jovem tem relação com um cara, não se protege e acaba contraindo o HIV, por exemplo. Ela terá que viver o resto da vida com essa doença, tomando coquetel e uma série de medicamentos. Agora me diga. Quem foi o irresponsável em questão? Só o rapaz? Quem terá que arcar com a responsabilidade agora? O corpo é dela, e ela é quem tem que prevenir. Depois que o mal tá feito, minha linda, não adianta mais procurar o culpado. Além disso, o aborto, mesmo sendo legalizado em algumas situações, pode acarretar riscos à saúde da mulher, tanto física quanto emocional. É importante lembrar que existem métodos contraceptivos eficazes disponíveis para evitar uma gravidez não desejada.




 CENA 11/ EXT/ PLANO GERAL

A cena começa com uma vista do Farol da Barra ao entardecer, com pescadores guardando suas redes. Em seguida, mostra o Pelourinho em pleno dia, com vendedores de acarajé, turistas e música ao vivo nas ruas. À noite, a Praça da Sé é iluminada, e as pessoas desfrutam de comidas típicas e música ao vivo. A cena se move para a Ladeira da Barra, onde dançarinos de capoeira se apresentam, e os bares à beira da praia animam a noite. A transição termina com uma vista panorâmica do Elevador Lacerda, mostrando a vida noturna vibrante de Salvador.

 


    CENA 12/ INT/ CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ NOITE

Jana está sentada no sofá, entretida em seu celular, jogando o clássico jogo da cobrinha. Paulo se aproxima.

 

PAULO

(brincalhão)

- Dormiu! Resistiu, mas consegui dominar a fera. Agora, acho que tá na hora de eu ir embora, né?

 

Jana aponta para o sofá batendo levemente no espaço ao lado dela, convidando-o a sentar

 

JANA

- Venha cá, senta aqui!

 

Paulo prontamente se senta ao lado de Jana, esperando para ouvir o que ela tinha a dizer.

 

JANA

- Paulo, pensei muito sobre tudo o que aconteceu entre nós. Apesar de todas as mágoas e decepções.... Ainda sou completamente apaixonada por você. Vendo cê aqui cuidando tão bem de Maria, parece que tô vivendo um sonho. Era assim que eu sonhava com nossa família desde o inicio. Paulo, estou disposta a tentar de novo.  Se cê quiser, pode voltar pra cá.

 

Paulo olha para Jana, surpreso e emocionado com a decisão dela. Ele se aproxima lentamente, colocando suavemente o cabelo dela por trás da orelha.

 

PAULO

(com brilho nos olhos)

- Oh, Jana! Tudo que mais quero é voltar pra cá, junto de minha família. Conviver com cê, com Maria. Também sou muito apaixonado por cê, meu bem. Me perdoe pelo o babaca que fui, viu?

 

JANA

(rindo)

- Virou passado, vamos nos concentrar de agora em diante. Lhe amo muito, seu bobo!

 

Jana e Paulo se olham carinhosamente, deixando a emoção do momento tomar conta deles. Suas mãos se entrelaçam e eles se aproximam cada vez mais, acariciando um ao outro. Finalmente, se beijam, selando o acordo de dar uma nova chance ao relacionamento.

 

 CENA 13/ EXT/ PLANO GERAL

A cena inicia com uma vista noturna da Baía de Todos os Santos em Salvador, com as luzes da cidade cintilando na água. A transição acontece em um time-lapse, mostrando o nascer do sol, tingindo o céu de laranja e rosa, enquanto as estrelas desaparecem.

 

 CENA 14/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ QUARTO DA GIOVANA/ DIA

 

Giovana está sentada em sua cama, imersa em um livro, quando Eliete se aproxima com uma expressão séria e se senta ao seu lado.

 

GIOVANA

- O que é agora minha mãe, diga lá?

 

ELIETE

- Minha filha, fiquei pensando e fiquei curiosa. O que cê planeja pro seu futuro, hein?

 

GIOVANA

- Olhe mainha, quando a senhora começa com esse interrogatório dá até medo, viu?

 

ELIETE

- Oxente, ainda sou sua mãe, não sou? Será que não posso saber o que a minha filha planeja para o futuro dela?

 

GIOVANA

- Pode, a senhora pode. Então vamos lá, né? Pretendo terminar minha faculdade, talvez abrir um consultório de psicologia...

(com entusiasmo)

- Mas o que planejo mesmo é montar uma casa pra apoiar mulheres em situações vulneráveis.

 

ELIETE

- Mas pra que isso, Giovana?

 

GIOVANA

- Oxe, pra quê? Pra ajudar essas mulheres que sofrem abuso, violência, são abandonadas pela sociedade. Enfim, um lugar onde essas mulheres podem achar refúgio e apoio.

 

ELIETE

- Gesto bonito esse seu, viu? E casamento, minha filha? Cê não pretende casar, ter filhos?

 

GIOVANA

- Tá curiosa, hein dona Eliete? Olhe, não descarto essa possibilidade, mas tá longe de ser meu foco, viu? Minhas prioridades é terminar minha faculdade, seguir minha carreira e me estabelecer financeiramente. Se em meio a isso aparecer alguém que me interesse, quem sabe né?

 

ELIETE

- Meu Deus, como uma mulher não sonha em construir uma família? Isso é até pecado, viu Giovana?... Mas venha cá minha filha, me tira uma dúvida. Quem é o pai do filho daquela sua amiga Laura, filha do pastor Moisés? Sei que cê sabe.

 

Giovana suspira, sabendo que a revelação poderia gerar conflitos.

 

GIOVANA

- Mainha vou lhe falar, senhora tem uma perguntas, viu? Mas vou lhe responder, tá? Laura tá casada com uma mulher. Ela e sua esposa decidiram ter um filho juntas, através de métodos que não envolvem nenhum pai.

 

Eliete fica chocada com a informação, incapaz de entender ou aceitar.

 

ELIETE

- Isso é um absurdo, meu Deus! Como uma menina que é filha de pastor possa ter ido para um caminho desses? Não consigo entender como uma criança pode crescer sem a figura paterna. É contra os princípios divinos!

 

Giovana sente a tensão crescer entre elas, e sua paciência começa a se esgotar.

 

GIOVANA

- Oxente minha mãe, o que tem isso de absurdo? Duas pessoas que se amam e resolveram ter um filho. Laura e Ravena são pessoas maravilhosas e capazes de proporcionar um ambiente amoroso e seguro para sua filha. Não há nada de absurdo nisso.

 

ELIETE

- O demônio é mesmo astuto. Como pode meu Deus, alguém ver isso e achar normal? Isso é pecado é contra a natureza divina.

 

GIOVANA

- Olhe, não vou discutir mais isso com a senhora, tá sabendo? Poderia me dá licença, preciso estudar?

 

ELIETE

(curiosa)

- Oh filha, venha cá, me responde só mais uma coisa... Cê... Cê já ficou com mulher, também?

 

GIOVANA

- Nunca fiquei com mulher, e também nunca fiquei com homem. Tá satisfeita?

 

ELIETE

- Graças a Deus! Faz bem, tá se guardando pro seu marido.

 

GIOVANA

- Não tô me guardando pra ninguém, minha mãe. Apenas ainda não me sentir a vontade em ter relações com ninguém. Por favor, mainha, ainda tenho muita coisa pra estudar.

 

ELIETE

- Vá bem, bom estudo pro cê!

 

Eliete sai e Giovana respira fundo depois do interrogatório de sua mãe.

 

    CENA 15/ EXT/ CASA DA JANA/ BANHEIRO/ TARDE

Paulo brinca com Maria enquanto a banha. Ela está sentada em sua banheira, e Paulo bate com a mão na água, fazendo pequenos respingos. Maria ri timidamente, parecendo ter um pouco de medo de Paulo. Nesse momento, Jana aparece no banheiro com a toalha de Maria nas mãos.

 

JANA

- Agora já chega, né? Já tomou um banhinho com painho, agora vamos sair desta banheira pra tomar um leitinho e poder dormir.

 

Paulo sorri e se vira para pegar a toalha com Jana.

 

PAULO

- Me dá a toalha aí, meu amor. Pode deixar que cuido de Maria.

 

Jana se aproxima da banheira e começa a enrolar Maria na toalha, tomando cuidado para não deixar a pequena ficar com frio.

 

JANA

- Não, deixe que eu mesma cuido de minha filha. Cê vai pegar uma lista de compras que deixei em cima da mesa da cozinha e vai ao mercado comprar umas coisas que tão faltando. Viu?

 

PAULO

- Tá certo, então. Vou só trocar de roupa aqui, que Maria me molhou todo.

 

Paulo sai do banheiro e vai em direção ao quarto para trocar de roupa. Jana pega Maria nos braços, ainda enrolada na toalha, e a leva também para o quarto. Ela coloca a pequena na cama e começa a secá-la com cuidado. Ao secar Maria, Jana nota que a genitália da bebê continua assada.

 

JANA

- Oxente, Paulo! Tenho que ver com a pediatra de Maria, essa pomada que ela passou não tá fazendo efeito, Maria continua assada.

 

Paulo, que está ao lado do guarda-roupa trocando a camisa, olha assustado para Jana, demonstrando preocupação.

 

PAULO

(sem graça)

- Não é preciso relatar isso pra pediatra, meu amor. A culpa foi minha, viu? Me esqueci de passar a pomada nas últimas vezes que a troquei.

 

JANA

- Ave Maria, Paulo! Não pode esquecer de passar essa pomada não, nego. Tem que acabar logo com essas assaduras.

 

PAULO

- Cê tá certa, na próxima vez já vou deixar a pomada do lado das fraldas, pra não esquecer. Tô indo lá no mercado.

 

Os dois se despedem com um beijo e Paulo sai do quarto. Jana continua trocando Maria, cuidando das assaduras com delicadeza.

 

JANA

- Tadinha, né mainha? Tá aí toda assada. Vamos cuidar direitinho de cê, meu amor.

 

 

 

 CENA 16/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ ESCRITÓRIO/ TARDE

Genivaldo está sentado em seu escritório, concentrado em terminar um projeto de arquitetura, quando Eliete entra devagar, olhando os papéis espalhados pela mesa como quem não quer nada. Genivaldo percebe o comportamento estranho de Eliete e a observa com curiosidade.

 

GENIVALDO

- O que é agora, Eliete?

 

ELIETE

- Genivaldo, cê não acha estranho o fato de Giovana nunca ter nos apresentado nenhum namorado?

 

GENIVALDO

- Ah pronto, agora vai começar a pegar no pé da menina!

 

ELIETE

- Não tô pegando no pé de ninguém. Tô lhe alertando sobre algo muito mais sério. Cê sabia que aquela amiga dela, a Laura, filha de Pastor Moisés, virou sapatona? Casou com uma mulher e até teve um filho, sabe lá Deus como.

 

GENIVALDO

- Sabia não. Mas não foi essa que fugiu da igreja com um rapaz?

 

ELIETE

- A própria. Pra cê ver como o demônio é ardiloso, entrou na cabeça da menina e fez ela se apaixonar por uma mulher.

 

GENIVALDO

- E o que nós temos a ver com isso, Eliete? Me diga?

 

ELIETE

- Não é possível que cê ainda não entendeu. Giovana pode ir na mesma onda, e resolver virar sapatona. Já pensou nossa filha chegar aqui agarrada com uma moça dizendo ser namorada dela? Por nosso Senhor Jesus Cristo, prefiro morrer do que ver uma desgraça dessa. Que Deus me arrebata de vez!

 

Genivaldo fica pensativo por um instante, processando as palavras de Eliete.

 

GENIVALDO

- Não fale besteira, Giovana tá é preocupada com os estudos dela, ela não tá querendo saber de namorar.

 

ELIETE

- Já lhe falei, o certo seria casar Giovana logo com Kaleb. Cê só vai me dá ouvido quando for tarde demais.

 

Eliete sai do escritório, deixando Genivaldo pensativo e com uma expressão preocupada em seu rosto. Ele continua a refletir sobre a conversa, enquanto os papéis do projeto permanecem espalhados na mesa.

 

  CENA 17/ EXT/ PLANO GERAL

Um empolgante time-lapse de Salvador começa com o nascer do sol sobre o Farol da Barra, mostrando a cidade ganhando vida durante o dia. À medida que o sol se põe, as luzes da cidade se acendem, transformando o Pelourinho em um mar de cores à noite. O time-lapse destaca a transição de dia para noite na cidade, destacando sua beleza e diversidade em segundos.

 

 

CENA 18/ INT/ APT. DA CÁSSIA/ QUARTO/ NOITE

A luz suave do abajur ilumina o quarto, criando um ambiente acolhedor e íntimo. Maurício e Cássia estão deitados juntos na cama. Cássia repousa nos braços de Maurício, enquanto ele aconchega-a com ternura. Ela começa a acariciar suavemente o peitoral dele, enquanto ele acaricia seus cabelos com dedos carinhosos.

 

CÁSSIA

(suspira)

- É tão bom ficar assim com cê. Parece que o mundo lá fora não existe, e tudo o que existe tá aqui dentro e nos pertence.

 

MAURÍCIO

- Oxente, e existe um mundo lá fora? Sabia disso não.

 

CÁSSIA

(sorri)

- Seu bobo! Cê me faz tão feliz, Maurício. Nunca vivi uma relação assim, tão suave e ao mesmo tempo tão intensa. O toque, o carinho, o beijo... Com cê tudo é tão especifico. Tão bom, poder sentir delicadamente cada parte de seu corpo. Isso tudo é diferente de tudo que já vivi em outras relações. Entende?

 

Maurício se ajeita e olha nos olhos de Cássia, enquanto alisa seu rosto.

 

MAURÍCIO

- Te quero, Cássia!

 

CÁSSIA

- Não precisa meu amor, gosto disso aqui, viu? De simplesmente tá com cê. Não se preocupe tá tudo certo.

 

Maurício joga Cássia para o lado e sobe em cima dela.

 

MAURÍCIO

- Eu sei que tá tudo certo. Mas hoje quero te sentir por completo. Quero que cê seja minha mulher. E também quero ser todo seu.

 

Maurício beija intensamente Cássia, e começa a passear a mão pelo o seu corpo. Cássia vai se deixando ser conduzida por Maurício. Ele começa a beijar o seu pescoço, ela abre a boca em meio ao prazer. Ele vai descendo em meio ao seus seios, beijando e olhando para ela. Ele vai descendo pela sua barriga, fechando os olhos e sentindo cada curva e aproveitando cada segundo daquele momento. Até chega a altura da genitália de Cássia. Ela tá de calcinha, ele vai puxando com sal boca, enquanto com as mãos puxa as laterais. Cássia levanta o quadril facilitando que ele tire sua calcinha. Ele enfia a cara entre as pernas de Cássia e lhe proporciona um sexo oral. CORTA para momentos depois. Ela de bruços, ele por cima fazendo movimentos vai vem. Ele puxa os cabelos dela, enquanto beija o seu pescoço...

 

FADE-OUT


 CENA 19/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA

FADE-IN

Jana e Cássia estão sentadas atrás do balcão da recepção da clínica, realizando suas tarefas diárias. Jana digita informações no computador, enquanto Cássia organiza algumas fichas de pacientes. Jana está animada enquanto Cássia parece distante e distraída, olhando para o horizonte.

 

JANA

- Cássia, cê não tem ideia de como tá sendo maravilhoso ver Paulo se envolvendo com Maria. Parece que tô vivendo um sonho, viu? Ele é tão carinhoso e atencioso com ela, realmente ele quer ser um pai presente.

 

Cássia, no entanto, está distante e distraída, com a mente em outro lugar. Ela mal presta atenção no que Jana está dizendo.

 

JANA

- Cássia, cê tá me ouvindo?

 

Cássia finalmente desperta de sua distração e olha para Jana, como se voltasse à realidade.

 

CÁSSIA

- Desculpe, Jana. Minha cabeça tava longe. Pode repetir o que cê tava falando?

 

JANA

- Tudo bem, o que estava falando não tem tanta importância. Me diga aí, aconteceu alguma coisa? Cê tá aí no mundo da lua.

 

Cássia respira fundo e decide compartilhar uma novidade com Jana, toda empolgada.

 

CÁSSIA

- Na verdade tô nas estrelas, viu? Aconteceu... Aconteceu o que eu mais queria. Eu e Maurício finalmente transamos.

 

Jana olha surpresa para Cássia, tentando entender o contexto da situação.

 

JANA

- Mas já não havia acontecido antes?

 

CÁSSIA

- Não, moça. Daquela vez ele fez só pra me agradar.

(empolgada)

- Mas desta vez não, viu Jana, ele quis. A gente tava ali namorando, trocando carícias e aconteceu. Ele desejou tanto quanto eu. Eu nunca tinha feito algo tão bom.

 

JANA

(rindo)

- Ual, fico feliz por cês! Isso significa, então, que Dra. Beatriz ficou no passado, né?

 

CÁSSIA

(confusa)

- Né? É o que eu penso. Se ele ficou tão a vontade comigo, é porque ele não tá tendo desejo nenhum por ela. Que cê acha?

 

JANA

- Nossa sexualidade é algo muito complexo, Cássia. Esse termo "dimessexual" é novo pra mim, não sei muito bem como funciona. Mas se ele se sentiu à vontade em ter relações contigo, é porque ele tem sentimentos por cê. De toda forma, se me permite um conselho, não deixe que o sexo se torne a prioridade na relação de cês dois. Até pra evitar que cê sofra depois.

 

CÁSSIA

- Nunca foi e não é agora que vai ser. Maurício é tão amoroso, ele me dá prazer de tantas formas que nunca imaginei sentir.

CENA 20/ EXT/ PLANO GERAL

A cena começa na Duna do Dendê, passa pelo Parque da Cidade, Ilha de Maré, Parque de Pituaçu e o Centro Histórico de Santo Antônio Além do Carmo. Um letreiro indica "Anos depois". A cena finaliza com o amanhecer, mostrando pescadores, pessoas na praia e um nascer do sol espetacular sobre o mar.


CENA 21/ INT/CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Paulo está sentado no sofá, concentrado em ler uma revista sobre carros, quando Maria, agora com 4 anos, entra correndo na sala de estar. Ela está animada, cheia de energia, com seus cabelos cacheados pulando alegremente, enquanto carrega sua boneca favorita. Ao avistar Paulo, ela para bruscamente e fica séria. Paulo ergue o olhar por cima da revista e sorri ao ver Maria. Ele joga a revista de lado e abre os braços, chamando-a.

 

PAULO

- Venha cá, venha minha princesinha!

 

Maria balança a cabeça em negação, transmitindo medo.

 

MARIA

- Não quero não painho.

 

PAULO

- Venha cá!

(apontando o rosto com o dedo)

- Só me dá um cheiro aqui.

 

 

Maria, ainda com um olhar de apreensão, se aproxima lentamente de Paulo. Ela observa cada movimento dele com uma certa desconfiança. Ela o beija, Paulo a pega no colo com cuidado, sentando-se confortavelmente no sofá.

 

PAULO

- Que foi, hein minha princesa? Tá com medo de seu painho?

 

MARIA

(ainda sem graça)

- Só quero brincar com minha boneca.

 

PAULO

- Daqui a pouco cê vai brincar com sua boneca.

 

Paulo acaricia suavemente os cabelos de Maria, ela respira fundo com o olhar assustado.

 

PAULO

- Deixa painho fazer um carinho em você? Cê é minha princesinha, gosto muito de cê. Não precisa ter medo de mim. Eu cuido direitinho de cê, não cuido?

 

Maria, ainda com um olhar receoso, balança a cabeça positivamente.

 

PAULO

- Pois então, tô aqui pra lhe proteger. É pra isso que serve os pais, né mesmo? Cê é minha filha e eu lhe amo.

 

MARIA

(receosa)

- Mas não gosto de fazer aquelas coisas.

 

Paulo para por um instante, olha nos olhos de Maria e começa a explicar.

 

PAULO

- Cê fazer aquelas coisas com outra pessoa é errado. Mas com o painha não é errado. Com o painho cê pode fazer.

 

Paulo dá uma olhada para o lado, antes de continuar.

 

PAULO

- Mas oh, esse é um segredinho nosso. Cê nunca pode falar com ninguém. Cê promete que não vai falar com ninguém?

 

MARIA

- Prometo!

 

PAULO

- Cê é minha filha e eu lhe amo muito, viu? Nunca se esqueça disso. Agora cê pode ir brincar com sua boneca, meu amor.

 

Paulo dá um beijo na bochecha de Maria e a coloca delicadamente no chão. Enquanto Maria brinca, Paulo a observa de longe, Maria lança olhares de vez em quando, mostrando sua inquietação. 








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