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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 23



Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
MARIA
PANDORA
SÉRGIO
RAUL
KIRA 


Participação Especial:
Amigos de Sérgio, CATARINA,  BRUNA, LUIZA, NADINE, HOMEM (Tião), polícia, ELZA


CENA 01/ INT/ CASA DA JANA/ QUARTO DO CASAL/ NOITE

Jana entra no quarto, visivelmente preocupada, e encontra Paulo sentado na cama, mexendo no celular. Ela suspira profundamente, chamando a atenção dele.

 

PAULO

- Tudo bem?

 

JANA

- Ando tão preocupada com Maria, viu nego? Ela vive trancada no quarto. Parece que tá sempre isolada, trancafiada em um mundinho só dela. Eu não conheço minha própria filha, e isso me assusta. Tenho medo de que algo esteja acontecendo com ela, algo que eu não percebi.

 

Paulo se sente inseguro diante das preocupações de Jana. Ele coloca o celular de lado e se levanta para abraçar a esposa.

 

PAULO

- Meu amor, Maria sempre foi assim, tímida e reservada, né? É apenas o jeitinho dela.

 

JANA

(preocupada)

- Não é bem assim, Paulo, é diferente agora. Ela parece tá se isolando ainda mais, como se estivesse construindo um muro entre nós. Toda vez que tento me aproximar, ela cria um bloqueio, como se quisesse esconder algo.

 

PAULO

- Não se avexe tanto meu bem. Oxente, esse jeitinho de Maria é até melhor, né não? Imagine se ela fosse daquelas que saem de casa à noite, sabe lá Deus por onde anda, voltando bêbada pra casa... Cê ficaria aqui de coração na mão, sem conseguir dormir, preocupada até ela voltar. Nossa filha é uma jóia rara, dedicada aos estudos, um pouco tímida, mas tá ali no cantinho dela, sem causar problemas. Não há motivos para preocupações.

 

JANA

- Cê tá certo. É que sou mãe, né? Mãe sempre se preocupa.

 

Paulo abraça Jana e fica com um olhar aflito.


CENA 02/ INT/ CLUBE/ NOITE

Raul e Giovana chegam ao clube, onde uma animada festa está acontecendo. A ornamentação da festa é deslumbrante. Luzes coloridas e um grande lustre de cristal iluminam o espaço. Mesas elegantes com toalhas brancas e douradas são decoradas com arranjos de flores de rosas vermelhas e lírios brancos. Um carpete luxuoso reveste a pista de dança, e uma passarela de vidro com luzes de LED leva ao centro. Além disso, a festa conta com uma piscina deslumbrante, cercada por velas flutuantes que criam um ambiente romântico e mágico. A piscina reflete as luzes e a decoração, adicionando um toque especial à atmosfera da festa.

 

 

GIOVANA

- Ave Maria, Raul! Olhe isso que festa mais linda. Logo se ver que é de gente chique, tô até me sentindo um peixinho fora d’água.

 

RAUL

- Oxe, então estamos no lugar certo, porque também somos chique, né meu bem?

 

Giovana dá um tapinha amigável no braço de Raul, rindo.

 

GIOVANA

- Seu bobo!

 

Kira se aproxima deles com um sorriso radiante, visivelmente empolgada. Ela abraça Giovana com entusiasmo.

 

KIRA

- Giovana, que bom lhe ver! Já estava aqui avexada achando que cê não viesse mais. Quer dizer, cês dois, é claro!

 

Kira se corrige rapidamente e cumprimenta Raul com um sorriso amigável.

 

GIOVANA

- Menina, mas que festa danada de linda!

 

KIRA

- Não mais linda que cê, né mesmo?

 

GIOVANA
 (sem graça)

- Que isso? Olhe quem fala. Cê é que tá linda.

 

KIRA

(amigável)

- Fiquem à vontade, viu gente? Tenho que voltar pro meus aparelhos, pois tô aqui é ralando né? Aproveitem a festa.

 

Kira se dirige para a área dos equipamentos de som, onde vai se preparar para sua apresentação. Raul e Giovana aproveitam o momento de intimidade à beira da piscina.

 

RAUL

(abraçando Giovana)

- E ela não mentiu, viu? Cê é a mulher mais linda dessa festa.

 

GIOVANA

(lisonjeada)

- Ual! Ganhei minha noite.

 

Giovana e Raul dão um longo beijo apaixonado. Kira começa a tocar, mas não pode evitar de olhar ocasionalmente na direção deles.

 

 

CENA 03/ INT/ CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE

Maria está deitada na cama, encolhida e com os olhos marejados, claramente perturbada. Seu celular repousa ao lado dela. De repente, o aparelho vibra, indicando uma nova mensagem no WhatsApp. Ela pega o celular e olha. 



Maria lê a mensagem com uma expressão de incerteza e angústia. Depois de uma breve pausa, ela simplesmente joga o celular para o lado, sem responder à mensagem. Seus sentimentos e conflitos internos a impedem de tomar uma decisão imediata sobre como lidar com a mensagem de Pandora. Maria fica ali, sozinha em seu quarto, em meio a seus pensamentos tumultuados.




 

 

CENA 04/ INT/ CASA DA RAVENA/ QUARTO DA PANDORA/ NOITE

Pandora está deitada em sua cama, com o celular na mão, observando a tela. Ela nota que Maria viu sua mensagem no WhatsApp, mas não houve resposta. Pandora suspira e olha para o teto, perdida em seus pensamentos, tentando decifrar o que está acontecendo.

 

PANDORA

(proferindo sozinha)

- O que você tanto esconde atrás desse olhar triste, Maria? Minha nossa, nunca me senti tão mexida por uma pessoa como estou por essa garota.

 

Ela se senta na cama, com a mente cheia de perguntas e incertezas, enquanto tenta decifrar o que está acontecendo entre elas.

 

CENA 05/ INT/ CLUBE/ BARZINHO/ NOITE

Kira, Raul e Giovana estão sentados em uma mesa no barzinho do clube, desfrutando do ambiente animado da festa.

 

KIRA

(agradecida)

- Olhe, muito obrigada por terem vindo, viu? A presença de cês aqui torna essa noite ainda mais especial pra mim.

 

Kira, então, aplaude Giovana, demonstrando sua admiração.

 

KIRA

(aplaudindo)

- E um grande aplauso para Giovana! Ela merece todo o reconhecimento por seu incrível trabalho no projeto CAMPA.

 

Kira olha para Raul com um sorriso travesso.

 

KIRA

- E cê, Raul, não costuma aplaudir sua mulher, não?

 

RAUL

(sorrindo)

- Oxe, faço isso o tempo todo. Né não meu bem?

 

Giovana, de maneira bem-humorada, rebate a afirmação de Raul.

 

GIOVANA

- Mentira! Ele nunca me aplaude.

 

Kira intervém com um sorriso divertido e faz uma série de elogios a Giovana.

 

KIRA

(entusiasmada)

- Olhe Raul, cê deveria aplaudir essa mulher incrível todos os dias, viu? Giovana é simplesmente deslumbrante! Uma inspiração para todos nós. Sem contar que é uma baiana arretada de linda.

 

Raul defende sua posição, em tom descontraído.

 

RAUL

- Giovana tá sendo injusta, Kira. Vivo aos pés dela, moça. Não existe marido mais fiel que eu.

 

KIRA

- Fidelidade não é tudo não, viu Raul? Fidelidade não necessariamente significa felicidade.

 

GIOVANA

(convicta)

- O ideal é ser fiel e ser feliz, né mesmo?

 

RAUL

(afirmando)

- Ó pai, esse é meu caso. Sou fiel e sou feliz.

 

KIRA

(curiosa)

- E pra você, Giovana? Também é seu caso?

 

Giovana se aproxima de Raul toda apaixonada e passa a mão pelo o seu rosto enquanto fala.

 

GIOVANA

(enaltecendo Raul)

- Claro que sim! Raul é meu príncipe encantado que chegou montado no cavalo branco.

 

KIRA

(segurando o dedo)

- Ai, acho que me queimei!

 

GIOVANA

(preocupada)

- Oxente que foi?

 

KIRA

(brincando)

- Tava aqui segurando a vela, acabei queimando o dedo.

 

Todos riem. Neste momento, um dos garçons da festa se aproxima da mesa deles e fala com Kira.

 

GARÇON

- Tudo certinho, viu Kira?

 

Kira se levanta da mesa, e Giovana fica curiosa sobre o que está acontecendo.

 

GIOVANA

(curiosa)

- O que é mesmo que tá certinho?

 

Kira, com um sorriso misterioso, responde enigmaticamente.

 

KIRA

- Te avexe não, viu nega? Cê já vai saber.

 

Kira se dirige até um pequeno palco onde estão seus aparelhos de som, pega o microfone e começa a falar, revelando a surpresa que preparou.

 

KIRA

- Boa noite a todos! Um tiquinho de atenção aqui por gentileza. Antes de continuarmos com a festa, gostaria de falar sobre algo muito especial. Estamos aqui para celebrar não apenas uma noite incrível, mas também uma causa nobre. Bem ali tá Giovana, nossa convidada de honra, olhe gente, ela tem feito um trabalho excepcional com o projeto CAMPA, viu? E nós queremos apoiá-la da melhor forma possível, né mesmo? Pode trazer a surpresa.

 

Logo após as palavras de Kira, uma série de pessoas começa a entrar no clube, cada uma carregando doações para o projeto CAMPA. Giovana e Raul ficam surpresos e emocionados com o gesto generoso de Kira e dos convidados.

 

KIRA

(chamando)

- Se aperrei não, nega. Venha cá, receber suas doações.

 

Giovana e Raul se aproximam do palco maravilhados com todas aquelas doações.

 

CENA 06/ EXT/ PLANO GERAL

A cena começa à noite, com as luzes cintilantes da cidade à beira-mar, a lua cheia e o farol piscando. O mar quebra suavemente na costa. O amanhecer revela o horizonte tingido de rosa e laranja. Durante a manhã, a cidade acorda, destacando-se a arquitetura colonial e a vida nos mercados.

 

CENA 07/ INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ COZINHA/ DIA

Raimunda está organizando a cozinha, ela pega um mantimento onde guarda arroz. E tira uma foto de Laura, que estava escondida lá, e a olha com os olhos marejados, relembrando.

 

RAIMUNDA

(emocionada)

- Oh Laura, por onde cê anda minha linda?...


Nesse momento, Rebeca chega silenciosamente por trás de Raimunda, que se assusta com a presença de Rebeca.

 

REBECA

- Oxente minha mãe, mas que foto é essa aí que a senhora esconde no arroz?

 

RAIMUNDA

(surpresa)

- Oxe menina, nem vi cê chegar!

 

REBECA

- Claro que não viu, né mainha? Vê como se a senhora tava de costas?

 

Raimunda suspira fundo e mostra a foto para Rebeca.

 

RAIMUNDA

- É uma foto de sua irmã. Tem dia que a saudade aperta, viu? Me diga uma coisa filha. E cê sente falta de sua irmã, não?

 

REBECA

(entristecida)

- Olhe mainha eu gostava de Laura, viu? Mas ela foi pro inferno, né?

 

RAIMUNDA

- Oxe menina, mas que bestagem é essa? Bate nessa boca!

 

REBECA

- Mas se foi painho mesmo que disse. Que Laura abraçou o diabo e se afastou das benevolências divinas.

 

Raimunda guarda a foto de Laura novamente no pote de arroz e tenta explicar o que é uma expressão figurada.

 

RAIMUNDA

- Presta atenção aqui. Seu pai falou de uma forma figurada, não literalmente, tá entendendo? Ele quis dizer que Laura tomou escolhas erradas na vida.

 

REBECA

(sem entender)

- O que é uma forma figurada, minha mãe? Ah, já sei tipo um álbum de figurinha, né? Nem lhe falei, mas encontrei meu álbum de figurinha da Barbie. Mas não pode, né? Barbie é do diabo. Vou queimar senão vou pro inferno.

 

Raimunda percebe que Rebeca não vai compreender e decide seguir em frente.

 

RAIMUNDA

- Te aquieta! Apenas tome seu café, temos muitas coisas pra fazer hoje. Precisamos fazer uma faxina na casa antes que seu pai chegue.

 

 

CENA 08/ INT/ APT DOS REIS/ QUARTO DO CASAL/ DIA

Raul está sentado na beira da cama, calçando o sapato, enquanto Giovana está de pé diante do espelho arrumando o cabelo.

 

RAUL

- Fiquei impressionado, viu? Com a quantidade de doações que Kira conseguiu para o CAMPA. Ela realmente se empenhou muito a isso.

 

GIOVANA

- Pois não é, moço? Também fiquei impressionada, acho que o CAMPA nunca ganhou tanta coisa em uma única vez. Nem conseguir ver direito tudo o que tinha ali.

 

RAUL

- Kira chegou pra fazer diferença, né mesmo?

 

GIOVANA

(curiosa)

- Raul, o que cê acha do jeito como ela me trata?

 

Raul, surpreso com a pergunta, interrompe seu processo de calçar o sapato.

 

RAUL

(confuso)

- Como assim, meu bem? O que quer dizer?

 

GIOVANA

(expondo suas preocupações)

-É que, às vezes, ela me elogia de uma forma que me deixa meio... Desconfortável. Sempre exaltando minha beleza e coisas do tipo. Como ela é gay, fico na dúvida se ela tá apenas sendo gentil ou se talvez esteja me paquerando.

 

RAUL

(surpreso)

- Oxe, não sabia que Kira era gay.

 

GIOVANA

(explicando)

- Acabei não lhe contando. Ela me contou isso ontem. E desde então fiquei pensando sobre isso. Sabe?

 

RAUL

(refletindo)

- Bem, minha linda, acho que cê, por ser mulher, tem uma intuição mais aguçada para perceber essas coisas do que eu.

 

GIOVANA

- Mas assim, cê acha que ela pode tá dando em cima de mim?

 

RAUL

- O que você acha?

 

GIOVANA

- Acho que não, apenas o jeitinho dela. Eu vejo o jeito que ela trata a Nadine e as outras meninas que trabalham lá no CAMPA. Sempre elogiando, exaltando... Mas é que tem hora que comigo, acho que ela exagera.

 

RAUL

(sorrindo)

- Olhe que daqui a pouco vou começar e ficar com ciúme dessa Kira, viu?

 

GIOVANA

- Seu bobo! Ela não tem a menor chance, sou muito bem casada.

 

 

CENA 09/ INT/ COLÉGIO CENTRAL/ SALA DE AULA/ DIA

A sala de aula está silenciosa enquanto os alunos começam a ocupar seus lugares. Maria entra na sala, escolhendo um lugar na primeira fileira. Ela organiza seus materiais na carteira e se ajeita na cadeira, aguardando o início da aula. De repente, Sérgio entra na sala e nota Maria. Ele se aproxima dela e puxa uma cadeira, sentando-se bem ao lado dela, iniciando uma tentativa de paquera inadequada.

 

SÉRGIO

- E aí minha princesa! Tudo certo por aí?

 

MARIA

- Por favor, Sérgio me deixe sozinha vá!

 

SÉRGIO

- Vou lhe deixar sozinha, mas me responde uma coisa primeiro. Sabe o que é minha linda? Fiz uma aposta aqui com os meninos. E todos tão querendo saber. Cê ainda é cabaça, ou já perdeu a virgindade?

 

Maria fica super constrangida. Os amigos de Sérgio riem, intensificando a situação constrangedora. Sérgio até mesmo passa a mão nos cabelos de Maria.

 

SÉRGIO

- Diga aí, alguém já lhe pegou de jeito?

 

MARIA

(desconfortável)

- Por favor, me deixe em paz!

 

Nesse momento, Pandora entra na sala e percebe imediatamente o que está acontecendo. Ela se aproxima de Maria com determinação.

 

PANDORA

(preocupada)

- Maria, tá tudo bem? Precisa de ajuda?

 

SÉRGIO

- Olhe só, a outra mal chegou e já quer sentar na janela. O que tu quer o mulher macho?

 

PANDORA

(ameaçando)

- Olhe aqui garoto, não me provoque que cê não sabe o que sou capaz?

 

SÉRGIO

(zombando)

- Ai que medo, ela é braba!

 

A professora Catarina entra na sala neste momento e percebe a tensão no ambiente. Ela pede ordem à turma e começa a aula.

 

CATARINA

- Que isso mesmo? Sérgio, senta no seu lugar. Vamos todos se aquietar e dá início as aulas. Abram seus livros, vamos começar o conteúdo de hoje.

 

Pandora se senta ao lado de Maria e sussurra preocupada.

 

PANDORA

(sussurrando)

- Cê tá bem?

 

Maria balança a cabeça afirmativamente, agradecida pela intervenção de Pandora. A aula continua, e Maria consegue finalmente se concentrar no conteúdo.

 

 

CENA 10/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ ESCRITÓRIO/ DIA

Eliete se aproxima de Genivaldo no escritório com uma expressão curiosa.

 

ELIETE

- Bom dia! Como foi a noite? Depois de tantos anos dormindo juntos, né mesmo? Diga aí, qual foi a sensação de dormir longe de mim?

 

Genivaldo olha para Eliete, com uma expressão séria e reflexiva.

 

GENIVALDO

(sereno)

- Eliete, sei que pode parecer ruim, mas fiz isso como uma medida para tentar salvar nosso casamento.

 

ELIETE

(argumentando)

- Em Efésios, Deus disse: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne”.  Se cê fosse um homem de fé, Genivaldo, se seguiria a palavra de Deus e não deixaria brecha pra entrada do inimigo.

 

GENIVALDO

(recordando)

- Sabe Eliete? Lembra como cê era quando nos conhecemos? Cê era mais compreensiva, mais caridosa, tinha sua fé mas não era tão fanática. Eu estava no fundo do poço, e foi você quem me ajudou a sair dessa situação difícil.

 

ELIETE

- E hoje cê é ingrato comigo, né?

 

GENIVALDO

- Não... Não sou. E se venho trazendo nosso casamento até aqui. E porque no fundo ainda acredito em uma mudança. Cê tá aí reclamando por termos dormido em quartos separados, mas não percebe o quanto estamos distantes emocionalmente. Não é apenas sobre a cama, Eliete. É sobre nós dois. Oh minha preta, cê tá de um jeito difícil de lidar, viu?

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CENA 11/ INT/ CAMPA/ SALA DE REUNIÃO/ DIA

Giovana está liderando uma reunião com os voluntários do CAMPA.

 

GIOVANA

(agradecendo)

- Quero agradecer a todos vocês pelo incrível trabalho e dedicação que têm mostrado. É graças a vocês, que o CAMPA continua a crescer e a fazer a diferença nas vidas dessas mulheres e crianças que necessitam do nosso projeto. Um agradecimento em especial em meu nome e em nome de Raul a Kira. Através de sua festa ela conseguiu várias doações para o nosso projeto. Kira, que Deus lhe abençoe, viu minha linda!

 

KIRA

(emocionada)

- Imagine, é um prazer poder ajudar. E digo mais, isso é apenas o começo, viu?

(entusiasmada)

- Que tal organizarmos outro evento em breve? Tenho algumas ideias matutando em minha mente que poderiam nos ajudar a arrecadar fundos e aumentar nossa visibilidade.

 

BRUNA

(sugerindo)

- Acho uma ótima ideia, viu Kira? Podemos fazer uma parceria com uma empresa aqui mesmo de Salvador, para fornecer os alimentos do evento? Isso poderia reduzir nossos custos.

 

LUIZA

(adicionando)

- E poderíamos incluir uma apresentação cultural. Isso sempre atrai mais pessoas e pode tornar o evento ainda mais especial.

 

Giovana elogia as sugestões e faz questão de anotá-las para incorporá-las ao planejamento futuro.

 

GIOVANA

(elogiando)

- Vamos trabalhar bem nisso, viu meninas? Tenho certeza que com a sugestão de uma e a sugestão de outra a coisa vai render.

 

Nesse momento, Nadine entra apressada na sala de reunião, com uma expressão preocupada e excitada.

 

NADINE

(alarmada)

- Minha Gente, acode aqui rápido! Tem um homem lá fora, furioso, com um pau na mão, ameaçando destruir tudo se sua mulher não aparecer!

 

Giovana e os outros voluntários se levantam imediatamente, preocupados com a situação, e correm para ver o que está acontecendo do lado de fora.

 

CENA 12/ EXT/ CAMPA/ PÁTIO/ DIA

Giovana e os demais voluntários chegam ao pátio e se deparam com a cena tensa. Um homem visivelmente alterado segura um pedaço de pau e ameaça quebrar tudo à sua volta.

 

HOMEM

(alterado)

- Sei que aquela desgraça tá aqui! Ela saiu de casa com os meus filhos, e não saio daqui enquanto ela não aparecer!

 

GIOVANA

(sussurrando)

- Nadine, ligue pra policia imediatamente.

 

NADINE

- Já fizemos isso, já tão a caminho.

 

Giovana vai se aproximando cautelosamente.

 

GIOVANA

(calma)

- Por favor, senhor, mantenha a calma. Vou lhe ajudar a encontrar sua esposa.

 

Enquanto isso, Nadine compartilha discretamente com Giovana informações cruciais.

 

NADINE

(sussurrando)

- A mulher dele é dona Elza. Chegou aqui no CAMPA há alguns dias, machucada e com os filhos ao lado. Sabe quem é, né?

 

GIOVANA

- Sei sim!

 

HOMEM

- Que tanto cochicham aí, me digam? Oh Elza, aparece desgraça, devolve os meus filhos!

 

GIOVANA

- Tião te acalme, homem! Nós vamos lhe ajudar.

 

A tensão aumenta no pátio da CAMPA enquanto eles conversam. Nesse momento, sirenes de viaturas policiais podem ser ouvidas ao longe, anunciando a chegada da polícia. As viaturas estacionam rapidamente, e os policiais saem com seus distintivos e armas prontas para agir. Os policiais se aproximam do homem agitado, usando técnicas de contenção e persuasão. Eles conseguem cercá-lo e, com calma e determinação, conseguem rendê-lo, retirando o pedaço de pau de suas mãos.

 

 

CENA 13/ INT/ COLÉGIO CENTRAL/ CORREDOR/ DIA

Maria caminha pelo corredor da escola quando Pandora se aproxima dela.

 

PANDORA

- Tá fugindo de mim, é?

 

MARIA

(rindo sem graça)

- Não... Claro que não! Quero é lhe agradecer mais uma vez por ter me defendido lá na sala, viu?

 

PANDORA

- Imagina, fiz o mínimo. Sérgio é um completo babaca. Ele acha que pode fazer o que quiser só porque é filho do prefeito.

 

Pandora nota que Maria não está carregando seu violão como de costume. Ela faz uma observação.

 

PANDORA

(curiosa)

- E cadê seu violão, trouxe hoje não?

 

MARIA

- O violão é pesado, não dá para ficar levando sempre. Hoje deixei ele em casa.

 

PANDORA

- Estava aqui pensando. O que cê acha da gente ir a praia depois da aula.

 

MARIA

- Ah não Pandora, fico agradecida, mas não gosto muito de ir a praia.

 

PANDORA

(insistente)

- Por favor, Maria. Desde que cheguei em Salvador, não tive a chance de ir à praia. Gostaria muito de ir com você. Bora, vai ser divertido!

 

MARIA

- Nem roupa de banho eu tenho.

 

PANDORA

(entusiasmada)

- Não tem problema quanto à roupa de banho. Minha mãe vai passar para nos buscar, e podemos nos arrumar na minha casa. O que acha? Por favor, bora comigo!

 

Maria finalmente cede ao entusiasmo de Pandora, sorrindo.

 

MARIA

(concordando)

- Vá bem, então. Vou ligar pra mainha e avisar.

 

PANDORA

- Oba!

 

As duas riem e seguem juntas para a próxima aula, empolgadas com a ideia de passar um tempo juntas na praia.

 

 

CENA 14/ INT/ CAMPA/ SALA DA GIOVANA/ DIA

Elza está visivelmente abalada, chorando, e Giovana, juntamente com algumas voluntárias, a consola carinhosamente.

 

ELZA

- Sempre sofri com ele. Ele chega em casa bêbado e me bate, bate nos meus filhos, é um tormento...

 

GIOVANA

(com empatia)

- Fique tranquila, viu dona Elza? Isso agora acabou, não vai mais acontecer. Cê vai ficar aqui o tempo que for necessário.

 

ELZA

(preocupada)

- E agora o que vai ser de Tião? Ele vai ficar preso, vai?

 

KIRA

- Ainda não sabemos. O importante que vai ser pedido uma medida protetiva e ele não vai mais chegar perto da senhora.

 

ELZA

- Oh filha, fale pra polícia soltar ele. Tião é um homem bom, só age desse jeito por causa da bebida.

 

KIRA

- A polícia vai fazer o que for melhor dona Elza.

 

GIOVANA

(lembrando)

- É fundamental que estejamos sempre atentos à segurança aqui no CAMPA. Devemos tomar medidas para prevenir situações como essa no futuro.

 

 

CENA 15/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA

Jana está ao telefone, conversando com Maria.

 

JANA

(entusiasmada)

- Ah, que ótimo, Maria! Fico tão feliz que cê tenha achado uma amiga pra sair. Claro que pode ir à praia, minha linda. E não se preocupe, viu? Depois do trabalho, eu peço para o seu pai ir buscar cê.

 

MARIA

(resoluta)

- Não mainha, não é preciso painho vim. Eu pego um carro de aplicativo.

 

JANA

(rindo)

- Oxente Maria, mas que é isso? Seu pai é dono de uma frota de taxi e cê quer andar de carro de aplicativo.

 

MARIA

(insistente)

- Por favor, prefiro assim, minha mãe.

 

JANA

(compreensiva)

- Vá bem, então. Faz o seguinte, não se preocupe que depois do trabalho eu mesma vou buscar cê. Se cuida meu amor, e divirta-se bastante!

 

Jana desliga o telefone e compartilha sua alegria com Cássia.

 

JANA

- Maria tá empolgada com uma amiguinha que ela conheceu no colégio. Tô feliz viu Cássia? Finalmente minha filha tá encontrando entusiasmo para sair e se divertir.

 

 

 

CENA 16/ INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Moisés entra em casa, animado. Ele olha para a família com um sorriso caloroso.

 

MOISÉS

(abençoando)

- A paz do Senhor esteja sobre esta casa e todos que aqui habitam. Amém!

 

RAIMUNDA

(se animando)

- Amém meu varão, que bom lhe ter de volta em casa.

 

Raimunda se aproxima alegremente do marido e o beija, enquanto ajuda a acomodar suas coisas, tirando o paletó e os sapatos.

 

RAIMUNDA

(alegre)

- Me diga, como foi o congresso de pastores?

MOISÉS

(entusiasmado)

- Foi uma bênção, cada pastor cheio do fogo que tinha lá, viu? A gente orava dia e noite. E irmão Osvaldo estava mais abençoado do que nunca. Ele é realmente um servo fiel. Cheio de vigor.

 

Enquanto isso, Rebeca, empolgada com a chegada do pai, solta uma asneira de forma inocente.

 

REBECA

- Vala me Deus, painho! Então lá pegou fogo, foi?

 

MOISÉS

- Mas quem aqui tá falando de fogo, menina?

 

REBECA

- Oxente, mas não foi o senhor? Disse aí que irmão Osvado tacou fogo no senhor Vigor.

 

MOISÉS

- Rebeca, deixe eu me acomodar primeiro, antes de ouvir suas lorotas

 

REBECA

- Mas o senhor já não tá aí incomodado?

 

RAIMUNDA

- Rebeca, vai esquentar comida pro seu que deve já tá aqui morrendo de fome.

 

Moisés resmunga e reclama ao olhar ao redor da sala.

 

MOISÉS

(reclamando)

- Raimunda, o que cê fez quando estive fora? Olhe só a bagunça nessa casa! Tenho até vergonha de trazer alguém aqui, viu?

 

RAIMUNDA

(submissa)

- Oh meu varão, me esforcei tanto pra deixar tudo em ordem para a sua chegada.

 

MOISÉS

- Pois não parece.

 

 

CENA 17/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ PORTÃO/ TARDE

Maria e Pandora caminham juntas em direção ao portão do colégio, conversando alegremente sobre o plano de irem à praia.

 

PANDORA

(entusiasmada)

- Quero que me leve em uma praia boa, viu Maria? Cê que é uma baiana arretada vai me mostrar as melhores praias de Salvador.

 

MARIA

(sorrindo)

- Oxente, como lhe disse não costumo ir a praia, não sou a pessoa mais indicada para lhe apresentar as melhores.

 

PANDORA

- Eu sei, tô brincando. A gente vai ali mesmo perto do Farol da Barra. Minha mãe Laura disse que tem uma praia mais tranquila lá.

 

No entanto, quando elas se aproximam do portão, deparam-se com Paulo, que está parado ao lado de um táxi estacionado em frente ao colégio. Maria fica visivelmente sem graça e apreensiva com a presença dele.

 

MARIA

(preocupada)

- Painho... Eu e Pandora vamos a praia, mainha lhe avisou não?

 

Paulo, com um olhar frio, responde tranquilamente.

 

PAULO

(calmo)

- Sim, e vim aqui exatamente buscar cês duas. Também vou a praia.

 

Maria olha com um misto de surpresa e medo para Pandora, que também estranha a situação.

 








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