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O Preço a Se Pagar - Capítulo 17

 



Cena 01/Terreiro/Ext/Noite

Movimentação de pessoas, música. A celebração está acontecendo. O atabaque dita o 


Ritmo da dança. Tempo. Rebeca vem se aproximando, chegando mais perto de onde as 


Pessoas estão reunidas. Meirinho, que está no meio da celebração, participando, vê Rebeca e se aproxima dela. 


Meirinho – Rebeca? Que surpresa mais agradável. 


Rebeca- Oi, Meirinho. 


Meirinho – Resolveu aceitar meu convite?! 


Rebeca- Eu vim porque estava precisando me abrir com você. 


Meirinho – Todas as religiões levam a Deus! (t) Claro, vamos conversar. 


Rebeca segue Meirinho. Ela passa pela imagem de Iemanjá, que está no altar, e para, fica Mexida. 


Meirinho – É ela, não é? 


Rebeca, que estava longe, volta-se pra Marinho. 


Rebeca- Falou alguma coisa? 


Meirinho – Iemanjá, Janaína, Rainha do mar.... foi ela quem te trouxe aqui, não foi?

Rebeca- Sim. É sobre ela que eu vim falar com você, Meirinho. Além disso, eu preciso Obter algumas respostas... estão muito confusa. 

Meirinho – Vem comigo. Eu vou jogar os búzios pra você e os orixás vão te dar as Respostas que precisa. 


Cena 02/Casa Rufino/Quarto Pedro/Int/Noite

Pedro está recostado na sua cama, continuando a ler seu livro: “Pássaros Feridos”. Pedro Volta na página de abertura do livro e lê:


Pedro – “Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais Suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o Ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, Cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, Morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o Do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro para Ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento” ...”


Pedro fecha o livro e deita na cama. Fica pensativo. 


Insert da cena 02:


Pedro passa mão no rosto de Beatriz. E nesse momento, acaba esbarrando na mão de 

Rebeca. Os dois se olham. 

Fim do insert.


Pedro levanta, muito confuso, atormentado, com tudo o que está acontecendo.


Pedro - Não, não, não! 


Pedro saí do quarto, batendo a porta. 


Cena 03/Casa Rufino/Quarto hóspedes/Int/Noite

Edição: ligar com som da porta batendo da cena anterior. 

Beatriz abre os olhos de rompante. Levanta a senta na cama. 


Sonoplastia: som do estomago de Beatriz roncando.


Beatriz- Que fome! 


Cena 04/Igreja/Nave/Int/Noite 

Licurgo está deitado, em frente ao altar, de braços aberto no chão, formando uma cruz. 

Tempo. Licurgo levanta e ajoelha. Olha fixo na imagem no altar. 


Licurgo - Fiz apenas o que o Senhor mandou. Só fiz o que o Senhor mandou que eu fizesse, como o seu Rufino disse. 


Um vento forte entra pela igreja. Licurgo fica muito assustado. De repente, um buraco se 

abre no chão da igreja, no mesmo lugar onde estava deitado. Um redemoinho vermelho 

se forma nesse buraco, dando a impressão do inferno. Licurgo começa a ser sugado pra 

dentro do buraco, que é muito semelhante ao inferno imaginado pelo autor Dante, na Divina Comédia. 


Licurgo - Eu não quero ir... não quero! Socorro, socorro! 


Licurgo, que estava dormindo em um dos bancos, é acordado por Pedro. 


Pedro - Acorda Licurgo. Você tá tendo um pesadelo!


Licurgo acorda assustado. Quando vê Pedro parado na sua frente, lhe abraça com força.


Licurgo - Não quero ir pro inferno. Não quero! 

Pedro - Você não vai pro inferno não, Licurgo. De onde tirou isso? Você é bom, tem um 

coração puro. Você se está impressionado com a morte do nosso querido padre Januário. 

Licurgo - Sinto tanto a falta dele. 

Pedro - Todos nós sentimentos, Licurgo. (t) Vai pra casa e tenta dormir um pouco. 

Amanhã é um novo dia e você vai se sentir melhor. 

Licurgo - E a igreja? 

Pedro - Pode deixar que eu fecho a igreja. Vai descansar. Hoje foi um dia muito triste pra todos nos. 

Licurgo - Tudo bem então. Eu vou!


Licurgo vai embora. Pedro ajoelha no altar e começa a rezar. Instantes. Pedro escuta passos, se aproximando dele. 


Pedro - Vai pra casa, Licurgo... 

Jeferson - Precisamos conversar. 


Pedro vira-se e vê Jeferson. Pedro levanta e os dois ficam frente a frente. 


Jeferson - Uma conversa séria e definitiva! 






Cena 05/Delegacia/Int/Noite

Salatiel entra, comendo um sanduíche. Patrício está ajeitando alguns documentos. 


Salatiel - Tá servido, delegado? 

Patrício - Não, obrigado, Salatiel. Não sei pra onde vai toda essa comilança sua. 

Salatiel - Meu metabolismo é muito acelerado. Além disso, me ajuda a passar a noite em alerta.

Patrício – Salatiel, me responde uma coisa: você acha que padre Januário pode ter sido Assassinado? 

Salatiel – Eu acho que não, delegado. Quem teria coragem de fazer isso com um homem Tão querido e amado por todos como padre Januário era. 

Patrício – Nem todo mundo é como se apresenta, meu querido amigo. Aprendi isso nesse Anos na polícia, investigando casos e mais casos. 

Salatiel – O senhor tá achando que essa suposição, pode ter um fundo de verdade? 

Patrício – Meu sexto sentido de policial está piscando, me deixando em alerta de que sim. Deus permita que não. Mas no mundo em que vivemos hoje, meu caro Salatiel, não Podemos duvidar de mais nada! (t) Mas não vamos falar mais sobre isso. Hoje foi um dia Muito puxado, triste, pra todos nós... vou pra casa. Qualquer coisa, você me chama. 

Salatiel – Sim, senhor. Pode deixar que está tudo no controle agora. 


Patrício pega sua mala e vai embora. Salatiel senta na cadeira de Patrício e continua Comendo seu sanduíche, saboreando cada pedaço do mesmo. 


Cena 06/Praça/Int/Noite

Patrício vem caminhando. Lívia aparece.


Patrício – Oi, Lívia. 

Lívia – Que bom que te encontrei, pastor Patrício. 

Patrício – Patrício apenas, Lívia. Por favor! 

Lívia – Desculpe! É o costume. (t) Acabei de voltar da sua casa. Fiz uma torta de frango E deixei um pedaço pro senhor lá. 

Patrício – Aposto que meu pai vai comer tudo (risos)

Lívia – Tô achando o senhor com uma expressão cansada, preocupada. 

Patrício – Estava pensando na morte do padre Januário. 

Lívia – Uma perda lastimável. 

Patrício – Lívia, me responde sinceramente.

Lívia – O que foi?

Patrício – Você acha que alguém teria coragem de matar padre Januário, como o Licurgo Foi acusado pelo meu pai? Eu sei que meu pai tem problema mental, mas ele falou de um Jeito, com uma certeza, que por um momento.../

Lívia – O senhor achou que poderia ser verdade?

Patrício – Não gosto nem de pensar numa coisa dessas.

Lívia – O mundo hoje está tão perdido, as pessoas estão se afastando cada vez mais de Deus, com visões distorcidas sobre religião, que esse crime horrendo, não me espantaria.

Patrício – É isso que está me incomodando. 

Lívia – Mas o senhor pretende tomar alguma providência com relação a essa afirmação, Meio que sem base, que seu pai levantou? 

Patrício – Preciso de mais provas. Mas de qualquer forma, vou começar a sondar o Licurgo, o que se passou naquela noite na igreja. Ver se algum fato, algum detalhe, passou Em branco.


Lívia pega na mão de Patrício. 


Lívia – Pode contar comigo, Patrício. Conte comigo pro que o senhor precisar. 


Cena 07/Casa de Zinha/Quarto dela/Int/Noite

Zinha está na janela da sua casa, observando a cena anterior. 


Zinha – Que pouca vergonha! Essa cidade não vai demorar a ficar que nem Sodoma e Gomorra. 


Zinha fecha a cortina com raiva.


Zinha - Essa Lívia é uma desavergonhada, que fica dando em cima do Patrício. (suspirando) Um homem tão integro, correto, charmoso, bem conversado... 


Zinha percebe que está perdendo o controle, começa a sentir calores e para. Se benze, pega o terço, senta na cama e começa a rezar. 


Cena 08/Igreja/Int/Noite

Pedro e Jeferson. 


Pedro - O que você quer, Jeferson?

Jeferson - Vim te dar um aviso, Pedro: dá o fora dessa cidade, desaparece, ou você vai se arrepender amargamente se continuar aqui. 

Pedro - Eu nasci aqui, Jeferson. Minha família mora aqui...

Jeferson - Ninguém sentiu sua falta, Pedro. Você estando aqui ou não, não fez diferença pra ninguém. 

Pedro - O que você teme, Jeferson? qual é seu medo?

Jeferson - Eu não tenho medo. Muito menos de você.

Pedro - Então? Não entendo sua razão pra vir me falar isso.

Jeferson - Sua presença faz o passado vir à tona. Um passado que está morto e enterrado. E eu não quero isso. 

Pedro - Não existe nada mais entre mim e a Rebeca. O tempo passou. Cada um seguiu com sua vida. Eu me tornei padre.../

Jeferson - Mas continua sendo homem. Tem desejos, vontades, pensamentos, que podem 

ser mais fortes do que ter se tornado padre. 

Pedro - Eu e a Rebeca não temos nada. Não pode existir nada entre eu e ela. Sou um padre, Jeferson. O que existiu entre nós passou. Como aquela frase do pensador Heráclito: 

nunca podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”. Eu e a Rebeca não somos mais as mesmas pessoas. Tudo o que vivemos, ficou no passado. E cada um agora está escrevendo uma nova página no livro de nossas vidas. 

Jeferson - Só espero que assim seja, Pedro. Pro seu bem. Pois a Rebeca é minha. E não vou aceitar perde-la pra você e nem pra ninguém!


Pedro e Jeferson se encaram fixamente. Instante


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FIM DO CAPÍTULO 17





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