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O PREÇO A SE PAGAR - GRANDE ESTRÉIA

 CAPÍTULO 01 - ESTRÉIA




Cena 01/Jandaia/Praia/Pedra azul/Ext/Dia

Legenda: anos atrás... 


Pedro corre atrás de Rebeca (ambos 12 anos), brincando de um pegar o outro. Até que Pedro alcança Rebeca e os dois caem na areia e começam a rir. Tudo de maneira inocente.  

Rebeca — Você me ama? 

Pedro — Sei lá, Rebeca... Por que está me perguntando isso?

Rebeca — Quero me casar. O que você acha?

Pedro — (ESTRANHA) Casar?!

Corta para Pedro e Rebeca perto da pedra azul, de mãos dadas, um de frente pro outro. 

Pedro — O que a gente faz agora?

Rebeca — Pelo que vejo nos filmes e nas novelas temos que declarar o que sentimentos um pelo outro. 

Pedro — E o que você sente por mim?

Rebeca — Eu te amo.... E você o que sente por mim? 

Pedro — Te amo!


Cena 02/Casa Rufino/Escritório/Int/Dia

Rufino está no telefone, concentrado, conversando. 


Rufino — (TEL.) É uma honra falar com vossa Eminência.... (sorri) Novamente eu agradeço muito por ter atendido ao meu pedido... E por isso que eu liguei, pra confirmar se está tudo certo... (T) Que bom ouvir isso. Não sabe como meu coração está feliz com esse momento. Momento esse que tanto esperei e que finalmente vai se realizar... (T) Ótimo! Até daqui a pouco! 

Rufino desliga, feliz, radiante. Pega uma foto de Pedro, em cima da mesa. 

Rufino — Chegou o momento, meu filho. A hora de você cumprir sua missão, sua vocação!


Cena 03/Casa Rufino/Sala/Int/Dia

Narcisa está limpando os móveis. Rufino vem do escritório. 


Rufino — Onde Pedro está?

Narcisa — Eu vi ele correndo pra praia... com a Rebeca!

Rufino — (BRAVO) Droga! Peste de menina. 

Narcisa — Os dois se gostam muito, seu Rufino. 

Rufino — E quem te perguntou alguma coisa?! 


Narcisa abaixa a cabeça. 


Rufino — Isso acaba hoje! (P/NARCISA) A mala dele já está pronta, como eu mandei? 

Narcisa — Sim, senhor. Não vai querer que eu arrume a do senhor também não? 

Rufino — Não vou viajar.

Narcisa — Mas eu pensei que vocês dois iam.../

Rufino — Apenas o Pedro vai viajar. Vai ficar um bom tempo longe dessa cidade, onde o pecado está o cercado de toda forma. E não vou deixar que meu filho se desvirtue. Ele vai embora, antes que o pior aconteça. 


Rufino sai, batendo a porta. 


Narcisa — O que esse louco vai fazer? 

Narcisa se benze e volta a fazer seu serviço. 


Cena 04/Jandaia/Praia/Pedra Azul/Ext/Dia

Pedro pega um anel (que ele fez de folha, enrolada de forma bem firme, algo assim, bem rustico, feito ali mesmo na praia) e coloca no dedo de Rebeca. 


Pedro — Que esse anel represente o nosso amor. 

Rebeca — Que nunca vai acabar, terminar. Vai durar pra sempre! 

Rufino aparece bravo, não gostando nada de ver Pedro junto de Rebeca. 

Rufino — Posso saber o que está acontecendo aqui? 


Pedro abaixa a cabeça, demonstrando o medo e o respeito que sente pelo pai. 


Rufino — Eu fiz uma pergunta e quero uma resposta. 

Pedro — Estamos nos casando pai. 

Rufino dá um tapa no rosto de Pedro, que aguenta firme e não chora, como tem vontade de fazer. 

Rufino — Nem por brincadeira diga uma coisa dessas...

Rebeca — Nos amamos. E quando crescermos vamos nos casar de verdade, na igreja e seremos muito felizes. 

Rufino — (TOM) Nem por cima do meu cadáver, garota. Nem por cima do meu cadáver! 


Rufino pega Pedro belo braço e vai embora, arrastando-o. Pedro olha pra Rebeca, com os olhos cheio de lágrimas. Rebeca fica ali, observando Pedro ser levando embora. 



Cena 05/Casa Rufino/Sala/Int/Dia 

Narcisa acaba de colocar as malas de Pedro perto da escada. 


Narcisa — Sinto tanto por você, meu menino... 


Rufino abre a porta de rompante e joga Pedro, que caí no chão, assustado. 


Rufino — Que decepção, meu filho. 

Pedro — Qual o problema deu gostar da Rebeca, pai? Ela também gosta de mim. 

Rufino — Vocês não podem ficar juntos. O proposito que eu tenho pra você, que Nosso Senhor tem pra você, não é viver em pecado. Você, meu filho, tem a missão de se tornar um santo, um homem dedicado exclusivamente a Nosso Senhor. É esse seu caminho!

Pedro — Do que você está falando, pai? Não estou entendendo. 

Rufino — É simples, Pedro. Você vai viajar. 

Pedro — Pra onde?

Rufino — Pros braços de Deus! Pro caminho que Deus me deu a missão de te colocar, te conduzir... (T) Você vai ser padre, meu filho. Vai pro seminário! 

Narcisa — (SEM ACREDITAR) Padre? 

Pedro corre e abraça Narcisa, chorando. 

Pedro — Eu não quero ir, pai. Por favor, me deixa ficar aqui. Não quero ser padre. 

Rufino — Você não tem que escolher ou não, Pedro. Seu caminho já estava decidido há muito tempo. E chegou a hora, o dia da sua consagração. Vamos agora pro Rio de Janeiro e de lá você só volta como um padre... E fim de conversa! 


Cena 06/Casa Rufino/Frente/Ext/Dia

Rufino entrega a mala de Pedro pro motorista, que coloca no carro e em seguida abre a porta pra ele entrar. Pedro se despede de Narcisa, que está aos prantos.


Narcisa — Vai com Deus, meu menino. E saiba que eu vou estar aqui te esperando de braços abertos. 

Pedro — Eu não quero ir. Quero ficar aqui com você, com a Rebeca. 

Narcisa — Não discuta com seu pai, Pedro. Ele sabe o que é melhor pra você. 


Rufino coloca sua cabeça pra fora do carro.


Rufino — Vamos logo, Pedro. Não podemos nos atrasar! 


Narcisa despede-se de Pedro, que logo em seguida, caminha em direção ao carro, onde Rufino já o espera. Nesse momento, Rebeca aparece, perto da praça e fica observando Pedro partir. Os dois trocam um olhar languido e doloroso. Lágrimas rolam pelo rosto de Rebeca. Rufino, já nervoso, puxa Pedro.

 

Rufino — Entra logo. Antes que eu perca minha paciência. 


Cena 07/Carro Rufino/Int/Dia

Rufino, Pedro e o motorista. 


Rufino — Liga logo esse carro e vamos embora. Já estamos em cima da hora e tem uma pessoa muito importa nos esperando! 


Pedro volta-se pro para-brisa traseiro e encontra Rebeca, que continua lhe observando. 


Cena 08/Jandaia/Rua/Ext/Dia

O carro de Rufino segue pela rua. Rebeca começa a correr atrás do carro, desesperada, chorando. Pedro chora junto com Rebeca. Pedro coloca a mão no vidro do carro, como se fosse tocá-la. Mas não adianta. Estão distantes agora. 


Rufino — (OFF) Esqueça essa garota. Nunca existirá nada entre vocês dois! 

Rebeca caí no chão e fica ali, chorando. Narcisa aparece e ampara Rebeca, que sofre muito com a partida de Pedro.

Narcisa — É melhor você esquecê-lo, Rebeca. 

Rebeca — Mas eu o amo, Narcisa. Amo como nunca vou amar ninguém na minha vida.

Narcisa — O Pedro vai virar padre. Está indo pro seminário e só saí de lá ordenado!

Rebeca — Eu nunca vou esquecer o Pedro. Ele estará sempre no meu coração. 

Narcisa — Escute o que vou te dizer agora: tudo só acontece, porque tinha que acontecer. Tudo na vida já está escrito e se for pra você e o Pedro ficarem juntos, isso, em algum momento da vida de vocês, vai acontecer!


CORTA PARA...


Cena 09/Seminário/Int/Ext/Dia

Pedro está na porta do convento, com os olhos cheios de lágrimas, ao lado do padre, que o recebeu. 


Pedro — Eu não quero ficar, pai! 

Rufino não dá ouvidos ao que Pedro diz. Lhe dá um beijo na testa e o abençoa. 

Rufino — Fica com Deus, meu filho! 

Pedro observa Rufino entrar no seu carro e ir embora. Pedro olha pro padre, que está ao seu lado. 

Padre — Vai ficar tudo bem, Pedro. Você vai descobrir sua vocação e seu caminho... Deus está olhando por você! 


Pedro olha a imagem de Cristo na cruz, logo na entrada e sente que a imagem olha pra ele de volta, lhe causando certo impacto. O padre conduz Pedro pra dentro do seminário e as portas do seminário se fecham, com um som forte, pesado. 


Fusão para: 


Cena 10/Jandaia/Plano geral/Ext/Dia

Passagem de tempo.  

Legenda: Jandaia – Santa Catarina

Legenda: atualmente...


Plano geral da cidade. CAM acompanha a corrida de Licurgo pela cidade, passando pela praça, correndo em direção a igreja. 


Cena 11/Jandaia/Igreja/Int/Dia

Januário está no altar, se preparando pra missa que vai realizar. Licurgo entra apressado.

 

Januário — Já disse pra não correr na igreja, Licurgo. Deus não gosta de bagunça na casa Dele. 

Licurgo — (beijando a mão) Sua benção, padre Januário. E desculpe pela demora. Fiquei até tarde, fazendo meus santinhos. 

Januário — Tudo bem, meu filho. Ainda está em tempo. Mas vá tocar o sino. Já está na hora! 


Música: Paixão e Fé – Milton Nascimento. 


CAM volta acompanhar os passos de Licurgo, que volta correr na igreja. Licurgo volta a correr. Januário tosse, chamando atenção de Licurgo, que olha pra trás, como se desculpa-se e volta seu caminho, agora andando. 


Cena 12/Igreja/Torre do sino/Int/Dia

Licurgo chega na torre, correndo e já começa a tocar o sino, que ecoa pela cidade. Licurgo demonstra sua felicidade, de estar fazendo isso. Algo que realiza com amor, com dedicação.


Cena 13/Igreja/Int/Dia

Januário sorri, ao ouvir os sinos tocarem. Os fieis vão chegando pra missa. Zinha conversa com outra beata, enquanto seguem pra cumprimentar e pedir a benção para padre Januário, que já se prepara para começar a celebração. 


Cena 14/Jandaia/Ext/Dia

Movimentação de pessoas que vão comprar pão; abrem suas lojas; vão comprar seus jornais; Turíbio abrindo seu bar, Betânia sua loja; tudo bem típico de cidade pacata do interior. 


Cena 15/Mar/Ext/Dia

Moisés está no seu barco, preparando para jogar sua rede na água, colocando em prática toda sua experiência como um bom pescador. Conta com ajuda de Meirinho, seu fiel escudeiro. 


Moisés — Temos que voltar com a rede cheia...

Meirinho — O mar não está bom. Tô sentindo isso. 

Moisés — Vira essa boca pra lá. Tô querendo comprar um barco novo e preciso de dinheiro. 

Meirinho — Pede pra Rebeca ou pra Betânia. 

Moisés — (bravo) Vê lá se sou homem de pedir dinheiro para as minhas sobrinhas, Meirinho. Que besteira, homem! 

Meirinho — Precisamos agradar Iemanjá. 

Moisés — Você que entende disso. Eu entendendo é de colocar minha rede no bar e esperar os peixes virem. 


Moisés volta a mexer na sua rede, ajeitando-a da melhor maneira possível no mar. 


Cena 16/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Dia

Rebeca e Jeferson dormem juntos. Jeferson acorda com a luz do sol em seu rosto. Desperta, feliz. Olha pro lado e vê Rebeca. Jeferson beija Rebeca, lhe acariciando. 


Jeferson — Bom dia, meu amor!

Rebeca se mexe. 

Rebeca — Só mais dez minutinhos.... 

Jeferson fala ao pé do ouvido:

Jeferson — Te amo. 

Jeferson levanta e dá uma bela espreguiçada. 

Jeferson — Partiu praia! 


Jeferson saí do quarto. Passa uns segundo e Rebeca acorda de vez. Levanta e vai até seu guarda-roupa. De lá, tira uma pequena caixinha, bem especial e segura firme, perto do seu coração.  

Cena 17/Praia/Ext/Dia

Jeferson está parado, olhando pro mar, segurando sua prancha, admirando o belo dia que está fazendo. 


Jeferson — Não troco essa minha vida por nada! 


Jeferson corre pro mar e começa a surfar. Pegar suas ondas, como um bom surfista que é. Momento dele.


Cena 18/Posto de saúde/Consultório Rebeca/Int/Dia

Rebeca está sentada em sua cadeira, olhando pra caixinha que tirou do seu guarda-roupa e trouxe pro seu local de trabalho. Respira fundo e abre a caixinha. De dento dela, tira o anel que ganhou de Pedro, na cena 04 do capítulo. 


Insert da cena 04:

Pedro — Que esse anel represente o nosso amor. 

Rebeca — Que nunca vai acabar, terminar. Vai durar pra sempre! 

Fim do insert.


Rebeca — Um amor que nunca vai acabar... 


Cena 19/Seminário/Igreja/Int/Dia

Pedro assiste a missa, junto com os outros seminaristas, seguindo todos os ritos. Sobre as imagens, escutamos: 


Rebeca — (OFF) “Pode ser que um dia deixemos de nos falar... Mas   enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe... Mas, se a amizade permanecer, um de outro se há de lembrar. Pode ser que um dia nos afastemos... Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos... Mas, com a amizade construiremos tudo de novamente, cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento. Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. Há duas formas para viver a vida: uma é acreditar que não existe milagre, a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.”


A missa acaba e todos os seminaristas vão saindo de forma calma e serena, formando uma fila, que segue em direção a porta. Pedro é o última da fila. 


Cena 20/Seminário/Pátio/Int/Dia

Na saída da igreja, Pedro encontra com Januário, que acaba de colocar sua mala no chão e tira seu chapéu.

 

Pedro — (surpreso, feliz) Padre Januário? 


Pedro corre, como um garoto para abraçar Januário, que abre seus braços e os dois se abraçam. 


Pedro — Achei que o senhor não vinha mais me ver.

Januário — Não diga uma bobagem desse. Sempre venho quando posso. E nas minhas orações, sempre peço por você.  

Pedro — Estou tão feliz com sua visita, padre. 

Januário — Não vim apenas te visitar, Pedro. 

Pedro — Não?

Januário — Vim pra que possamos conversar... como dois amigos. Podemos? 


Cena 21/Posto de saúde/Consultório Rebeca/Int/Dia

Rebeca termina de ler o poema, muito emocionada. Lágrimas rolam dos seus olhos. E só assim se dá conta da presença de Mary, que está na porta, emocionada também. 


Mary — Que lindo. 

Rebeca — Também acho. 

Mary — Não conhecia esse seu lado poetiza. 

Rebeca — Não é meu, Mary. De Albert Einstein. 

Mary — Não sabia que ele escrevia coisas tão lindas assim. 

Rebeca — É um poema que tem tudo a ver comigo e com...(se corta) 

Mary — O Pedro. Não é nele quem estava pensando, lendo esse poema?


Rebeca reage.


FIM DO CAPÍTULO 01






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