Cena 01/igreja/sacristia/int/dia
Beatriz - Você precisa ser forte! Não só pela
Rebeca, mas por uma outra vida...
Pedro - O que está querendo dizer com isso?
Licurgo entra, apressado.
Licurgo - Desculpe a demora, padre Pedro...
Licurgo sente um clima tenso no ar.
Licurgo - Atrapalho?
Pedro - Não, Licurgo. Tá tudo bem.
Beatriz saí da sacristia.
Pedro - Vá se aprontar que logo vamos celebrar o
casamento da Rebeca e do Jeferson.
Licurgo - Pode deixar que num instante eu tô pronto!
Cena 02/igreja/corredor/int/dia
Pedro vem atrás de Beatriz, que estava indo embora.
Pedro - Você não me respondeu à pergunta que te
fiz.
Beatriz - Deus criou entre vocês uma ligação eterna,
Pedro. Que nada, nem ninguém, vai conseguir
destruir.
Pedro - Seja mais clara, Beatriz.
Beatriz - A Rebeca está grávida.
Pedro - Grávida?
Beatriz - De um filho seu, Pedro. Um filho fruto do
amor de vocês!
Pedro fica muito abalado.
Pedro - Não... isso não pode ser verdade!
Beatriz - E o que você vai fazer agora?
Pedro - Eu... eu não sei! O que você quer que eu
faça?
Beatriz - Essa é uma pergunta que você mesmo tem que
se fazer, Pedro!
Beatriz vai embora.
Pedro - (confuso) Grávida?!
Licurgo aparece, já vestido como coroinha.
Licurgo - Estou pronto!
Licurgo estranha o jeito de Pedro.
Licurgo - Tá tudo bem, padre Pedro? O senhor tá
branco igual uma vela...
Pedro está inerte, longe, e nem se dá conta da presença e
da pergunta de Licurgo.
Pedro - Preciso ter certeza disso!
Pedro saí apressado.
Licurgo - (sem entender) Aonde o senhor vai, padre?
Cena 03/casa Rufino/quarto Rufino/int/dia
Rufino está sentado na cama. Ele sente um formigamento no
pé. Aos poucos, com dificuldade, vai conseguindo mexer os
dedos. Não consegue esconder sua felicidade, emoção. Corta
para Rufino de pé, perto da cama. Com receio, mas coragem,
apoiando-se, um pouco desequilibrado, dá um passo, após
outros, mas perde as forças e senta de volta na cama. Um
sorriso gigante aparece em seu rosto.
Rufino - Assim como você fez encontrando o
diamante, Tarcísio Meira, eu faço agora,
sentindo minhas pernas, voltando andar... (grita) Yesssss!
Cena 04/quarto Tina/int/dia
Basileu dorme. Instantes. Até que acorda assustado, com o
grito de Tina.
Basileu - Tina!
Basileu vê Tina sentada no chão do banheiro, chorando. Ele
corre até ela.
Cena 05/quarto Tina/suíte/int/dia
Basileu se aproxima de Tina, muito preocupado.
Basileu - Que foi, meu amor?
Tina, muito desesperada, chorando sem parar, mostra sua mão
ensanguentada.
Tina - Estou sangrando!
Basileu se assusta.
Basileu - Vamos pro hospital... vai ficar tudo bem!
Basileu pega Tina no colo e a leva pra fora do quarto.
Cena 06/casa Rufino/frente/ext/dia
Rufino abre a porta. É Vladimir.
Rufino - Você, seu velho louco! O que quer?
Vladimir sopra uma língua de sogra na cara de Rufino.
Vladimir - Você vai se ferrar... vai se ferrar...
Rufino - Por que está dizendo isso?
Vladimir - Ela está de volta. Apareceu a Margarida...
Rufino - De quem está falando, seu biruta?
Vladimir - Veio do paraíso, mas não trouxe o Adão. A
Eva tá lá em casa. Mas não tá pelada não. Tá
vestida...
Rufino - (surpreso) A Eva tá viva?
Vladimir, em surto, saí cantando, dançando.
Cena 07/casa Rufino/escritório/int/dia
Rufino, bravo, nervoso, no celular.
Rufino - (cel.) Guto... apareça aqui agora!
Corta para Guto e Rufino conversando.
Guto - Aconteceu alguma coisa?
Rufino se aproxima mais de Guto e lhe dá um tapa.
Rufino - (tom) Seu incompetente!
Guto - O que houve?
Rufino - A Eva pode estar viva!
Guto - (reage) Viva? Como assim?
Rufino - Eu preciso saber se aquele velho biruta,
pai do Patrício, está falando a verdade. Ele
veio aqui, dizendo que a Eva está lá na casa
dele.
Guto - O senhor vai acreditar num homem louco? Já
fiquei sabendo que ele acha que é Napoleão
Bonaparte...
Rufino - Já que existe a possibilidade dela estar
viva, preciso de ter essa confirmação.
Guto - Isso é impossível. Aquelas duas estão
ardendo no inferno uma hora dessas...
Rufino - Não vou arriscar diante dessa dúvida. Vá
até a casa do Patrício e veja se ela
realmente está lá.
Guto - E se ela tiver? Posso dar um jeito nela?
Rufino - Não! Agora quem vai dar um jeito na Evasou
eu. Você não foi competente pra fazer da
primeira. Não vou confiar pela segunda.
Guto - Já provei que faço bem feito os serviços
que o senhor manda.
Rufino - Mas dessa vez falhou!
Guto - Todo mundo falha uma vez na vida, oras...
Rufino - Não discuta comigo, seu idiota! Assuma seu
erro. Agora cala a boca e me escuta: você
vai trazê-la até aqui e eu mesmo vou me
livrar dela. E será pra sempre!
Cena 08/hospital/sala espera/int/dia
Basileu, muito agitado, espera notícias de Tina. Até que um
médico aparece e Basileu se aproxima dela.
Basileu - Eu preciso de notícias da minha namorada.
Médico - Qual é o nome dela?
Basileu - Tina... ela foi levada pra sala de
exames.../
Médico olha em uma papelada que carrega.
Médico - Ah, sim. Já fizemos um exame e foi apenas
um sangramento. Mas nada que colocou em
risco a vida dela e a do bebê!
Basileu reage.
Basileu - (surpreso) Bebê?
Médico - (sem graça) Você não sabia que ela estava
grávida?
Basileu - Quando ela vai ter alta?
Médico - Ela vai passar a noite aqui. E pela manhã
eu lhe dou alta... (se afastando) com
licença.
Médico se afasta. Basileu fica furioso.
Cena 09/hospital/enfermaria/int/dia
Tina está virada de lado, pensativa. Até que sente a
presença de alguém do seu lado e vira-se, dando de cara com
Basileu.
Tina - Que susto, meu amor...
Basileu - (tom) Você me traiu, Tina!
Tina reage. Basileu sério.
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FIM DO CAPÍTULO 48
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