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ENTRE MÁSCARAS - GRANDE ESTREIA

 







Capítulo 01

CENA 1/ PRAIA DE IPANEMA/ RIO DE JANEIRO/ MANHÃ/ EXT. 

Trilha sonora: Samba do avião – Tom Jobim 

Imagens de pessoas andando na praia e tomando banho de mar, enquanto toca 

a música de Tom Jobim no fundo. 

RODRIGO (off) — Batalhei muito na minha vida para estar aqui e não vou dizer 

que tudo isso que consegui foi fácil porque não foi! 

SABRINA (off) — Mas o importante é que eu sempre estarei do seu lado, meu 

amor!

A câmera, que antes mostrava as imagens do mar, volta-se para os dois, que 

estão sentados na areia. Uma bola de vôlei bate neles. 

SABRINA (p/Diego) — Ei, você está cego?

Diego se aproxima de Sabrina e Rodrigo e, com os fixos neles, interrompe seu 

silêncio. 

DIEGO (P/ Sabrina e Rodrigo) — Desculpem! Não foi por maldade! 

RODRIGO (P/ Diego) — Da próxima vez, eu rasgo essa bola. 

Rodrigo devolve a bola a Diego, que sai envergonhado. Rodrigo e Sabrina 

retomam a conversa. 

RODRIGO — Esse povo aqui do Rio não tem o mínimo de respeito!

SABRINA — Depois não sabem dizer por que o Brasil está assim. 

Rodrigo e Sabrina trocam olhares apaixonados e se beijam. 

Corta para:

CENA 2/ MANSÃO MORAIS/ SALA DE JANTAR/ MANHÃ/ INT. 

Trilha sonora: De Bem com a Vida – Alberto Rosenblit

Glauco e Yolanda estão sentados à mesa, que está farta de comida. Aline desce 

do quarto e se junta aos pais. 

GLAUCO (p/Aline) — Tem notícias do seu irmão, filha?

ALINE (p/Glauco) — Do Rodrigo? Ah, ele deve estar de namorico com aquela 

sem graça!

GLAUCO (p/Aline) — Acho melhor você ir se acostumando, porque eles vão se 

casar e casamento está cada vez mais perto! (Limpa a boca)

ALINE — O Rodrigo faz o que quiser da vida dele. (Enquanto passa a geleia no 

biscoito). Eu sou apenas a irmã dele, mas fico preocupada porque sinto que ele 

não está fazendo a coisa certa. 

YOLANDA (Interrompe) — Rodrigo já é adulto suficiente para saber o que é certo 

e o que é errado. 

ALINE — Mas eu não estou me referindo a isso. Eu sei que ele tem 

discernimento para saber o que é certo e o que é errado. Mas o que adianta 

saber isso, se ele pode andar com as próprias pernas.... Eu não sou a mãe dele, 

nem o pai dele e nem muito menos ele. Então, eu me abstenho de opinar nesta 

casa a partir de hoje. Sei que vou ser taxada sempre como a errada da história. 

O Tempo dirá quem está certo. 

Aline sobe para o quarto, enquanto Glauco e Yolanda ficam pensativos. 

Corta para:

CENA 3/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ MANHÃ/ EXT. 

Trilha sonora: One Step Closer – Link Park 

As ruas da cidade movimentadas, filas de carros nas avenidas. Pessoas 

caminhando. Jovens andando de skate. 

corta

CENA 4/ MANSÃO CAVALCANTE/ QUARTO DE ARTHUR/ MANHÃ/ INT. 

Trilha sonora: Continua a da cena anterior. 

O computador de Arthur está reproduzindo a música do Link Park, enquanto ele 

está vestido todo de preto e tocando sua guitarra e acompanhando as batidas 

da melodia da música. Ele mexe com a cabeça para frente. 

Corta para:

CENA 5/ MANSÃO CAVALCANTE/ SALA DE ESTAR/ MANHÃ/ INT. 

Alberto, vindo da cozinha, leva as mãos aos ouvidos, diante do barulho estridente 

da música escutada por Arthur. 

ALBERTO — Quem está escutando essa música nas alturas?

Fátima, a empregada, acena aponta para cima na direção do quarto de Arthur. 

ALBERTO — Essa casa agora é assim! Eu não tenho mais autoridade. Os meus 

filhos fazem o que querem, na hora que querem. (Exaltado). Tudo isso é culpa 

de quem? Minha é que não é. Cadê Guiomar? Guiomar! Guiomar!

Guiomar entra na sala. 

GUIOMAR — O que está acontecendo? Que barulheira é essa?

ALBERTO (p/Guiomar) — Seu filho querido que está transformando nossa 

querida casa nesse inferno! Você passa muita mão na cabeça dele aí o resultado 

é esse. Esse show de horror musical. (Olha a hora que o seu relógio de pulso 

marca). Às 10 horas da manhã! Satisfeita? 

GUIOMAR (p/Alberto) — Você mal participou da educação de seus próprios 

filhos e vem me culpar por isso. Se tem alguém culpado por nossa família ser 

assim, esse alguém é você. (Aponta o dedo no rosto do marido). Não vem bancar 

de vítima ultrajada, porque, se tem uma vítima nessa história, essa vítima não é 

você! 

ALBERTO (exaltado) — Chega! Eu vou acabar com a festa desse moleque 

agora. 

Alberto sobe as escadas espumando de raiva, enquanto Guiomar o acompanha 

para tranquilizá-lo. A cena continua no QUARTO DE ARTHUR. Alberto adentra 

no cômodo, empurrando a porta, que não estava trancada, com força e pausa a 

música sem que o filho, que continua a pular e tocar guitarra, perceba. Mas 

diante do silencio que impera no quarto, ele abre os olhos e se depara com o 

pai, de braços cruzados em sua frente, e se assusta, dando dois passos para 

trás. 

ALBERTO (Franzindo a testa) — Acho que precisamos ter uma conversinha! 

Arthur observa que o pai está desafrouxando o cinto da calça, mas logo percebe 

que ele desiste de fazer o que faria. Arthur tremula de medo e nervosismo. 

ALBERTO (p/Arthur) — Eu nunca levantei a mão para bater em meus filhos. Não 

será hoje a primeira vez; mas, pelos meus gestos, espero que você tenha 

entendido o recado. Proibido músicas essa hora da manhã aqui em casa a partir 

hoje. E se estiver achando ruim, saia de casa. Você não é mais nenhuma criança 

e entende muito bem das coisas. E um outro motivo para eu não querer barulho 

nessa casa é que avô está doente. Entendido?

Durante toda a fala de Alberto, Guiomar permaneceu em silêncio. Arthur se 

acalma aos poucos e com um simples inclinar de cabeça confirma que havia 

entendido o recado do pai. Os patriarcas da família Cavalcante saem do quarto. 

Arthur deita-se na cama cabisbaixo. 

Corta para:

CENA 6/ MANSÃO CAVALCANTE/ SALA DE JANTAR/ MANHÃ/ INT

A mesa está ainda por arrumar. Sabrina e Rodrigo entram e se sentam para 

tomar café. 

SABRINA (p/Fátima) — O papai e a mamãe já foram para o hospital?

FÁTIMA (p/Sabrina) — Não foram e nem sei se vão. O teu pai está tendo uma 

discussão com teu irmão. 

SABRINA — Já até sei o que aconteceu... 

FÁTIMA (Interrompe) — Música alta! Ele estava ouvindo música alta. 

SABRINA — Arthur não aprende. Sabe que papai não gosta desse tipo de coisa 

e o provoca. 

RODRIGO (p/Sabrina) — Ele é tão diferente de você. Nem parecem ser filhos 

dos mesmos pais. 

SABRINA (p/Rodrigo) — Mas ele não era assim. Não sei o que deixou ele assim, 

mas acho que foi umas amizades que ele fez. Ele está muito rebelde. Se você 

vê os tipos de roupas que ele usa. Ele está irreconhecível. Só veste preto, umas 

tatuagens estranhas. Longe de mim ser preconceituosa, mas a sociedade 

relaciona esse tipo de coisa a bandidagem. 

RODRIGO (p/Sabrina) — Apesar de tudo, eu entendo ele. Não é fácil desafiar 

os padrões que a sociedade nos impõe. Queria eu ter 10% da coragem dele. 

Enquanto eles conversam, Fátima limpa a mesa. Rodrigo e Sabrina percebem 

que Arthur desce as escadas com rapidez, sem que Sabrina tivesse tempo de 

chamá-lo. 

Corta para:

CENA 7/ MANSÃO CAVALCANTE/ QUARTO DE PLÍNIO/ MANHÃ/ INT 

Plínio está deitado na cama, sucumbindo a uma febre grave. Clarice, sua esposa 

e mãe de Alberto, está tentando diminuir sua febre massageando sua testa com 

um pano úmido. Alberto está ao lado da cama medindo a temperatura do pai. 

GUIOMAR — Não acha melhor levar o seu pai para o hospital, meu amor?!

ALBERTO — Você tem razão. Quanto mais tempo a gente ficar aqui mais a 

infecção vai se agravar. Essa febre só está piorando. 

Sabrina e Rodrigo entram no quarto. 

SABRINA (p/Alberto) — Como está o vovô?

ALBERTO — Estamos fazendo de tudo para salvá-lo!

Sabrina segura na mão do avô, que está fervendo.

SABRINA (Emocionada) — Vovô, aguenta mais um pouco! Temos muito a viver 

ainda. Lembra de quando eu era criança e você fazia carinho na minha cabeça? 

(Sorri). Eu gostava de ouvir as histórias que você contava para eu dormisse de 

noite. 

Enquanto Sabrina fala, cai uma lágrima do olho de Plínio, que não consegue 

proferir nenhuma palavra. Ele fecha os olhos e a mão relaxa, soltando da mão 

da neta, que começa a chorar abraçada ao avô. Todos se emocionam no quarto 

com a despedida de Plínio. Rodrigo abraça o sogro e a sogra. 

Corta para: 

CENA 7/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ TARDE/ INT. 

Trilha sonora: One Step Closer — Link Park (versão instrumental)

Imagens da cidade. Bondinho passando pelo pão de açúcar. Um ambulante 

vendendo picolé a uma pessoa. Crianças brincando de futebol na rua. 

Corta para:

CENA 8/ SKATE CLUB/ TARDE/ INT.

Trilha sonora: a mesma música da cena anterior

Skatistas executam manobras na pista. Marcos executa um flip. Beatriz e Arthur 

aplaudem. Marcos encerra a sua série de manobras e vai ao encontro da 

namorada e do amigo. Ele beija Beatriz e cumprimenta Arthur. 

MARCOS (p/Beatriz) — Estou exausto, mas feliz. A próxima competição que eu 

vou participar está se aproximando e eu tenho que treinar mais que eu estou 

treinando. 

ARTHUR (interrompe) — Mas tu tais indo bem e...

MARCOS (p/Arthur) — E desde quando tu entendes de manobras de skate, 

cabeção? (ri). Se fosse música... (ri) 

Arthur acompanha o amigo e ri. Os três vão ao trailer e compram refrigerantes. 

Obs: a música se encerra aqui. 

Arthur percebe que o seu celular está vibrando. Ele retira o celular do bolso e se 

assusta. 

ARTHUR (p/Marcos) — nove ligações da minha irmã? Será que o vovô piorou?

MARCOS (p/Arthur) — É melhor tu ir para casa! Eu te levo!

Os três caminham na direção do estacionamento do clube. 

Corta para:

CENA 9/ APARTAMENTO DE DIEGO/ COZINHA/ TARDE/ INT.

Thales coloca o pão na torradeira, enquanto Diego, com sua câmera fotográfica 

em mãos, observa as fotos que tirou da praia. 

DIEGO — Hoje até que o dia proporcionou fotos bonitas. 

THALES — Próximo mês tenho um congresso de moda em Paris.

Diego vai à mesa e observa os desenhos feitos pelo seu namorado. 

DIEGO – Seus desenhos estão cada vez melhores. Ótimos vestidos! Você tem 

um talento indescritível e invejável. (pega um dos rascunhos de Thales). Olha

que incrível! Não é todo mundo que tem talento para desenhar roupas assim.

THALES — Um elogio vindo de você nem me surpreende! (Coloca uma das 

torradas na boca). Esses desenhos nem estão tão bons assim. Preciso melhorar 

muito ainda. São umas encomendas que eu tenho que entregar ainda neste 

mês... E eu tenho que ir ao ateliê amanhã. Vou organizar umas coisas. 

Eles se dão as mãos e se beijam. 

Corta para:

CENA 10/ MANSÃO CAVALCANTE/ SALA DE ESTAR/ TARDE/ INT. 

Arthur, Marcos e Beatriz entram e se deparam com Sabrina chorando abraçada 

ao namorado. 

ARTHUR (Com a voz embargada/ p/Sabrina) — O vovô piorou?

SABRINA — Ele se foi!

Arthur abraça a irmã. Marcos e Beatriz entreolham-se tristes. Marcos aproxima-

se do amigo e dá duas batidinhas em seu ombro, em sinal de conforto. 

ARTHUR (p/Sabrina) — Onde papai e mãe estão? 

SABRINA (p/Arthur) — Estão no velório. 

MARCOS (p/Sabrina e Arthur) — Se vocês quiserem, eu levo vocês ao velório

e... meus pêsames pela perda! 

RODRIGO (p/ Marcos) — Não precisa se preocupar, meu irmão! Eu levo a minha 

namorada e meu cunhado. Acredito até que o papai vá lá ainda hoje. Acho que 

ele não sabe ainda da morte de seu Plinio... talvez até saiba. Os sites de notícias 

já devem ter divulgado.

MARCOS — Então, eu vou passar em casa para tomar banho e assim que der 

eu passo por lá. Tenho que resolver algumas coisas do próximo campeonato de 

skate e outras coisas que eu tenho para resolver. 

RODRIGO — Está bem! (p/Sabrina e Arthur). Vamos!

Sabrina, Arthur e Rodrigo saem e Marcos e Beatriz o acompanham. Cada um 

segue seu destino. 

Corta para:

CENA 11/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ NOITE/ EXT. 

Trilha sonora: Lamentos – Alberto Rosenblit

Imagens das ruas e avenidas do Rio de Janeiro. Carros e motos percorrendo as 

longas avenidas, pontes e viadutos. Mostrar cartões-postais da cidade. 

Corta para:

CENA 12/ CENTRAL DE VELÓRIOS/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: a mesma música da cena anterior 

Todos estão bastante emocionados. Sabrina abraçada ao irmão e a mãe. Alberto 

de mãos dadas com sua mãe. Glauco e Yolanda chegam para confortar o amigo.

Aline chega logo em seguida. Alberto quebra silêncio, diante daquele momento 

de tristeza. 

ALBERTO (emocionado) — Uma das inspirações que eu tive na vida foi meu pai. 

Desde criança sempre o admirei. Sempre o via mergulhado no trabalho, mas ele 

amava o que fazia. Ele, além de um excelente médico, foi um pai exemplar. Nada 

do que eu construí seriam a mesma coisa sem ele. 

Todos aplaudem a fala de Alberto. Aline percebe que esqueceu o celular no 

carro. 

ALINE (p/Glauco) — Pai, o senhor poderia me dá a chave do carro. Esqueci meu 

celular lá. 

Glauco acena com a cabeça e entrega a chave do carro à filha, que vai ao 

estacionamento, onde a cena continua. Ela destrava a porta do carro e pega o 

celular, mas percebe que Glauco esqueceu o celular dele também. Ela pega e 

observa que tem três “chamadas’ não atendidas. 

ALINE — Quem é Marisa?

Aline, após pegar seu celular e do pai, fecha a porta do carro e volta para o 

velório. Ela vê a Yolanda, mas não vê Glauco. 

ALINE (p/Yolanda) — Onde está papai? 

YOLANDA — Ele estava aqui ainda agora, mas deve ter ido sei lá... ao banheiro. 

Aline avista o pai saindo do banheiro. Ela vai ao encontro dele e entrega a chave 

do carro. 

GLAUCO (p/Aline) — Achou o que queria?

ALINE (Sarcástica) — Achei e ainda encontrei coisas que eu não esperava 

encontrar... seu celular, paizinho!

GLAUCO — Obrigado, minha filha! Achei que tivesse perdido. 

No momento, em que ele estende a mão para pegar o celular, ela recusa a 

entregar. 

ALINE — Eu não vou entregar... Não antes de o senhor me falar quem é Marisa. 

Ele arregá-la os olhos em sinal de espanto. 

Corta para:

— ABERTURA —




CENA 13/ CENTRAL DE VELÓRIOS/ NOITE/ INT. 

Glauco, assustado, não consegue responder o questionamento de Aline. 

ALINE (repete) — Quem é Marisa? O senhor não me respondeu. 

GLAUCO — Esse não é o ambiente apropriado para se fazer esse tipo de 

questionamento. 

ALINE — Está bem, mas não pense que u vou esquecer. 

GLAUCO (Resmunga) — O que está querendo? Acabar com meu casamento?

ALINE — Eu nem entrei em detalhes sobre o que eu acho que é, mas eu já 

entendi quem é essa vagabunda! Mas fique tranquilo que eu não vou falar para 

mamãe. Mas ela tem o direito de saber que você está a traindo. 

GLAUCO — Você não tem nada a ver com isso. Está supondo coisa que não 

existe. Essa mulher é uma amiga de infância que está passando por um 

momento muito difícil e vive me ligando. 

ALINE (Sarcástica) — Ah, entendi! (p/si). Vou fingir que acredito! 

Glauco sai e deixa a filha falando sozinha. 

Corta para:

CENA 14/ BOATE NIGHT FEVER/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: Free my mind – Alok, 

Marcos e Beatriz dançam e se divertem, assim como todos na boate. Eles vão 

ao barman e compram duas vodcas. 

MARCOS — Só você para me alegrar agora. Em casa, a minha relação com 

meu pai tem sido insuportável. Ele me cobra para eu seguir os passos dele, mas 

eu não levo jeito para empreender. E ele não gosta do meu envolvimento com 

pautas socialistas e da minha escolha de ser esportista.

BEATRIZ — É uma pena que seu pai seja assim. Meus pais não são assim, mas 

a minha irmã é um pouco intrometida. 

MARCOS — A minha irmã é uma das pessoas com quem eu mais me identifico. 

Ela tem uma coragem invejável de enfrentar papai e mamãe. 

BEATRIZ — Aline é um amor de pessoa. 

MARCOS — Ela é legal com quem ela gosta e não é tão fácil ela gostar de 

alguém. 

Eles continuam a beber, a dançar e se beijam apaixonados. 

Corta para:

CENA 15/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ MANHÃ/ EXT. 

Trilha sonora: Lamentos – Alberto Rosenblit 

Pessoas caminhando em Ipanema e Copacabana. Imagens do bondinho. 

Pássaros voando no céu. Imagem aérea do Cristo Redentor. 

Corta para:

CENA 16/ CEMITÉRIO/ MANHÃ/ INT. 

Trilha sonora: mesma música da cena anterior 

Alberto, Guiomar, Arthur e Sabrina caminham acompanhando o cortejo. Glauco

ao lado de Yolanda, Marcos, Rodrigo e Aline também acompanham. Quatro 

homens carregam o caixão. Eles vão ao túmulo, que já está aberto. O caixão é 

colocado dentro do buraco e é coberto por terra. Todos aplaudem. Alberto e os 

filhos se emocionam. 

Corta para:

CENA 17/ MORAIS FÁRMACOS/ ESCRITÓRIO DE GLAUCO/ MANHÃ/ INT. 

Glauco, enquanto balança a caneta entre os dedos, está pensativo, com as 

pernas sobre o birô.

Insert flash da cena 13 do capítulo 01: 

Glauco, assustado, não consegue responder o questionamento de Aline. 

ALINE (repete) — Quem é Marisa? O senhor não me respondeu. 

GLAUCO — Esse não é o ambiente apropriado para se fazer esse tipo de 

questionamento. 

ALINE — Está bem, mas não pense que u vou esquecer. 

GLAUCO (Resmunga) — O que está querendo? Acabar com meu casamento?

ALINE — Eu nem entrei em detalhes sobre o que eu acho que é, mas eu já 

entendi quem é essa vagabunda! Mas fique tranquilo que eu não vou falar para 

mamãe. Mas ela tem o direito de saber que você está a traindo. 

GLAUCO — Você não tem nada a ver com isso. Está supondo coisa que não 

existe. Essa mulher é uma amiga de infância que está passando por um 

momento muito difícil e vive me ligando. 

ALINE (Sarcástica) — Ah, entendi! (p/si). Vou fingir que acredito! 

Fim do insert. 

Neste instante, a secretária entra trazendo uma bandeja de café e biscoito. 

SECRETÁRIA — O senhor está tão quieto hoje! Pensativo... Estou até 

estranhando!

GLAUCO — Problemas, problemas! Quanto mais eu tento me livrar deles mais 

eles se multiplicam. 

SECRETÁRIA — É assim mesmo, mas a gente não pode nos deixar abalar por 

eles. 

GLAUCO — É difícil!

Trilha sonora: A loba – Alcione 

A secretária limpa o birô e sai em seguida. O celular de Glauco, que está sobre 

o birô, começa a tocar. Glauco observa e vê que é Marisa e ignora a ligação. 

Corta para:

CENA 18/ APARTAMENTO DE MARISA/ SALA/ MANHÃ/ INT. 

Trilha sonora: a mesma música da cena anterior

Marisa está abraçada ao celular ao lado da amiga Ivone. Elas estão sentadas no 

sofá. 

MARISA — Acho que ele não quer mais saber de mim! Eu estou ligando desde 

ontem e ele não me atende. 

IVONE — Você precisa ter calma! Ele deve estar ocupado. 

MARISA — Ele não deixa de falar um único dia. Não responde minhas 

mensagens mais! 

IVONE — Acho que ele não largaria você sem falar nada. 

MARISA — Ele não pode me deixar desamparada. 

A música acaba aqui.

Marisa tenta ligar novamente para Glauco, sem sucesso. 

Corta para:

CENA 19/ MANSÃO MORAIS/ QUARTO DE ALINE/ MANHÃ/ INT. 

Aline está no quarto solitária e Rodrigo vem fazer companhia. 

ALINE — Às vezes eu acho que nasci na família errada... na verdade, eu tenho 

certeza. Eu sou muito diferente dessa família. 

RODRIGO — Todo mundo tem o momento que se sente assim. (senta-se na 

cama ao lado da irmã). Eu já me senti deslocado daqui. 

ALINE — Mas você ainda é muito dependente do papai e da mamãe. 

RODRIGO — Como eu sou dependente se eu tenho o meu carro, tenho meu 

emprego e tenho um apartamento que posso ir a ele na hora que quiser?

ALINE — Eu não estou falando de dependência financeira ou material, mas 

dependência emocional. Você faz de tudo para agradar eles, mas esquece da 

sua felicidade. 

RODRIGO — Mas eu consegui tudo que queria e sempre desejei. Estou prestes 

a me casar... 

ALINE — Com uma mulher que você não ama. 

RODRIGO — Que você nunca gostou da Sabrina isso todo mundo já sabe, agora 

querer dizer que eu não a amo aí você está delirando. 

ALINE — Eu convivo com você praticamente todo dia. A Sabrina pode te amar, 

mas você não a ama. 

Neste instante, Marcos entra no quarto. 

MARCOS — Estão conversando sobre amor?

ALINE (p/Marcos) — Digamos que sim... na verdade, estávamos falando de o 

quão difícil é nossa família. 

MARCOS (p/Aline) — Sempre foi e não é de hoje! 

ALINE (p/Marcos) — E ainda mais, a hipocrisia que ronda esta casa é gritante. 

Vivemos em uma moralidade de vitrine!

MARCOS — Concordo com você! 

ALINE — Para finalizar, estou desconfiada que papai tem uma amante. 

RODRIGO (p/Aline) — Por que você acha isso? 

MARCOS (Interrompe) — Não é novidade para ninguém que o casamento de 

papai e mamãe é um casamento falido. 

ALINE — Exatamente, Marcos! E ontem eu presenciei uma coisa no mínimo 

estranha. 

Insert flash da cena 12 do capítulo 1:

Todos aplaudem a fala de Alberto. Aline percebe que esqueceu o celular no 

carro. 

ALINE (p/Glauco) — Pai, o senhor poderia me dá a chave do carro. Esqueci meu 

celular lá. 

Glauco acena com a cabeça e entrega a chave do carro à filha, que vai ao 

estacionamento, onde a cena continua. Ela destrava a porta do carro e pega o 

celular, mas percebe que Glauco esqueceu o celular dele também. Ela pega e 

observa que tem três “chamadas’ não atendidas. 

ALINE — Quem é Marisa?

Fim do insert. 

RODRIGO — Marisa? Mas você conseguiu descobrir alguma coisa?

ALINE — Nada de tão relevante... apesar de que papai quis desconversar 

quando eu o questionei sobre essa mulher. 

MARCOS — Papai e suas puladas de cerca! Nem é preciso muita inteligência 

para saber que essa mulher é uma vagabunda que ele encontrou rodando 

bolsinha por aí. 

ALINE — Mas eu vou descobrir quem é ela e ninguém há de me impedir. 

MARCOS — Pode contar comigo!

RODRIGO — E comigo também!

Os três dão-se as mãos em sinal de confiança. 

Corta para:

CENA 20/ PARQUE RADICAL DE DEODORO/ TARDE/ INT. 

Trilha sonora: Crua – Otto 

Dias depois... 

Vista área do parque, onde mostra os vinte ciclistas, em alta velocidade, 

percorrendo a longa pista de terra. Tem quatro ciclistas a frente de Marcos, mas 

ele consegue ultrapassar o quarto colocado. As pessoas gritam nas 

arquibancadas e apoiam os ciclistas. Beatriz aplaude o namorado, assim como 

o amigo Arthur e Rodrigo e Aline 

BEATRIZ — O meu amor sempre dando orgulho!

ALINE — Meu irmão quando foca em algo consegue. 

RODRIGO — Meu irmão sempre me dá orgulho!

Marcos finaliza a prova em terceiro lugar. Um representante do patrocínio do 

evento organiza o pódio. Ele entrega as medalhas e troféus simbólicos para 

Marcos, o segundo colocado e o primeiro. Marcos acena pedindo o microfone e 

o rapaz o entrega. 

MARCOS — Atenção! Muito obrigado pela presença de todos... do público, dos 

meus amigos ciclistas, dos patrocinadores. (Limpa o suor do rosto). Esse é um 

evento importante que eu realizo anualmente. Nunca ganhei. (Ri). Mas este ano 

consegui finalmente uma vaga no pódio. Mas isso é o que menos importa. A 

minha alegria não está na vitória na estrada e sim nas toneladas de donativos 

que consigo arrecadar todos os anos. Muito obrigado a todos pela ajuda. 

Todos aplaudem e ele ergue o troféu que recebeu. 

Corta para:

CENA 21/ COLÉGIO PRÓXIMO PASSO/ DIRETORIA / INT./ TARDE 

Virgílio e Ágata estão organizando as pastas dos alunos. 

ÁGATA — Todo mês é sempre assim. Papeladas e papeladas. As vezes até me 

questiono se foi uma boa escolha abrir uma escola. (Ri). Devia ter seguido os 

passos da minha vó e ter sido médica. 

VIRGÍLIO — A gente está a frente de um dos maiores desafios em nosso país

que é prezar por uma educação de qualidade. Ser médica não resolveria o seu 

problema, até porque você estaria a frente de outro grande desafio do nosso pais 

que é a saúde. 

ÁGATA — Ser professora estava no meu destino mesmo. Não é todo mundo 

que tem a paciência que eu tenho, mas é o que eu amo fazer realmente. É difícil? 

É, mas é o que eu sei fazer de melhor: ensinar. 

Neste instante, Ana Clara entra, empurrando a porta com força e acaba caindo 

no chão. 

VIRGÍLIO (p/Ana Clara) — O que foi isso? Você que porque é filha dos donos da 

escola, pode entrar desse jeito aqui?

Ana Clara se levanta

ANA CLARA — Desculpa, papai! Não foi de propósito!

VIRGÍLIO — Espero que você não faça mais isso e vá para aula. O que você 

está fazendo aqui?

ANA CLARA — Vim só ao banheiro, papai! O banheiro lá de cima está 

interditado. 

VIRGÍLIO — Apôs vá e suba para a aula! 

Ana Clara vai ao banheiro.

ÁGATA — Onde está Beatriz? Depois que ela terminou o ensino médio, mal 

aparece por aqui. 

VIRGÍLIO — Ela agora vive grudada com o namorado. 

ÁGATA — Pelo menos o Marcos é uma boa pessoa e é rico. 

VIRGÍLIO — O tempo dirá o que é bom para ela. 

Virgílio se levanta e sai. 

Corta para:

CENA 22/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ NOITE/ EXT. 

Trilha sonora: Tenso leve – Alberto Rosenblit 

Mostar as ruas da cidade engarrafas de carros. Pessoas andando pelo calçadão 

de Ipanema. Pessoas conversando. Mostrar os prédios do rio de janeiro. 

Corta para:

CENA 23/ MANSÃO MORAIS/ SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: mesma música da cena anterior. 

Glauco está de pé na sala, no instante em que Marcos e Beatriz entram. 

GLAUCO — Achei que tinha esquecido que morava aqui!

MARCOS — Não estou com paciência para escutar seus sermões!

GLAUCO — E quem disse que eu vou dar sermão?

MARCOS — Ultimamente é a única coisa que o senhor tem feito em relação a 

mim!

GLAUCO — Eu me importo com meus filhos! 

MARCOS — O senhor se importar com os filhos é uma novidade! 

GLAUCO — Eu exijo respeito!

MARCOS — Eu não consigo ter respeito por alguém que não me respeita. 

Realizei uma ação beneficente hoje. O senhor compareceu? Me deu parabéns? 

Não! É esse o tipo de pai que se importar com os filhos que você diz que é? Você 

pode ser importar com o Rodrigo e com a Aline, mas comigo o senhor nunca se 

importou!

GLAUCO — Por um bom tempo achei que você fosse a pessoa ideal para me 

suceder na empresa, mas eu estou vendo que não. Você prefere investir em 

coisa sem futuro. 

MARCOS — Sem futuro é manter um casamento falido como você mantém e 

ainda sustentar uma amante! Marisa o nome dela, não é? É esse tipo de pessoa 

“exemplar” que você quer que eu seja?

Glauco estende a mão e esbofeteia o rosto do filho com violência. 

GLAUCO — Me respeite! 

Marcos leva as mãos 

MARCOS — Isso não vai ficar assim! Você não tinha o direito de fazer isso. 

(Segura na mão de Beatriz). Vamos, meu amor! Eu não fico mais nem um minuto 

dentro desta casa!

Marcos e Beatriz saem. Glauco, com os olhos fixos no filho, o observa sair de 

casa. 

GLAUCO — Aline me paga!

Corta para:

CENA 24/ CARRO DE MARCOS/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: Come as you are – Nirvana

Marcos e Beatriz entram no carro. Marcos acelera. 

MARCOS — Ele não podia ter feito isso. 

BEATRIZ — Vá com mais calma, meu amor! Você também queria o quê? Fala 

do jeito que falou com seu pai e esperava que ele fosse fazer o quê?

MARCOS — Eu não falei nenhuma mentira, falei?

BEATRIZ — Vá mais devagar!

Marcos acelera ainda mais e desvia de dois carros. 

BEATRIZ — Você está de cabeça quente! A gente vai acabar se acidentando. 

Para onde a gente está indo?

Marcos desvia de mais um carro. 

MARCOS — Para um lugar bem distante daquela merda de casa, merda de 

família. 

Marcos desvia de mais um carro e não percebe que um caminhão vem em sua 

direção. Ele vê um forte clarão, mas não há tempo de desviar. Eles gritam. O 

carro bate de frente com o caminhão e capota três vezes na avenida, caindo na 

ribanceira. Focar em Marcos e Beatriz feridos e desacordados dentro do carro.

A imagem congela e é coberta por uma máscara. 
















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