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Entre Laços Quebrados - Capítulo 03


 


Entre Laços Quebrados – 03

Criada e escrita por: Vicente de Abreu

Direção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada



CENA 01: RUA EM SANTA TERESA | RIO. EXT. AMANHECER 

Rubi e Leona saem do bordel de Morgana. As duas vagam apenas com algumas mudas de roupas em bolsa. 

Rubi ajusta seu decote, tentando esconder o olhar cansado. Leona, ao seu lado, mantém a cabeça erguida, mas seus olhos revelam uma mistura de incerteza e determinação.

RUBI: (para Leona) Para onde vamos agora?

Leona olha ao redor, tentando encontrar alguma direção.

LEONA: Não sei... Não temos para onde ir, não é?

Elas caminham em silêncio por alguns minutos. O dia começa a nascer sobre as ruas de paralelepípedos. Passam por uma praça tranquila em Santa Teresa, onde bancos de madeira se alinham sob árvores frondosas.

Rubi para e olha em volta, os olhos fixos na praça.

RUBI: Meus pés estão me matando, Leo. Acho que podemos ficar aqui por enquanto.

Leona assente, compreendendo a sugestão silenciosa de Rubi. Elas se aproximam de um dos bancos e se sentam lado a lado, observando as últimas luzes da noite desaparecerem lentamente.


LEONA: Não será fácil! Mas a partir de hoje, estaremos juntas nisso.



CENA 02: CIDADE DE BÚZIOS E RIO. EXT / INT. PASSAGEM DE TEMPO

[Trilha ON: https://www.youtube.com/watch?v=PnoDWonJMCc (The Ipanemas - San Roque)

Em vista panorâmica, o céu de Búzios se tingia de rosa e laranja enquanto o sol se despedia no horizonte, espalhando uma luz suave sobre a cidade à beira-mar. Nas ruas movimentadas, o ritmo descontraído da vida cotidiana fluía, com os moradores e turistas aproveitando os encantos da noite.

Enquanto isso, Otto e Luciana compartilhavam momentos íntimos em um café à beira da praia. Entre sorrisos cúmplices e olhares carregados de significado, a química entre eles era evidente, cada gesto e palavra fortalecendo os laços que os uniam. O murmúrio das ondas ao longe parecia ecoar o pulsar dos corações que batiam em uníssono.

Enquanto isso, em uma rua tranquila, Rubi e Leona encontravam refúgio em um modesto hotel pago por um cliente generoso. Dentro do quarto, a atmosfera era de camaradagem e cumplicidade, com as duas compartilhando histórias e sonhos enquanto dividiam os desafios da vida na cidade. Apesar das circunstâncias adversas, uma nova amizade florescia entre elas, proporcionando conforto e apoio mútuo em meio às incertezas do futuro.


ALGUMAS SEMANAS APÓS O RÉVEILLON



CENA 03: PENSÃO DE INÁ | INT. | DIA. 

Otto e Luciana estão sentados no sofá, conversando animadamente. Há uma leve tensão no ar, sugerindo uma crescente atração entre os dois. Iná, observa discretamente da cozinha adjacente, preocupada com a proximidade entre eles.

OTTO: (sorrindo) Você sabe, Luciana, desde que nos conhecemos, sinto como se houvesse uma conexão especial entre nós.

LUCIANA: (corando levemente) Eu também sinto isso, Otto. É como se nos entendêssemos sem precisar de muitas palavras.

Enquanto eles continuam conversando, Iná aparece na porta da cozinha, observando-os com uma expressão preocupada. Ela vê como a relação entre Otto e Luciana está se intensificando, o que a deixa visivelmente desconfortável.

OTTO: (gentilmente) Luciana, gostaria de saber se você aceitaria jantar comigo amanhã à noite. Há um novo restaurante na cidade que eu gostaria de experimentar, e seria ótimo compartilhar essa experiência com você.

LUCIANA: (sorrindo) Eu adoraria, Otto. Será um prazer.

Iná, ao ouvir o convite, fica ainda mais inquieta. Ela se afasta da porta da cozinha, sabendo que precisa abordar a situação delicada que está se desenrolando entre sua filha e Otto.

INÁ: (para si mesma) Isso está indo longe demais.

CORTA PARA:

COZINHA – MAIS TARDE.

A passagem de tempo é evidenciada pelo relógio na parede, marcando as horas que se passaram desde a conversa entre Otto e Luciana na sala de estar. A cozinha está agora vazia, exceto por Iná, que está sentada à mesa, perdida em pensamentos. Ela suspira profundamente, resignada com a situação. Iná sabe que precisa lidar com a crescente proximidade entre Otto e Luciana, mas está incerta sobre como abordar o assunto sem causar tensão ou conflito.

INÁ: (para si mesma, preocupada) Talvez seja hora de ter uma conversa séria com Luciana sobre isso.


CENA 04: HOSPITAL VITALROSSI - SALA DE ADMINISTRAÇÃO - TARDE

(Heloísa, está sentada em sua mesa, imersa em papéis e relatórios. Ela parece concentrada, mas aos poucos começa a demonstrar sinais de desconforto. Ela coloca a mão na barriga e franze a testa.)

HELOÍSA: (sussurrando para si mesma) Ai, o que está acontecendo comigo?

(Heloísa tenta se levantar, mas o mal-estar se intensifica e ela desaba na cadeira, segurando-se na mesa.)

HELOÍSA: (com dificuldade) Alguém... por favor...

(Um colega de trabalho ouve os gemidos de Heloísa e corre para ajudá-la. Ele a segura e chama por socorro.)

COLEGA: Rápido, precisamos de ajuda aqui! Alguém chame a Dra. Virginia!


CENA 05: LEITO MÉDICO - MINUTOS DEPOIS

(Heloísa é levada às pressas para o leito médico, onde a Dra. Virginia, uma mulher confiante e experiente, está aguardando. Ela examina Heloísa com preocupação.)

DRA. VIRGINIA (Isabel Fillardis): (para a equipe) O que aconteceu?

COLEGA: Ela estava na sala de administração e começou a se sentir mal. Parece estar com muita dor abdominal.

(Dra. Virginia se aproxima de Heloísa e verifica seus sinais vitais.)

DRA. VIRGINIA: Heloísa, querida, você consegue me ouvir?

HELOÍSA: (com dificuldade) Sim... estou com tanta dor...

(Dra. Virginia continua o exame, preocupada. Ela olha para os resultados dos exames anteriores de Heloísa.)

DRA. VIRGINIA: (com uma expressão grave) Precisamos fazer uma ultrassonografia imediatamente. Há uma possibilidade de... aborto espontâneo.

(A equipe médica se move rapidamente para realizar os procedimentos necessários. Heloísa olha para Dra. Virginia, seus olhos cheios de medo e confiança ao mesmo tempo.)

HELOÍSA: Por favor, Virginia, me ajude...

DRA. VIRGINIA: (colocando a mão sobre a de Heloísa) Vou fazer o meu melhor, querida. Você está em boas mãos.

(Heloísa é preparada para a ultrassonografia, enquanto Dra. Virginia e a equipe médica trabalham incansavelmente para garantir seu bem-estar.)


CENA 06: INTERIOR DO HOSPITAL - DIA

Guilherme está concentrado em seu trabalho, vestido com seu jaleco branco, movendo-se rapidamente entre os corredores do hospital. Ele verifica os registros médicos, atende pacientes e coordena com a equipe. Seu colega o aborda, com uma expressão séria.

AMIGO:: Guilherme, preciso falar com você.

Guilherme para, preocupado com a expressão do amigo.

GUILHERME (Emílio Dantas): O que foi, Pedro? Aconteceu alguma coisa?

AMIGO: É sobre sua esposa, Heloísa. Ela passou mal na sala da administração e está sendo atendida nesse momento na emergência.

O rosto de Guilherme se contorce em preocupação instantânea.

GUILHERME: O quê? Como assim? O que aconteceu com ela?

AMIGO: Ainda não temos muitas informações, mas ela está sendo atendida agora. Eu só achei que você deveria saber.

Guilherme agradece ao amigo, mas sua mente está a mil por hora, preocupado com o estado de sua esposa. Ele sai correndo em direção à outra ala do hospital, determinado a chegar até Heloísa o mais rápido possível.


CENA 07 - INTERIOR DO HOSPITAL - CONSULTÓRIO MÉDICO - DIA

[TRILHA ON: https://www.youtube.com/watch?v=cVcSJdyjnD4 - Instrumental Angustia]

Dra. Virginia está sentada à mesa, com um olhar grave. Heloisa está sentada à sua frente, nervosa, aguardando notícias sobre sua gravidez.


HELOISA: (Ansiosa) Virginia, por favor, me diga o que está acontecendo, nós somos amigas pessoais. Estou preocupada com o bebê.

DRA. VIRGINIA: (Suspira) Heloisa, eu sinto muito te informar que houve complicações. Você perdeu o bebê.

Heloisa fica chocada, seus olhos se enchem de lágrimas enquanto processa a notícia devastadora.

HELOISA: (Não acreditando) Como assim... Eu... perdi o bebê?

DRA. VIRGINIA: (Empática) Eu sei que é difícil de aceitar, Heloisa. Estamos aqui para te apoiar em tudo que precisar.

Heloisa começa a chorar, e Dra. Virginia se levanta para abraçá-la, oferecendo conforto em meio à dor. A câmera se afasta lentamente, deixando as duas mulheres abraçadas, enquanto a realidade dolorosa se instala.


CENA 08: INT. RESTAURANTE NOVO - NOITE

[ Trilha ON: https://www.youtube.com/watch?v=J_CJHBv_RUA - Instrumental ambiente ]

Um ambiente acolhedor e moderno, com mesas bem decoradas, luzes suaves e uma atmosfera animada. Otto e Luciana, estão sentados em uma mesa próxima à janela, desfrutando de um jantar romântico.

OTTO: (sorrindo) Eu ainda não consigo acreditar que finalmente estou aqui com você, Luciana. Parece um sonho.

Luciana sorri, seus olhos brilhando de felicidade.

LUCIANA: (olhando para Otto) É como se o tempo parasse quando estou ao seu lado, Otto. É tão fácil me sentir feliz contigo.

Um garçom se aproxima, sorridente, para tirar seus pedidos.

GARÇOM: (educadamente) Boa noite, senhor e senhora. Já decidiram o que vão querer?

OTTO: (sorrindo para Luciana) Que tal começarmos com uma taça de champanhe para brindar essa noite especial? E depois podemos pedir aquela entrada de carpaccio que eu ouvi falar que é incrível.

Luciana assente, concordando.

LUCIANA: (animada) Excelente ideia!

O garçom anota os pedidos e se retira. Otto segura a mão de Luciana por cima da mesa, olhando profundamente em seus olhos.

OTTO: (ternamente) Você sabe, Luciana, desde que nos conhecemos, minha vida mudou completamente. Você trouxe luz para os meus dias e eu não consigo mais imaginar minha vida sem você.

Luciana sente seu coração se aquecer com as palavras de Otto.

LUCIANA: (emocionada) Você também está mudando a  minha vida, Otto. Estou grata por cada momento que estamos  compartilhando juntos neste último dia.

Eles sorriem um para o outro, compartilhando um momento de pura conexão. A cena se dissolve enquanto eles continuam desfrutando de sua noite romântica, cercados pela atmosfera acolhedora do restaurante e pelo brilho de sua paixão mútua.


CENA 09: PIER - ZONA PORTUÁRIA | EXT. | NOITE 

Plano aberto do calçadão iluminado, onde Rubi e Leona caminham lado a lado, seus passos ecoando.


RUBI: (ajustando a alça da bolsa) A noite foi longa, hein?

LEONA: (sorrindo cansada) Sempre é. Mas pelo menos o pier está tranquilo agora.

Um carro se aproxima lentamente, suas luzes destacando as figuras das duas mulheres.

[O carro para ao lado delas, e um homem de meia-idade sai, seu olhar fixo em Rubi.]

HOMEM: Rubi. (com uma voz suave)

Rubi vira-se para ele, um sorriso aparecendo em seu rosto.

RUBI: (com um sorriso malicioso) Olá, querido. Estava me esperando?

HOMEM: (assentindo) Claro que sim. Entra, vamos dar uma volta.

Rubi olha para Leona, que assente com um aceno encorajador. Rubi desliza para dentro do carro, fechando a porta com um clique suave. O carro parte lentamente, deixando Leona sozinha no pier.

LEONA:: (suspirando, olhando para o carro que se afasta) Boa sorte, Rubi.


CORTA PARA:

CENA 10: INT. QUARTO DE HOTEL - NOITE

Rubi entra no quarto de hotel seguida por seu cliente, distinto, com um ar de autoridade. Seus olhos se alargam em admiração diante do luxo do ambiente. Ela caminha lentamente, tocando os móveis com uma expressão de fascínio.


RUBI :Meu Deus, isso é... incrível.

O homem, com um sorriso satisfeito, tira uma garrafa de champanhe de uma bandeja próxima e começa a desamarrar a rolha.


HOMEM: Só o melhor para você, Rubi.


RUBI: Não costumo perguntar isso para meus clientes, mas você parece me conhecer, e eu não sei com quem estou.

HOMEM: (sedutor) Pode me chamar de Eron. 


Ele serve duas taças e estende uma para ela. Os dois brindam, os olhos brilhando com uma promessa mútua.

A atmosfera se torna mais íntima à medida que eles conversam. O sorriso de Rubi vacila enquanto ela vê Eron tirar sua blusa social, e ela retira sua roupa, ficando apenas com uma lingerie. Ao ficar de calcinha, escuta Eron.

ERON:Você sabe, Rubi, eu nunca teria adivinhado que você…

Rubi endurece, seu olhar se tornando frio enquanto ela interrompe.

RUBI: Que eu? O que quer dizer?


ERON: Que você é.. asim..

RUBI: Que eu sou trans? Adivinhação não é necessária, Eron.

Ela se levanta da poltrona, a tensão repentinamente palpável no ar.


RUBI: Acho melhor eu ir embora.

Eron, com uma expressão de raiva, se levanta rapidamente e bloqueia seu caminho, sua postura revelando um controle dominador.


ERON: Você não vai a lugar nenhum, Rubi. Você ainda não terminou o que veio fazer.


RUBI: (assustada)  Por favor! Me deixe ir. 


Eron sorri para Rubi com um olhar malicioso, enquanto sente a dor dela, ele parece realizado. A câmera se afasta lentamente, nos mostrando um ambiente de dor e angústia enquanto assistimos Rubi sendo jogada na cama às forças por Eron.

Um close é dado no rosto de Rubi, e vemos ela de bruços na cama, agonizando enquanto Eron se deita por cima dela.



CENA 11: HOTEL MARÉ SERENA | EXT. | NOITE. 


As ondas quebram suavemente na praia próxima, criando uma trilha sonora tranquila e relaxante. Otto e Luciana descem do carro, seus olhares cheios de antecipação e amor.


OTTO: (sorrindo) Este lugar é ainda mais bonito do que eu imaginava.

LUCIANA: (olhando ao redor, fascinada) É perfeito. Obrigada por me trazer aqui, Otto.

OTTO: (gentilmente) Eu faria qualquer coisa por você, Luciana.

Os dois caminham de mãos dadas até a entrada do hotel, onde são recebidos por um porteiro amigável que segura a porta para eles. O lobby é iluminado por luzes suaves e decorado com bom gosto, criando uma atmosfera acolhedora.


PORTEIRO: Boa noite, senhor e senhora. Bem-vindos ao Hotel Maré Serena. Como posso ajudá-los?

OTTO: (sorrindo) Boa noite. Temos uma reserva para esta noite, em nome de Otto Rossi..

PORTEIRO: (consultando o sistema) Claro, Sr. Rossi. Deixe-me acompanhar vocês até o seu quarto.


O porteiro pega a chave do quarto e conduz Otto e Luciana até um elevador de vidro que oferece uma vista deslumbrante do mar. Quando chegam ao andar desejado, o porteiro os guia até a porta de um quarto luxuoso com uma varanda de frente para o oceano.


PORTEIRO: Aqui está o seu quarto, senhor e senhora. Se precisarem de mais alguma coisa, não hesitem em me chamar.

OTTO: (agradecendo) Muito obrigado.


O porteiro se retira, deixando Otto e Luciana sozinhos. Otto abre a porta do quarto e eles entram, encontrando um espaço elegante e romântico, com pétalas de rosa espalhadas pela cama e velas acesas em toda parte.


[ TRILHA ON: https://www.youtube.com/watch?v=bvd3qCnsAaY - ( Spanish Guitar - Toni Braxton) ] 


LUCIANA: (surpresa) Uau, isso é incrível.

OTTO: (abraçando-a) Eu queria que nossa noite fosse especial, Luciana. Você merece todo o amor e carinho do mundo.

LUCIANA: (emocionada) Você sempre consegue me surpreender, Otto.

[Os dois se beijam suavemente, perdendo-se no momento mágico que compartilham. Os dois se entregam ao amor e à paixão, em beijos e abraços. Otto a conduz até a cama e a deita.

LUCIANA – (tímida) É a minha primeira vez, Otto. 

OTTO: (olhando nos olhos) Confia em mim, Lu.


Otto e Luciana se beijam e trocam carícias. Os dois parecem completamente entregues ao momento. Otto beija o pescoço de Luciana, de forma que ela amolece e se arrepia.
A câmera se afasta lentamente, onde vimos somente as sombras dos dois trocando carícias

FIM DO CAPÍTULO










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