CENA
01. MANSÃO DE MARISOL . INT. NOITE
Continuação da última cena do capítulo anterior.
Inara
– (sem entender) Marisol, o que está acontecendo? Por qual motivo está vestida
de doméstica e essa mulher está na sua mansão?
Romina encara Marisol a coagindo.
Romina
– (p/Inara) Creio que o intuito desse encontro não seja a Marisol e sim a
formalização do nosso acordo. Precisamos ser rápidas, pois tenho um compromisso
em instantes.
Inara –
(irritada) Eu quero saber o que você está fazendo com a Marisol, sua bandida.
Romina –
Olha aqui garota, eu te chamei aqui para o acordo.
Romina tira um documento da bolsa e joga em Inara.
Romina
– (altiva) Assina logo esses papéis e dá um fora daqui.
Inara
– Escuta aqui, se você pensa que vai falar assim comigo, está muito enganada
sua vagabundinha de quinta.
Romina
– (irritada) Se voltar a me insultar, eu meto a mão na sua cara!
Inara
– (debochando) Jura?!
Romina
– Pois bem, acho melhor você sair e voltar amanhã quando estiver mais calma.
Romina se
levanta.
Romina – (grita) Valfredo...!
Valfredo entra
na sala correndo.
Valfredo – Me chamou, Romina?
Romina – Por favor, tenha a gentileza de levar essa
senhora até a porta. Ela já está de saída.
Inara – (sorrindo) A única dona dessa mansão é a Marisol
e por esse motivo, somente ela pode me expulsar! Ouviu bem, vadia?
Nesse momento
, Romina caminha até Inara e lhe dá um forte tapa no rosto. Inara tenta
revidar, mas Valfredo a segura.
Romina – (gritando) Eu falei que se voltasse a me ofender
iria levar na cara. – Romina olha para Valfredo - Agora
tira essa escrota daqui antes que eu transforme a carinha dela de porcelana em
pedregulho!
Valfredo
retira Inara. Romina se aproxima de Marisol.
Romina - Cozinha!
CENA
02. MANSÃO DE LEO. INT. NOITE
Max entra na mansão de Léo, encontrando um ambiente sombrio e tenso.
Léo o recebe com um sorriso sinistro, pegando dois copos de whisky e acendendo
um charuto.
LÉO
- (com um sorriso irônico) Max, meu caro, que surpresa agradável. Parece que
estamos prontos para a próxima fase do nosso "negócio".
MAX
- (com um sorriso confiante) Sim, Léo. Tudo está indo conforme o planejado. A
outra parte da transferência do desvio estará na sua conta em breve.
Léo ergue uma sobrancelha, observando Max atentamente.
LÉO
- (com um olhar calculista) Quase tudo, você quer dizer...
Max franzindo a testa, confuso.
MAX
- (com curiosidade) O que você quer dizer com "quase tudo", Léo?
Léo toma um gole do whisky e olha para Max com um olhar sério.
LÉO
- (com um tom sombrio) Onde está Romina?
Max fica momentaneamente surpreso com a pergunta de Léo.
MAX
- (com sinceridade) Eu a encontrarei daqui a pouco.
Léo balança a cabeça, decepcionado.
LÉO -(com
um suspiro) Eu tentei ligar para ela, mas sem sucesso. E isso me preocupa...
Max franze a testa, começando a sentir a tensão no ar.
MAX
- (com preocupação) Por que isso seria um problema, Léo?
Léo olha diretamente nos olhos de Max, revelando sua verdadeira
intenção.
LÉO
- (com frieza) Porque, Max, mesmo sabendo que você está apaixonado por ela, se
Romina não matar a maldita ladra dos meus diamantes, eu não hesitarei em acabar
com ela.
Max fica chocado com a revelação de Léo.
MAX
- (incrédulo) Você está me dizendo que mandou Romina matar alguém?
Léo apenas sorri de maneira sinistra.
CENA 03. APARTAMENTO DE
SELENA. SALA DE JANTAR. NOITE
Selena,
Gabriela e Simas estão sentados, começando a jantar.
SELENA - (com um sorriso cínico) Então, Simas, animado
para o exame de DNA? Mal posso esperar para ver o resultado.
SIMAS - (com um olhar desafiador) Ah, Selena, não se
preocupe. Logo vamos confirmar que sou o legítimo herdeiro do falecido ricaço.
SELENA - (com desdém) Ou talvez só confirme que você é um
impostor. Afinal, essas histórias de herança são sempre tão cheias de
surpresas, não é?
GABRIELA - (tentando intervir) Mamãe, por favor, vamos tentar
ter um jantar tranquilo. Já temos drama suficiente na nossa vida.
SELENA - (ignorando Gabriela) Sabe, Simas, eu estava
pensando... se por acaso o exame mostrar que você não é quem diz ser, você
poderia tentar a carreira de ator. Você é tão bom em contar histórias!
SIMAS - (com sarcasmo) Engraçado, Selena. E você poderia
ser roteirista. Tem um talento incrível para criar intrigas.
SELENA - (com um tom provocativo) Sabe, Simas, eu li sobre
um caso parecido. Um cara jurava que era filho de um magnata, mas no fim,
descobriu que era filho do leiteiro. Você não acha que sua história é meio
parecida?
SIMAS - (ficando irritado) Cuidado com o que diz, Selena.
Eu estou mais próximo da verdade do que você imagina.
SELENA - (com um sorriso provocativo) Claro, claro. Só não
esqueça de lavar bem o rosto quando a verdade aparecer.
A sala fica em
silêncio .
GABRIELA - (rindo) Vocês dois são impossíveis! Por favor,
vamos parar com isso.
Nesse momento,
Simas pega uma colherada de purê de batata e a joga na direção de Selena. A
comida atinge o rosto dela, e a guerra começa.
SELENA - (gritando) Você vai pagar por isso!
Selena pega um
punhado de ervilhas e atira em Simas, que se esquiva e ri.
GABRIELA - (tentando intervir, mas rindo) Parem com isso!
Vocês dois são piores que crianças!
Simas pega um
pedaço de frango e o atira na direção de Selena, mas acaba acertando Gabriela.
GABRIELA - (chocada) Ei! Agora você realmente passou dos
limites!
Gabriela pega
uma taça de vinho e joga em Simas, que se molha todo.
SIMAS - (rindo) Ah, isso é guerra então!
Simas pega uma
tigela de salada e a joga em Selena, que se protege com um prato, mas acaba
espalhando a comida por toda a mesa.
SELENA - (rindo histericamente) Isso é tão ridículo!
Gabriela pega
um pedaço de pão e o atira em Simas, que se desvia novamente, fazendo o pão
voar pela sala.
A CENA SE
TRANSFORMA EM UM CAOS COMPLETO, COM COMIDA VOANDO POR TODA PARTE.
CENA 04. RUA. EXT. NOITE
Marsala está
dirigindo seu carro novo. Ela está um pouco distraída, pensando em sua última
sessão com a cartomante charlatã.
MARSALA - (pensando em voz alta) Que absurdo aquela
cartomante.
Ao virar a
esquina, Marsala não percebe um homem atravessando a rua com uma bicicleta. O
carro bate levemente na bicicleta, fazendo o homem cair no chão. Marsala freia
bruscamente, seu coração dispara. Ela corre para fora do carro.
MARSALA - (gritando) Meu Deus, o que eu fiz?! Está tudo
bem? Você está bem?
O homem no
chão, Alejandro, um mexicano carismático e bonitão, levanta a mão,
indicando que está bem, mas com alguns arranhões.
ALEJANDRO - (com um forte sotaque espanhol) Ai, ai, señora,
estou bem... solo unos rasguños.
Marsala corre
até ele, preocupada.
MARSALA- (ajudando-o a levantar) Eu sinto muito, de
verdade. Eu não te vi! Você tem certeza que está bem? Posso te levar ao hospital?
ALEJANDRO -
(sorrindo) No, no, no hospital. Estoy bien, señora. Solo un poco de dolor en el
brazo.
Marsala olha
para o braço dele, onde há um pequeno arranhão.
MARSALA - (com alívio) Graças a Deus que não foi nada
grave. Você mora por aqui? Posso te levar até sua casa.
ALEJANDRO - (balançando a cabeça) No, no, está bien. Estoy
cerca. Pero, si insistes...
MARSALA - (determinada) Claro que insisto! Não vou deixar
você ir assim, machucado. Vamos, entre no carro.
Alejandro
relutantemente entra no carro, e Marsala começa a dirigir devagar.
MARSALA - (tentando conversar) Então, você é daqui mesmo?
Seu português é bom, mas dá para perceber o sotaque.
ALEJANDRO - (sorrindo) Gracias, señora. Sou mexicano, pero estoy
aqui a trabajo.
MARSALA - (curiosa) Ah, que interessante! Sempre quis
conhecer o México. Dizem que é um país lindo.
ALEJANDRO - (sorrindo) Sí, México es muy hermoso. Muchas
playas, buena comida, y la gente es muy amable.
MARSALA - (rindo) Ah, comida mexicana! Adoro tacos,
burritos... E as tequilas! Mas confesso que sou péssima com pimenta.
ALEJANDRO - (rindo) Ah, la pimenta é essencial! Pero, hay
opciones suaves também. Você deveria visitar um dia. Te gustaría mucho.
MARSALA - (pensativa) Talvez um dia, quando as coisas se
acalmarem. Minha vida está uma loucura agora. Sabe, há pouco tempo, comecei a
ver o fantasma do meu ex-marido. Pode acreditar?
ALEJANDRO - (surpreso) Un fantasma? De verdad?
MARSALA - (suspirando) Sim, acredita nisso? Fui até uma
cartomante hoje, uma charlatã! Disse que preciso dar todas as minhas joias para
o espírito dele descansar em paz.
ALEJANDRO - (balançando a cabeça) No lo creo. Hay muchos
engañadores en este mundo.
MARSALA - (rindo) Verdade. E eu caí direitinho.
ALEJANDRO - (sorrindo) Soy chef. Amo cozinhar. Es mi pasión.
MARSALA - (entusiasmada) Que maravilha! Vou precisar visitar
o restaurante onde está cozinhando.Adoro uma boa comida preparada com paixão.
ALEJANDRO - (sorrindo) Será un placer recibirte, señora. Voy
a cocinar algo especial para ti.
Marsala sorri,
enquanto eles continuam conversando animadamente. Chegam no hotel onde
Alehandro está hospedado.
MARSALA - (parando o carro) Aqui estamos. Tem certeza que
não quer ir ao hospital?
ALEJANDRO - (sorrindo) No, gracias. Estoy bien. Eres muy
amable.
MARSALA - (sorrindo) Apenas fazendo o que é certo. Mas, por
favor, cuide-se. E se precisar de algo, me procure.
ALEJANDRO - (com um olhar agradecido) Gracias, señora. Eres
muy buena persona. Nos veremos en el restaurante.
Marsala acena
e assiste enquanto Alejandro entra em sua casa. Ela solta um suspiro.
CENA 05. MANSÃO DE JULIANO.
QUARTO PRINCIPAL. NOITE
Inara entra no
quarto, batendo a porta com força. Seus passos ecoam pelo chão de mármore
enquanto ela caminha de um lado para o outro, os punhos cerrados e o rosto
vermelho de raiva. Ela respira fundo, tentando conter a fúria.
INARA - (gritando) Isso tudo é culpa dele. Depois de tudo o que passamos, depois de tudo
o que sacrifiquei! (ela agarra um vaso de flores na mesa de cabeceira e o lança
contra a parede, onde ele se quebra em mil pedaços)
A respiração
de Inara está pesada, o coração batendo acelerado. Ela olha ao redor do quarto,
buscando algo mais para descontar sua raiva. Vê a foto dela e de Juliano no
casamento, sorrindo felizes. O sorriso parece zombar dela agora.
INARA - (com os olhos marejados) E pensar que eu acreditei
em cada palavra sua, Juliano. Cada maldita palavra! (ela pega a foto e a joga
no chão, pisando nela com força) Maldito seja!
Com lágrimas
escorrendo pelo rosto, ela se joga na cama, os punhos socando os travesseiros.
A raiva e a tristeza se misturam em um turbilhão de emoções. Ela segura o
travesseiro com força, quase o rasgando.
INARA - (gritando no travesseiro) Por que, Juliano? Por
que me fazer isso? Eu não mereço isso!
Ela se senta
na cama, ofegante, olhando para o espelho. Sua própria imagem a encara, pálida
e perturbada. Ela se levanta novamente, caminhando até o espelho.
INARA - (para o espelho) Olha para você, Inara. Que tola
você foi, acreditando que ele mudaria, que ficaria ao seu lado para sempre.
(ela toca o espelho, como se tentasse consolar a si mesma) Você merece mais.
Você merece alguém que te valorize, que te ame de verdade.
Ela se afasta
do espelho, caminhando até o armário. Abre a porta com força, tirando várias
roupas e jogando no chão.
INARA - (falando sozinha) Preciso sair daqui. Preciso
respirar, pensar. Mas para onde? O que eu vou fazer agora?
Ela para por
um momento, pegando uma jaqueta e a jogando sobre os ombros. Pega sua bolsa e
se olha uma última vez no espelho.
INARA - (determinada) Eu não vou deixar ele me destruir.
Eu sou mais forte do que isso. (ela respira fundo, tentando se acalmar) Vou dar
uma volta, clarear a mente. Talvez assim eu consiga pensar em algo.
Ao sair do
quarto, ela para na porta, olhando para a bagunça que deixou para trás.
CENA 06. MANSÃO DE JULIANO.
SALA. NOITE
Inara
atravessa a sala de estar, passando pelas decorações luxuosas e móveis caros.
Cada detalhe parece zombar dela, lembrando-a das promessas vazias e da vida que
pensava estar construindo.
INARA - (sussurrando para si mesma) Eu não vou mais chorar
por ele. Já chega!
Ela passa pela
mesa de centro, onde há um copo de uísque pela metade. Inara pega o copo e o
vira, bebendo tudo de uma vez só. O líquido queima sua garganta, mas a dor parece
aliviar um pouco a tensão.
INARA - (com um sorriso amargo) Brindemos ao fim das
ilusões.
Ela coloca o
copo de volta na mesa com força, quase quebrando. Caminha até a porta da frente
e a abre, sentindo a brisa noturna acariciar seu rosto. Inara respira fundo,
sentindo um pouco de alívio.
INARA - (determinada) Vamos ver do que sou capaz, Inara.
A vida continua, e eu não vou desistir.
Inara sai pela
porta, fechando-a atrás de si com um estrondo.
CENA 07. PRAIA. NOITE
Romina está
sentada à beira da praia, observando as ondas enquanto mexe distraidamente em
seu celular. Ela parece nervosa, olhando para o relógio de tempos em tempos. O
mar ao fundo cria uma atmosfera de tranquilidade, contrastando com a
inquietação de Romina. Ela veste uma saia longa e uma blusa leve, o cabelo
preso em um rabo de cavalo despretensioso. De repente, ela percebe uma figura
familiar se aproximando. É Juliano, que caminha apressadamente na sua direção.
JULIANO - (quase ofegante) Romina! Graças a Deus, você está
bem! Eu estava tão preocupado. Não tive mais notícias suas desde... (ele se
senta ao lado dela, os olhos cheios de preocupação)
ROMINA - (tentando manter a calma) Juliano, estou bem. Não
precisava se preocupar assim. Eu só... precisava de um tempo.
JULIANO - (segurando as mãos dela) Não faz ideia do quanto
senti sua falta. Romina, eu não consigo parar de pensar em você. Eu sei que as
coisas ficaram complicadas, mas meu amor por você é mais forte do que qualquer
obstáculo.
ROMINA - (incomodada, puxando as mãos de volta) Juliano,
por favor. Não faça isso. Não agora.
JULIANO - (desesperado) Romina, você não entende. Eu tentei
ficar longe, tentei me convencer de que o que eu sinto por você é apenas uma
ilusão, mas é impossível. Eu te amo, Romina. Estou disposto a tudo por você, a
sacrificar tudo.
ROMINA - (com os olhos marejados) E a Inara, Juliano? Você
sabe que ela está arrasada. Ela não merece passar por isso.
JULIANO - (frustrado) Eu sei, eu sei... Mas eu também não
posso sacrificar a minha felicidade. Eu mereço ser feliz, e a minha felicidade
está com você.
ROMINA - (tentando ser racional) Juliano, você está
confuso. Você precisa pensar nas consequências, no que isso pode fazer com a
sua vida, com a vida da Inara e da Clarinha.
JULIANO - (tomando o rosto dela nas mãos) A única coisa que
sei é que meu coração grita por você. Eu tentei negar, mas é impossível.
Juliano se
inclina e beija Romina. O beijo é intenso, cheio de paixão e desespero. Romina,
inicialmente relutante, cede por um breve momento, mas logo se afasta, confusa
e ofegante. Nesse instante, Max aparece à distância, vendo a cena. Ele caminha
rapidamente até eles, seu rosto com uma mistura de choque e raiva.
MAX - (com a voz firme) O que significa isso?
Romina se
levanta rapidamente, afastando-se de Juliano, que também se levanta, surpreso
com a chegada de Max. O silêncio que se segue é denso, carregado de tensão.
Obrigado pelo seu comentário!