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Entre Laços Quebrados - Capítulo 22 | Últimas semanas

 

 



ENTRE LAÇOS QUEBRADOS | CAPÍTULO 22

ÚLTIMAS SEMANAS

Criada e escrita por: Vicente de Abreu
Produção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada.




ANTERIORMENTE:



CENA 01: INT. FLAT DE OTTO. MAIS TARDE

[ TRILHA ON: Fogo do Céu 🙏🔥🔥🔥🖐️🖐️ ]


A porta do flat de Otto range ao ser aberta por Hilda  e Stênio. Eles entram com cautela, imersos no caos que é o apartamento de seu filho. Móveis virados, objetos quebrados e uma atmosfera carregada.


HILDA: (sussurrando para si mesma) Meu Deus...

Stênio olha ao redor, o semblante pesado com a realidade diante deles.

STÊNIO: (abaixando a voz) Precisamos encontrar ele. Onde ele está?

VOZ DE OTTO (vindo do quarto, com ironia) Aqui estou eu.

Otto (semblante pálido e olhos fundos) entra na sala, vestindo roupas sujas e com um ar de indiferença desafiadora.

OTTO: (olhando friamente para Hilda e Stênio) Ah, os pais preocupados finalmente aparecem. O que querem agora? Arruinar minha festinha?

HILDA: (com a voz trêmula) Otto, por favor... nós viemos porque nos importamos com você.

STÊNIO: (com firmeza) Você está fora de controle, Otto. Precisa de ajuda.

Otto solta uma risada cínica, passando a mão pelo cabelo desgrenhado.

OTTO: (olhando fixamente para Stênio) Você não é meu pai. Nunca foi. Por que não conta para ela, mãe?

Hilda sente o chão se abrir sob seus pés. Stênio olha para Hilda, buscando uma explicação que ele não quer acreditar.

STÊNIO: (com voz trêmula) O que ele está dizendo, Hilda?

OTTO: (com um sorriso amargo) Vamos lá, mãe. Diga para ele. Quem é o verdadeiro pai?

Stênio encara Hilda com um misto de tristeza e resignação.

STÊNIO: (suspirando profundamente) Hilda, precisamos conversar.


Hilda olha para Otto, cujo olhar perdido e desafiador revela a profunda alienação.

A câmera foca no rosto devastado de Hilda enquanto a verdade silenciosa paira no ar.


CONTINUAÇÃO:

CENA 02: INT. FLAT DE OTTO. MAIS TARDE


Hilda olha para Otto, que a observa com olhos frios, e depois para Stênio, cuja expressão mistura dor e desespero.


HILDA: (com a voz quebrada) Stênio, eu... eu nunca quis que soubesse assim.

OTTO: (gritando) Fala logo, mãe! Conta a verdade!

Hilda começa a chorar, as lágrimas descendo pelo rosto. Ela toma um fôlego profundo, tentando reunir coragem.

HILDA: (com voz trêmula) Stênio... ele... ele é filho do Arnaldo.

Stênio sente como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. Ele se apoia na parede, a respiração pesada, os olhos fixos em Hilda.

STÊNIO: (quase sussurrando) Por quê? Por que você nunca me contou?

HILDA: (soluçando) Eu tinha medo... medo de te perder... medo de destruir nossa família.

Otto, observando a cena, sente uma mistura de satisfação amarga e um vazio profundo. Ele se aproxima de Stênio, o desafia com o olhar, enquanto pega uma pedra de crack e um cachimbo de metal, com as mãos tremendo.

OTTO: (com voz carregada de rancor) E agora, Stênio? Vai continuar fingindo que é meu pai?

Stênio olha para Otto, a dor e a raiva se misturando em seus olhos. Ele dá um passo em direção ao filho, agarrando-o pelos braços com firmeza.

STÊNIO: (com determinação) Não vou deixar você se destruir. Você precisa de ajuda, e vamos conseguir isso, quer você queira ou não.

Otto tenta se soltar, mas Stênio o segura com força. Hilda observa, impotente, enquanto os dois lutam. Stênio finalmente consegue levar Otto até o carro, onde o joga no banco traseiro. Hilda entra em seguida, ainda chorando, enquanto Stênio assume o volante.

A porta do carro se fecha com um estrondo.. O motor ronca, e o carro se afasta.


CENA 03: INT. DELEGACIA - SALA DE INTERROGATÓRIO - TARDE


Na mesa, uma luminária que ilumina apenas o suficiente. Dois policiais sentados de um lado da mesa. No outro, Virginia, com expressão de cansaço e arrependimento. Ela respira fundo, buscando coragem para continuar.


POLICIAL 1: (calmo, mas firme) Vamos lá, Virginia. Precisamos que você conte tudo, do começo ao fim.


VIRGINIA: (nervosa, mas decidida) Eu... Eu me entreguei porque não aguento mais viver com isso. Eu fui cúmplice. Cúmplice da Heloísa Menezes Rossi.


POLICIAL 2: (anotando, atento) Cúmplice em quê, exatamente?


VIRGINIA: (engole seco, luta contra as lágrimas) Na compra de um bebê. O filho de uma jovem que estava em coma.


Os policiais trocam um olhar rápido, surpresos, mas mantêm a compostura.


POLICIAL 1: (inclinando-se para frente) Continue.


VIRGINIA: Heloísa queria um filho a qualquer custo. E então... encontramos a Iná, no hospital. Ela... ela era a avó da criança. E aceitou vender o neto.


POLICIAL 2: (interrompendo) Você está dizendo que a avó da criança, Iná, vendeu o próprio neto?


VIRGINIA: (abaixa a cabeça, envergonhada) Sim. Ela... ela precisava do dinheiro. Heloísa fez toda a negociação. Eu... eu só ajudei a encobrir tudo. Fizemos parecer que era uma adoção legal.


POLICIAL 1: (analisando cada palavra) E a mãe da criança? A jovem em coma?


VIRGINIA: (respirando fundo, segurando as lágrimas) Luciana.. Luciana dos Santos González. Ela acordou. Está se recuperando no hospital. Eu... eu contei tudo para ela antes de vir aqui.


Os policiais trocam um olhar, surpresos e apreensivos.


POLICIAL 2: (inclinando-se para frente) E como ela reagiu?


VIRGINIA: (com voz trêmula) Ela ficou devastada. Não acreditava no que eu estava dizendo, mas eu mostrei as provas. E tem mais uma coisa...


Virginia pega seu Motorola V3 da bolsa e mexe nele por alguns segundos. Os policiais observam atentamente. Ela coloca o celular sobre a mesa e aperta o botão de reprodução de um áudio. A voz de Heloísa soa clara e fria na gravação.


HELOÍSA: (V.O.) (*no áudio*) Virginia, não se preocupe. A Iná já aceitou o dinheiro. O bebê é nosso agora. Ninguém nunca vai saber.


O áudio termina. Os policiais ficam em silêncio, assimilando a evidência. O rosto de Virginia mostra um misto de alívio e medo.


POLICIAL 1: (calmo, mas firme) Vamos precisar de todas essas provas, Virginia. Você está disposta a colaborar totalmente?


VIRGINIA: (assentindo, aliviada) Sim. Eu farei o que for necessário.


Os policiais se levantam, um deles pega a pasta de documentos que Virgínia trouxe. A câmera foca no rosto dela, visivelmente aliviada e ao mesmo tempo assustada com as consequências de suas ações. A cena se encerra com a imagem desfocada da sala de interrogatório.



CENA 04: INT. QUARTO DE HOSPITAL - TARDE

O quarto é iluminado pela luz suave do sol que entra pela janela. Luciana está deitada na cama, seus olhos abertos e atentos, embora seu corpo ainda pareça frágil. Marlene e Serginho estão sentados ao lado dela, segurando suas mãos com carinho. Guilherme, o médico, está em pé ao lado da cama, consultando o prontuário.

GUILHERME: (avaliando Luciana) Luciana, você está progredindo bem. Seu quadro mostra avanços significativos.

Luciana sorri, um sorriso fraco, mas cheio de determinação. Marlene e Serginho trocam olhares de alívio.

LUCIANA: (com voz trêmula) Obrigada, doutor. Quero melhorar logo.

GUILHERME: (após um longo silêncio) Vamos continuar monitorando você de perto. Se precisarem de qualquer coisa, estarei por perto.

Guilherme dá um último olhar a Luciana e se retira, deixando-os a sós. O clima no quarto muda, tornando-se mais íntimo e carregado de emoção.

LUCIANA: (seguindo Guilherme com o olhar, depois voltando-se para Marlene e Serginho) Eu não vou medir esforços para encontrar meu filho.

Marlene aperta a mão de Luciana com força, seus olhos se enchendo de lágrimas.

MARLENE: (comovida) Nós vamos te ajudar, Luciana. Estamos com você.

SERGINHO: (acenando com a cabeça) Sempre estaremos aqui, ao seu lado.

Luciana sorri novamente, com mais força desta vez, mas sua expressão se torna séria.

LUCIANA: E Iná? Como ela está?

Marlene e Serginho se entreolham, claramente desconfortáveis. Marlene hesita antes de falar.

MARLENE: (com voz baixa) Nós não temos notícias dela, Luciana.

Luciana fecha os olhos por um momento, tentando processar a informação. Uma lágrima solitária escorre por seu rosto.

LUCIANA: (sussurrando) Eu preciso dela. Mas primeiro, preciso encontrar meu filho.

Serginho envolve Luciana em um abraço carinhoso, enquanto Marlene acaricia seus cabelos, oferecendo todo o conforto que podem.


CENA 05: EXT; MANSÃO ROSSI. JARDIM 


O sol ainda brilha intensamente. Heloísa está sentada no gramado com seu filho Matheus, de um ano, sorrindo e brincando. O jardim é repleto de flores coloridas e árvores frondosas. Heloísa ri enquanto Matheus tenta pegar uma borboleta que passa voando.

HELOÍSA: (rindo) Pega a borboleta, Matheus! Vamos lá, você consegue!

Subitamente, a realidade se desfaz. As flores ao redor se transformam em bocas retorcidas, que sussurram palavras de ódio e desprezo. As árvores se curvam, formando sombras ameaçadoras. O céu escurece em um instante, um véu opressivo cobrindo o jardim.

VOZES: (V.O.) (ecoando, zombando) Você é uma fraude, Heloísa. Ele nunca foi seu filho. Você o roubou!

Heloísa coloca as mãos na cabeça, tentando abafar as vozes. Seu coração acelera, e ela começa a hiperventilar. Olhando para Matheus, ela vê o rosto do menino se transformar em uma máscara grotesca de acusação, seus olhos brilhando com um ódio inumano.

MATHEUS: (voz distorcida, assombrosa) Você não é minha mãe. Você me roubou!

Heloísa recua, tropeçando e caindo no chão. As vozes em sua cabeça ficam mais altas, rindo e gritando, criando uma cacofonia insuportável.

VOZES: (V.O.) (gritando, insanas) Empurre-o! Livre-se dele! Ele não é seu filho!

Desesperada, Heloísa se levanta com um movimento brusco. Seus olhos estão arregalados, cheios de loucura e medo. Ela avança para Matheus, suas mãos tremendo violentamente.

HELOÍSA: (gritando, histérica) Cale a boca! CALE A BOCA!

Ela empurra Matheus com uma força descomunal. O menino cai alguns metros depois, no chão com um baque surdo. Seu choro é estridente, misturado com as risadas demoníacas das vozes na cabeça de Heloísa.

MATHEUS: (chorando, magoado) Mamãe...

O jardim se dissolve em uma visão de caos absoluto. As bocas nas flores riem e gritam, as árvores retorcem-se em agonia. Heloísa cai de joelhos, lágrimas correndo pelo rosto, suas mãos agarrando o cabelo com força.

HELOÍSA: (desesperada, quase inaudível) O que eu fiz? Deus, o que eu fiz?

O mundo ao redor começa a se dissipar, voltando lentamente ao normal. Mas o som do choro de Matheus e o peso do ato de Heloísa permanecem.


CORTA PARA: 

CENA 06: INT. MANSÃO - HALL DE ENTRADA 

Stênio, Hilda e Otto entram na mansão. O ambiente é opulento, mas a tensão é palpável. Hilda imediatamente se afasta, seguindo em direção ao som de um choro angustiante vindo da sala de estar.


CORTA PARA: 

CENA 07: INT. MANSÃO - SALA DE ESTAR.

Hilda entra e vê Heloísa, sentada no sofá com o pequeno Matheus,chorando em seus braços. Hilda corre até eles, a preocupação evidente em seu rosto.

HILDA: (voz trêmula) O que aconteceu com Matheus?

Heloísa tenta falar, mas está visivelmente abalada.


CENA 08: INT. MANSÃO - CORREDOR DO SEGUNDO ANDAR.

Enquanto isso, Stênio guia Otto, cujos olhos estão selvagens e cheios de necessidade. Eles chegam a um quarto antigo.

STÊNIO: (firme) Entre.

Otto hesita por um momento, mas Stênio o empurra para dentro do quarto e fecha a porta atrás deles, trancando-a. Otto olha em volta, reconhecendo o quarto de sua juventude. Um tremor de agonia perpassa seu corpo.

OTTO: (agressivo, histérico) Você não pode fazer isso comigo! Eu preciso sair daqui!

Otto avança contra Stênio com uma energia frenética, golpeando o ar com as mãos trêmulas. Stênio, com calma intensa, desvia dos golpes descoordenados, mas o desespero de Otto só aumenta.

OTTO: (gritando) Onde está? Onde está o que eu preciso? Eu não aguento mais!

Stênio tenta segurar Otto, mas ele se debate como um animal encurralado, o rosto distorcido pelo desespero. Otto investe contra a porta, tentando derrubá-la com socos desesperados.

STÊNIO: (urgente) Não, Otto! Você precisa enfrentar isso!

Otto continua a investida, seus movimentos se tornando mais frenéticos e desesperados. Finalmente, exausto, ele desliza pelo chão, os soluços se misturando com as lágrimas de angústia.

OTTO: (chorando, suplicante) Por favor, pai... me deixa sair... eu não consigo... eu não consigo...

Stênio se ajoelha ao lado de Otto, a dor refletida em seus próprios olhos.

STÊNIO: (abraçando Otto com firmeza) Eu sei, filho. Estou aqui. Vamos passar por isso juntos.

Otto se rende ao abraço, seu corpo trêmulo nos braços de Stênio. A câmera se afasta lentamente, deixando a intensidade da cena ecoar no silêncio carregado da mansão.


CENA 09: INT. DELEGACIA - SALA DE ESPERA - NOITE

Após horas de interrogatório intenso, a sala de espera da delegacia é preenchida pelo silêncio pesado. Virginia está sentada, com os olhos fixos no chão, claramente abalada. Os policiais entram na sala, um deles segurando uma pasta com as evidências enquanto o outro carrega um mandado.

POLICIAL 1: (com expressão séria) Virginia, com base nas evidências que apresentou e no seu depoimento, precisamos efetuar sua prisão preventiva.

Virginia ergue os olhos, sua expressão mistura resignação e arrependimento.

VIRGINIA: (com voz trêmula) Eu... eu entendo.

O policial estende o mandado para que Virginia assine. Ela o faz com mão trêmula.

POLICIAL 2: (com empatia, mas firmeza) Você será encaminhada para uma cela temporária enquanto aguardamos as próximas etapas do processo.

Virginia assente, sentindo o peso das consequências de seus atos.

VIRGINIA: (com sinceridade) Eu sei que cometi um erro grave. Só queria poder voltar atrás...

Os policiais trocam um olhar de compreensão, mas mantêm a postura profissional.

POLICIAL 1: (calmo, porém direto) O sistema penal vai decidir os próximos passos. Por favor, nos acompanhe.

Virginia segue os policiais para fora da sala de espera. A câmera focaliza seu rosto, onde uma expressão de angústia e culpa está claramente estampada. A cena se desfoca conforme eles deixam a sala.




CENA 10: INT. MANSÃO ROSSI. QUARTO DE STÊNIO E HILDA - NOITE


A câmera foca em Stênio e Hilda, sentados no quarto escuro e silencioso da mansão. Ambos estão visivelmente exaustos após os eventos turbulentos da noite. Stênio olha fixamente para Hilda, com uma mistura de cansaço e determinação em seu olhar.


STÊNIO: (sério) Hilda, não podemos mais adiar isso. Eu preciso saber a verdade sobre Otto.


Hilda respira fundo, seus olhos cansados refletem uma dor profunda.


HILDA: (olhando para o chão) Ele... ele não é seu filho mesmo, Stênio. Eu... eu, conheci Arnaldo depois que tivemos Guilherme. Ele era meu amante.


Stênio fica atordoado com a revelação, mas encoraja Hilda continuar.


STÊNIO: (incisivo) Continue. Como isso está relacionado a Otto?


Hilda olha nos olhos de Stênio, revelando uma história enterrada há muito tempo.


HILDA: (quase sussurrando) Arnaldo e eu, nos conhecemos vendendo drogas, Stênio. Quando éramos jovens, passamos por uma crise no hospital, se lembra? E Arnaldo me apresentou esse mundo de dinheiro fácil. Eu o amava de um jeito doentio…


STÊNIO: (interrompendo) Como sempre amou o Otto.. 


HILDA: (respirando fundo) Quando soube que estava grávida de Otto, tudo desmoronou. Arnaldo e eu faturamos uma boa grana, mas eu estava grávida, tinha uma família e não queria ficar presa naquilo. Arnaldo, então descobriu que eu roubei uma grande quantia dele e tinha fugido.


Stênio ouve atentamente, conectando os pontos do passado tumultuado de Hilda.


STÊNIO: (firme) E você contratou Arnaldo no hospital da família para acertar as contas?


Hilda assente, os olhos marejados de remorso.


HILDA: (suspirando) Eu não tinha escolha, Stênio. Era parte do acordo para garantir nossa segurança. Eu tinha que proteger você, nossa família.


Stênio processa as informações, o peso da verdade finalmente revelada.



Silêncio paira no quarto.


HILDA: (olhando para Stênio com tristeza) Você me odeia?


Stênio olha nos olhos de Hilda, sua expressão uma mistura complexa de emoções.


STÊNIO: (não sem compaixão) Não, Hilda. Não te odeio. Mas preciso de um tempo para digerir tudo isso. Além disso, tenho que preocupar em salvar a vida do Otto. 


Hilda assente, aceitando a resposta de Stênio com resignação.


CENA 11: INT. MANSÃO - CORREDOR DO SEGUNDO ANDAR - NOITE


A câmera se afasta lentamente do quarto de STÊNIO e HILDA, revelando o corredor silencioso e sombrio da mansão. A noite continua, carregada de segredos antigos e decisões difíceis que moldam o destino da família.


CENA 12: INT. MANSÃO - SALA DE ESTAR - NOITE

Heloísa está na sala de estar da mansão, visivelmente desconfortável, observando a chuva lá fora. Ela ouve passos se aproximando e se vira para ver Guilherme entrar.


HELOÍSA:  (com preocupação) Guilherme...

Guilherme percebe imediatamente a tensão no ar e o olhar perturbado de Heloísa.

GUILHERME: (o tom preocupado) O que está acontecendo?

HELOÍSA: (respirando fundo) Seus pais trouxeram Otto para cá esta noite. Eles estão no quarto deles agora.

GUILHERME:  (surpreso) Otto? Por que trouxeram ele para cá?

Neste momento, a babá entra na sala com Matheus. Ele parece abatido e tem um pequeno arranhão no rosto.

HELOÍSA: (disfarçando, para a babá) O que aconteceu com Matheus?

BABÁ: (incerta) Ele disse que a senhora, o empurrou no jardim...

MATHEUS: (triste, olhando para Heloísa) Você me machucou, mamãe.

Heloísa fica sem palavras, olhando para Matheus com choque e culpa.

GUILHERME: (furioso) Heloísa, o que está acontecendo aqui?

HELOÍSA: (tentando se explicar) Eu... eu não sei, Guilherme. Foi um acidente, eu não quis...

GUILHERME: (furioso, interrompendo) Um acidente? Você machucou nosso filho!

Heloísa está visivelmente abalada, incapaz de encontrar palavras para se defender.

GUILHERME: (virando-se para a babá) Leve Matheus para o quarto dele e fique com ele. Vou resolver isso agora mesmo.

A babá assente e leva Matheus para longe da sala.


CORTA PARA: 

CENA 13: INT. MANSÃO. CORREDOR DO SEGUNDO ANDAR - NOITE

Guilherme caminha rapidamente pelo corredor em direção ao quarto dos pais, a raiva claramente visível em seu rosto.


CENA 14: INT. MANSÃO - QUARTO DE STÊNIO E HILDA - NOITE

Guilherme entra no quarto onde Stênio e Hilda estão sentados em silêncio.


GUILHERME: (furioso) O que está acontecendo aqui? Por que trouxeram Otto para cá?

Stênio olha para Guilherme, entendendo que as coisas estão saindo do controle rapidamente.

STÊNIO: (calmo, tentando acalmar a situação) Guilherme, precisamos conversar com calma...

GUILHERME: (cortando) Não me venha com calma agora! Heloísa machucou Matheus e ele disse que foi empurrado por ela no jardim. O que está acontecendo?

Hilda olha para Stênio com preocupação, sabendo que a verdade está vindo à tona de uma forma explosiva.

STÊNIO: (suspirando, escolhendo as palavras com cuidado) Há muito o que explicar, Guilherme. Sentem-se, por favor.

Guilherme olha de um para o outro, percebendo que algo muito sério está sendo escondido dele. 


CENA 15: INT. MANSÃO. QUARTO DE OTTO. 

[ TRILHA ON: Dido - My Lover's Gone (Audio)]

Na calada da noite, o quarto de Otto se transforma em um campo de batalha silencioso. A luz fraca da lâmpada oscila, lançando sombras inquietas pelas paredes. Otto, impulsionado por uma necessidade frenética e dolorosa, revira cada canto com uma agressividade contida, como um predador à espreita.

As gavetas são abertas com um puxão brusco, roupas e papéis voam pelo ar em um frenesi descontrolado. Cada objeto deslocado ecoa a urgência que consome sua mente e seu corpo. Seus dedos tremem enquanto ele busca, o suor frio marcando sua testa em meio à ansiedade crescente.

O relógio tic-taca impiedosamente, cada segundo prolongando a angústia da abstinência. Otto resmunga palavras incoerentes, uma mistura de raiva e desespero. Seus olhos ardem com determinação misturada com uma selvageria inquieta, desejando encontrar o alívio fugaz que apenas uma pedra de crack poderia proporcionar.

Finalmente, após uma busca frenética e sem sucesso, Otto cai de joelhos no chão duro. Seu corpo estremece com tremores de frustração, seus punhos cerrados batendo contra o chão frio. Lágrimas de impotência escapam de seus olhos cerrados, um último suspiro de luta antes de sucumbir à cruel realidade da privação.

O quarto permanece imperturbável, a noite avança sem perceber a tormenta silenciosa que se desenrolou ali dentro. Otto, agora um naufrágio humano entre os destroços de sua própria busca desesperada por um alívio que nunca vem.


CENA 16: INT. RESTAURANTE. PETRÓPOLIS - NOITE

Débora e Arnaldo estão sentados em uma mesa bem iluminada, cercados por uma atmosfera tranquila de restaurante.

DÉBORA: Eu aceitei seu convite, Arnaldo, porque precisava conversar seriamente com você.

ARNALDO: (Com um sorriso) Claro, Débora. Fico feliz que tenha vindo.

Débora respira fundo, claramente tensa.

DÉBORA: É sobre nós... Eu não posso mais continuar nos encontrando assim.

Arnaldo mantém uma expressão impassível, observando-a com um olhar calculista.

ARNALDO: (Sério) Como assim Débora? Eu.. eu achei que estivesse rolando algo entre a gente.

Débora hesita, buscando as palavras certas.

DÉBORA: É o Otávio, Ele anda enciumado, desconfiado... e vocês são amigos.

Arnaldo olha para ela, um sorriso cínico brincando em seus lábios.

ARNALDO: (Ríspido) Se ele soubesse o que realmente aconteceu entre nós...

Débora franze a testa, surpresa com o tom de Arnaldo.

DÉBORA: (Olha para ele com cautela) O que você quer dizer com isso?

Arnaldo inclina-se para frente, os olhos faiscando com malícia.

ARNALDO: (Soltando a bomba) Otávio não é tão inocente quanto você pensa, Débora. Ele tem um caso. Com uma travesti, para ser mais específico.

Débora fica chocada com a revelação, incapaz de esconder sua incredulidade.

DÉBORA: (Com voz trêmula) Isso não pode ser verdade...

Arnaldo ri mordazmente, apreciando a reação dela.

ARNALDO: (Sarcástico) Mas é verdade, minha amada Débora. Ele tem mantido isso bem escondido de você. 


A câmera dá um close no rosto de Débora que sente uma mistura de emoções, desde a dor da traição até a raiva. 



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DEPOIMENTO: BEATRIZ THOMACHEUSKI ( Ex Dependente química:)



“ Eu já conhecia a droga, mas eu era muito contra. Então eu tinha esse contato muito fácil, através de amigos. Até um dia que eu resolvi experimentar. [...] Durante um tempo foi uma doença até que estacionada, eu não usava tanto, mas de um ano.. oito meses para frente, acabou que eu comecei usar todo dia e me perdi naquilo. Eu fugi de casa, eu vendi coisas minhas, eu tratava meus pais muito mal e aí foi ai que eu resolvi aceitar ajuda para ser internada. [...] Eu não estava me conhecendo mais! Eu me conhecia como uma menina doce, ajudava em casa, tratava bem minha família, e de repente eu me transformei num bicho de ste cabeças…’’


(Acompanhe esse e outros depoimentos completosDependência Química - Exemplo de superação!


Por meio do telefone 121, os cidadãos vão saber mais sobre serviços e locais de atendimento e apoio aos usuários de drogas


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FIM DO CAPÍTULO 










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