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Júlia - Capitulo 15










JÚLIA

Uma novela criada e escrita por 
RAMON FERNANDES

CAPÍTULO 15







CENA 01. APARTAMENTO. INTERIOR. DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
JÚLIA AFASTA LEANDRO DO BEIJO, BAIXA A CABEÇA.
JÚLIA    — Leandro/
LEANDRO    — Júlia, desculpa! Me desculpa! Eu sou um idiota!
JÚLIA SE AFASTA UM POUCO, RESPIRA E O ENCARA.
JÚLIA    — Tá tudo bem. Não foi pra tanto também. Foi um beijo, foi um momento que os dois estavam frágeis. Pronto. Não precisa de tantas desculpas.
LEANDRO A ENCARA, SORRI LEVE.
LEANDRO    — Você é uma garota incrível mesmo. Agora eu sei porque o Davi se apaixonou/
JÚLIA FICA SEM GRAÇA.
LEANDRO    — Desculpa... De novo!
JÚLIA    — Tudo bem. Bora então? Tá ficando tarde.
LEANDRO    — Claro. Júlia, antes, eu só queria te pedir uma coisa.
JÚLIA    — O quê?
LEANDRO    — Eu queria pedir pra continuar prestando consultoria pra você. Te ajudando a encontrar um apartamento. Tudo bem pra você?
JÚLIA    — É... Tá sim. Claro. (Sorri) Pode ajudar sim, claro.
LEANDRO SORRI. SE APROXIMA DE JÚLIA.
LEANDRO    — Posso te dar um abraço?
JÚLIA PENSA POR ALGUNS INSTANTES E SORRI.
JÚLIA    — Pode sim.
OS DOIS SE ABRAÇAM. JÚLIA UM POUCO DESCONFORTÁVEL, MAS CEDENDO. LEANDRO DÁ UM SORRISO DISCRETO.
LEANDRO    (OFF) Eu não disse que ia dar certo? Eu falei!
CORTA PARA

CENA 02. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
LEANDRO SENTADO EM UM SOFÁ. ROBERTO E MARIA EDUARDA EM OUTRO.
LEANDRO    — A Júlia é como eu lembrava, ela é uma romântica. Acredita nas pessoas, uma otimista, entusiasta. Sabia que ela ia cair no meu papo.
M. EDUARDA    — Eu ainda não concordo com esse plano seu. Acho um absurdo. 
ROBERTO    — Deixa o garoto, Eduarda. Se ele tá se dando bem no plano que ele montou pra tirar aquela miserável das nossas vidas, que bom. Fico feliz.
LEANDRO    — Deixa comigo, é só eu continuar levando a Júlia onde ela precisa, e onde eu quiser, que vai dar tudo certo. Meu plano vai dar certo!
DAVI    — (Saindo do interior de outro cômodo) Como é? Você tá se aproveitando da Júlia, se aproximando pra enganar ela?
LEANDRO E DAVI SE ENCARAM. EM LEANDRO, ACUADO.
CORTA PARA

CENA 03. FLAT DE JÚLIA. COZINHA. INTERIOR. DIA
FELIPE SENTADO NA MESA, CORTANDO UM PEDAÇO DE BOLO. JÚLIA VEM COM O BULE DE CAFÉ. SENTA E SERVE O PAI. COLOCA UMA XÍCARA PARA ELA.
JÚLIA    — Foi só isso, pai. O Leandro tá me ajudando a encontrar um apartamento pra gente morar. É isso. Não tem nada demais.
FELIPE    — Como não tem nada demais, Júlia? Como não tem, minha filha? Você acabou de voltar pro Brasil, já dispensou aqui o canalha do Davi, já brigou com o doutor Roberto, com a noiva dele lá, a histérica da Vitória. E agora, aceita ajuda do irmão do Davi? Justamente, do Leandro Assunção?
JÚLIA    — Pai, não é ajuda. Ele tá prestando um trabalho, consultoria, e eu não estou pedindo nenhum favor, é um trabalho. Apenas isso.
JÚLIA COME UM PEDAÇO DE BOLO. FELIPE A ANALISANDO.
JÚLIA    — Pai...
FELIPE    — Tem alguma coisa que você tá me escondendo, Júlia?
JÚLIA    — (Suspira) Ah, seu Felipe... Tá, eu não consigo mentir para o senhor.
FELIPE    — Sabia que tava rolando alguma coisa aí. Fala, o que tá acontecendo, filha?
JÚLIA    — Não tá acontecendo nada, pai. Aconteceu! (Respira fundo) Aconteceu que o Leandro me levou pra um apartamento antigo, que ele havia comprado pra morar com uma ex-noiva dele. Aliás, eu nunca soube dessa história, pai. O Leandro teve realmente, alguma noiva que morreu em um acidente?
FELIPE ACENA QUE SIM.
FELIPE    — Infelizmente, minha filha. Você e o Davi eram muito crianças, deveriam ter ali pelos seis, sete anos. O Leandro também não tinha mais que dezoito anos. Era a primeira namorada dele, noiva... Aí, a garota morreu, vindo de uma viagem. Depois disso, eu não lembro dele ter se envolvido mais a sério com nenhuma outra mulher não.
JÚLIA    — Ele contou a história. Foi tão triste ouvir isso tudo, pai. Teve um momento que ele chorou e...
FELIPE    — E o que, Júlia? A troco de quê ele te contou tudo isso?
JÚLIA    — Ah, pai. Nós estávamos conversando. Ele desabafou, precisava de alguém pra ouvir. Eu tava lá...
FELIPE    — Sei. E?
JÚLIA FICA SEM JEITO, TOMA UM GOLE DE CAFÉ. ENCARA O PAI.
JÚLIA    — E acabou rolando um beijo.
FELIPE QUASE SE AFOGA COM O CAFÉ. OLHA JÚLIA, ESPANTADO. EM JÚLIA.
CORTA PARA

CENA 04. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 02.
DAVI JÁ PARTINDO PARA CIMA DE LEANDRO.
DAVI    — Como você é capaz de tá mentindo assim pra Júlia? Seu canalha!
LEANDRO    — Ê! Pera lá! Eu não tô mentindo pra ninguém. Tô fazendo meu trabalho e é só isso. Tô prestando consultoria, e foi um serviço contratado por ela. Não tem o porque ficar assim todo nervosinho não.
ROBERTO    — Vocês dois, parem! Já não bastou toda a confusão que essa garota já trouxe pra essa casa, vocês vão brigar agora por ela?
M. EDUARDA    — Davi, você não tá em condições de exigir nenhuma explicação do seu irmão.
DAVI    — Vocês estão sempre vendo as situações pela ótica de vocês. É inacreditável como eu passei tantos anos cego dentro dessa casa! É incrível!
DAVI SAI DALI FURIOSO. LEANDRO SE ENTREOLHA COM OS PAIS.
LEANDRO    — Será que ele vai falar pra ela?
ROBERTO    — Acho que ela tá com tanta raiva dele, tanto ranço, que nem vai dar ouvidos.
LEANDRO    — Espero que não!
EM LEANDRO, NERVOSO.
CORTA PARA

CENA 05. FLAT DE JÚLIA. COZINHA. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 03.
FELIPE LEVANTA NERVOSO.
FELIPE    — Eu acho que não ouvi direito. O Leandro o quê, Júlia?
JÚLIA    — Pai, aconteceu. Nós estávamos em um clima triste, ele me contou sobre a noiva dele, tava fragilizado... Rolou.
FELIPE    — "Rolou". Rolou, Júlia? Você tinha acabado de dizer que não queria se aproximar de ninguém dessa família. E agora, não só contente em aceitar a ajuda desse cara, você fica aos beijos com ele?
JÚLIA    — Meu Deus, pai. Que exagero, credo! Ninguém ficou aos beijos com ninguém. Ele me deu um beijo, só isso. Uma coisa sem importância, que não vai se repetir.
JÚLIA TOMA CAFÉ. FELIPE A OLHANDO DE CANTO.
FELIPE    — Minha filha, eu te conheço, Júlia. Você ficou mexida com essa história do Leandro.
JÚLIA    — Claro, pai. Claro que eu fiquei mexida. O cara me conta que comprou um apartamento pra viver com a noiva quando casassem, e fala que essa mesma noiva morreu poucos dias antes disso tudo acontecer... Pai, eu pude compreender tanta coisa do Leandro, depois que ele me contou essa história. Entendi tanto os motivos dele ser assim, fechado, na dele, recluso...
FELIPE    — Júlia!
JÚLIA    — Seu Felipe, fica tranquilo!
JÚLIA LEVANTA E FAZ CARINHO NO PAI.
JÚLIA    — Se eu disse que não vai mais acontecer, não vai mais acontecer. A sua filha sabe o que tá fazendo, ok?
FELIPE CONCORDA, A CONTRAGOSTO. JÚLIA VAI PARA OUTRO CÔMODO. FELIPE PENSATIVO.
FELIPE    — Será que sabe mesmo?
NELE.
CORTA PARA

CENA 06. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
MÚSICA: “Spending My Time” - Roxette
TAKES DO ANOITECER NA CIDADE MARAVILHOSA. TAKE DO CRISTO REDENTOR ILUMINADO, OUTROS PONTOS TAMBÉM SÃO DESTACADOS. ÚLTIMO TAKE NA FACHADA DA MANSÃO BACELAR.
CORTA PARA

CENA 07. MANSÃO BACELAR. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
BRUNO VEM COM SUA BICICLETA E ESTACIONA EM FRENTE. FALA EM OFF, COM ALGUÉM AO CELULAR. INSTANTES. GABY SAI DO PORTÃO. MÚSICA OFF.
GABY    — Fiquei surpresa. Não sabia que você ia me procurar aqui.
BRUNO    — Eu não consegui esperar até amanhã. Eu precisava falar com você hoje. Fiz mal?
GABY    — Claro que não. (Sorri) Eu gostei.
BRUNO SORRI PARA ELA. SE APROXIMA.
BRUNO    — Eu pensei em tudo o que nós conversamos, na minha mãe, nas coisas que ela disse. E... Bom, eu cheguei a algumas conclusões.
GABY    — Bruno, se você veio terminar comigo, por favor, eu não quero ouvir. Você poderia ter feito isso pelo celular/
BRUNO    — (Por cima/ Ri) Ei! Calma! Calma, que pressa!
GABY    — (Ri) Desculpa. Eu não vou te interromper.
BRUNO SORRI, SE APROXIMA DELA E LHE FAZ UM CARINHO NO ROSTO.
BRUNO    — Eu te amo, Gaby. Eu não quero me afastar de você.
MÚSICA: “Dois Corações” - Melim
GABY SORRI E O ABRAÇA. BRUNO FAZENDO UM CARINHO EM SEU CABELO.
BRUNO    — Não quero terminar o que nós nem começamos ainda. Gosto muito de você. Me desculpa ter me afastado, ter ficado com tantas dúvidas, mas, eu tava perdido com toda essa situação.
GABY    — Então, nós estamos juntos?
BRUNO    — Mais que isso, Gaby. Eu tomei uma decisão muito importante, e quando a vida te dá uma segunda chance, é melhor aproveitar.
BRUNO TIRA DO BOLSO UMA CAIXINHA SIMPLES. ENTREGA PRA ELA. GABY COLOCA A MÃO NA BOCA, SURPRESA.
GABY    — (Radiante) Isso é o que eu tô pensando?
BRUNO    — (Abrindo a caixinha) Gaby, quer namorar comigo?
GABY    — Ô, meu amor.
GABY ABRAÇA BRUNO, O BEIJA. ELE COLOCA A ALIANÇA EM SEU DEDO.
GABY    — É claro que eu aceito, meu amor. Tudo o que eu sempre quis, namorar um gato tão lindo, tão inteligente, educado quanto você. Parece um sonho.
BRUNO    — Eu te amo muito, gatinha.
GABY SORRI. OS DOIS SE APROXIMAM E SE BEIJAM APAIXONADOS. INSTANTES. UM PAR DE FARÓIS ILUMINA OS DOIS. MÚSICA OFF. OS DOIS SAEM DO BEIJO. OLHAM EM DIREÇÃO AO CARRO. DO INTERIOR DO VEÍCULO, SAI INGRID, DESCOMPENSADA.
INGRID    — (Berrando) Que porra é essa? O que cê tá fazendo com esse pretinho, Gabriela? Que merda é essa aqui?
BRUNO E GABY ENCARANDO INGRID, FURIOSA. NELA.
CORTA PARA

CENA 08. MANSÃO ASSUNÇÃO. SUÍTE DE LEANDRO. INTERIOR. NOITE
LEANDRO DEITADO NA CAMA, APENAS DE CUECA. OLHA PARA O TETO, PENSATIVO. FLASHES DO BEIJO COM JÚLIA VEM EM MENTE. ELE ESTRANHA.
LEANDRO    — Eu não posso cair na dela também. É um negócio como qualquer outro, Leandro! Um negócio! Só isso! Negócios...
CORTA PARA

CENA 09. MANSÃO BACELAR. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
Continuação imediata da cena 07.
INGRID SE APROXIMA RAPIDAMENTE DE GABY E BRUNO.
BRUNO    — Quem é essa, Gaby?
INGRID    — (Berrando) Quem é essa? Quem é essa? Fala pra ele, quem sou eu, Gabriela!
GABY    — Mãe/
INGRID    — (Por cima/ Bem exaltada) Cala a boca, Gabriela! Aliás, cala a boca não, pode me contar direitinho o que eu tô vendo aqui. O que você tá fazendo com esse neguinho?
BRUNO    — (Por cima/ Tom) Peraí, pode parando. Quem você pensa que é pra me chamar assim? Quem cê pensa que é pra falar assim comigo?
INGRID    — Eu sou quem você nunca vai ser, moleque! Eu sou rica! E você, hein, de que buraco você saiu?
GABY    — (Tom) Mãe, para! Cê tá indo longe demais!
BRUNO    — (Exaltado) Eu exijo respeito!
INGRID DÁ UMA GARGALHADA. ENCARA BRUNO, DEBOCHADÍSSIMA.
INGRID    — A única coisa que gente como você deveria exigir, era a carta de alforria! Ou o tronco!
BRUNO LEVANTA A MÃO, GABY O SEGURA. INGRID ENCARANDO.
INGRID    — Vai bater? (Ri) Ah, não, o negrinho agora vai me bater? (Berra) Então, bate! Bate, vai! Eu vou adorar te jogar atrás das grades, pra mofar numa cadeia fedida, cheinha de gente igual você! 
BRUNO    — (Olha Gaby) Pra mim, chega! Deu!
GABY    — (Choraminga) Não, Bruno. Não!
INGRID    — Isso mesmo! Vai embora e não volta! Até porque se voltar, eu mando a segurança te colocar pra fora. Faço melhor, chamo a polícia e te acuso de invasão!
BRUNO DEIXA UMA LÁGRIMA ESCORRER. ENCARA INGRID, PEGA SUA BICICLETA E SAI DALI RAPIDAMENTE. GABY CHORANDO DESOLADA.
INGRID    — Que decepção, Gabriela!
GABY    — (Grita) Decepção é a senhora! Como a senhora pôde?
INGRID    — (Berra) Como voce pode estar beijando, agarrada com um macaco na frente da nossa casa, Gabriela?
GABY    — A senhora é repulsiva. Nojenta. (Berra) A senhora é asquerosa!
INGRID DÁ UM TAPÃO EM GABY. ELA COLOCA IMEDIATAMENTE A MÃO NO ROSTO. ENCARA INGRID.
INGRID    — Nunca mais eu quero te ver perto desse garoto. Se eu ver, eu mesma faço questão de acabar com a vida desse faveladinho!
GABY FICA ALI CHORANDO. INGRID EMBARCA NO CARRO, ABRE O PORTÃO ELETRÔNICO E ENTRA NA MANSÃO. GABY CAI SENTADA NA CALÇADA, CHORA DESESPERADA.
CORTA PARA

CENA 10. RUA QUALQUER. EXTERIOR. NOITE
INSTRUMENTAL TRISTE. BRUNO CORTA UMA RUA QUALQUER, PEDALANDO O MAIS RÁPIDO QUE PODE. CHORA COMPULSIVAMENTE, ENQUANTO LEMBRA DA DISCUSSÃO COM INGRID. SUPER CLOSE EM SEUS OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS.
CORTA PARA

CENA 11. CASA DE BRUNO. SALA. INTERIOR. NOITE
BRUNO ABRE A PORTA, AO ENTRAR, VÊ TEREZA CAÍDA NO CHÃO. CORRE ATÉ ELA.
BRUNO    — (Desesperado) Mãe! Acorda, mãe!
EM BRUNO DESESPERADO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 12. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INTERIOR. NOITE
BRUNO ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO. MUITO NERVOSO. UMA LIGAÇÃO EM SEU CELULAR. NO VISOR: GABY. BRUNO DESLIGA A CHAMADA. O MÉDICO VEM POR ALI. BRUNO O INTERCEPTA, DESESPERADO.
BRUNO    — Doutor, a minha mãe! O que aconteceu com ela, doutor?
MÉDICO    — Você é o filho da paciente Tereza Rodrigues, é isso?
BRUNO    — (Nervoso) Sou eu. O que houve com ela?
O MÉDICO RESPIRA FUNDO. EM BRUNO, MUITO NERVOSO.
CORTA PARA

CENA 13. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. NOITE
BRUNO ENTRA NA UTI DO HOSPITAL, JÁ TODO PARAMENTADO. TEREZA ENTUBADA EM UMA DAS MACAS NO LOCAL. ELE SE APROXIMA DELA, CHORA.
BRUNO    — Mãe.
TEREZA    — (Fraca) Bruno, eu tô muito mal. Eu tô morrendo, meu filho.
BRUNO    — Não, mãe! Não fala isso! Você não vai/
TEREZA SEGURA A MÃO DE BRUNO. ELE TRÊMULO.
TEREZA    — Escuta, filho. Me escuta, pelo amor de Deus. Eu preciso falar com você. É muito importante, Bruno.
BRUNO    — Mãe, você tem que guardar a sua energia. Não se esforça!
TEREZA    — Meu filho, escuta, por favor. É meu último pedido, que você me escute.
BRUNO CHORA, OLHANDO A MÃE. TEREZA TOSSE, SEM MUITAS FORÇAS.
TEREZA    — Escuta, eu preciso te contar uma coisa que eu te escondi muitos anos, uma coisa minha que sempre consumiu a minha paz. Que nunca me deixou dormir sossegada durante anos. Filho, você tem direito de saber a verdade sobre a minha vida.
BRUNO    — (Desconcertado) Mãe, do que cê tá falando?
TEREZA    — Meu filho, eu preciso que você me perdoe, Bruno. Eu tentei te poupar, meu filho. Tentei te poupar de uma história podre, mas eu não tenho esse direito. Você precisa saber a verdade.
BRUNO    — Mãe, eu não tô entendendo nada. Por favor, tenta se poupar.
TEREZA    — (Tosse/ Incisiva) Não! Não posso mais ficar com isso entalado na minha garganta! (Pausa/ Dificuldade para respirar) Filho, eu fui empregada doméstica a muitos anos atrás em uma casa de família muito rica, de família muito boa. Eu era só uma menina, eu não tinha nada. Vinda do interior, eu acreditava nas pessoas, Bruno. Eu fui trabalhar nessa casa, não conhecia nada, e me deixei levar pelo dono dessa casa. Por um homem nojento, horrível. Eu acabei tendo um caso com ele/
BRUNO    — Mãe/
TEREZA    — (Ignora/ Continua) Um caso não. Eu fui abusada por ele, eu fui enganada por esse homem. Filho... (Chora) Você é filho desse abuso do meu ex-patrão, Bruno. O seu pai, ele não morreu como eu te contei, meu filho. O seu pai é rico, Bruno. 
BRUNO    — Mãe, isso não importa. (Chora) Eu sinto muito por você, mãe.
TEREZA    — Escuta... (Ofegante) O seu pai se chama Roberto Assunção.
BRUNO A OLHA MUITO CHOCADO. PENSATIVO.
BRUNO    — (Balbucia) Roberto Assunção...
TEREZA COMEÇA A PASSAR MUITO MAL. ELA SE DEBATE NA CAMA. BRUNO SE DESESPERA.
BRUNO    — (Berra desesperado) Me ajudem! Por favor! Alguém! Me ajuda!
BRUNO CHORA EM CIMA DA MÃE.
BRUNO    — (Berrando) Mãe!
UMA EQUIPE MÉDICA VAI ENTRANDO RAPIDAMENTE ALI. ENFERMEIRA TRAZENDO O DESFIBRILADOR. MÉDICO TENTANDO REANIMAR TEREZA. BRUNO É AFASTADO DA SALA, ELE SAI GRITANDO DESESPERADO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 14. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA
BRUNO VAI CAINDO POR ALI. DESESPERADO E ATÔNITO COM TUDO O QUE OUVIU. SE ENTREGA AO DESESPERO. CÂM SAI POR CIMA, MOSTRANDO TODO O DESESPERO DE BRUNO, PERDENDO SUA MÃE.
FADE OUT/

FADE IN/
CENA 15. CEMITÉRIO. EXTERIOR. DIA
TÉRMINO DO SEPULTAMENTO DE TEREZA. UMA PÁ DE TERRA É JOGADA SOBRE O CAIXÃO, DENTRO DA COVA. NA BEIRA DO TÚMULO, ESTÁ BRUNO. ALGUNS FIGURANTES ALI PRÓXIMO. CLIMA DE MUITA TRISTEZA. BRUNO ACABADO PELA TRAGÉDIA QUE ACONTECEU. AO SEU LADO, UMA MÃO FEMININA TOCA SEU OMBRO. BRUNO OLHA PARA O LADO E VÊ GABY, ELA O ABRAÇA. OS DOIS SE ABRAÇAM COM FORÇA. BRUNO CHORA NO OMBRO DE GABY. ELA TAMBÉM CHOROSA. CÂM SAI POR CIMA, MOSTRANDO A CENA COMO UM TODO.
CORTA PARA

FIM DO CAPÍTULO 15


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