Capítulo 27
Cena 01 – Pensionato
Santa Cruz [Interna/Noite]
(Após atirar,
Murilo havia ficado completamente ensandecido).
MURILO: Eu matei... Matei! (Diz ao abaixar a arma).
(Nesse momento, o
dono da pensão e outro pensionista invadem o quarto).
DONO DA PENSÃO: Eu ouvi um tiro! (Diz ao entrar).
PENSIONISTA: Ali! (Aponta em direção à vítima).
VAVO: Esse desgraçado me acertou! (Murmura enquanto geme de dor).
STELLA: Olha o que você fez, está satisfeito? Você poderia ter nos matado! (Diz
ao tentar socorrer Vavo, pressionando o ferimento no ombro dele).
PENSIONISTA: Isso vai dar ruim, é melhor chamar a polícia de uma vez...
MURILO: Polícia? (Repete visivelmente atordoado).
DONO DA PENSÃO: (Tira o celular do bolso) É exatamente o que eu vou fazer agora, chamar
a polícia. (Começa a discar o número).
MURILO: Não, a polícia não. Polícia não! (Sai do quarto correndo, após guardar
a arma na cintura).
Cena 02 – Apartamento
de André [Interna/Noite]
Música da cena: Não
Sai Da Minha Cabeça – Flávio Ferrari, Gabriel Nandes
(Imagens externas
mostram a noite na cidade de São Paulo. Coletivos percorrem as grandes avenidas
e em seguida surge a fachada do edifício onde André morava).
ANDRÉ: (Deixa o closet abotoando os punhos da camisa, visivelmente arrumado e
perfumado) Eu vou sair e não tenho hora para voltar. Vê se não me amola e nem
faz uma ceninha de ciúme daquelas quando eu voltar, ok? Tchau! (Sai do quarto).
(Sozinha no
banheiro, Letícia permanecia imóvel apoiada na pia).
Música da cena:
Resposta - Skank
LETÍCIA: (Chora ao observar os machucados no rosto, causados pelas agressões de
André).
Cena 03 – Delegacia
[Interna/Noite]
(Com a transição de
cenas, surge a fachada da delegacia. Viaturas estacionavam na frente do local e
tiravam bandidos do camburão. Na área interna da repartição, um policial conduzia
Kátia até a cela onde ela ficaria).
POLICIAL: (Tira as algemas de Kátia e abre a cela) Pronto, madame... Está
entregue! (Diz com ironia).
KÁTIA: Espera, eu estou falando sério. Isso é um engano, eu não estava com
dinheiro falso.
POLICIAL: Ah, dona! Pra cima de mim e com essa sua cara de pilantra? Conta outra.
Vai ficar no xadrez até aprender o que vigaristas como você aprendem! (Empurra
Kátia para dentro da cela e em seguida a tranca).
KÁTIA: Desgraçada, filha da... Essa pilantra me ferrou, mas isso não vai ficar
assim. Eu vou acabar com você, Amanda. Ah, se vou! (Pensa em voz alta).
Cena 04 – Bar do Sílvio
(Centro da cidade) [Interna/Noite]
(O balconista do
bar não parava de servir um cliente, que já estava prestes a secar a segunda
garrafa de uísque).
BALCONISTA: Outra? (Pergunta ao perceber que a garrafa está praticamente seca).
MURILO: Outra! Hoje eu vou comemorar a maior desgraça na vida de um homem...
Outra garrafa, outra! Além disso, a próxima rodada de todo mundo é por minha
conta... (Grita completamente fora de si).
Cena 05 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Noite]
Música da cena:
Bandida - Cleo
(Imagens aéreas
percorrem a cidade e mostram os grandes edifícios da cidade. Em seguida, surge
a fachada da casa de Marina e Antônio. Agora sozinha no quarto que costumava
dividir com Letícia, Amanda se esparramou na cama eufórica com o dia que tinha
tido).
AMANDA: Que beijo! Agora falta muito pouco para ficar com tudo da
Cristininha... E a Stella, será que essa hora o meu titio já acabou com a raça dela?
Espero que sim! (Cai na gargalhada enquanto pensa em voz alta).
Cena 06 – Ruas do
Bixiga [Externa/Noite]
Música da cena: Tô
Correndo de Briga – João Rosa
(Sofia encerrou o
expediente do bar e fechou o estabelecimento com ajuda de alguns funcionários).
SOFIA: Tchau, gente!
GARÇOM: Boa noite, Dona Sofia!
SOFIA: Boa noite, meus queridos. Vão com Deus e até amanhã. (Despede-se).
(Sofia seguiu na
direção contrária e deu somente alguns passos até chegar ao portão que dava
acesso ao segundo pavimento do sobrado onde morava com Tiago e Cristina. Do
outro lado da rua, um homem embriagado cambaleava pelas ruas, enquanto
cantarolava).
SOFIA: (Observa o homem do outro lado da rua e se distrai).
MURILO: Lembra de mim
Nós dois nas ruas
Provocando os casais
Amando mais
Do que o amor é capaz
Perto daqui
Há tempos atrás... (Cantarola
enquanto choraminga ao mesmo tempo).
SOFIA: O que será que esse doido vai fazer? (Pergunta a si mesma).
MURILO: (Sem olhar para os lados, atravessa a rua e caminha entre os carros que
buzinam).
SOFIA: Ei, moço... Sai daí! Olhe os carros, vão te atropelar... Moço!
(Nesse momento,
surge um carro em alta velocidade. Sofia logo percebe que o motorista não
demonstra ter medo em acelerar o veículo).
SOFIA: Ei... Sai daí! (Ao perceber que Murilo não a escuta, Sofia toma coragem
e corre até ele. Em seguida ela o empurra, fazendo com que os dois caiam no
chão, logo após o carro segue cantando pneu até desaparecer no final da rua).
Música da cena:
With You – Sam Bailey
MURILO: Quem é você, hein? (Murmura).
SOFIA: (Olha para Murilo completamente vulnerável e se encanta com ele).
Cena 07 – Sobrado
de Sofia [Interna/Noite]
(Sofia adentrou em
casa com Murilo apoiando-se nela).
SOFIA: Tiago, Cristina... Me ajudem aqui! (Grita).
(Nesse momento,
Cristina corre até a sala e em seguida, Tiago se aproxima).
CRISTINA: Meu Deus, o que aconteceu? (Questiona, em seguida ao observar, ela
observa o rosto do homem que Sofia está apoiando e logo se recorda de quem é).
– Espera, eu sei quem é esse homem...
TIAGO: (Se aproxima e ajuda Sofia a colocar Murilo no sofá) É claro que
conhece, esse daqui é o Senhor Murilo Assumpção, filho da dona da empresa onde
trabalhamos, no caso, tio da sua amiga.
CRISTINA: Mas o que ele está fazendo aqui e nesse estado?
MURILO: (Bêbado, deita no sofá e se acomoda).
SOFIA: (Observa Murilo deitado em seu sofá) Isso nós só saberemos quando ele
resolver abrir o bico, o que não deve ser agora. Claro, não podemos deixá-lo
sair na rua desse jeito, ele quase foi atropelado. Ainda mais sendo conhecido,
deixa ele dormir aí e depois nós vemos o que fazemos. (Conclui).
Cena 08 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Manhã]
Música da cena:
Because You Loved Me - Cláudia Rezende
(Após acordar e se
arrumar para o trabalho, Amanda deixou o quarto ainda com soni e bocejando. Ao
chegar à sala, Marina e Antônio tomavam café em silêncio).
AMANDA: Bom dia, mamãe! (Beija Marina no rosto). - Bom dia, papai! (Beija
Antônio em seguida e se acomoda em uma cadeira).
MARINA: Bom dia, minha filha. (Responde secamente).
AMANDA: Nossa, que caras! O que aconteceu? Algum problema?
MARINA: Amanda, eu e o seu pai estamos muito inquietos. Já fazem semanas que
nós te reencontramos, ficamos felizes com isso, mas não conseguimos esquecer...
AMANDA: (Estranha o assunto) Eu não estou entendendo onde a senhora quer
chegar.
ANTÔNIO: O que a sua mãe tanto se enrola para dizer é que nós decidimos que você
não irá mais trabalhar com Marion Assumpção. Essa mulher é uma criminosa e deve
pagar pelo o que nos fez.
AMANDA: Vocês tomaram a decisão? E quando pensavam em me consultar? Eu não sou
mais nenhuma criança, papai. Não acha que eu mesma posso comandar o meu
destino? Não me faça escolher entre vocês e a minha avó.
ANTÔNIO: Ah, é? E porquê? Você vai acabar escolhendo-a, não é? Dá pra ver no
brilho dos seus olhos que você está inteiramente focada nos milhões dela.
MARINA: Antônio... (Tenta advertir o marido).
AMANDA: Você não me conhece mesmo. Eu juro que não entendo todo esse ódio e
ressentimento. A maior afetada nessa história fui eu r eu já perdoei a minha
avó. Ela quer recuperar o tempo perdido e investir em mim. Em pouco tempo eu
serei a sua sucessora e poderei dar tudo a vocês, mudar de vida.
ANTÔNIO: Nós não queremos nada que venha dessa mulher. Esse dinheiro é maldito!
(Esbraveja).
AMANDA: O senhor diz isso porque está cheio e orgulho. Eu já disse que a minha
avó quer apenas nos ajudar e apagar o passado. Será que não dá para entender? A
nossa vida pode mudar se a minha avó entrar em nossas vidas. Entenda isso,
papai!
ANTÔNIO: Nunca! Eu não quero mais você perto daquela mulher e assunto encerrado.
Eu prefiro morrer a depender do dinheiro daquela mulher. Prefiro trabalhar na
minha oficina até o meu último suspiro, mas dela eu não quero nada.
AMANDA: (Levanta-se bruscamente) Sinto muito, papai. Dessa vez eu não vou poder
obedecer. Se você me permite, vou sair. Com licença! (Vai embora).
ANTÔNIO: Amanda, volte aqui que nós não terminamos essa conversa. Amanda...
Amanda! (Grita, porém ela não retorna).
(Ao chegar na área
externa da casa, Amanda deixa a propriedade e vai para a rua completamente fora
de si).
AMANDA: Porque todo pobre tem que ser convencido? Eu não tenho vocação para ser
medíocre e passar necessidade. Talvez eu precise dar um jeitinho do papaizinho
da cretina da Cristina mudar de ideia. (Sorri ao imaginar algo).
Cena 09 – Hospital
Andrade Couto [Interna/Tarde]
Música da cena:
Oceana - OUTROEU, Melim
(Imagens externas
mostram a movimentação nas ruas e nas estações de metrô. Em seguida surge a
fachada do hospital. No interior do local, um médico examinava Vavo após o
tiro).
STELLA: (Observa) E então, doutor. Como ele está?
MÉDICO: (Cobre o ferimento com um novo curativo e hiegieniza as mãos) Bem,
muito bem. Felizmente o ferimento não atingiu órgãos vitais e nem tecidos ou
artérias consideradas de risco. Pelo o que vejo, ele já pode ir pra casa.
VAVO: Ah, ótimo! Eu odeio hospitais... Estou todo quebrado. (Diz tentando se
acomodar, ainda se sentindo desconfortável).
STELLA: Mas graças a Deus você está fora de perigo. Agora já podemos ir para
casa!
VAVO: É, isso graças ao seu marido que quase me matou. Você tem noção de que
por pouco ele não me matou.
MÉDICO: Bem, eu vou deixá-los sozinho. Vou aproveitar para passar na recepção e
assinar sua alta. Com licença! (Deixa o quarto).
STELLA: Não se preocupe, eu vou cuidar de você.
VAVO: (Resmunga de cara feia).
Cena 10 – Indústria
Assumpção [Interna/Tarde]
Música da cena:
Jura Secreta – Lucinha Lins
(Quando as portas
do elevador se abriram, Marion caminhou entre os funcionários e logo em seguida
se dirigiu até a parte da empresa onde estavam as salas da diretoria e
presidência).
MARION: Jacqueline, diga ao meu filho que venha até aqui, quero dar uma
palavrinha com ele. (Diz ao entrar na sala, acompanhada de Jacqueline que surge
logo após).
JACQUELINE: O seu filho, senhora? (Questiona em tom de estranhamento).
MARION: (Senta-se em sua cadeira) Que foi, não ouviu? É claro que é o meu
filho, por acaso eu tenho outro? Vá chamá-lo.
JACQUELINE: Acontece que o Senhor Murilo não veio trabalhar hoje, senhora. Ele não
apareceu e nem deixou nenhum recado. A senhora quer que eu ligue?
MARION: Não, não precisa. Pode se retirar agora, Jacqueline... Ao trabalho!
JACQUELINE: Sim senhora, com licença. (Sai da sala e fecha a porta).
MARION: Esquisito demais esse desaparecimento súbito do Murilo. Onde será que
ele se meteu? (Pergunta a si mesma).
Cena 11 – Loja de
Construções [Interna/Tarde]
(Desconfiada,
Amanda caminhou sorrateiramente pela feira livre e adentrou em uma galeria.
Olhando para todos os lados e se certificando que não estava sendo vista,
Amanda entrou em uma loja).
ATENDENTE: Bom dia, moça! Como posso ajudá-la?
AMANDA: (Coloca uma lista em cima do balcão) Eu quero tudo que está nessa
lista. Por favor, não demore. Sim? (Orienta).
ATENDENTE: Sim, senhora. Com licença!
AMANDA: (Caminha pela loja ansiosa, enquanto resolve aguardar o atendente
retornar).
Cena 12 – Mansão
Assumpção [Interna/Noite]
(A campainha tocava insistentemente
quando Amália adentrou na sala principal da Mansão e foi até a porta).
MURILO NETO: Eu vim assim que
soube do desaparecimento do meu pai. Já tiveram notícias dele? A minha avó já
está em casa? (Diz ao entrar).
AMÁLIA: O seu pai não está
mais desaparecido. Ele chegou faz pouco tempo e está lá em cima, no quarto
dele. A sua avó está com ele! (Responde ao fechar a porta).
MURILO NETO: E a minha mãe,
onde ela está?
AMÁLIA: Não sei, senhor.
Ela saiu e não disse para onde, nem a que horas voltava.
MURILO NETO: Sei! Eu vou subir
até o quarto do meu pai, quero ver com meus próprios olhos como ele está e entendeu
o que aconteceu. Obrigado! (Sobe a escada que dá acesso ao segundo pavimento da
casa).
(Ao atravessar o corredor, Murilo
Neto foi até o quarto onde seus pais dormiam e entrou no local, encontrando
Marion sentada ao lado da cama e Murilo deitado).
MURILO NETO: Pai, o que
aconteceu?
MARION: Eu vou deixá-los
sozinhos. (Levanta-se e deixa o quarto).
MURILO NETO: (Senta na cama, ao
lado do pai, que está visivelmente consternado).
MURILO: (Senta-se e abraça
fortemente o filho) Me perdoa, meu filho. Me perdoe por eu não ter sido o pai
que você precisava.
MURILO NETO: (Abraça o pai sem
entender o que está acontecendo).
Cena 13 – Oficina
dos Medeiros [Interna/Noite]
Música da cena: Não
Sai Da Minha Cabeça – Flávio Ferrari, Gabriel Nandes
(Imagens externas
apresentam a noite de São Paulo. Em seguida surgem as ruas do bairro do Bixiga.
Logo após, surge a fachada da oficina de Antônio. Amanda entra na oficina com
uma cópia da chave e em seguida caminha pelo lugar).
AMANDA: Vamos ver quem dá a última palavra agora, papaizinho! (Amanda abre um
galão e começa a espalhar gasolina pela oficina. Em seguida, após se certificar
que tudo está bem encharcado, ela tira uma caixa de fósforos do bolso do casaco
e acende um palito. Por um breve momento, ela observa a chama como se estivesse
hipnotizada, até voltar a si). – Coitada da sua oficina, papai... Ela vai virar
carvão! (Amanda joga o fósforo na poça de gasolina e rapidamente o fogo corre
por todo o galpão).
CONTINUA!
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