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A Razão de Amar - Capitulo 14 (Reprise)

  

 A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares                                                                                                                                                                                          

Branca Valadares                                                                               

Bernardo Correia                                                       

Celso Correia

Francisca

Irineu Rodrigues

Jacinto

Joana

Jorge Correia

Madalena Correia

Marta Correia

Olímpio Vasconcelos

Otávio Correia

Rosa Correia

Venâncio

 

CENA 01/ CÂMARA DOS VEREADORES/ EXT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. A música “Carcará””, de João Vale. Afonso e Celso vem de lados opostos. O irmão de Venâncio estica o braço para cumprimentar Afonso. 

CELSO – Quanto tempo, coronel?

Afonso, expressando um pouco de raiva, cumprimenta o rival, para não ser indiscreto e mal-educado.

A música para aqui.

AFONSO – Não sabia que você estava aqui na cidade. Celso Afrânio Alves Correia, você sumiu de repente. Achei que você já tinha até morrido!

CELSO – Buh. (Rindo). Não, eu não morri. Mas bem que você queria. O meu irmão morreu, mas você ainda vai me aguentar por longos e longos anos. Mas não foi para brigar que eu vim aqui.

AFONSO – Fiquei sabendo que estão querendo mudar o nome da casa legislativa para Casa Venâncio Correia.

CELSO – Fui eu que sugeri. Venâncio foi um importante político da cidade e merecia uma homenagem assim.

AFONSO – Enquanto eu comandar esta cidade, não quero nada que venha de sua família.

CELSO – Mas a câmara representa o povo e não você.

AFONSO – Pois é por representar o povo, que eu não quero nada da sua família aqui. Venâncio não representava e nem você representa os interesses do povo.

CELSO – Eu não vou desistir de mudar o nome da câmara dos vereadores.

Celso entra na câmara dos vereadores, enquanto Afonso segue à prefeitura.

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CENA 02/ SERTÃO DE PERNANBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ INT./ MANHÃ

Francisca coloca o bule de café na mesa, que tem alguns pães em cima, um leite fresco tirado direto da vaca. A mãe de Jacinto se senta ao lado de Madalena, que está em silêncio.

FRANCISCA (P/Madalena) – Perdeu a língua, moça?

MADALENA (Com o sorriso no rosto) – Não, Francisca. Só estou pensando um pouco na vida.

JACINTO (P/Francisca) – Ela é acostumada na riqueza, Mainha.

FRANCISCA – Percebi. Ela é muito perfumosa, muito séria. Aqui é tudo da família, senhora. Não precisa ficar assim.

MADALENA (Pensativa) – Estava pensando no meu filho. Eu não me despedi dele.

FRANCISCA – Você tem filho?

MADALENA – Tenho um. O meu marido morreu e me deixou apenas esse filho. Mas eu não quero falar disso agora.

JACINTO – A gente bem que podia ter trazido o Otávio.

MADALENA – Ele não ia se acostumar com tudo isso aqui. O pai deixou a fazenda para ele e para filho bastardo. Que eles desfrutem do direito que é deles. Vamos mudar de assunto! (Mudando de assunto/P/Francisca). A senhora mora aqui a muito tempo?

FRANCISCA – Tive e criei os meus dez filhos aqui nessa casa.

Elas continuam conversando.

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CENA 03/ CEMITÉRIO/ INT./ MANHÃ

Tocar a música instrumental “Prelude in C Major”, de J.S. Bach 

Tereza caminha até o túmulo de Fausto carregando alguns ramos e flores. Emocionada, ela coloca a mão na barriga.

TEREZA – Estamos esperando um filho, meu amor. Quanta falta você faz, meu amor. Você ia ficar tão feliz com a notícia que estou grávida. Mas onde você esteja, vai está comemorando da mesma forma.

No mesmo instante, algumas caminham para próxima dos túmulos de seus familiares para deixar flores e rezar um pouco.

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CENA 04/ FAZENDA CORREIA/ / SALA DE JANTAR/ INT./ TARDE

Algumas horas depois.

Celso e família estão sentados à mesa para almoçar. A mesa está farta e tem muita comida. Eles comem em silêncio, até que Marta fala.

MARTA (P/Celso) – Otávio não vai almoçar?

CELSO (Sério) – Depois eu levo para ele.

MARTA (Sério) – Não é correto o que você está fazendo com esse menino. Ele não tem nada a ver com as desavenças entre você e o Venâncio. 

CELSO – Ele é muito malcriado. Quanto ele tiver educação para se comportar com classe à inglesa.

MARTA – Eu não vou aceitar isso.

Marta se levanta. No instante que ia se levantar, Celso a impede.

CELSO – Não ouse me desacatar.

Marta se senta, enraivada, e continua a almoçar, em silêncio, em silêncio.

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CENA 05/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE OTÁVIO/ INT./ TARDE

Otávio olha pela janela, tentando se comunicar para ajuda-lo sair dali. Escuta um barulho na porta. Celso entra com um prato de comida.

CELSO – Hoje, o almoço vai ser isso. Feijão com farinha e água.

 Celso coloca o prato de comida em cima da cama. Mas Otávio joga o prato no chão.

OTÁVIO (Gritando) – Eu não quero essa gororoba.

CELSO (Cínico) – É uma pena, porque só tinha isso para você.

OTÁVIO (Gritando) – Eu tenho nojo de você.

CELSO – Você vai ficar mais uns dias de castigo para aprender a me respeitar, seu moleque. Não nega que é filho de Venâncio. Teimoso como só ele era.

Desaparece:

CENA 06/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE (FLASHBACK)

Venâncio e Celso, com cinco anos, brincando de desenhar no papel. Venâncio puxa o lápis da mão de Celso.

VENÂNCIO – Esse lápis é meu!

CELSO (Gritando) – Não, é meu. Eu já estava com esse lápis.

Rosa, a mãe deles, aparece na sala.

ROSA – Que gritaria é essa, meninos? (P/Venâncio). O lápis é do seu irmão, Venâncio.

Venâncio entrega o lápis a Celso e fica chateado, fazendo careta para o irmão.

Desaparece:

CENA 07/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE OTÁVIO/ INT/ TARDE

Celso, pensativo, sorri, relembrando momentos da infância. Mas Otávio interrompe.

OTÁVIO – Eu não fico mais aqui.

Celso puxa ele pelo braço.

CELSO – Você vai ficar aqui. Abaixa as calças. (enquanto desabotoa as suas calças também).

OTÁVIO – O que é que você vai fazer comigo?

CELSO – Abaixa as calças!

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CENA 08/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE JANTAR/ INT./ TARD E

Marta e os filhos continuam a almoçar. Alguns minutos depois, Celso desce abotoando a calça. Frio, ele se aproxima.

CELSO – Não quero mais almoçar, pois já estou satisfeito por hoje.

MARTA – Cadê Otávio? O que você fez com ele?

CELSO – Está lá no quarto. (Mudando de assunto). Eu vou ler um pouco no escritório. Peço para que ninguém me interrompa!

Marta fica pensativa e os filhos preocupados.

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CENA 09/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INT./ TARDE

O delegado Olímpio relê os laudos da perícia sobre o caso Venâncio Correia e continua a estuda-lo.

OLIMPIO – O que será que aconteceu naquela noite? Quem foi a última pessoa a vê-lo com vida? Falta uma peça para encaixar nesse quebrar. Um laudo diz que foi encontrado pólvora na mão de Venâncio; o outro diz que a arma do disparo não é a mesma que foi encontrada no local; os peritos também disseram que para o corpo ficar na mesma posição que foi encontrado, a arma tinha que está a uma distância de 30 centímetros.

Joana, a empregada da fazenda dos Correia, entra na delegacia para falar com o delegado. O delegado gesticula para que ela se sente na cadeira, que ela acaba fazendo em seguida.

JOANA – Eu vim falar sobre a morte de Seu Venâncio. Na noite da tragédia, eu vi um vulto correndo nas redondezas da fazenda um pouco antes do acontecido.

Olímpio fica surpreso com o depoimento.

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CENA 10/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. O delegado parece não acreditar no que Joana acabara de dizer.

OLÍMPIO – A senhora tem certeza do que está dizendo?

JOANA – Sim, eu não sei identificar se era um homem ou uma mulher. Mas era uma pessoa e passou correndo como um raio.

Desaparece:

CENA 11/ FAZENDA CORREIA/ COZINHA/ INT./ NOITE (FLASHBACK)

Joana estava colocando algumas verduras e legumes na panela de agua fervente. Chovia muito forte. Ela vê um vulto passando com rápido próximo à janela. Um calafrio e uma angustia toma conta de seu.

JOANA – Que sensação ruim!

Alguns segundos depois, um estrondo de tiro reverbera pela casa.

JOANA – O que foi isso?

Ela espera um pouco e vai à sala de estar.

Desaparece:

CENA 12/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INT./ TARDE

Joana continua.

JOANA – Foi então que eu encontrei o Coronel Venâncio de cabeça baixa sobre a mesa com um ferimento na cabeça e com a arma em suas mãos, enquanto o filho estava próximo a escada e o sobrinho próximo da porta.

OLIMPIO (intrigado) – Por que a senhora não me contou isso antes?

JOANA – Medo!

OLIMPIO – A senhora recebe ameaças?

JOANA – Não, mas fico com receio de que aconteça algo comigo.

OLIMPIO – Você sabe mais de alguma coisa? Venâncio costumava usar aquela arma com alguma frequência?

JOANA – Ele praticava tiro quase todos os dias! Inclusive, no dia da tragédia ele praticou até o início da noite, que eu escutei quando ele chegou na fazenda. Ele costumava praticar tiro com Herculano e com um tal chico... Cícero Vieira.

OLIMPIO (Pensativo) – Ele praticava tiro? Então faz todo sentido terem encontrado pólvora nas mãos dele. Obrigado, pois o seu depoimento foi de extrema importância. Eu vou encontrar esse Herculano e esse Cícero Vieira.

JOANA – Agora eu posso ir?

OLÍMPIO – Pode. O seu depoimento foi de extrema importância.

Joana sai.

OLÍMMPIO – Tudo faz sentido agora!

Olímpio levanta-se e sai.

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CENA 13/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO/ INT./ TARDE

Otávio estava chorando no instante em que Marta destranca a porta e entra. O filho de Venâncio corre e abraça a tia.

OTÁVIO (chorando) – Tio Celso fez uma coisa horrível comigo!

MARTA – Ele te bateu?

OTÁVIO (Chorando) – Não, ele pediu para eu tirar a minha roupa e depois ele tirou a dele.

MARTA (interrompe) – Não precisa falar mais. Já imagino que deve ter acontecido. Mas não fique assim. Eu trouxe bolo e suco para você. Vou te proteger e não vou deixar que ele se aproxime de você.

Otávio pega o bolo e suco.

MARTA – Vou descer, mas depois eu volto!

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CENA 14/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

O delegado Olímpio anda de um lado para o outro na sala. No mesmo instante, Marta desce as escadas.

MARTA – Delegado, o senhor por aqui de novo!

OLÍMPIO – Você e seu marido que conviveram muito nesses últimos meses com Venâncio saberiam me dizer quem é Cícero Vieira.

Celso sai do escritório.

CELSO – Jagunço do Coronel Afonso!

Delegado faz uma expressão de espanto.

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CENA 15/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Celso se aproxima do delegado e repete.

CELSO – Cícero Vieira é jagunço de Coronel Afonso.

OLÍMPIO – Interessante! Se ele é jagunço de Afonso, por que ele praticava tiro com Venâncio.

CELSO – O nome verdadeiro dele é Jacinto. Se infiltrou na nossa família por ordem dos Valadares.

OLÍMPIO – A história é mais complexa do que eu imaginava.

CELSO – Já eu acho que está mais óbvia do que nunca. Só pode ter sido esse Jacinto que matou Venâncio, a mando do Coronel Afonso.

Olímpio fica pensativo e sai.

CENA 16/ SERTÃO DE PERNAMBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ COZINHA/ INT./ NOITE

Madalena toma um pouco de leite e come um pouco de cuscuz. Francisca, percebendo que ela está comendo pouco. Jacinto, perfumado, passa próximo de Madalena, que sente um cheiro muito forte de perfume. Ela coloca um pano no nariz.

MADALENA (P/Jacinto) – Tira esse perfume, pelo amor de Deus! Cheio enjoado!

JACINTO (P/Madalena) – É o perfume que eu sempre uso.

FRANCISCA – Você ainda não percebeu, moça, que você está grávida?

Madalena fica feliz com a notícia.

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CENA 17/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

No dia seguinte.

O delegado Olímpio espera o Coronel Afonso, que desce as escadas um pouco devagar, ainda em consequência do atentado.

AFONSO – Para o senhor está aqui a essa hora da manhã é porque tem algo muito importante a tratar comigo.

OLÍMPIO – Sim, eu queria interrogar um de seus jagunços. O Cícero Vieira.

AFONSO – Desculpa, delegado, mas eu não tenho nenhum jagunço com esse nome.

OLÍMPIO – Mas o senhor conhece Jacinto!

AFONSO – Conheço sim. Ele foi um dos meus jagunços, mas não trabalha mais aqui na fazenda.

OLIMPIO – Esse Jacinto se infiltrou na fazenda dos Correia a mando do senhor. Ele estava usando um nome falso.

AFONSO – Eu estava em coma e não sabia de nada disso.

OLÍMPIO – O Cícero Viera, ou melhor, Jacinto estava infiltrado na família Correia e a ordem partiu dos Valadares. Ele praticava tiro com Venâncio. Tudo leva a crer que a hipótese mais provável é que tenha sido o senhor, Coronel, o mandante do crime, não foi?

Afonso fica assustado com a hipótese do delegado. Focar na expressão de espanto do coronel.

Congelamento preto e branco, emoldurado num retrato.


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