Capítulo 23
A RAZÃO DE AMAR
Novela de João Marinho
Escrita por:
João Marinho
Personagens deste capítulo
Afonso Valadares Cecília Valadares
Branca Valadares Eduardo Correia
Celso Correia
Jorge Correia.
Vilma Duarte
Marta Correia Horácio Duarte
Olímpio Vasconcelos. Jorge Correia
Radialista Modista
Letícia Fernandes José Jacinto - Carcará
CENA 01/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. As famílias Duarte e Valadares estão sentadas à mesa. Otávio está esperando a resposta de Branca e Afonso.
AFONSO (P/Otávio e Cecília) – Eu teria muitos motivos para não aceitar. A falta de respeito que você teve com ela e tudo mais. Não sou um homem rancoroso. As primeiras impressões já estão no passado. A minha filha está muito bem. Já tinha percebido que vocês estavam tendo encontro às escondidas. Não há nenhum motivo para eu ser contra esse namoro.
BRANCA (P/Otávio e Cecília) – Faço das palavras do meu marido as minhas. Sempre achei que vocês formariam um belo casal.
HORÁCIO – Eu nem preciso falar. Tenho certeza de que Cecília será uma excelente nora. Afonso e Branca são meus amigos de longa data. Otávio é um anjo que veio para preencher a nossa família.
VILMA – Nós realmente não temos do que reclamar. Os nossos dois filhos são os nossos orgulhos.
Depois de proferidas as palavras, eles brindam. Otávio e Cecília se beijam.
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CENA 02/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ QUARTO DE RAUL/ INT./ NOITE
Raul havia saído. Zilda, então, entra no quarto para arrumá-lo. Ela puxa as cortinas. Em seguida tirar os lençóis da cama. Ao limpar ao colchão, percebe que tem uma faca embaixo dele. Ela pega então o objeto.
ZILDA (Sussurra) – O que é que essa faca está fazendo aqui? (Grita). Letícia!
Letícia entra no quarto.
LETÍCIA (Assustada) – O que foi, Zilda?
ZILDA (Com a faca em mãos) – Raul está guardando isso aqui no quarto. Eu não sei o que ele está fazendo com ela, mas coisa boa não é. Ele está desajuizado. Não podemos deixar isso aqui.
LETÍCIA – Não podemos e não vamos. Ele pode ameaçar alguém. Inclusive, a gente. Ele não está pleno das suas faculdades mentais para fazer nada.
No instante em Letícia e Zilda estão saindo do quarto, Raul as surpreende.
RAUL – O que vocês estão fazendo no meu quarto, hein?
LETÍCIA – Eu quero saber o que essa faca está fazendo aqui.
RAUL – Não é da conta de ninguém. Eu fui resolver umas coisas minhas que estavam pendentes.
Zilda desce com a faca.
LETÍCIA – Que coisa?
Raul puxa Letícia para fora do quarto.
RAUL – Eu não quero ser incomodado e nem quero que ninguém entre aqui no meu quarto.
Raul fecha a porta do quarto com força.
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CENA 03/ BORDEL BONHEOUR/ SALÃO DE APRESENTAÇÕES/ INT./ NOITE
Jorge e Lola dançam, no instante em que começa “Why don´t you do right”. Eles dançam apaixonados.
JORGE – A partir de hoje eu não quero mais você aqui.
LOLA – Resolveu assumir uma relação comigo?
JORGE – Eu não consigo viver longe de você. Estou me preparando para se candidatar a prefeito e não consigo ver outra pessoa para ser a primeira dama da cidade. Você é a mulher perfeita para isso.
Eles se beijam.
LOLA – Eu te amo. Mas o teu pai vai aceitar isso?
JORGE – Eu não me importo com o que o meu pai acha ou deixa de achar.
Eles continuam dançando.
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CENA 04/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE
Celso, sentado em sua cadeira de balanço, escuta o rádio.
RADIALISTA (off) – Este ano marca mais um episódio na ferrenha disputa entre a família Alves Correia e a família Gomes Valadares. Agora, protagonizado pelos filhos dos patriarcas. Será que esse ano marca o ponto de inflexão no cenário político da cidade. Será que teremos um governo mais progressista ou mais conservador?
CELSO – Afonso vai ter uma surpresa.
Marta vem da cozinha trazendo um jogo de damas.
MARTA – Já faz algum tempo que a gente não joga.
CELSO – Bem que eu estava precisando jogar um pouco. Despois de quase ter sido morto hoje, nada como um belo jogo de dama.
MARTA (Sentando) – Eu sempre ganho. (Coloca o tabuleiro e as peças sobre a mesa).
Eles começam a jogar.
CENA 05/ MANSÃO DA FAMÍLIA VASCONCELOS/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE
Olímpio está lendo o livro “Um Estudo em Vermelho”. Ele faz uma anotação em um papel, enquanto fala.
OLIMPIO – Venâncio tinha inimigos como Jacinto, Afonso, Fausto, Irineu; e aliados como Herculano, Raul, Vera, Otávio, Bernardo, Jorge, Madalena, Marta e Celso. Vera e Fausto já estavam mortos no dia que aconteceu o crime ou suposto suicídio. (P/si). Eu pelo menos acredito em assassinato. Então, as peças do quebra-cabeça entre os outros que sobraram. Vingança, acerto de contas ou outra da qual eu não saiba. Mas vingança pode ser o principal motivo. Resta saber os motivos que cada um tinha para se vingar. Traição, questões de herança.
Ou questões políticas.
INÊS – Você sempre empenhado em resolver os crimes.
OLÍMPIO – Esse aqui é um dos maiores mistérios desta cidade. O crime já prescreveu, mas eu não quero morrer sem saber quem matou Venâncio Correia. Não foi um suicídio, mas um assassinato. Eu vou descobrir quem matou Venâncio Correia. Nem que seja necessário eu levar as últimas consequências. Tem muitos furos nas investigações. Não faz sentindo a tese de suicídio.
INÊS – Você não desiste nunca.
OLIMPIO – Eu não me contento com conclusões rasas. (Mudando de assunto). Cadê as crianças?
INÊS – Estão no quarto brincando!
OLIMPIO – Eu vou para o quarto para lê um pouco. Estou me aventurando no universo de Sherlock Holmes.
INÊS – Agora eu entendo porque você voltou a se interessar pela morte desse Venâncio Correia. Fica histórias de detetive.
OLIMPIO – Eu sempre gostei de histórias policiais. Não é à toa que eu servi à justiça durante décadas.
Olímpio sobe as escadas, enquanto Inês senta-se na cadeira e liga o rádio para escutar música.
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CENA 06/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE
Afonso, Branca, Cecília, Eduardo, Olga, Otávio entram na sala.
OTÁVIO – Só vim deixar a minha namorada. Amanhã tenho muito trabalho lá no hospital.
AFONSO (P/Otávio) – Não sei se Eduardo já conversou com você sobre a eleição deste. Eu quero você e o meu filho formando uma chapa para a prefeitura de Palmeirão do Brejo.
OTÁVIO – Ficarei muito grato em formar a chapa com Eduardo.
EDUARDO (P/Afonso) – Nós vamos fazer o possível para vencer essa eleição e vamos conseguir. (Mudando de assunto). Mas a noite é de Otávio e Cecília. Já está mais do que na hora de sair casamento.
CECÍLIA (P/Eduardo) – Calma! (P/Otávio). Não precisa ter pressa, meu amor.
Otávio beija Cecília e se despede da amada.
OTÁVIO (P/Cecília) – Amanhã nos vemos. Tenho que ir. (P/Olga). Vamos, minha irmã!
Olga se despede do noivo. Em seguida, ela e o irmão saem.
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CENA 07/ HOSPITAL JOAQUIM VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHÃ
Otávio lê o jornal, enquanto espera Eduardo chegar. Escuta um barulho vindo do corredor. A porta se abre, Lola entra e fecha a porta.
LOLA (P/Otávio) – A primeira parte do plano já foi posto em prática.
OTÁVIO – Quem você pensa que é para entrar desse jeito na minha sala.
Focar na expressão de raiva de Otávio.
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CENA 08/ HOSPITAL JOAQUIM VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHÃ
Continuação da última cena do bloco anterior. Otávio fica enraivado com entrada de Lola.
OTÁVIO – Como você soube que eu trabalho aqui?
LOLA – Não interessa como eu descobri. Mas não foi tão difícil.
OTÁVIO – Ninguém pode nos vê aqui.
LOLA – Estou fazendo a minha parte. Espero que você cumpra com sua palavra.
Otávio vê o trinco da porta se abrindo.
EDUARDO (off) – Otávio!
OTÁVIO (Resmunga p/Lola) – Vem para atrás. Ninguém pode nos vê juntos.
Lola vai para atrás do armário. Eduardo entra.
EDUARDO – Demorei um pouco, mas é porque estava conversando com meu pai sobre a eleição. (Mudando de assunto). Eu vou no banheiro. (Entra no banheiro).
Otávio acena para Lola.
LOLA (Resmunga P/ Lola) – Vai embora.
Lola sai e bate a porta com força. Eduardo sai do banheiro.
EDUARDO (Questiona) – Tinha alguém aqui. (Sente um cheiro de perfume). Cheiro de perfume vagabundo.
OTÁVIO – Deve ser o perfume da secretária.
Eles se sentam e leem o jornal.
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CENA 09/ ATELIER/ INT./ MANHÃ
A modista mostra os modelos de vestidos de noiva a Olga e Cecília A filha de Horácio se encanta com os modelos de vestidos.
OLGA – É um vestido mais bonito que o outro.
MODISTA – Fica ao seu gosto. Se você quiser, nós podemos colocar alguns detalhes, fazer alguns ajustes.
OLGA (P/Modista) – Eu vou dá analisada nos modelos e vou anotar as sugestões. (P/Cecília). Bem que você poderia escolher um vestido para você também, Cecília.
CECÍLIA – Agora não. Vamos dar tempo ao tempo.
Olga pega os modelos e sai com Cecília.
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CENA 10/ RUA DA IGREJA/ EXT./ MANHÃ
Tocar a música “Disfarçando”, de Lado a Lado. Carcará vai andando com algumas caixas na mão, mas acaba esbarrando em Cecília e Olga.
CECÍLIA – Não olha para onde anda não?
CARCARÁ (de cabeça baixa) – Desculpe, moça!
Olga reconhece ele.
OLGA – Você não o rapaz que eu atropelei?
CARCARÁ (P/Olga) – Sim, e muito obrigado por ter me atendido também.
Olga se despede dele e continua andando com Cecília, enquanto isso Carcará vai caminhando até a estação de trem.
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CENA 11/FAZENDA CORREIA/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE
Celso e Marta se sentam à mesa. Em seguida, Jorge entra.
JORGE – Eu queria aproveitar o jantar de hoje para apresentar a minha namorada.
Lola entra. Celso e Marta se levantam assustados com o que veem.
Focar na expressão de susto de Celso e Marta.
Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato.
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