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VILAREJO - Capítulo 05

 



Capítulo 05

Cena 01 - Cachoeira [Externa/Manhã]

Música da cena: Amor Gitano - Beyoncé ft. Alejandro Fernández

[Ana Catarina e Antônio continuavam se beijando intensamente, sem que ninguém pudesse os interromper.]


ANA CATARINA: [Se afasta de Antônio] - Não é certo, Antônio. Não podemos continuar com isso!


ANTÔNIO: Chega de fingir que não me ama, Ana Catarina. Eu também te amo e quero ficar com você! [Beija Ana Catarina novamente].


[Antônio tira a camisa e em seguida abaixa a alça do vestido de Ana Catarina. Em seguida, os dois se deitam no chão e continuam se beijando.]


Cena 02 - Canavial [Externa/Manhã]

[Após dar algumas ordens aos escravos que trabalhavam no engenho, Zeferino se afastou e foi até um local mais reservado.]


ZEFERINO: [Sorri ao perceber a presença de Carlota] - Sou capaz de farejar o seu cheiro aonde quer que esteja, sinhá…


Música da cena: Além do Paraíso - Antônio Villeroy


CARLOTA: [Surge se abanando com um leque] - Adoro esse seu instinto animal, sabia? Mas não é sobre os seus dotes que vim falar com vosmecê. Eu trouxe parte do nosso combinado, você já pode arrumar outros jagunços como vosmecê! [Diz ao entregar um envelope volumoso para Zeferino].


ZEFERINO: [Segura o envelope e o abre em seguida] - Acho que isso aqui já é um bom começo. Mas a sinhá está lembrada que eu vou querer bem mais que isso, não sabe?


CARLOTA: [Aproxima-se de Zeferino de forma maliciosa] - Primeiro o servicinho, depois o restante. Entendeu? 


Cena 03 - Acampamento dos Ciganos [Externa/Manhã]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Com a transição de cenas, algumas imagens da cidade são apresentadas e em seguida surge o acampamento dos ciganos. Enquanto homens trabalham de um lado para o outro, sozinha Madalena volta a botar as cartas.]


MERCEDES: [Reparte o baralho em três e em seguida, desvira as primeiras cartas] - Xaborrí! [Assusta-se ao ver a carta da morte e logo se lembra de Ana Catarina].

Tradução: Xaborrí = Menina


Cena 04 - Cachoeira [Externa/Manhã]

[Após se entregarem ao amor, Antônio e Ana Catarina permaneciam deitados enquanto conversavam.]


ANTÔNIO: - Eu vou falar com o seu pai e tenho certeza de que ele irá consentir sua mão. Em breve nós iremos nos casar!


ANA CATARINA: - Casar? [Repete surpresa].


ANTÔNIO: - Casar! Você não acha que eu sou um bom partido? 


ANA CATARINA: - Ah, convencido! Mas eu gostaria de casar, uma igreja cheia de flores e o padre… Mas não sei se o meu pai vai aceitar! Sua mãe também não gosta de mim e…


ANTÔNIO: - E sem mais, mais! Vamos deixar de falar coisas ruins, sofrer por antecipação. Deixe que com seu pai e a minha mãe, eu me acerto. Quero que pense somente em nós dois… Só em nós! [Beija Ana Catarina após interrompê-la]. - Eu tive uma ideia, vamos ver os ciganos dançarem mais tarde?


ANA CATARINA: - Os ciganos? [Questiona].


ANTÔNIO: - É, eles fazem lindas festas todas as noites. É tão bonito, as danças a fogueira. Vamos? Eu posso te esperar na saída do engenho mais tarde.


Cena 05 - Banco D’ávilla [Interna/Manhã]

[Gonçalo e Juvenal adentraram no escritório dele enquanto conversavam sobre a viagem de Gonçalo à São Paulo.]


COMANDANTE JUVENAL: - Quer dizer que enfim, a viagem para São Paulo vai sair?


GONÇALO: - Vai, sim! A situação entre Ana Catarina e a Carlota está cada dia mais insustentável. Vosmecê acredita que ontem a noite a Catarina gritou aos quatro ventos, que a Carlota está tramando uma armadilha para nossa viagem? Imaginação fértil dessa menina…


COMANDANTE JUVENAL: - É, bem fértil mesmo! [Responde pensativo].


GONÇALO: - Diante disso, não tive outra alternativa a não ser antecipar a viagem. Felizmente, a Maria Letícia está empolgadíssima. Acho que ela vai acabar continuar a irmã com essa alegria, assim eu espero.


COMANDANTE JUVENAL: - A única coisa que eu não entendi, é porque vosmecê não quis ir de trem. É tão mais seguro, não precisa precisa se preocupar com muitas coisas…


GONÇALO: [Interrompe Juvenal ao se sentar] - Carlota me convenceu… Viajar de carruagem será mais tranquilo, sem muitas pessoas nos incomodando, só três. É uma forma de passarmos mais tempo juntos!


COMANDANTE JUVENAL: - Ah, claro. A Carlota, porque não pensei nisso antes! [Conclui desconfiado].


Cena 06 - Casarão D’ávilla [Interna/Tarde]

[Após chegar em casa, Carlota logo resolveu ir para o seu quarto. Ao subir a escada e caminhar pelo corredor, ouviu vozes no quarto de Ana Catarina e Maria Letícia.]


CARLOTA: [Encosta o ouvido na porta para escutar a conversa].


MARIA LETÍCIA: - Minha irmã, onde vosmecê esteve o dia todo? Estive te esperando para almoçarmos juntas, mas desapareceu.


ANA CATARINA: [Deita-se na cama] - Estava no céu… No céu! 


MARIA LETÍCIA: [Sorri ao se aproximar de Ana Catarina] - Não me diga que estava com quem eu estou pensando!


ANA CATARINA: [Senta-se na cama e olha para Letícia] - Eu estava com o Antônio… Eu me entreguei a ele, Letícia e foi lindo, muito mais do que eu esperava. Ele disse que vamos ficar juntos e que vai falar com o nosso pai, vai pedir a minha mão em casamento.


CARLOTA: [Surpreende-se ao ouvir a conversa].




Cena 07 - Casarão D’ávilla [Interna/Tarde]

[Eufóricas, Maria Letícia e Ana Catarina continuavam conversando no quarto, sem imaginar que estavam sendo observadas.]


ANA CATARINA: [Levanta-se do cama e gira de felicidade pelo quarto].


MARIA LETÍCIA: - Casar? Eu não posso acreditar!


ANA CATARINA: - Eu sou a mulher mais feliz do mundo. Ele disse que me ama, que me ama! Eu estou completamente apaixonada…


CARLOTA: - Mas que pouca vergonha, comemorando um mau passo? Imagina o que seu pai irá pensar disso, que falta de decoro, compostura… [Diz ao invadir o quarto].


MARIA LETÍCIA: - Carlota? [Questiona surpresa].


ANA CATARINA: [Encara Carlota] - Ouvindo atrás da porta, isso não me surpreende… Principalmente vindo de vosmecê! 


CARLOTA: - Esse seu sorriso de superioridade de certo virá abaixo. Vosmecê não acreditou mesmo que o meu filho está interessado em vosmecê, não é? Ele é um moço da capital, criado com muito esmero e sabe o que é bom pra ele e nesse caso, não é vosmecê. Antônio vai se casar com uma mulher a altura dele, um excelente partido no Rio de Janeiro. Ele só quis te usar de passatempo!


ANA CATARINA: - Passatempo? Assim como você foi para o meu pai? Não pense que esqueci a sua traição à memória de minha mãe, como um urubu, à espreita e esperando o melhor momento para abocanhar um pedaço de carne. Vosmecê é justamente isso, Carlota. Um túmulo caiado, cheio de podridão por dentro!


CARLOTA: [Dá uma bofetada em Ana Catarina] - Cale-se, sua atrevida!


ANA CATARINA: [Ergue a mão para devolver o tapa].


MARIA LETÍCIA: [Segura o braço da irmã] - Não faça isso, minha irmã. Não faça!


CARLOTA: - Escute a sua irmã, Ana Catarina. Maria Letícia de longe, tem mais juízo que vosmecê. Quero só ver essa sua valentia vir à baixo, principalmente quando descobrir que Antônio só estava brincando com você, enquanto não casa com a milionária da capital, estudada e culta. Diferente de uma interiorana como você, sem nenhum futuro a não ser ficar presa em casa! [Diz para logo em seguida se retirar].


ANA CATARINA: [Pega uma escova em cima da penteadeira e em seguida a joga em direção a porta por onde Carlota acabara de sair] - Maldita!


Cena 08 - Campo [Externa/Noite]

Música da cena: Apesar de Você - Chico Buarque

[Após o entardecer, Antônio foi ao local combinado onde havia marcado com Ana Catarina, para que os dois fossem ao acampamento cigano.]


ANTÔNIO: [Observa as horas em seu relógio e bolso] - Logo ela estará aqui! [Comemora].


Cena 09 - Acampamento dos Ciganos [Externa/Noite]

Música da cena: Mil Noites de Um Amor Sem Fim - Silva

[Após cruzar com alguns ciganos festejando, Vladimir adentrou na tenda onde Madalena morava.]


VLADIMIR: - Madalena… [Diz ao se aproximar].


MADALENA: - Eu sabia que vosmecê vinha, meu príncipe. Bendita seja a tua sorte!


VLADIMIR: - Sabe o que é… É que eu gostaria… [Tenta encontrar as palavras certas].


MADALENA: - É que vosmecê gostaria que essa cigana aqui, tirasse as cartas para adivinhar o seu destino. Eu já fiz isso! Sente-se… [Responde ao interrompê-lo].


VLADIMIR: [Senta-se em frente à Madalena].


MADALENA: - Vosmecê quer saber se tem chances com a xaborrí, não é? As cartas não mentem, meu príncipe. Você vai sofrer muito por essa moça! [Diz ao mostrar uma das cartas].


Cena 10 - Casarão D’ávilla (Varanda) [Externa/Noite]

[Após Ana Catarina não aparecer no local do encontro, conforme combinado, Antônio havia resolvido voltar para casa e entender o que havia acontecido.]


ANTÔNIO: [Caminha de um lado para o outro, ansioso].


ANA CATARINA: - A Idalina disse que vosmecê estava me esperando. Cá estou eu! [Diz friamente ao se aproximar].


ANTÔNIO: - O que aconteceu? Por que vosmecê não apareceu no local de encontro, conforme tínhamos combinado?


ANA CATARINA: - Porque eu entendi que o que fizemos foi inconsequente e sei que não queres nada de verdade comigo, a não ser brincar. Eu já estou sabendo da sua noivinha na capital. Vosmecê veio apenas buscar diversão no interior e encontrou em mim, a boba da corte ideal, não é?


ANTÔNIO: [Estranha a fala de Ana Catarina] - Eu não estou entendendo, do que vosmecê está falando?


ANA CATARINA: - Ah, vosmecê não sabe? Vosmecê não passa de um bon-vivant, um interesseiro, igualzinho a cobra da sua mãe. Eu não quero voltar a te ver nunca mais. Não se atreva a se aproximar de mim novamente, ou eu não respondo por mim! [Vai embora, deixando Antônio estarrecido].


Cena 11 - Casarão D’ávilla (Sala de Estar) [Interna/Noite]

[Ao entrar em casa, Ana Catarina encontra na sala de estar Gonçalo, Carlota e Maria Letícia.]


ANA CATARINA: [Acha estranho a forma como todos a olham] - O que foi, por que me olham assim?


GONÇALO: - A Carlota já me contou tudo. Suba agora mesmo e arrume as suas malas, partiremos para São Paulo amanhã de manhã!


ANA CATARINA: - Papai…


GONÇALO: [Interrompe Ana Catarina] - Sem mais delongas, Ana Catarina. Nada do que vosmecê me fale, me fará mudar de ideia. Vamos viajar amanhã e vosmecê vai passar uma boa temporada em São Paulo! [Conclui].


Cena 12 - Casarão Davila (Quarto de Antônio) [Externa/Manhã]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[O dia amanhece e logo o sol começa a iluminar a cidade de São José dos Vilarejos. Sozinhos no quarto de Antônio, Carlota resolve confessar a verdade.]


ANTÔNIO: - Vosmecê disse o quê? [Questiona surpreso].


CARLOTA: - Isso mesmo o que vosmecê ouviu, eu sou a sua mãe e quero o melhor para vosmecê. A Ana Catarina é pouca coisa, ela jamais estará aos seus pés. Por isso eu inventei que está arranjado com um bom partido da capital.


ANTÔNIO: - Vosmecê não podia ter feito isso, foi longe demais. Eu amo a Catarina, não pode decidir por mim o meu destino. [Diz ao se aproximar de Carlota].


CARLOTA: [Anda para trás] - Espera, o que vai fazer? [Aproxima a mão da porta, sem que Antônio veja].


ANTÔNIO: - Eu quero a verdade. Eu vou descer agora, fazer um escarcéu se for preciso, mas a verdade virá à tona e eu vou ficar com a Ana Catarina, tenho certeza de que o Gonçalo vai entender e não fará essa viagem.


CARLOTA: - Não, vosmecê não vai fazer essa bobagem e estragar o seu futuro. Eu sou sua mãe e não vou permitir. [Sai do quarto e tranca Antônio pelo lado de fora].


ANTÔNIO: - Mamãe, que brincadeira é essa? Abra essa porta agora mesmo, mamãe! [Grita enquanto bate na porta fortemente].


CARLOTA: - Eu vou abrir, mas só depois daquela fedelha ir embora. [Conclui].


[Do lado de fora da casa, Ana Catarina despediu-se de Rosaura e em seguida entrou na carruagem, onde estavam seu pai e a irmã.]


ROSAURA: [Acena para Ana Catarina, enquanto chora ao ver a carruagem deixar a fazenda].


GONÇALO: [Nota a tristeza da filha e tenta animá-la] - Não fique assim, minha filha. Tenho certeza que quando chegar em São Paulo, há de se animar. É o melhor para vosmecê agora.


ANA CATARINA: [Chora e ignora o que o pai está dizendo].


[Na estrada, Zeferino e seus comparsas estavam à espreita, esperando o momento exato de dar início ao plano arquitetado por Carlota.]


ZEFERINO: [Olhando para os comparsas, Zeferino dá um sinal e em seguida cobre o rosto com um tecido].


GONÇALO: [Estranha ao perceber que a carruagem está parando de se movimentar] - Ué, estamos parando? Será que há algum problema na estrada?


[Nesse momento, ouve-se um disparo de arma de fogo.]


MARIA LETÍCIA: - Isso foi um tiro? [Questiona assustada].


ANA CATARINA: - Isso foi um tiro, sim! [Responde nervosa].

GONÇALO: [Lembra-se instantaneamente da briga entre Ana Catarina e Carlota, onde ela citava o plano de Carlota para matá-los] - Não saiam daqui, eu vou lá fora ver o que aconteceu…


ANA CATARINA: - Não, papai… Não faça isso!


GONÇALO: - Não saiam daqui, aconteça o que acontecer. Se eu não voltar, quero que vosmecês duas fujam e não se separem. 


MARIA LETÍCIA: - Papai! [Responde chorosa].


GONÇALO: - Prometam! [É incisivo].


ANA CATARINA: - Nós prometemos! [Responde com lágrimas nos olhos].


GONÇALO: - Bem melhor. Agora eu já vou, eu amo vosmecês, não esqueçam. [Diz ao sair da carruagem].


[Ao sair, Gonçalo percebe que o escravo que conduzia a carruagem foi morto com um tiro e de longe, percebeu que havia mais alguém na estrada.]


GONÇALO: - Eu não vou deixar nada de mal acontecer com as minhas filhas! [Gonçalo sobe no banco onde o escravo que conduzia a carruagem estava e dá partidas, batendo as rédeas fortemente.]


[Com a força que a carruagem andou, Ana Catarina e Maria Letícia tentavam se segurar dentro do veículo].


ANA CATARINA: - Segure-se, minha irmã! [Grita].


[Nesse momento, Zeferino e seu comparsa começam a perseguir a carruagem a tiros. Gonçalo tenta desviar enquanto conduz a carruagem, mas é atingido por um dos tiros e cai do banco onde está. Os cavalos correm de forma desenfreada e acabam se soltando da carruagem, que em alta velocidade, perde o controle e começa a cair de uma ribanceira.]


MARIA LETÍCIA: - Nós vamos morrer, Catarina. Nós vamos morrer! [Grita].


ANA CATARINA: [Fecha os olhos e segura forte no banco ao sentir que a carruagem continuava a cair].


MARIA LETÍCIA: - Isso foi um tiro? [Questiona assustada].


[A imagem congela com a carruagem caindo no rio, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].


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