A MENINA NA PORTA
webnovela criada e escrita por Jonny Nascimento
Capítulo 11
Lívia espera uma resposta de Eduarda.
EDUARDA (sem palavras) - Não é nada, mãe.
LÍVIA - Fala a verdade. Eu sei que está acontecendo alguma coisa, e se você não falar, eu vou descobrir.
EDUARDA - Eu só estava meio enjoada, agora estou bem.
LÍVIA - Não estava passando mal coisa nenhuma, seu pai viu tudo. Ele falou que você estava tentando a todo custo colocar a comida para fora.
EDUARDA - Ele que teve essa impressão que eu estava forçando, mas não. Eu estava fraca até pra vomitar!
LÍVIA - Eu acho que é o caso, filha, de te levar num psicólogo…
EDUARDA (interrompe) - PRA QUÊ? Psicólogo não resolve enjôo.
LÍVIA - Você sabe que seu problema é maior que um enjôo.
EDUARDA - A única coisa que me deixa nervosa é que eu não paro de engordar, esse é o único problema, mãe!
LÍVIA - Ah, então é isso? Você agora deu de querer vomitar sem motivo porque está gorda?
EDUARDA - Não é bem assim.
LÍVIA - Fique você sabendo que não é tomando comprimido e vomitando atoa que vai perder peso.
Eduarda fica calada, se rasgando de tristeza por dentro.
LÍVIA - Faça uma dieta filha… exercícios. Se cuide, mas por favor, não se tortura porque eu e seu pai não merecemos isso!
Lívia passa a mão no cabelo de Eduarda, colocando ele atrás da orelha.
LÍVIA - Te amo.
Lívia dá um beijo na testa da filha, e sai. Eduarda deixa uma lágrima escorrer em seu rosto.
CENA 2 || Na cafeteria de Rosana, Val importuna a empresária. As duas estão na sala de Rosana, sentadas frente a frente.
VAL (tom de imposição) - É o seguinte. Eu sei que você não gosta da Carol, isso não é segredo pra ninguém.
ROSANA - E daí?
VAL - Dito isso, você foi racista com ela. Então agora você vai me ajudar.
ROSANA - Mas ajudar em quê, criatura?
VAL - A filha da Carol está desaparecida. Você vai me ajudar a achar essa garota e trazer de volta.
ROSANA - Eu não sou detetive.
VAL - Realmente, mas se eu colocasse um pra investigar todas as falcatruas dessa cafeteria chinfrim sua, você iria para a cadeia sob reclusão completa. É isso mesmo que você quer? Ou prefere fingir que ainda liga pra sua reputação, que não é nada boa, e ajudar a achar uma pobre criança perdida?
ROSANA - O que eu vou ganhar com isso.
VAL - O direito de ficar fora da cadeia, porque eu garanto que não vou deixar a Carol te denunciar se você me ajudar.
ROSANA - Eu não acredito em nada do que você fala.
VAL - É pegar, ou largar.
ROSANA - Vamos formalizar isso. Você irá assinar um contrato!
VAL - Eu não vou assinar nada, minha palavra basta.
ROSANA - É contrato, ou então você tenta a sorte me denunciando mesmo. Sem um documento, não farei nada pra você!
VAL - Então tá, digita aí nesse computador logo que eu tô com pressa.
ROSANA - Agora a gente está começando a se entender.
Rosana começa a digitar e a câmera foca no rosto de Val, impaciente.
CENA 3 || Orfanato de Célia. Gabriele e Célia conversam sobre a foto de Ernesto.
CÉLIA - Quem enviou a foto, você leu?
GABRIELE - Não, não vi nada, só abri o pacote e deixei a foto cair com o susto que levei.
CÉLIA - Cadê a caixa da entrega?
GABRIELE (impaciente) - Ai, isso não importa. Liga logo pra sua filha e manda ela me buscar, antes que a Val me ache.
CÉLIA - Calma, minha flor, esse homem não tem mais ligação com a gente.
GABRIELE - Se não tem, por que essa foto chegou agora?
CÉLIA - É isso que eu quero saber. Cadê a caixa que veio com a entrega?
GABRIELE - Tá atrás do sofá.
Célia vai para atrás do sofá e pega a caixa. Só revirar, ela lê o nome de quem enviou. Trata-se do remetente Ernesto Veras.
CÉLIA (assustada) - O que será que esse homem quer? Enviando essa foto agora?
GABRIELE - Me deixa ir embora, resolve isso sozinha, tia Celinha.
CÉLIA - Eu vou ligar pra Camila.
Célia pega o telefone e começa a discar.
CENA 4 || Corte seco. De volta à cafeteria, na sala de Rosana. Rosana termina de imprimir cópias de um contrato. Ela entrega para Val.
ROSANA - Bora, assine.
VAL - Com muito prazer.
Val assina todas as cópias do contrato e entrega para Rosana.
ROSANA - A partir de agora, estamos unidas. Você garante que eu não vou ser denunciada, e eu garanto que vou fazer de tudo pra achar a pirralha sumida.
VAL - Ótimo.
Val se levanta para ir embora, mas volta e puxa o cabelo de Rosana.
VAL (ameaçadora) - Se você tentar alguma gracinha, você vai me conhecer.
Val solta Rosana, e sai. Close no rosto de Rosana, amedrontada.
CENA 5 || Num quartinho escuro, de temática meio gótica, a câmera vai subindo a partir de uma mesa, onde uma pessoa, vestida de preto está sentada mexendo num computador. Ao subir completamente, a câmera revela o rosto de Íris, uma jovem de aproximadamente 20 anos, de olhos claros e cabelos pretos.
ÍRIS (lendo) - "Se ver essa menina, me ligue, irmã!"... Quer dizer que a minha sobrinha postiça está sumidinha, haha. Que situação!
Íris abre a foto, que é um cartaz de desaparecimento com a foto de Gabriele.
ÍRIS - Como que uma criança desse tamanho consegue sumir do mapa e deixar uma cavalona de 30 anos no 'mó derrame'. Mas fazer o que, se eu ver, aviso né!
Íris desliga o computador e se levanta da cadeira. Ela sai na rua, e vai andando no bairro. Ao passar na frente da casa de adoção dirigida por Célia, ela vê uma viatura parada. Ela observa atentamente, e vê Camila descendo, indo em direção a porta.
ÍRIS - O que a delegada está fazendo aqui? Será que aconteceu alguma?
Para o azar de todos, quem abre a porta é Gabriele, e Íris vê.
ÍRIS (descrédula) - NÃO CREIO! É A KID DA FOTO!
A câmera foca no rosto de Gabriele atendendo Camila na porta, em seguida dá um close em Íris de boca aberta e olhos arregalados.
CONTINUA…
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