A MENINA NA PORTA
webnovela criada e escrita por Jonny Nascimento
Capítulo 20 (FIM DA PRIMEIRA PARTE)
Com todos reunidos em volta da mesa de jantar, Daniel revela a Gabriele que é seu pai.
GABRIELE (visivelmente abalada) - Você tá de brincadeira, né?
DANIEL - Nunca, meu amor, eu nunca brincaria com isso.
GABRIELE (com raiva) - EU ODEIO VOCÊ! VOCÊ ME ABANDONOU!
DANIEL (implorando) - CALMA! CALMA, NÃO FOI ISSO QUE ACONTECEU.
GABRIELE - Ah não? E eu passei 9 anos na casa de uma mulher que prefere a namorada do que eu e você me diz que não foi bem assim? Onde você estava quando a minha madrasta tentou me matar?
DANIEL - Me ouve, eu posso explicar…
GABRIELE - Eu não quero ouvir explicações, não quero ouvir pedidos de perdão… eu não quero mais você na minha vida. Deixei de querer há muito tempo, e certamente se eu soubesse antes quem é você, eu não teria ficado aqui nem mais um minuto!
DANIEL - Eu não sabia que a Carol estava grávida, eu juro. Eu fui embora porque ela me expulsou, disse que não me queria mais na vida dela. No dia seguinte eu vi ela beijando uma mulher na praça, fiquei surpreso e de coração partido, fui embora! Nunca foi minha intenção deixar você, se eu soubesse da gravidez, eu teria ficado.
GABRIELE - Pois então por que você não buscou saber? Por que não voltou?
DANIEL - Eu fiquei muito mal depois que meu noivado com a Carol acabou, então decidi ir estudar turismo em Roma.
GABRIELE - Então volta pra lá. Eu vivi 9 anos longe de você, sem nem sequer contar com a sua existência e agora não vou incluir você na minha vida!
Gabriele se levanta da mesa e corre para o quarto aos prantos, assim como todos na mesa. Vera e Patrício, que se mantiveram calados durante toda a conversa, apertam as mãos de Daniel, que desaba em lágrimas. O clima de melancolia toma conta da casa da família. A câmera vai se afastando da mesa, filmando todos de cada vez mais longe ao som de um instrumental triste.
CENA 2 || Longe dali, Carol chega em casa com uma pasta na mão. Ela está aparentemente cansada, arremessa a pasta e sua bolsa no sofá. Ela segue em direção ao corredor, onde escuta a voz de Val ao telefone.
VAL (telefone) - Eu tô doida pra ver essa menina de novo. Estou feliz da vida que acharam ela em Tereza da Flor!
Carol se choca e associa o assunto a sua filha, Gabriele. Impactada, ela presta atenção na conversa de Val, atrás da porta.
VAL (telefone) - Mas é claro que eu não falei pra ela, você acha que eu sou louca? Eu tô mais interessada que qualquer um na volta dessa criança, e a mãe não pode sonhar que eu sei onde ela tá, senão vai ferrar com meus planos!
Carol estranha o assunto.
VAL (telefone) - Como assim "que planos"? Matar, né seu idiota?
Carol se assusta. O sentimento ruim toma conta da mulher, não se pode definir. De repente, o ódio invade o coração de Carol, que deixa escorrer uma lágrima. Ela invade o quarto furiosa.
CAROL (em fúria) - SUA ORDINÁRIA!
Carol toma o celular da mão de Val e o arremessa na parede.
VAL (assustada / surpresa) - Carol, eu…
Carol interrompe Val com um tremendo tapa na cara. Val cai no chão.
CAROL - Quer dizer então que esse tempo todo você sabia onde a Gabriele está, e não me disse nada?
VAL - Eu não podia falar!
CAROL - Claro que não! Você queria matar a minha filha, sua BANDIDA!
Val se levanta do chão e encara Carol.
VAL (mostrando a verdadeira face) - Quer saber? Eu não suporto crianças… eu nunca gostei dessa sua cria… eu nunca gostei de você!
CAROL (negativamente surpresa) - É isso… você é realmente TUDO que a minha filha sempre me disse que você é! Eu dei a você um valor maior do que você realmente vale, eu tapei meus olhos pra tudo que a minha filha sempre disse…
VAL - Você não vai me sensibilizar com esse discurso de decepcionada.
CAROL - E não é isso que eu quero, até porque pra sensibilizar alguém, primeiro tem que existir algum sentimento nessa pessoa. Você não tem isso. O que é você? Uma psicopata? Uma demônia?
VAL - Eita que drama.
CAROL - Mas você se meteu com a pessoa errada.
VAL (debochada) - Ah é? (diz ela fazendo cara de ironia e cruzando os braços)
CAROL - Você vai trazer a minha filha de volta imediatamente!
VAL - Tu que pensa!
Val corre para fora do quarto, Carol corre atrás mas não a alcança. Val tranca a porta.
VAL - VAI ME OBRIGAR A TE TIRAR DAÍ AGORA? ME OBRIGA ENTÃO! AH, E EU TÔ INDO AGORINHA PRA TEREZA DA FLOR PEGAR AQUELA PESTE. Até nunca, amor!
Val sai andando plenamente, enquanto Carol se esforça para destrancar a porta e grita de ódio e desespero. Ao cansar, ela se deita diante da porta e chora até deus olhos desidratarem.
CENA 3 || Na delegacia, tarde da noite, Camila chega acompanhada de outros policiais. Eles levam um homem algemado.
CAMILA - Vai, leva ele lá pra dentro que a cela é remédio pra ladrão.
Os policiais levam o bandido. Camila entra na delegacia e é cercada por um policial.
POLICIAL - Delegada, tem um homem esperando a senhora lá na sua sala.
CAMILA - Um homem?
POLICIAL - Sim, eu disse que a senhora estava em uma operação mas ele insistiu e disse que iria esperar.
Camila estranha e vai até sua sala. Ao abrir a porta, a delegada se choca. Ernesto vira para trás e vê Camila.
ERNESTO (sorrindo) - Oi Camila, quanto tempo…
CAMILA - Que que você tá fazendo aqui?
ERNESTO - Eu vim desfazer todos os meus erros.
CAMILA - Você não acha que tá um pouco tarde?
ERNESTO - Antes tarde do que nunca.
CAMILA - Eu tô sendo generosa, já está MUITO tarde. Minha vida andou muito sem você, e não quero sua volta não.
ERNESTO - Eu perdi… perdi a chance de ser feliz, a graça em viver, tudo.
CAMILA - Não sou psicóloga.
ERNESTO - Mas você pode me ajudar a recuperar tudo isso me perdoando.
CAMILA - Também não sou Deus, quem perdoa é ele.
ERNESTO - Foi um tremendo equívoco te trocar pela Rosana, eu nunca amei ela como eu amo você.
CAMILA (enojada) - NÃO FALA DE AMOR! Não fala, porque você não sabe o que é isso. Quem ama não faz o que você fez! Você tem noção da humilhação que eu passei no altar, quando me disseram que o noivo não apareceu?
ERNESTO - Eu nunca vou me perdoar por isso…
CAMILA - Tá vendo? Nem você se perdoa, não sou eu quem vou fazer isso.
Ernesto pega o braço de Camila.
ERNESTO - Eu te amo, Camila.
CAMILA - Solta o meu braço. Faz o seguinte, termina com a Rosana. Só não abandona ela no altar, igual fez comigo, porque mulher nenhuma merece ser humilhada como você me humilhou.
ERNESTO - Se eu terminar com ela, você volta pra mim?
CAMILA - Voltar pra você é como voltar 16 casas no Monopoly. Quero distância de você e do que você representa pra mim. Se terminar com ela, arruma outra trouxa pra enganar, se bem que eu recomendo que você faça uma terapia, pra agir como homem e não como um moleque. Até logo!
Camila sai da sala e deixa Ernesto sozinho. Ele murcha, senta na cadeira e abaixa a cabeça.
CENA 4 || Carol ainda segue chorando no quarto, trancada. Ela então decide reagir. Ela se levanta e pega um martelo no fundo da gaveta do guarda-roupas.
CAROL - É a minha filha, e eu não vou ficar parada esperando aquele capeta pegar ela.
Carol dá várias marteladas na maçaneta do quarto, e a porta se abre. Ela pega o celular, a bolsa, abre um aplicativo de carros. Ela digita apenas o nome da cidade, Tereza da Flor.
CAROL (angustiada e nervosa) - Ai e agora… Tereza da Flor, tem um monte de lugar com esse nome. Vou colocar na delegacia, se tiver, é pra lá que eu vou.
Carol confirma a viagem, mas ao abrir o portão, dá de cara com três homens de preto. Eles apontam armas para a cabeça de Carol.
BANDIDO 1 - Onde pensa que vai, Carolzinha?
Carol arregala os olhos de susto.
BANDIDO 2 - E se gritar vai ser pior, anda, entra.
Eles obrigam Carol a entrar.
CAROL - QUEM SÃO VOCÊS?
BANDIDO 1 - Eu diria que somos o Chapolin Colorado, pois vamos defender a Val. Ou tu achou que ela tava sozinha nessa?
CAROL - Por que vocês e ela querem pegar a minha filha e matar? Se não gostam dela, deixem ela comigo!
BANDIDO 3 - Quem quer matar a Gabriele é só a Val, nós estamos aqui só pra impedir que você não siga ela.
CAROL - MAS POR QUE?
BANDIDO 2 - Já ouviu falar de mercado negro?
CAROL - É o que?
BANDIDO 1 - É isso mesmo, nós somos uma quadrilha do mercado negro, e vamos vender partes da sua filha. É só isso!
CAROL (com medo) - NÃO FAÇAM ISSO POR FAVOR!
Os bandidos amarram Carol numa cadeira. O motorista de aplicativo chega na frente da casa de Carol, e ela não atende. Então ele buzina algumas vezes e ela grita socorro. Um bandido esbofeteia Carol para que ela cale a boca.
BANDIDO 2 - Eu avisei que seria pior se gritasse.
BANDIDO 1 - E agora? Como vamos nos livrar desse motorista.
BANDIDO 3 - Eu dou um jeito.
CAROL - O que vocês vão fazer?
Um bandido sai. Pouco tempo depois, é possível escutar um som de disparo.
CAROL - NÃÃÃÃOOO!!
Carol começa a chorar desesperadamente.
BANDIDO 3 - É só o começo. Se gritar de novo, o próximo tiro é em você!
Carol encara todos com lágrimas nos olhos.
CENA 5 || Em casa, humilhada por dentro após ter sido esnobada por Íris, Eduarda chora.
EDUARDA - Eu odeio o meu corpo, eu odeio a minha vida.
Ela se levanta da cama e vai em direção ao armário, onde pega uma caixa cheia de remédios.
Chorando, ela abre a caixa e pega uma cartela de tarja preta.
EDUARDA - Eu vou acabar com isso.
Num tom lento, e triste, Eduarda engole os comprimidos restantes da cartela de uma só vez. Não leva muito tempo até que a menina caia desacordada.
CENA 6 || Algumas horas depois, no orfanato, Célia está assistindo televisão com as crianças. A campainha toca.
CÉLIA - Uma hora dessas, quem pode ser?
Célia atende a porta e Íris entra, armada.
CÉLIA (apavorada) - O QUE É ISSO?
ÍRIS - CALMA VELHA, SÓ ME ENTREGA A GABRIELE E TÁ TUDO BEM.
CÉLIA - QUE GABRIELE? NÃO TEM NINGUÉM AQUI COM ESSE NOME!
ÍRIS - EU NÃO SOU IDIOTA, EU SEI QUE ELA TÁ AQUI!
Nesse momento, Íris percebe a presença de Bia entre as crianças.
BIA - Olha quem tá aqui… eu vou levar a pirralha e você também!
Íris se dirige até Bia e a puxa pelos cabelos, colocando uma arma em seu queixo.
CÉLIA - Não faz nada com ela, por favor!
ÍRIS - Entrega a Gabriele logo, sua velha dos infernos! ENTREGA!
Todos se encaram.
CENA 7 || Em Tereza da Flor, Val desce do carro e encontra Jorge.
VAL - Bora, me leva até onde você viu ela.
JORGE - Vamos.
Os dois entram no carro novamente.
CENA 8 || Gabriele comunica a todos que irá embora.
VERA - Mas nem por cima do meu cadáver!
GABRIELE - Desculpa, dona Vera, eu adorei a senhora, mas não vou ficar debaixo do mesmo teto de um homem mentiroso!
Gabriele ignora a voz de todos, e abre o portão de casa. Todos a seguem.
PATRÍCIO - Para com isso menina, vem cá!
DANIEL - Não precisa disso Gabriele, fica aqui, por favor!
Nesse momento, um carro preto estaciona. Val abre a porta do carro e puxa Gabriele para dentro dele.
VERA (desesperada) - NÃO, GABRIELE!
o carro acelera.
DANIEL - FILHAAA!
todos ficam desesperados.
CENA 9 || Dentro do carro, Jorge dirige e Val aponta uma arma para Gabriele.
VAL - E aí, peste? Do que adiantou fugir? Eu te peguei do mesmo jeito!
Gabriele e Val se encaram. Val com um sorriso de canto, simbolizando ironia, e Gabriele com medo no olhar.
CONTINUA EM 2023…
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