SARAMANDAIA ��️ – CAPÍTULO 09
Web novela adaptada e escrita por: Luan Maciel
Baseada na obra homônima de: Dias Gomes
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 1: EXTERIOR. CIDADE DE BOLE-BOLE. RUA. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. A
VENTANIA CONTINUA FORTE EM TODA A CIDADE DE BOLE-
BOLE. VITÓRIA E ZICO ROSADO TERMINAM DE SE BEIJAR E
ELES FICAM VISUALMENTE APAVORADOS. SEM PENSAR
DUAS VEZES ZICO ROSADO TENTA PUXAR VITÓRIA PELO
BRAÇO, MAS ELA ESTÁ RELUTANTE. ELES SE OLHAM.
VITÓRIA (firme): - Me solta, Zico. Eu não vou a lugar nenhum
com você. É melhor você me soltar antes que eu comece a
gritar.
ZICO ROSADO (energético): - Você prefere ficar sozinha nessa
tempestade do que ter a minha ajuda, Vitória? Se você ficar
aqui vai acabar morrendo. Será que você não entende isso?
ZICO ROSADO PEGA VITÓRIA PELO BRAÇO E ELES ENTRAM
NO JIPE ENQUANTO A VENTANIA CONTINUA ATINGINDO A
CIDADE. CORTE PARA DENTRO DO JIPE. VITÓRIA E ZICO
ROSADO FICAM SE ENCARANDO EM UM SILÊNCIO
CONSTRANGEDOR.
ZICO ROSADO (sério): - 30 anos, Vitória…. Nesse tempo todo
você nunca quis saber como eu fiquei aqui depois que você me
abandonou. Mas eu nunca te esqueci. Eu largaria tudo por
você.
VITÓRIA (respirando fundo): - Eu fiz de tudo para te esquecer,
Zico. Tudo o que eu queria era esquecer que um dia eu tinha
me envolvido com você. Você me magoou demais, Zico.
ZICO ROSADO: - Eu te magoei, Vitória? Foi você que foi
embora sem nem olhar para trás. Mas eu cansei de discutir
isso com você. Quando essa tempestade acabar eu vou usar
toda a minha influência para destruir com a vida da sua filha e
com a reputação da sua família. Essa será a minha vingança.
VITÓRIA FICA TOTALMENTE FORA DE SI. ELA DÁ UM TAPA
NA CARA DE ZICO ROSADO. NESSE MOMENTO FORMIGAS
COMEÇAM A SAIR DO NARIZ DO VILÃO DEIXANDO VITÓRIA
COMPLETAMENTE APAVORADA.
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CENA 2: INTERIOR. CASA DE MARIA APARADEIRA E SEU
CAZUZA. SALA. DIA
A VENTANIA CONTINUA DESCONTROLADA. A PORTA DA
SALA SE ABRE E VEMOS MARCINA ENTRANDO EM CASA. ELA
DÁ DE CARA COM MARIA APARADEIRA QUE VAI INDO NA
DIREÇÃO DE SUA FILHA. O OLHAR DE MARIA APARADEIRA É
DE DECEPÇÃO. QUEM TAMBÉM APARECE ALI É CARLITO
PRATA QUE OLHA PARA MARCINA COM UM SORRISO CÍNICO
NO ROSTO.
MARIA APARADEIRA (séria): - Eu posso saber onde você
estava, Marcina? Com essa ventania toda e você na rua. (P) Eu
espero que você não tenha ido atrás de quem eu estou
pensando.
MARCINA (irritada): - Como você tem coragem de vir aqui
depois de tudo que você fez, Carlito? Entenda de uma vez por
todas. Eu nunca vou deixar o João para ficar com você. Para
mim você não é nada, Carlito. Queira ir embora da minha casa.
CARLITO PRATA: - Como você é patética, Marcina. Você
prefere mesmo aquele esquisito do João Gibão? Mas eu ainda
vou fazer você perceber que eu só eu posso te fazer completa.
MARCINA SAI DA SALA DEMONSTRANDO TODA A REPULSA
QUE SENTE POR CARLITO PRATA. A CÂMERA MOSTRA A
INSATISFAÇÃO NO OLHAR DE MARIA APARADEIRA.
MARIA APARADEIRA (inconformada): - Eu não sei porque essa
minha filha insiste nesse anormal do João Gibão? Porque ela
não consegue ver que isso não tem futuro nenhum?
CARLITO PRATA (confiante): - É como eu te disse antes, dona
Maria. O único jeito de fazer a Marcina perceber a verdade é
fazer com que essa adoração que ela tem pelo João Gibão deixe
de existir. Eu sei exatamente como fazer isso.
CARLITO PRATA SORRI MALICIOSAMENTE. MARIA
APARADEIRA SENTE CONFIANÇA NAD PALAVRAS DE
CARLITO PRATA.
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CENA 3: INTERIOR. CASARÃO DA FAMÍLIA ROSADO.
QUARTO DE ESTELA. TARDE
ALGUM TEMPO DEPOIS. A VENTANIA ESTÁ CADA VEZ MAIS
FRACA COM O PASSAR DO TEMPO. A CÂMERA MOSTRA QUE
ESTELA ESTÁ DEITADA NA CAMA RELEMBRANDO O BEIJO
QUE ELA E PEDRO DERAM. LOGO DEPOIS HELENA ENTRA NO
QUARTO E ESTELA VAI DESFAZENDO O SEU SORRISO.
HELENA (firme): - Então aí está você. Eu te procurei a tarde
toda. Eu posso saber onde você estava? E nada de mentir para
mim.
ESTELA (séria): - Eu nunca menti para a senhora mãe, e não
vai ser agora que eu vou começar a fazer isso. (P) Eu estava
me encontrando com um rapaz. Ele é respeitador e um
encanto. Ele é neto do coronel Tibério Villar. E eu…
HELENA: - Eu não quero saber de você perto desse rapaz. Você
sabe muito bem o histórico que as nossas famílias têm. Se o
seu pai sonhar que isso está acontecendo ele vai ficar fora de
si.
ESTELA NÃO ACREDITA NO QUE ESTÁ OUVINDO. ELA SE
LEVANTA DA CAMA E FICA NA FRENTE DE HELENA.
ESTELA (sem acreditar): - Eu não posso acreditar no que eu
estou ouvindo. Onde está a mulher corajosa que sempre me
incentivou a correr atrás dos meus sonhos? O que foi que
aconteceu com você, mãe? A senhora se tornou tão medrosa.
HELENA (ponderando): - Essa não é a questão, Estela. A
questão é que o seu pai odeia aquela família há muito tempo.
Eu não quero te ver no meio dessa guerra entre nossas
famílias. É só isso que estou te pedindo. Esqueça esse rapaz
imediatamente.
ESTELA: - Isso não vai acontecer, mãe. O Pedro é um rapaz
decente e diferente de todos que eu já conheci. (T) A era dos
coronéis tem que acabar. Nem meu pai, nem você vão me
impedir de ser quem eu sou. É assim que vai ser.
ESTELA FICA IRREDUTÍVEL. MESMO SENDO CONTRARIADA E
NÃO DEMONSTRANDO HELENA FICA ORGULHOSA DA
ATITUDE DE SUA FILHA QUE NÃO DEMONSTRA TER MEDO.
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CENA 4: INTERIOR. CASA DE LEOCÁDIA. SALA. TARDE
CLOSE EM LEOCÁDIA QUE ESTÁ SENTADA LENDO UM LIVRO
QUANDO LUA VIANA VEM CHEGANDO COM UM SEMBLANTE
MUITO AFLITO EM SEU ROSTO. LOGO DEPOIS LEOCÁDIA VAI
NA DIREÇÃO DE SEU FILHO QUE PARECE QUE VAI EXPLODIR
DE PREOCUPAÇÃO A QUALQUER MOMENTO.
LEOCÁDIA (preocupada): - O que foi que aconteceu com você,
meu filho? Eu estou te sentindo muito aflito e angustiado.
LUA VIANA (sério): - E como eu deveria estar, mãe? A Zélia
está presa em uma cela de delegacia. E tudo isso por causa
daquele plebiscito que está para acontecer. É por isso que eu
preciso falar com o meu irmão. Só ele pode me ajudar a
convencer a Zélia de desistir disso antes que seja tarde
demais.
LEOCÁDIA: - Você tem certeza que é isso que você quer, filho?
Você sabe muito bem o quanto o seu irmão e a Zélia são
idealistas. Eu acho que eles não vão desistir disso tão cedo.
LUA VIANA FICA CADA VEZ MAIS PREOCUPADO. NESSE
MOMENTO JOÃO GIBÃO ENTRA NA SALA E VAI NA DIREÇÃO
DE SEU IRMÃO, E ELES SE OLHAM.
JOÃO GIBÃO (sendo sincero): - Me desculpa, mas eu não tive
como deixar de ouvir a conversa. (P) Eu posso falar sim com a
Zélia, meu irmão. Mas na minha opinião você deveria apoiar
ela. Tudo o que nós queremos é o bem para o povo dessa
cidade. E como prefeito você tem o poder para nos ajudar..
LUA VIANA (alterando a voz): - Você está ouvindo o que está
dizendo, João? Vocês estão querendo enfrentar os poderosos
dessa cidade e isso não é algo nada inteligente.
LEOCÁDIA: - O seu irmão está certo, meu filho. Fazem muitos
anos que a família Rosado manda e desmanda nessa cidade.
Não tem nada que você possam fazer a respeito.
JOÃO GIBÃO (sério): - Isso é o que nós vamos ver, mãe. O pivô
dessa cidade pode ser preconceituoso, mas eles precisam de
uma mudança nessa cidade. É isso que nós queremos.
JOÃO GIBÃO ESTÁ DECIDIDO. LUA VIANA FICA SEM
REAÇÃO.
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CENA 5: EXTERIOR. BATACLÃ "ARCO -IRIS". ENTRADA. DIA
TUDO VAI VOLTANDO AO NORMAL. RISOLETA ESTÁ NA
ENTRADA DO BATACLÃ TENTANDO DEIXAR TUDO EM
ORDEM. NESSE A CÂMERA MOSTRA DONA REDONDA, DONA
PUPU E OUTRAS BEATAS DA CIDADE DE APROXIMANDO DE
RISOLETA QUE AS ENCARA COM UM SORRISO NO ROSTO.
RISOLETA (sorrindo): - Eu estava me perguntando quando as
senhoras iriam vir tentar me impedir de abrir o meu bataclã.
DONA REDONDA (orgulhosa): - Se eu fosse você eu tiraria esse
sorriso do seu rosto. Nós somos as representantes do povo
dessa cidade. E ninguém te quer aqui. Você só quer trazer
confusão e discórdia para a nossa cidade. Porque você não vai
embora?
DONA PUPU: - É isso mesmo. Você não é bem vinda aqui.
RISOLETA (calma): - Como vocês são hipócritas. Vocês não
tem moral nenhuma para querer me expulsar da cidade. Eu não
tenho culpa se os maridos de vocês preferem o chamego e os
carinhos de uma meretriz como eu. A culpa é totalmente deles.
A CÂMERA MOSTRA O ÓDIO DE DONA REDONDA. RISOLETA
SORRI CADA VEZ MAIS DIANTE DE TODA A SITUAÇÃO.
DONA REDONDA (irritada): - Continua sorrindo enquanto você
pode, sua insolente. Eu não dou uma semana para esse
pardieiro estar fechado. Você não sabe com quem está
mexendo.
RISOLETA (confrontando): - Se era tudo que as damas queriam
agora eu tenho mais o que fazer. (P) Não esqueçam de falar
para o marido de vocês só rê o meu bataclã. Beijinhos.
RISOLETA ENTRA FECHANDO A PORTA DO BATACLÃ. A
CÂMERA MOSTRA A INSATISFAÇÃO NO OLHAR DE DONA
REDONDA.
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CENA 6: INTERIOR. DELEGACIA DE BOLE-BOLE. CELA. DIA
CLOSE EM ZÉLIA QUE ESTÁ SENTADA NO CHÃO DA CELA.
NESSE MOMENTO JOÃO GIBÃO SE APROXIMA DA CELA E ELA
VAI SE LEVANTANDO E INDO AO ENCONTRO DELE. ZÉLIA
PERCEBE SÓ PELO OLHAR DE JOÃO GIBÃO O QUE ELE ESTÁ
QUERENDO.
ZÉLIA (séria): - Eu sei exatamente o que você vai dizer, João.
Eu te conheço muito bem e sei como você é um pacifista. Mas
eu não posso deixar que pessoas como Zico Rosado se saiam
bem.
JOÃO GIBÃO (ponderando): - Eu não vou negar que o meu
irmão pediu para eu tentar te convencer a esquecer essa ideia
do plebiscito. Mas somente nós sabemos o quanto isso é
importante.
ZÉLIA: - Eu sei o tamanho da briga que a gente vai arrumar,
João. Mas eu não me importo. Eu não vou desistir do que eu
acredito ser a coisa certa. Nem o Lua vai mudar quem eu sou.
JOÃO GIBÃO CONCORDA. ZÉLIA ESTÁ CADA VEZ MAIS
TENSA.
JOÃO GIBÃO (sussurrando): - Nós precisamos ter muito
cuidado, pois nessa cidade as paredes têm ouvidos. O
plebiscito é daqui alguns dias, Zélia. O Zico Rosado vai tentar
nos desmoralizar.
ZÉLIA (tensa): - E você acha que eu não sei disso, João. Aquele
homem só pensa em poder e dinheiro. Mas isso vai acabar.
JOÃO GIBÃO: - Eu só fico com receio do que o Zico Rosado
possa querer fazer contra nós. Essa guerra está longe de
acabar.
JOÃO GIBÃO E ZÉLIA SE OLHAM. ELES ESTÃO DECIDIDOS.
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CENA 7: EXTERIOR. CENTRO DE BOLE-BOLE. RUA. DIA
A PORTA DO JIPE VAI SE ABRINDO E VITÓRIA VAI SAINDO
COM UMA EXPRESSÃO DE PAVOR. ZICO ROSADO TAMBÉM
SAI DO JIPE E TENTA SE APROXIMAR DE VITÓRIA, MAS ELA
VAI SE AFASTANDO CADA VEZ MAIS COM MUITO MEDO DA
SITUAÇÃO.
VITÓRIA (sem acreditar): - Você pode me explicar o que foi
que acabou de acontecer, Zico? Formigas saindo do seu nariz?
Essa cidade está ficando cada vez mais fora da realidade.
ZICO ROSADO (tentando se explicar): - Não é o que você está
pensando, Vitória. Se você me deixar explicar vai ver que eu
não sou esse monstro que você está pensando.
VITÓRIA: - Se explicar? Você não é o homem que eu conheci
na minha juventude, Zico. Hoje eu consigo ver que eu fiz bem
em ter ido embora dessa cidade. Eu jamais seria feliz ao seu
lado.
O SEMBLANTE DE ZICO ROSADO VAI MUDANDO. ELE VAI
FICANDO CADA VEZ MAIS IRRITADO E FORA DE SI.
ZICO ROSADO (gritando): - Quer mesmo saber a verdade,
Vitória? A minha mãe estava certa. Eu jamais poderia ter
confiado em uma Villar. Você foi o pior erro da minha vida. (P)
E aquela sua filha puxou mesmo você. Eu não vou descansar
enquanto não destruir com a vida dela. Eu quero ver vocês
destruídos.
VITÓRIA (furiosa): - Você não ouse tocar essa sua mão imunda
na minha filha, Zico Rosado. Pelo bem dos meus filhos eu viro
uma fera. (T) Eu mudei nesses 30 anos. Pode acreditar.
VITÓRIA TENTA AGREDIR ZICO ROSADO, MAS ELE A
IMPEDE. TEMPO. ZICO ROSADO E VITÓRIA TROCAM
OLHARES. LOGO DEPOIS VITÓRIA DÁ AS COSTAS E VAI
EMBORA.
A IMAGEM CONGELA NO OLHAR VAZIO DE ZICO ROSADO.
AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM EFEITO COMO
SE A IMAGEM SE TRANSFORMASSE EM UMA MOLDURA.
Obrigado pelo seu comentário!