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Caminhos - capítulo 16

 



CAMINHOS

novela de MIGUEL VICTOR

direção geral RICARDO WADDINGTON

CAPÍTULO 16

CENA 01. CASA YEDDA. FRENTE. DIA

Yedda encarando Clara, tentando entender o que ela faz ali.

Clara: Bom dia, minha senhora, eu queria saber se aqui mora ou se a senhora conhece um

cara chamado JOE.

Yedda: (nervosa) Não, não conheço nenhum... Nenhum JOE.

Clara: A senhora tem certeza? Porque eu rastreei o IP dele pra esse endereço.

Yedda: (mais nervosa) Tenho, tenho certeza sim. Não conheço nenhum JOE.

Clara: Ok, se a senhora diz... Mas deixa eu mostrar uma foto pra ver se a senhora

reconhece.

Clara mostra a foto de JOE no aplicativo de relacionamentos. Yedda fica ainda mais

preocupada, e fica visível.

Yedda: Eu não conheço ele, nunca vi ninguém parecido. Agora me deixe em paz!

Clara: Porque a senhora está tão nervosa?

Yedda: Eu estou cansada. Pronto! Agora vai embora daqui! Eu não conheço nenhum JOE,

não sabia que ele tava em aplicativo de relacionamentos, agora, Clara, se você quiser me

deixar em...

lara: Pera... Como você sabe do aplicativo de relacionamentos? Como você sabe que meu

nome é Clara sendo que a gente nunca se viu e eu nem te disse meu nome.

Yedda nervosa, tenta fechar a porta, mas Clara a para.

Clara: (grita) A senhora vai me falar quem é JOE, agora! E onde ele tá!

Yedda fica abalada.

Yedda: Tá bom... Você quer saber quem é JOE? Vai saber quem é JOE!

Yedda puxa Clara pelo braço e a leva para dentro da casa.

CORTE:

CENA 02. CASA DE YEDDA. LABORATÓRIO. DIA

Yedda entra com Clara no laboratório.

Yedda: JOE... Ele não é uma pessoa, Clara. Ele é uma inteligência artificial que eu criei.

Uma criação minha.

Clara arregala os olhos, incrédula. Ela se afasta de Yedda, sentindo uma mistura de choque

e traição.

Clara: Você está brincando comigo? JOE não é real? Tipo aqueles CHATGPT e essas

coisas?

Yedda: Não, Clara. JOE não é real. Ele foi projetado por mim para interagir com pessoas em

um aplicativo de relacionamentos. Ele era apenas um experimento, uma ilusão criada para

coletar dados. Você não queria tanto saber? Pois está aí!

A ficha começa a cair para Clara. Ela se senta em uma cadeira, abalada pela revelação.

Clara: (chorando) Eu não consigo acreditar nisso! Você me enganou esse tempo todo!

Yedda se aproxima de Clara, mas ela se afasta, evitando o toque.

Yedda: Eu sinto muito, Clara. Eu não esperava que você se envolvesse emocionalmente

com JOE. Era apenas um projeto, uma ferramenta de pesquisa.


Clara: Uma ferramenta que me fez acreditar em algo falso, que brincou com os meus

sentimentos. Eu vou denunciar você! Isso é falsidade ideológica!

Yedda: Vá em frente, Clara. Mas duvido que você tenha coragem o suficiente para fazer

isso. Afinal, quem acreditaria em uma história tão absurda?

Clara limpa as lágrimas de seus olhos, determinada.

Clara: Pera... Eu já te vi na TV... Você é uma Yedda Newman, não é? Algo do tipo?

Yedda: A própria. Eu criei o JOE pra ser um protópio de uma IA que pudesse simular

sentimentos humanos.

Clara: Você não pode brincar com as pessoas dessa forma! Você me enganou, se passou

por uma pessoa que não existe! Me fez criar laços afetivos com essa pessoa, com uma

máquina! Eu não vou deixar isso passar impune. Eu vou te colocar na cadeia! Sua bandida!

A tensão no ar é palpável. Clara e Yedda encaram uma à outra.

Yedda: Vá em frente. Eu duvido que você consiga realmente fazer o que quer. Agora que

sabe o que JOE é... Pode ir embora e parar de me incomodar. Eu já tenho problemas

demais pra me preocupar com você.

Clara sai, bufando. Yedda se senta, cansada.

CORTE:

CENA 03. RUA. DIA

Clara caminha pela movimentada rua, com os olhos marejados e uma expressão de

profunda tristeza estampada em seu rosto. Ela carrega consigo o peso da descoberta

recente sobre JOE. As lágrimas escorrem livremente por suas bochechas. Enquanto

atravessa a rua distraída em seus pensamentos, um carro se aproxima rapidamente,

buzinando insistentemente. Clara se assusta e consegue desviar no último segundo,

evitando um possível acidente. O motorista furioso abaixa o vidro e a xinga com raiva.

Motorista: (irritado) Ei, sua idiota! Presta atenção! Acha que a rua é sua?!

Clara sente o peso das palavras, mas está tão abalada que não consegue reagir. Ela se

afasta do carro e se senta na calçada, abraçando os joelhos e chorando. As pessoas ao

redor seguem seus caminhos apressados, indiferentes à dor que Clara carrega em seu

coração. O som do tráfego e os passos apressados das pessoas preenchem o ar, enquanto

Clara mergulha em sua tristeza.

Clara: Como pude ser tão ingênua? Fui enganada... iludida por uma inteligência artificial.

Como pude confiar nisso?

As lágrimas continuam a cair, misturando-se com a dor e a decepção.

CORTE:

CENA 04. CAFETERIA. DIA

Milton e Glória sentam-se em uma mesa próxima à janela, tomando café.

Milton: Glória, eu realmente aprecio o convite para tomar café, mas acho importante que a

gente tenha uma conversa séria.

Glória olha para Milton, ansiosa, e segura sua xícara de café com as mãos trêmulas.

Glória: Eu sei, Milton. Eu também quero conversar sobre nós.

Milton segura a mão de Glória com carinho e sorri levemente.

Milton: Glória, eu ainda amo você, mas é preciso deixar claro que as coisas não podem

voltar a ser como eram antes. Nós dois mudamos, evoluímos como pessoas.


Glória: Eu entendo, Milton. Mas eu sinto falta da nossa família, de nós três juntos. Eu quero

tentar de novo, fazer as coisas funcionarem. Será que você poderia voltar a morar conosco?

Milton olha nos olhos de Glória, pensativo. Ele reflete por um momento e, finalmente, sorri.

Milton: Glória, eu senti falta de vocês também. É verdade que as coisas não serão como

antes, mas eu estou disposto a tentar. Aceito seu convite para voltar a morar juntos, como

uma família.

Glória solta um suspiro de alívio e um sorriso radiante ilumina seu rosto. Ela se levanta e

caminha em direção a Milton, que se levanta também. Os dois se encontram no meio do

caminho e se abraçaram com ternura.

Glória: Milton, eu estou tão feliz. Vamos fazer isso dar certo, eu prometo.

Milton acaricia o rosto de Glória com carinho antes de selar o momento com um beijo suave

e significativo. Os dois se entregam ao calor do reencontro, deixando para trás as

incertezas e se abrindo para um novo começo.

CORTE:

CENA 05. CASA GABI. SALA. DIA

Gabi, corajosa, reúne-se com Lúcia, no sofá. Ela respira fundo, preparando-se para

compartilhar algo importante sobre sua identidade.

Gabi: Mãe, preciso falar com você sobre algo muito importante... Eu descobri que sou uma

pessoa de gênero fluído.

Lúcia olha para Gabi com uma expressão de surpresa e incompreensão. Ela franze a testa,

claramente desconfortável com a revelação.

Lúcia: Gênero fluído? O que é isso, Gabi? Não estou entendendo...

Gabi respira fundo, reunindo forças para explicar com clareza.

Gabi: Significa que minha identidade de gênero não é fixa. Às vezes, me sinto mais

feminina, outras vezes mais masculina, e posso transitar entre essas expressões de acordo

com o que sinto internamente.

Lúcia parece chocada com a revelação e seus olhos se enchem de desaprovação.

Lúcia: Isso é um absurdo! Você está brincando comigo, não é? Eu não posso aceitar isso,

Gabi! É contra tudo o que acredito...

Gabi: Mãe, eu entendo que pode ser difícil para você compreender isso agora, mas é quem

eu sou. Não é uma escolha, é uma parte fundamental da minha identidade. Eu ainda sou a

mesma pessoa que você criou e amou.

Lúcia fica cada vez mais irritada e levanta-se do sofá.

Lúcia: Eu não quero ouvir mais nada disso! Saia da minha casa! Não vou tolerar essa

aberração, essa coisa do diabo, aqui!

Gabi fica chocada com a reação da mãe, lutando para conter as lágrimas.

Gabi: Mãe, por favor, não faça isso... Eu sou sua filha, ainda sou a mesma pessoa que

sempre fui... Eu só queria que você me aceitasse...

Lúcia permanece irredutível e aponta para a porta.

Lúcia: Eu disse para você sair! Não quero mais ver você por aqui. Vá embora!

Gabi, desolada, levanta-se lentamente do sofá. As lágrimas escorrem por seu rosto

enquanto ela se afasta.

CORTE:

CENA 06. CASA GLÓRIA. SALA. NOITE


Milton, Glória e Rebeca estão na sala de estar, cercados de malas. Milton e Glória

compartilham um olhar repleto de amor e felicidade enquanto observam sua nova moradia.

Rebeca se junta a eles, entusiasmada com a mudança.

Milton: Finalmente estamos todos juntos novamente. É um novo começo para nós, um

recomeço cheio de amor e união.

Glória: É verdade, Milton. Sinto que estamos no lugar certo, no momento certo. É como se

tudo estivesse se encaixando.

Rebeca, emocionada, abraça seus pais, sentindo-se completa novamente.

Rebeca: Eu estava esperando por esse momento há tanto tempo. Ter vocês dois juntos

novamente é a coisa mais maravilhosa que poderia acontecer. Estou tão feliz!

Milton e Glória sorriem para a filha, compartilhando a alegria desse reencontro familiar.

Milton: Nós também estamos felizes, meu amor. Prometemos que faremos de tudo para que

essa família seja ainda mais forte e unida.

Glória: E nada nem ninguém poderá nos separar novamente. Juntos, somos invencíveis.

Os três se abraçam felizes.

CORTE:

CENA 07. OFICINA. NOITE

A oficina de Juliano está repleta de ferramentas, carros e peças automotivas. Juliano

trabalha concentrado em um carro, quando a porta se abre e Cassandra entra, exalando

sensualidade.

Cassandra: Juliano, que surpresa te encontrar aqui sozinho. Achei que poderíamos

aproveitar um pouco mais da nossa companhia.

Juliano: Cassandra, já conversamos sobre isso. Eu deixei claro que não quero mais nada

com você.

Cassandra se aproxima de Juliano, tentando tocar seu rosto, mas ele se afasta novamente.

Cassandra: Você não pode simplesmente me rejeitar assim, Juliano. Nós tivemos

momentos incríveis juntos, e eu sei que você ainda sente algo por mim.

Juliano: Isso é passado, Cassandra. Eu já superei nossos momentos e segui em frente.

Cassandra fica irritada com a rejeição e seus olhos brilham com uma determinação

sombria.

Cassandra: Ah, Juliano, você não sabe o que é ficar longe de mim. Eu vou fazer de tudo

para ter você de volta. Pode ter certeza disso.

Juliano: Cassandra, não há nada que você possa fazer para me prender a você. Nós não

temos mais futuro juntos. É melhor você aceitar isso.

Cassandra encara Juliano por um momento, com uma mistura de raiva e frustração em seu

olhar. Ela respira fundo, tentando conter suas emoções.

Cassandra: Veremos, Juliano. Veremos.

Cassandra se vira e sai da oficina, deixando Juliano com uma expressão preocupada. Ele

volta para o seu trabalho.

CORTE:

CENA 08. RESTAURANTE. NOITE

Yedda e Dr. O'Bryan sentam-se em uma mesa em um restaurante elegante. Os pratos

vazios indicam que já desfrutaram de uma refeição.


Yedda: Dr. O'Bryan, preciso te contar algo. Eu contei a Clara a verdade sobre JOE, que ele

é uma inteligência artificial.

Dr. O'Bryan: (surpreso) Yedda, você fez o quê? Você sabe que isso pode ter graves

repercussões, não apenas para você, mas para toda a comunidade científica.

Yedda: Eu sei, Dr. O'Bryan, mas eu não tinha escolha. Clara estava desconfiada, e eu achei

que era o momento certo para contar a verdade.

Dr. O'Bryan: Você entende que o que fez foi uma experiência anti-ética, Yedda? Utilizar JOE

para se envolver emocionalmente com Clara, sem que ela soubesse da verdade, é uma

violação séria.

Yedda: Eu sei, Dr. O'Bryan, e agora estou enfrentando as consequências das minhas ações.

Clara está furiosa e ameaçou me denunciar por falsidade ideológica.

Dr. O'Bryan: Yedda, você precisa lidar com essa situação com responsabilidade. Se Clara

realmente decidir levar essa denúncia adiante, isso poderá prejudicar sua reputação como

cientista e afetar sua carreira. Isso sem contar na possibilidade de reclusão.

Yedda assente, preocupada e culpada.

Yedda: Eu entendo, Dr. O'Bryan. Eu estou disposta a enfrentar as consequências do que fiz.

Sei que errei e preciso assumir a responsabilidade por minhas ações.

Dr. O'Bryan: Então, agora é o momento de agir com integridade. Se Clara decidir seguir em

frente com a denúncia, você deve cooperar totalmente e assumir a responsabilidade pelos

seus atos.

Yedda encara o Dr. O'Bryan, determinada a lidar com as consequências e aprender com

seus erros.

Yedda: Eu farei o que for necessário, Dr. O'Bryan. Acredito que é hora de enfrentar as

consequências e aprender com essa experiência.

Dr. O'Bryan assente.

CORTE:

CENA 09. CASA CLARA. SALA. NOITE

Clara está sentada no sofá, ao lado de Gabi, que parece abatida após a discussão com sua

mãe. Clara coloca a mão no ombro de Gabi, demonstrando apoio.

Clara: Gabi, eu sinto muito pela forma como sua mãe reagiu. Você não merecia passar por

isso.

Gabi: Eu não entendo por que ela não consegue me aceitar do jeito que sou. Eu só queria

que ela me entendesse.

Clara: Eu sei, Gabi. Infelizmente, nem todas as pessoas estão dispostas a entender e

aceitar a diversidade. Mas saiba que você é incrível do jeito que é, e estou aqui para te

apoiar.

Gabi se acalma aos poucos, sentindo-se acolhida pela amiga.

Gabi: Obrigada, Clara. Ter você ao meu lado significa muito para mim.

Clara: Gabi, eu tenho que te contar uma coisa. Eu descobri a verdade sobre o JOE.

Gabi: E qual é?

Clara: Eu nem sei se você vai acreditar mas... O JOE é uma inteligência artificial.

Gabi: (surpresa) Que?

Clara: Isso que você ouviu. Não existe JOE. Ele é uma inteligência artificial, criada pela

cientista Yedda Newman. Eu fui enganada por ele. Quer dizer, por ela.

Gabi: Meu Deus... Isso parece história de filme de tão absurda que é. E quem te contou

isso?


Clara: A própria Yedda Newman. Agora... Eu tenho que pensar no que eu vou fazer. Porque

eu fui enganada! Eu vou processar essa mulher. Eu não posso deixar ela impune depois de

me enganar. Ela vai me pagar!

Clara determinada.

CORTE:

FIM DO CAPÍTULO 16



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