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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 35

 




Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
MOISÉS
REBECA
RAVENA
CÁSSIA
JORGE
ROSENO
MARIA
PANDORA
DARLAN
RAUL
KIRA
VANESSA 


Participação Especial:
LUÍZA, RAFAEL, ENFERMEIRA


CENA 01/ INT/ HOSPITAL/ TARDE

Giovana, com uma expressão de preocupação e confusão, está sentada, segurando o resultado do exame nas mãos.

 

GIOVANA

(preocupada)

- Não pode ser! Não pode haver algum erro, doutora? Talvez um falso positivo?

 

LUÍZA

(firme)

- Olhe Giovana, mandei repeti esse exame exatamente para eliminar qualquer dúvida. Os resultados são consistentes. Raul está mesmo com leucemia.

 

RAFAEL

- Eu mesmo analisei a lâmina do sangue periférico de seu marido. Está repleta de blastos leucêmicos.

 

GIOVANA

(chorando)

- Isso não pode tá acontecendo, meu Deus.

 

RAFAEL

- Raul vai precisar fazer um mielograma e uma biopsia óssea. São procedimentos incômodos e dolorosos, mas necessário. O ideal seria que fizéssemos isso imediatamente.

 

Luíza se aproxima de Giovana.

 

LUÍZA

- Vamos lá, Giovana. Precisamos conversar com Raul.

 

 

 

CENA 02/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA

O pátio da escola está repleto de estudantes, alguns conversando animadamente enquanto outros passam diretos indo em direção as suas salas. Pandora está conversando com Darlan no canteiro próximo à entrada.

 

PANDORA

(remorso)

Me desculpe, viu Darlan? Minha mãe não tinha motivo nenhum para me levar dali daquele jeito.

 

DARLAN

(resignado)

- Do jeito que ela me tratou, parecia que eu era um marginal que tava lhe sequestrando.

 

PANDORA

(com tristeza)

- Mãe Ravena tem hora que tem uns comportamentos que me envergonham, sabe?

 

Nesse momento, Maria chega no colégio, passando direto por eles.

 

DARLAN

(confuso)

- Oxe, Maria!

(chamando)

- Ei Maria, o que aconteceu?

 

Pandora, colocando a mão no braço de Darlan, o impede de ir atrás de Maria.

 

PANDORA

(com determinação)

Deixe, eu falo com ela.

 

Darlan assente, enquanto Pandora vai atrás de Maria.

 

 

CENA 03/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ SALA DE AULA/ DIA

Maria está sentada em sua carteira, mas sua mente está longe, perdida em pensamentos. Pandora se aproxima dela, notando a distração da amiga.

 

PANDORA

- Oi minha linda! O que houve? Cê passou ali feito um furacão não falou com ninguém.

 

MARIA

- Pandora, cê nunca sentiu curiosidade em conhecer seu pai biológico?

 

Pandora se surpreende com a pergunta repentina de Maria.

 

PANDORA

- Não, nunca. Sou filha de duas mulheres. Meu pai é apenas um doador anônimo. Não preciso de mais nada.

 

MARIA

(revelando)

- Descobri que Paulo, não é meu pai biológico. Ele nem se quer pode ter filho. Meu pai biológico é um tarado que abusou de mainha, enquanto ela tava na parada esperando ônibus.

(determinada)

- E agora quero conhecer, quero saber quem é ele.

 

Pandora fica abismada com a revelação de Maria, seus olhos mostrando incredulidade diante da decisão da amiga.

 

PANDORA

(abismada)

- Caramba, Maria! Mas... mas pra quê cê quer conhecer esse homem? Se ele abusou de sua mãe. Ele não é uma pessoa legal, por que cê quer saber quem é.

 

MARIA

(resoluta)

- Ele não pode ser pior do que o homem que chamei de pai até agora.

 


 

CENA 04/ INT/ HOSPITAL/ TARDE

Giovana chega ao quarto acompanhada de Luíza e Rafael.  Ela se aproxima do leito onde ele está deitado, olhando para ele com preocupação.

 

RAUL

(brincando)

- Oxente, pensei que tivesse desistido de mim e ido embora.

 

GIOVANA

- Não fale besteira, jamais iria desisti de você.

 

LUÍZA

- E aí, tá se sentindo melhor, Raul?

 

RAUL

- Tô zero bala, viu? Pronto pra ir pra casa. E então doutora, veio aqui me dá alta, foi?

 

LUÍZA

(sorrindo sem graça)
- Ainda não.

(apresentando)

- Raul, este é Dr. Rafael Barone, nosso hematologista.

 

RAUL

(preocupado)

- Não tô entendendo. Houve algum problema nos meus exames, foi doutora?

 

GIOVANA

- Calma meu amor, deixe a doutora explicar.

 

LUÍZA

- Eu vi uma alteração em seu hemograma e pedi ajuda para o Dr. Rafael que é especialista. Ele vai lhe examinar melhor.

 

RAUL

- Mas que alteração foi essa?

 

 RAFAEL

- Raul, o hemograma é um exame que avalia o número e a forma dos glóbulos vermelhos, dos brancos e das plaquetas. No seu caso houve uma alteração em alguns desses elementos, por essa razão que me chamaram para lhe ver.

 

Raul assente, seu rosto mostrando a preocupação enquanto ele processa a notícia.

 

RAUL

- Tô ficando é assustado, viu? Espere um pouco,  isso que cês tão falando aí... Eu tô com leucemia,é isso?

 

RAFAEL

- Tudo indica que sim, Raul. Mas precisamos realizar mais alguns exames para entender melhor o que tá acontecendo.

 

LUÍZA

(com calma)

- Esses exames adicionais nos ajudarão a determinar a extensão do problema e a planejar o tratamento da melhor forma possível.

 

Giovana segura a mão de Raul, tentando transmitir apoio e força nesse momento difícil.

 

 

CENA 05/ INT/ FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ DIA

Jorge está de pé, escorado em um monte de pneus. Roseno está sentado em uma cadeira, os dois estão lanchando.

 

JORGE

- Ela continua do mesmo jeitinho, viu Roseno? Uma tremenda libertina. Tava lá de beijinho com um carinha, me viu nem deu importância, entrou no carro com ele.

 

ROSENO

- Ó paí! E cê tá zangado por quê? Ela é solteira, né não? Pode sair e ficar com quem quiser. Quem não devia tá lá era o cê, né nego véi? Que é homem casado.

 

JORGE

- Lá vem cê com suas comparações. Sou homem meu brother, a coisa é diferente.

 

ROSENO

- E é diferente, por quê? Olhe, vou pelo certo, viu pae! Pra mim homem e mulher tem que ter diferença não.


 

CENA 06/ EXT/ RUA/ DIA

Vanessa e Rebeca estão pedalando bicicletas juntas, aproveitando o dia ensolarado.

 

VANESSA

- Rebeca, tava aqui matutando. Já que seu pai vai pra esse congresso de pastores, por que cê não aproveita e foge com o circo de Júnior?

 

REBECA

- Valha-me Deus, Vanessa! Isso seria um pecado terrível. Não posso fazer algo assim, estaria condenada à morte eterna. Quero ir pro inferno não, viu?

 

VANESSA

- Deixe de bestagem, menina. Pior é morrer seca, sem ter feito nada do que queria. Cê ama Júnior, ele lhe ama, se atire.

 

REBECA

(preocupada)

- Tiro? Júnior levou tiro?

 

VANESSA
- Ó pai! Deixa de ser abestalhada. Tô falando assim, se arrisca foge no circo de Júnior. Vai ser feliz, mulher.

 

Rebeca para olhando para o circo. Vanessa para logo na frente.

 

REBECA

- Cê acha, é?

 

VANESSA

(com sorriso sapeca)

- Acho sim. Porque já não aproveita que tá aqui pertinho, e vá lá chupar o pirulito de Júnior.

 

Rebeca ri envergonhada, finalmente entendendo a conotação da brincadeira.

 

REBECA

- Ah, cê é safadinha, viu Vanessa? Mas agora entendi o que é pirulito... Acho que vou lá então, né? Tô com saudade dele.

 

VANESSA

- Vai lá, sua boba. Mas tarde a gente se fala.

 

 

CENA 07/ INT/ LOJA DA RAVENA/ DIA

Laura está perdida em seus pensamentos quando Ravena se aproxima.

 

RAVENA

(brincando)

- Dou um doce pelos seus pensamentos. O que tá passando aí nessa cabecinha?

 

LAURA

- Tava aqui falando com mainha, ela me disse que painho vai para um congresso de pastores.  Tava pensando, vou aproveitar esse momento para ficar mais próximo dela e Rebeca, né? Cê que acha?

 

RAVENA

- Olhe, vou ser bem sincera contigo, viu Laura? Não acho bacana cê ficar tão próximo assim de sua família, não. Não digo isso pela sua mãe e pela sua irmã, mas por conta de seu pai. Ele é dominador, machista e misógino. Isso vai acabar lhe machucando e machucando também nossa filha.

 

LAURA

(grosseira)

- É o quê, Ravena? Agora a general não vai permitir nem que eu me aproxime de minha mãe?

 

RAVENA

- Não se trata disso. Só quero o melhor para cês duas. Tudo bem, se cê quer procurar sarna pra se coçar de novo, vai em frente. Agora espero que cê tenha consciência, e não faça a nossa filha passar por tudo o que cê passou nas mãos desse cara.

 

LAURA

- Já não tô é lhe reconhecendo, viu Ravena? Cê, que luta tanto contra o machismo, tá se tornando cads vez mais machista, já tá ficando igualzinho painho.

 

RAVENA

(se ofendendo)

- Olhe as comparações, viu Laura?

 

LAURA

- O que falo é verdade. Principalmente em relação à Pandora e Darlan.

 

RAVENA

(com ódio)

- Esse Darlan é só um moleque. E não vou permitir que ele se envolva com minha filha.  Amanhã ela vai me agradecer por isso. 

 

CENA 08/ INT/ CAMPA/ TARDE

Kira está ao telefone com Giovana, percebendo a angústia na voz dela.

 

KIRA

(com carinho)

- Calma, viu Gih? Não tem que ficar pensando em trabalho agora. A gente se vira aqui, tá tudo certo. Tô aqui no CAMPA, eu tomo conta de tudo. Agora o que cê precisa é ficar calma e focar em Raul. Vamos ter fé que vai dá tudo certo, viu?

 

Giovana, do outro lado da linha, tenta encontrar alguma tranquilidade nas palavras de Kira.

 

GIOVANA

(off)

- Obrigado, viu nega? Tá tão difícil ver Raul passando por tudo isso. Eu morro de medo do que pode acontecer.

 

KIRA

- Oh meu amor, eu acredito que não tá sendo nada fácil mesmo, né? Força aí, e pode deixar que por aqui eu resolvo. Beijão, se cuida aí.

 

 

 

CENA 09/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ TARDE

Jana e Cássia aproveitam um intervalo sem pacientes na clinica para poderem conversar. 

 

JANA

- Uma avalanche caiu sobre minhas costas, viu Cássia? Painho tá ficando lá em casa agora, depois do que Eliete aprontou.

 

CÁSSIA

- Então ela contou tudo mesmo pra Maria?

 

JANA

- Ela não conta, o que Eliete gosta é de ficar fazendo piadinhas, jogando veneno. Parece que ali no impulso da conversa Maria a chamou de vó e ela não gostou. E já foi falando que a vó de Maria é uma prostituta e o pai um estuprador.

 

CÁSSIA

- Gente, mas essa mulher tem que ser contida! Tá demais. Isso é coisa que se fala.

 

JANA

- Não tive escolha, tive que contar toda a verdade pra Maria. E agora tô muito preocupada de como tá a cabeça da bichinha. E pra piorar meu cunhado não tá nada bem, minha irmã mandou mensagem dizendo que ele foi internado com suspeita de leucemia. Acredita?

 

CÁSSIA

- É barril, hem nega?

 

 

 

CENA 10/ INT/ HOSPITAL/ TARDE

Raul está deitado em uma cama hospitalar, com uma expressão tensa no rosto. A enfermeira, prepara a bandeja com os instrumentos para o mielograma.

 

RAUL

(nervoso)

Isso vai doer muito?

 

ENFERMEIRA

- Costuma doer um pouco. Mas farei o melhor para tornar isso o mais confortável possível.

 

Rafael entra na sala, calçando suas luvas.

 

RAFAEL

(determinado)

- Vamos começar, Raul? Este procedimento é crucial para entendermos o estágio da leucemia.

 

Raul assente com determinação. A enfermeira começa a preparar a área da coluna vertebral de Raul, enquanto o médico se prepara para a punção.

 

RAUL

(respirando fundo)

- Tô pronto.

 

O quarto fica silencioso, exceto pelo zumbido dos equipamentos médicos. A agulha entra na pele de Raul, ele contrai o corpo em uma mistura de dor e determinação.

 

CENA 11/ EXT/ PRAÇA/ TARDE

Maria está sentada em um banco, seu rosto reflete uma mistura de curiosidade e ansiedade. Pandora se senta ao lado dela.

 

PANDORA

- Maria, cê quer mesmo mexer com isso? Poxa, se seu pai é um criminoso o melhor a fazer é ficar longe dele, né?

 

MARIA

(decidida)

- Quero sim, preciso disso. Não tô aqui falando que quero manter laços com ele. Mas quero descobrir quem ele é, talvez ver uma foto, qualquer pista que me ajude a entender a minha história. Pandora, talvez eu tenha até irmãos. Já pensou nisso?

 

PANDORA

- Eu entendo sua curiosidade, Maria. Mas é bom não criar expectativa, nem se aprofundar muito nisso. Boa índole cê já viu que ele não tem, né?

 

MARIA

- Tem tanta gente sem índole, sendo tratado por muito como gente boa.

 

PANDORA

- Cê tá falando do seu pai, do Paulo? Já reparei que cê fica tensa quando fala dele. Tô aqui meu amor, pode falar o que lhe incomoda tanto.

 

MARIA

- Não quero falar sobre isso, Pandora... Venha cá, cê vai me ajudar encontrar meu pai biológico?

 

PANDORA

- Claro, se é tão importante pra você.

 

MARIA

(mostrando o celular)

- Eu dei uma pesquisada na internet sobre o ano que nasci. E descobri que tinha um tarado aqui em Salvador que abusou de várias mulheres. E olha o que achei, olha bem essa foto.

 

PANDORA

(olhando)

- Mas são minhas mães nessa foto.

 

MARIA

- Suas mães na frente, e se cê olhar bem atrás tá minha mãe e minha tia Giovana. Elas estavam protestando exatamente contra esse tarado   que atacou essas mulheres. Pandora, esse homem é meu pai.

 

 

 

CENA 12/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ TARDE

Eliete está visivelmente abatida, seu rosto marcado pela tristeza. Ela está sentada em um dos bancos da igreja, Moisés sentado ao seu lado.

 

ELIETE

(com pesar)

- Pastor Moisés, tô tão aperriada... simplesmente não consigo entender. Trinta e cinco anos de casado, e Genivaldo simplesmente vai embora. Dediquei toda minha vida ao Senhor, servi à Sua obra com fervor, e agora tô abandonada. As vezes me sinto fracassada, não sabe? Que eu fiz para merecer tudo isso, meu Deus?

 

MOISÉS

- Oxente, não te avexe irmã!A vida do servo de Deus é assim mesmo. O mundo não tá acostumado com a verdade e quando ouve a verdade se assusta. Genivaldo teve várias oportunidade de mudar sua conduta, mas não o fez. No dia do juízo ele vai prestar conta com Deus. Agora a senhora não deve se fraquejar em sua fé por conta de seu marido. No momento, a irmã tá passando por um período de vacas magras, mas logo será o período de vacas gordas. A senhora toma posse disso?

 

ELIETE

- Amém, tomo posse sim, meu pastor.

 

MOISÉS

- Irei para o congresso de pastores e quero que a senhora fique firme para tomar conta de minhas ovelhas.

 

ELIETE

- Pode deixar meu pastor. Sou uma serva de Deus, e jamais irei me fraquejar.

 

 

CENA 13/ INT/ HOSPITAL/ LEITO/ TARDE

Raul está deitado, profundamente adormecido, enquanto Giovana permanece ao lado dele. Com carinho, ela alisa os cabelos dele, sussurrando em seu ouvido.

 

GIOVANA

(suavemente)

- Cê vai sair dessa meu amor. Tudo vai passar, acredita nisso.

 

Ela se levanta da cadeira com cuidado, dirigindo-se à janela. Lá, olha para fora, perdida em pensamentos. Depois mexe no celular e olha o instagram de Kira, e ver fotos das duas em Ilha de São Paulo, um sorriso suave brota em seus lábios. Enquanto está navegando nas fotos o celular começa a tocar. Ela ver no visor o nome de Jana e atende.

 

GIOVANA

(ao telefone, com preocupação)

- Oi mana!

 

JANA

- E aí minha linda, como cê tá? E Raul?

 

GIOVANA

- Tudo por aqui tá difícil, mas estamos lidando, né? Tenho tanto medo do que pode acontecer com Raul. Ele fez um mielograma agora pouco, tá aqui descansando... E cê como tá? Painho me falou sobre a última de mainha.

 

JANA

- Olhe Giovana, cê me perdoe, viu? Mas tô com tanta raiva de Eliete.

 

GIOVANA
- Eu sei, lhe entendo, mainha é muito difícil de lidar.

 

JANA

- Painho também tá aguentando não,viu? Foi lá pra casa.

 

GIOVANA

- E Maria, Jana? Como ela tá lidando com isso?

 

JANA

- Aí onde tá minha maior preocupação. Maria é tão fechada, não dá pra saber o que passa naquela cabecinha. Hoje passei o dia mandando mensagem pra ela. Disse que tá com Pandora, a amiguinha dela. Acho bom, assim ela se distrai.

 

GIOVANA

- Pois é... Olhe  Jana depois quero conversar com cê, sobre Maria e Pandora.

 

JANA

(preocupada)

- Aconteceu alguma coisa?

 

GIOVANA

- Aconteceu nada não, a gente fala sobre isso depois. Vou desligar aqui que Raul já tá acordando. Depois a gente se fala, viu?

 

JANA

- Tá certo, então. Beijo mana.

 

 

CENA 14/ INT/ CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ TARDE

A porta do quarto de Maria está entreaberta, Paulo, empurra a porta cuidadosamente e entra. Seus olhos são atraídos para a escrivaninha, onde ele vê o diário de Maria. Ele se aproxima da escrivaninha com olhos ávidos e abre a gaveta onde o diário está guardado. Antes que ele possa tocar no diário, a porta do quarto se abre abruptamente. Genivaldo entra, confuso com o que estava vendo.

 

GENIVALDO

- Paulo! Oxente, o que cê faz aqui no quarto de Maria?

 

Paulo se vira rapidamente, seu rosto pálido de surpresa ao ser pego em flagrante.

 

PAULO

(gaguejando)

- Eu... Bem, eu pensei que Maria estivesse por aqui.

 

GENIVALDO

(desconfiado)

- Ela ainda não chegou da escola.

 

PAULO

- Pois é, mas já deu hora de chegar, né? O senhor já almoçou? Vou preparar alguma coisa pra nós.

 

GENIVALDO

- Já tem comida pronta, já almocei. Obrigado..

 

PAULO

- Então, deixa eu ir comer, quando Maria chegar ela se arranja.

 

Paulo sai, e Genivaldo fica intrigado por ter visto ele ali.

 

 

CENA 15/ INT/ CASA DA RAVENA/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Pandora chega em casa acompanhada por Maria. Laura está sentada na sala mexendo no celular.

 

LAURA

- Oi filha, demorou hein? Oi Maria!

 

Maria dá um sorriso tímido e assente com a cabeça.

 

LAURA

- Cês já almoçaram?

 

PANDORA

(sorrindo)

- Não se preocupe, minha mãe, não estamos com fome.

             

Pandora tira o telefone do bolso e se aproxima da mãe, com uma expressão séria no rosto.

 

PANDORA

- Quero que veja essa foto.

 

LAURA

(sem entender)

- Que é isso?

 

PANDORA

- É exatamente o que queremos saber. Quem era esse estuprador que cês estavam protestando? Pelo o que li aí no blog era uma manifestação feminista em frente a uma delegacia.

 

Laura fica desconsertada diante daquela matéria.

 

PANDORA

- Esse homem minha mãe,pode ser o pai de Maria.

 

Maria olha ansiosamente para Laura, esperando uma reação ou algum sinal de reconhecimento. Laura suspira fundo e fica sem saber o que fazer.





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