PARTES DE MIM - CAPÍTULO 08

 

PARTES DE MIM

Capítulo 08

Criada e escrita por: Thiago Celestino

Escrita com: Ezel Lemos

Produção Executiva: Ranable Webs

ABERTURA:

CENA 01. JARDIM BOTÂNICO. INT. DIA.

Gael está maravilhado. Enrique junto dele. De longe, Eduardo em sua moto. Afastado da dupla.

EDUARDO: Enrique? Gael? Os dois? Será?

Eduardo fica observando. Enrique pega uma flor e entrega para Gael.

ENRIQUE: Te amo. Te quero!

Enrique tasca um beijo no rapaz, que corresponde. Eles se deixam levar pelo momento. Eduardo, surpreso, vai tirando fotos.

EDUARDO (rindo): Isso está saindo melhor que a encomenda!

Eduardo aos risos.

CENA 02. RODOVIÁRIA. EXT. DIA

Vemos um ônibus chegando, ele para, abre a porta, os passageiros descem do ônibus, inclusive Helena.

HELENA: Enfim cheguei.

Helena procura um funcionário da rodoviária para tirar informação. E vai até a bilheteria.

HELENA: Moça, Bom dia, poderia me informar como ir até esse endereço?

BILHETEIRA: Tem um carro que vai perto desse endereço.

HELENA: Maravilha, muito obrigada.

Helena caminha com suas malas.

HELENA: Você não sabe o que te espera, priminho.

Helena Sorrir.

CENA 03. MANSÃO RANGEL. INT. QUARTO DE EDUARDO. DIA

Eduardo abre a porta de seu quarto rapidamente, fecha e tranca a porta.

EDUARDO: Agora tenho a faca e o queijo na mão, só preciso armar um plano perfeito.

Eduardo senta na cama e começa a pensar.

Lucrécia bate na porta do quarto de Eduardo e ele abre a porta.

EDUARDO: Se for para dá sermão trate de dar meia volta.

LUCRÉCIA: Não vim te dá sermão, vim conversar.

Lucrécia entra no quarto e Eduardo fica de costas para sua mãe.

LUCRÉCIA: Meu amado filho, porque você precisa ser assim?

EDUARDO: Não seria porque vocês nunca se importaram comigo? Sempre me deixam em segunda opção, desde que o Gael colocou os pés nessa casa, a convivência ficou impossível.

LUCRÉCIA: Ficou impossível porque você fez ficar impossível, meu filho, porque não tenta mais uma vez, e verá que tudo ficará mais tranquilo. Olha, hoje farei um jantar e todos estarão no jantar, inclusive sua tia Catarina e seu primo Enrique.

Eduardo fica surpreso por saber que Eduardo estará no jantar e rapidamente pensou em um plano.

EDUARDO: Tem razão, mamãe, preciso tentar para que tudo fique tranquilo entre nós.

LUCRÉCIA: Maravilha, preciso ir adiantar as coisas do jantar.

EDUARDO: Se precisar de ajuda.

LUCRÉCIA: Eu adoraria.

EDUARDO: Vai indo na frente enquanto eu troco de roupa.

LUCRÉCIA: Ok.

Lucrécia sai e fecha a porta do quarto.

EDUARDO: Esse jantar será saboroso.

Eduardo começa a se trocar para acompanhar sua mãe.

CENA 04. APARTAMENTO DE ENRIQUE. INT. SALA. TARDE.

Rebeca toca a campainha, Enrique abre e Rebeca entra sem a autorização. Enrique está em choque e no exato momento não contém os sentimentos e sente raiva.

ENRIQUE (Chocado): Você?! Como tem coragem de aparecer durante todo esse tempo?

REBECA: Já esperava a sua reação. Vai guardar remorso pro fim do ano?

ENRIQUE: Eu pensei que você tivesse ido embora?

REBECA: Eu iria sim, por um bom motivo. Isso me fez aprender com a vida, repensar meus erros.

ENRIQUE: Quanta ladainha. Fala logo o que você quer e some da minha frente! Você destruiu minha vida!

REBECA: Você também destruiu a minha! Não se lembra? Você e o seu trabalho... Acha que esqueci?

ENRIQUE: Não jogue mais isso na minha cara!

REBECA: Então não me julgue como se eu fosse a única errada daqui, porque você sabe que não.

ENRIQUE (Raiva): Mesmo depois de ter me traído, porque só agora veio atrás de mim??

REBECA (Chorando): Vivemos momentos inesquecíveis, já nos amamos tanto. Sei que o que fiz foi errado, mas aquilo foi algo momentâneo. O que eu sinto por você permanece até hoje...

ENRIQUE: Eu não acredito mais em suas palavras, para mim não faz mais sentido acreditar em você.

REBECA: Por favor, tem que acreditar em mim, eu ainda te amo.

Enrique pega no braço de Rebeca.

ENRIQUE: Graças a sua traição deixei de acreditar em você e me tornei mais forte, então faça-me o favor de ir embora já.

Rebeca olha espantada para Enrique e sem outra alternativa vai embora.

CENA 05. MANSÃO RANGEL. INT. SALA DE JANTAR. TARDE.

Eduardo ajuda a mãe com os detalhes para o jantar. Ele coloca uma toalha na mesa enquanto Lucrécia escolhe os talheres com a empregada da família. O clima é de correria na mansão para que tudo fique pronto para o jantar.

EDUARDO: (resmungando) Esse jantar vai ser o momento ideal. Eu quero ver a cara de todos com a bomba que eu vou soltar para todo mundo.

LUCRÉCIA: O que você tanto fala, Eduardo?

EDUARDO: Não é nada. Coisa minha.

LUCRÉCIA: Assim espero. Nada pode dá errado nesse jantar. A Catarina é muito exigente e não me perdoaria por fazer um jantar desagradável.

EDUARDO: Fique tranquila. Esse jantar será inesquecível.

LUCRÉCIA: Também não precisa ser irônico. Apesar de que não deixa de ser verdade, o que falou. É o primeiro jantar com o Gael aqui na nossa casa, então certamente para o seu pai será inesquecível mesmo.

Eduardo tenta segurar a raiva.

CENA 06. MANSÃO RANGEL. INT. SALA. TARDE.

Gael chega na sala e a empregada se dirige a ele.

EMPREGADA: Seu Gael, tem uma mulher lá fora querendo falar com o senhor.

GAEL: (surpreso) Mulher?

EMPREGADA: O nome dela é Helena.

GAEL: (surpreso) Helena aqui? Será que aconteceu alguma coisa?

EMPREGADA: O que eu faço?

GAEL: Mande entrar, mande entrar, por favor!

A empregada sai da sala e Gael fica pensativo, tentando imaginar o porque viria lhe vê.

GAEL: O que será que ela vem fazer aqui?

Alguns segundos depois, Helena chega com a mala, deixando Gael boquiaberto.

GAEL: Helena!

Helena finge arrependimento para tentar se aproximar de Gael.

HELENA: Gael! Meu irmão, me perdoa!

GAEL: Perdoar o quê, Helena?

HELENA: Eu sempre agi mal com você!

Gael fica paralisado, sem acreditar ao ver sua irmã postiça lhe pedindo perdão.

GAEL: Eu…

HELENA: Eu sei que o que eu fiz foi muito errado. Eu não mereço ter um irmão bom como você.

GAEL: Calma, Helena. Realmente você sempre me tratou mal. Mas eu não guardo mágoas, você sabe que sou uma pessoa que sabe perdoar.

HELENA: (pensando alto) É claro que sei seu idiota! Se não soubesse não estaria aqui.

GAEL: Mas me fala, você veio passar alguns dias por aqui?

HELENA: Sim, a mamãe pediu para que eu viesse e fizesse as pazes com você.

GAEL: Ah, que saudades eu estou dela.

HELENA: Ela também está com muitas saudades, eu tenho certeza.

GAEL: Mas vamos lá, eu vou te apresentar a minha família. Antes vamos guardar a mala.

CENA 07. TRÂNSITO DE SÃO PAULO. EXT. TARDE

As vias da maior cidade do país estão movimentadas com um trânsito repleto de engarrafamento. Centenas de veículos transitam no final da tarde.

CENA 08. MANSÃO RANGEL. INT. SALA. NOITE

Catarina chega na sala de jantar e observa a mesa checando se está tudo conforme ao seu gosto. Ela observa minuciosamente cada detalhe, vendo de perto a posição das louças e os talheres. Lucrécia chega e fica parada vendo a irmã.

LUCRÉCIA: Espero que esteja tudo ao seu gosto.

CATARINA: Isso só irá saber ao final do jantar.

LUCRÉCIA: Você sempre tão exigente.

CATARINA: Minha irmã, quem virá a esse jantar?

LUCRÉCIA: Bom, só pessoas próximas da família.

CATARINA: E o filho do seu marido?

LUCRÉCIA: Ele também vai jantar com a gente. Ele e a irmã dele que chegou mais cedo.

CATARINA: Hum. Eu espero que ambos tenham bons modos. Eu não suporto conviver com classe baixa.

LUCRÉCIA: (repreendendo) Catarina! Você não começa com isso. O Gael vem de uma realidade bem diferente da nossa.

CATARINA: Realidade pobre, miserável…

Gael chega com Helena até o local. Ele fica surpreso com o que ouve.

GAEL: Mas eu era muito feliz mesmo assim.

Lucrécia fica envergonhada com o comportamento da irmã. Helena sorri levemente mas logo se controla para não cair na risada.

CATARINA: Quem é que pode ser feliz vivendo na miséria?

LUCRÉCIA: (chateada) Catarina! Por favor, minha irmã!

Eduardo e Genésio chegam até a sala e ficam surpresos ao notar um clima estranho entre os presentes no local.

GENÉSIO: Aconteceu alguma coisa?

LUCRÉCIA: Não, meu amor.

CATARINA: Já que não aconteceu, vamos ao nosso jantar.

EDUARDO: Ainda falta gente.

CATARINA: Quem pode estar faltando, ainda? Não me fale que é mais um da classe…

LUCRÉCIA: Cata…

Enrique chega até o local, deixando Catarina em êxtase. Ela corre para abraçar o filho, que só consegue olhar para Gael. Gael envergonhado, muda o olhar, enquanto Eduardo percebe o clima e ri sarcasticamente.

CATARINA: Meu filho amado, do coração… Quanta saudade!

ENRIQUE: Não parece que estava com saudade, todo esse tempo fora.

CATARINA: Você sabe que não gosto do Brasil! Se pudesse ficaria lá para sempre! Mas vocês não querem ir, aí eu fico precisando estar por aqui, nesse calor terrível, encarando essa poluição horrível.

CENA 09. RESTAURANTE. INT. MESA. NOITE

Lucas está esperando os sócios em uma mesa, ele fica apreensivo por já passar do horário combinado.

LUCAS: (olhando no relógio) Já deveriam ter chegado.

Leona chega no restaurante com uma amiga, ela senta em uma mesa próxima a de Lucas.

Lucas vê ela e fica muito impressionado.

LUCAS: É ela! Não acredito! Quanto tempo que eu não via a Leona.

Lucas vai levantando da mesa para ir embora e Leona o vê, ficando paralisada. Ela vai até Lucas e os dois ficam se olhando em silêncio por um tempo.

LEONA: Lucas!

LUCAS: Leona! Há quanto tempo!

CENA 10. MANSÃO RANGEL. INT. QUARTO DE CARLA. NOITE

Carla arruma o armário e tira uma caixa no meio das roupas.

CARLA: Já que o Lucas não chega, eu vou arrumar essas coisas que ele deixa tudo bagunçado.

Carla começa organizar as coisas da caixa, documentos, papéis e fotos. Ela olha uma foto dos dois juntos e se emociona.

CARLA: Ah, que lembrança boa. Essa foto foi logo quando começamos a namorar. Época boa.

Carla continua a mexer nas coisas da caixa a fim de organizar tudo. Ela acaba encontrando uma foto de Lucas e Leona nas coisas dele.

CARLA: (surpresa) Que foto é essa? Porque Lucas guarda isso?

CENA 11. MANSÃO RANGEL. INT. SALA DE JANTAR. NOITE

Genésio, Lucrécia, Catarina, Eduardo, Helena, Enrique e Gael estão na mesa jantando. Enrique e Gael olham sorridentes e Helena percebe o clima. Helena e Eduardo se encaram.

CATARINA: Cadê aquele outro agregado que também mora aqui na mansão?

GENÉSIO: Meu sobrinho não é agregado, Catarina. Ele faz parte da família. Mas respondendo sua pergunta, o Lucas foi me representar em um jantar de trabalho.

CATARINA: Que bom que ele foi no seu lugar, eu não aceitaria uma desfeita sua.

LUCRÉCIA: Está gostando do jantar, Catarina?

CATARINA: Ainda falta a sobremesa. Só falo no final. Agora, Enrique, como anda tudo por aqui, os negócios, principalmente?

ENRIQUE: Vai bem, mamãe! Eu me esforço bastante para que os nossos negócios continuem crescendo.

CATARINA: Pois se empenhe mais que eu tive acesso aos últimos dados do faturamento.

ENRIQUE: É normal haver queda no faturamento em determinado período. Todo ramo tem um momento de redução.

CATARINA: Não me venha com desculpas! Quem deixa o faturamento da empresa chegar ao chão, não é mais por pura incompetência.

GENÉSIO: Não pegue pesado com seu filho, Catarina.

GAEL: É, Enrique parece muito esforçado. Eu quero muito colaborar para o crescimento da empresa.

Catarina fica perplexa com a fala de Gael e logo entende que ele é funcionário da empresa.

CATARINA: Enrique, Enrique, eu espero que esteja colocando somente gente qualificada para trabalhar na nossa empresa. Você não vai me fazer tomar atitudes drásticas.

ENRIQUE: Eu sei bem como cuidar da empresa, mamãe. Não precisa se preocupar.

GENÉSIO: Eu espero que meu filho seja muito bem recebido e bem tratado lá.

CATARINA: Se for qualificado, será!

ENRIQUE: Ele será, Genésio. Pode ficar tranquilo quanto a isso. O Gael é um jovem muito especial.

Catarina não entende a fala de Enrique e fica surpresa.

Eduardo levanta da mesa com o celular na mão.

EDUARDO: Minha família querida, eu gostaria de um momento de atenção para que eu pudesse exibir um vídeo. Trata-se de uma surpresa para vocês.

LUCRÉCIA: O que é isso, Eduardo? Você tá interrompendo o jantar!

CATARINA: Deixa o menino, estava demorando ele sair com alguma. Quando vejo uma pessoa calada demais, espero o pior dela. Mas vamos ver o que vai aprontar. Vai que seja uma homenagem para a minha pessoa.

Eduardo mexe no celular e exibe vídeo de Gael e Enrique através do refletor que projeta a imagem. Todos ficam surpresos com as imagens do vídeo.

Gael fica em pânico e olha para Enrique, que está surpreso com o que está acontecendo. O silêncio toma conta do lugar e todos paralisam assistindo ao vídeo.

Catarina fica assustada com o que vê, enquanto Eduardo sorri, sendo sarcástico com a situação. A cena escurece.

ENCERRAMENTO: