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Entre Laços Quebrados - Capítulo 21 | Últimas Semanas

 

 



ENTRE LAÇOS QUEBRADOS | CAPÍTULO 21

ÚLTIMAS SEMANAS

Criada e escrita por: Vicente de Abreu
Produção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada.




ANTERIORMENTE 


CENA 01: QUARTO DE LUCIANA. HOSPITAL VITAL ROSSI. INT. 

O quarto está iluminado suavemente por luzes de Natal, criando uma atmosfera acolhedora e serena. Uma pequena árvore decorada em um canto adiciona um toque festivo ao ambiente onde Luciana, de semblante frágil mas com olhos cheios de vida, repousa na cama. Ela observa com ternura Serginho e Marlene, que seguram suas mãos com cuidado e amor.


LUCIANA: (sussurrando com dificuldade) Obrigada por estarem aqui...

SERGINHO: (com um sorriso amoroso) Não poderíamos deixar você sozinha nesta noite especial, Lu.

MARLENE: (com os olhos marejados) Você nos assustou tanto.

Luciana assente suavemente, sua expressão misturando gratidão e uma melancolia suave. Serginho segura uma pequena caixa de madeira delicadamente decorada.

SERGINHO: (com ternura) Lu, trouxe algo para você.

Ele abre a caixa, revelando uma coleção de fotografias antigas. Luciana observa as fotos, um brilho de reconhecimento gradual iluminando seu rosto.

LUCIANA: (com um suspiro) Esses momentos... eu lembro deles.

SERGINHO: (com um nó na garganta) São lembranças preciosas que temos juntos desde a infância.

Luciana sorri levemente, seus olhos capturando a nostalgia das imagens. Então, um olhar de perplexidade atravessa seu rosto.

LUCIANA: (com uma voz trêmula) Uma mulher esteve aqui hoje... com um bebê.

Serginho e Marlene trocam olhares significativos, seus corações batendo mais rápido.

MARLENE: (com um suspiro) Lu...

SERGINHO: (com cautela) Quando você teve o acidente... estava grávida.

Luciana parece absorver a informação, seus pensamentos se movendo rapidamente enquanto uma intuição incerta começa a se formar em sua mente.

LUCIANA: (com um sussurro) Meu filho...

MARLENE: (com a voz embargada) Ele... não resistiu, Lu. Partiu algumas semanas após o nascimento.

Luciana fecha os olhos, uma mistura de tristeza e aceitação atravessando seu rosto. Ela sente algo profundo dentro de si, como se uma parte de seu filho ainda estivesse próxima.

LUCIANA: (com voz frágil) Isso não pode ser verdade! Eu sinto... como se ele estivesse aqui, de alguma forma.

Serginho e Marlene a cercam com carinho, compartilhando a dor e a esperança que enchem o quarto naquela noite de Natal. Luzes piscando na árvore, o suave respirar de Luciana e o calor do amor duradouro entre amigos criam um momento de conexão e consolo.

SERGINHO: (com ternura) Ele está sempre perto de você, Lu. Sempre.

O silêncio que segue é preenchido pela presença calorosa uns dos outros, enquanto o espírito do Natal envolve o quarto com uma promessa de paz e lembranças que nunca se desvanecem.

Enquanto todos se abraçam em silêncio, o olhar de Luciana se volta para a porta do quarto, onde uma figura feminina está parada, observando com um sorriso terno. O olhar de Luciana se fixa nela por um momento.



CONTINUAÇÃO:


CENA 02:  QUARTO DE LUCIANA. HOSPITAL VITAL ROSSI. INT. 


VIRGINIA: (com um sorriso tenso) Olá a todos. Sei que este é um momento delicado, mas preciso aproveitar que estamos todos juntos para revelar algo importante.

MARLENE: (sorrindo) Virginia, que surpresa boa! É tão bom ver você. Pessoal, essa é minha sobrinha Virginia. Luciana, essa é Virginia, ela é como uma filha para mim.

LUCIANA: (sorrindo) Prazer em te conhecer, Virginia.

VIRGINIA: O prazer é meu, Luciana. Eu já ouvi falar muito de você.

MARLENE: (curiosa) Então, Virginia, o que você tem para nos contar?

VIRGINIA: (respirando fundo) É algo importante, algo que pode mudar a nossa percepção sobre muitas coisas. Acho que o momento é agora, com todos nós aqui juntos.

SERGINHO: (interessado) O que pode ser tão importante assim?

VIRGINIA: (olhando para todos com seriedade) Prometo que vou explicar tudo. Mas primeiro, quero que saibam que o que vou revelar nos mostra o quanto estamos todos conectados de maneiras que nem imaginamos.

MARLENE: (segurando a mão de Virginia) Seja o que for, estamos aqui para ouvir e enfrentar juntos.

LUCIANA: (apertando a mão de Serginho) Sim, estamos todos juntos nisso.

O clima no quarto se torna ainda mais íntimo e acolhedor, enquanto todos aguardam a revelação de Virginia.


CENA 03: EXT.. JARDIM DA CASA DE DÉBORA E OTÁVIO - NOITE

O jardim está iluminado pelas luzes natalinas, criando um clima festivo e tranquilo. Arnaldo está encostado numa árvore, fumando um cigarro, o rosto iluminado pela brasa. A música suave de Natal vinda da casa se mistura com o som distante de risos e conversas. Ele parece relaxado, mas há uma malícia em seus olhos. Otávio surge da porta da casa, caminhando em direção a Arnaldo, claramente desconfortável.

OTÁVIO (aproximando-se, com um sorriso tenso) Arnaldo, aí está você. Precisando de um pouco de ar fresco, hein?

ARNALDO (soprando a fumaça e sorrindo ironicamente) Algo assim, Otávio. Às vezes a ceia fica um pouco... sufocante.

OTÁVIO (fingindo desinteresse) Sim, eu entendo. (pausa) Sabe, Débora tem falado muito sobre você ultimamente.

ARNALDO (ergo uma sobrancelha, divertido) Ah, é mesmo? Espero que sejam boas coisas. Eu tenho me esforçado para ser um bom amigo.

OTÁVIO (cruzando os braços, visivelmente incomodado) Talvez esteja se esforçando demais, não acha?

ARNALDO (ri suavemente, apagando o cigarro) Otávio, meu bom amigo, você está me dizendo que está com ciúmes?

OTÁVIO (tenso) Eu só estou dizendo que você devia lembrar que ela é minha esposa.

ARNALDO (sorri com um toque de malícia) Claro, claro. Apenas amigos, Otávio. Apenas amigos. (pausa) Mas você sabe como é, não é? Às vezes, a amizade pode ser uma linha tênue...

OTÁVIO (interrompendo, firmemente) Cuidado, Arnaldo. Essa linha pode se tornar um abismo muito rápido.

ARNALDO (levantando as mãos em um gesto de rendição) Não se preocupe, eu sei exatamente onde estão os limites.

Arnaldo se afasta, caminhando de volta para a casa com um sorriso de vitória no rosto. Otávio permanece no jardim, observando-o com uma expressão de preocupação e desconfiança.


CENA 04: INT. HOSPITAL VITAL ROSSI. QUARTO- NOITE

O clima é  pesado e carregado de emoção. Virginia e Luciana estão sentadas, enquanto Marlene e Serginho observam com expressões de choque e confusão.


VIRGINIA: Luciana, há algo que você precisa saber. Seu filho... ele não morreu.

Luciana arregala os olhos, uma mistura de esperança e descrença em seu olhar.

LUCIANA: (incrédula) O quê? Como assim?

VIRGINIA: Ele foi vendido, Luciana. Por Iná.

Luciana leva a mão ao peito, sentindo o coração apertar diante da revelação.

LUCIANA: (chorando) Não... isso não pode ser verdade. Meu filho...

VIRGINIA: (olhando para Luciana com intensidade) Eu.. quero que sabiam, que eu sempre soube. Desde o começo. E eu... fiz parte disso.


Marlene se levanta abruptamente, indignada.


MARLENE: (furiosa) Virginia! Como você pôde? Como você pode fazer parte disso?

VIRGINIA: (chorando) Eu sei que falhei, tia Marlene. Mas estou disposta a corrigir isso. Por favor, me escute.


Serginho segura Marlene, tentando acalmá-la enquanto ela se debate entre a raiva e a dor.


SERGINHO: (com voz firme) Mãe, vamos ouvir o que ela tem a dizer.


Luciana olha para Virginia com olhos suplicantes, em busca de respostas.


LUCIANA: (com voz trêmula) Onde está meu filho agora? Quem o comprou?

VIRGINIA: Eu sei quem comprou, Luciana. Mas não posso te dizer agora. Não assim. Você ainda está debilitada. 

LUCIANA: (desesperada) Por favor, Virginia. Eu preciso saber. Onde está meu filho?

VIRGINIA: (levantando-se, determinada) Eu vou me entregar para a polícia, Luciana. Eu prometo. E aí você saberá do seu filho. 


Luciana  se esforça, até que consegue e se levanta, os olhos fixos em Virginia, a necessidade de respostas refletida em seu rosto devastado.


LUCIANA: (implorando) Você tem que me contar, Virginia. Por favor.

VIRGINIA: Eu vou contar. Mas primeiro, precisamos nos unir. Precisamos acabar com essa farsa juntas.


Marlene e Serginho se aproximam, cercando Luciana com amor e apoio.


MARLENE: (abraçando Luciana) Vamos ajudar você, minha querida. Vamos resolver isso juntos.


**FADE OUT.**


CENA 05: INT. BOATE DE LEONA - NOITE

A luz piscante e a música alta da boate criam um ambiente caótico e eufórico. Rubi, Sandy e Otto estão juntos em um canto mais escuro, risadas altas e olhos vidrados, visivelmente sob efeito de cocaína. Copos vazios de bebida espalhados pela mesa.

Rubi, de cabelos desgrenhados e olhar intenso, ri descontroladamente, enquanto Sandy fala algo inaudível e Otto apenas balança a cabeça em aprovação, um sorriso bobo no rosto.

De repente, a figura imponente de TIGRE surge na multidão, seus olhos fixos em Rubi. Ele se aproxima rapidamente, empurrando as pessoas que estão no caminho.

TIGRE:  (voz firme) Rubi, você tem que sair daqui. Agora.

RUBI: (agressiva, oscilando) Eu não vou a lugar nenhum! Você não manda em mim!

Tigre agarra o braço de Rubi com força, tentando puxá-la para fora do banco. Rubi reage violentamente, empurrando-o com toda a força que consegue reunir.

RUBI:(gritando) Me solta, desgraçado!

A música parece aumentar de volume, mas a tensão entre eles é palpável. Sandy e Otto apenas observam, atordoados demais para intervir.

TIGRE: (tenso) Rubi, por favor. Você não está bem. Vamos pra casa.

RUBI: (irritada) Eu tô ótima! Melhor do que nunca! E eu vou ficar aqui!

Rubi tenta se soltar novamente, mas Tigre segura firme. Ela o atinge com um tapa no rosto, deixando uma marca vermelha. Tigre fecha os olhos por um momento, respirando fundo para se controlar.

TIGRE: (murmurando, mas firme) Não me faça te machucar, Rubi.

Ela dá uma risada amarga, olhando para ele com desdém.

RUBI: (sarcástica) Ah, é? Vai me machucar? Igual a todos os outros?

Tigre finalmente perde a paciência. Ele a puxa com mais força, e Rubi, descoordenada, tropeça e cai no chão. Ela olha para cima, olhos cheios de lágrimas, mas ainda desafiadora.

RUBI: (gritando) Eu odeio você! Eu odeio todo mundo!

Tigre se abaixa, tentando ser mais gentil, mas claramente frustrado.

TIGRE:  (voz baixa) Eu sei. Mas eu ainda te amo. E não vou deixar você se destruir.

A raiva de Rubi parece vacilar por um momento, mas então ela desvia o olhar, encarando o chão. Tigre a ajuda a se levantar, e dessa vez, ela não resiste tanto.

TIGRE:(vencido) Vamos pra casa, Rubi.

Ele a guia para fora da boate, com Sandy e Otto observando a cena, a música ainda pulsando ao fundo. A câmera foca no rosto de Rubi, uma mistura de raiva, dor e confusão, enquanto ela é levada para a saída.


CORTA PARA:

CENA 06: INT. CASA DE LEONA E TIGRE - BANHEIRO - NOITE

O som constante da água do chuveiro ecoa pelo banheiro. A câmera foca em RUBI, sentada no chão do box, encolhida e tremendo, os olhos vermelhos e inchados. TIGRE, ajoelhado ao lado dela, segura o chuveirinho na mão, deixando a água morna escorrer pelo corpo dela, tentando acalmá-la e cortar os efeitos da cocaína.

RUBI: (sussurrando, quase inaudível) Por que você ainda se importa?

Tigre para por um momento, olhando para Rubi com uma expressão de dor misturada com amor incondicional. Ele coloca o chuveirinho de lado, pegando uma toalha para secar o rosto dela suavemente.

TIGRE: (voz suave) Porque você é importante pra mim, Rubi. Não importa o que aconteça.

Rubi fecha os olhos, lágrimas se misturando com a água do chuveiro. Ela solta um suspiro trêmulo, parecendo se render à situação.

RUBI: (sussurrando, entre soluços) Otávio me deixou... Como todos sempre me deixam...

A dor na voz dela corta o ar. Tigre para por um momento, encarando Rubi com uma expressão de dor e determinação. Ele coloca o chuveirinho de lado e pega uma toalha, começando a secar o rosto dela suavemente.

TIGRE: (voz grave e firme) Eu não sou Otávio. Eu não sou como os outros.

Rubi fecha os olhos, lágrimas se misturando com a água do chuveiro. Ela solta um suspiro trêmulo, parecendo se render à sua vulnerabilidade.

RUBI: (desesperada) Eu não consigo mais, Tigre. Eu tô tão cansada... de tudo isso, de mim...

Tigre envolve Rubi com a toalha, puxando-a para mais perto, tentando dar-lhe algum conforto. Ele segura o rosto dela com as duas mãos, forçando-a a olhar nos olhos dele.

TIGRE: (intensamente) Escuta, Rubi. Você não vai passar por isso sozinha. Eu tô aqui. E eu não vou te deixar, nunca.

Rubi abre os olhos, encontrando o olhar penetrante de Tigre. Por um momento, a vulnerabilidade e o medo são claros em seus olhos. Ela segura a toalha com força, como se fosse a única coisa que a mantém conectada à realidade.

RUBI: (com dificuldade, quase um sussurro) E se eu não conseguir mudar? E se eu continuar estragando tudo?

Tigre passa a mão pelo cabelo molhado dela, afastando as mechas do rosto. Sua expressão é grave, mas cheia de uma paixão inabalável.

TIGRE: (romântico e intenso) Um passo de cada vez. Um dia de cada vez. Eu estarei ao seu lado em cada um deles, Rubi. Porque eu te amo. E eu nunca, nunca vou te deixar.

Rubi solta um soluço, encostando a cabeça no peito de Tigre. Ele a envolve em um abraço apertado, permitindo que ela chore. A água do chuveiro continua caindo, um som constante e tranquilizador.

A câmera se afasta lentamente, mostrando a cena comovente de Tigre cuidando de Rubi no chão do banheiro, uma cena de amor, desespero e uma promessa inabalável em meio ao caos


Cena 07: INT. CASA DE DÉBORA E OTÁVIO. QUARTO.

O quarto está iluminado apenas pelas luzes suaves da árvore de Natal. OTÁVIO está sentado na beira da cama, o rosto pensativo. DÉBORA entra, tirando os brincos e observando o marido com um olhar preocupado.

DÉBORA: (aproximando-se) Otávio, o que foi? Você está assim desde que chegou.

OTÁVIO: (evita olhar diretamente, voz tensa) É sobre o Arnaldo, Débora. A forma como ele esteve ao seu lado a noite inteira...

DÉBORA: (surpresa, levantando uma sobrancelha) Arnaldo? Otávio, ele só estava sendo amigável. Você sabe como ele é.

OTÁVIO: (finalmente olhando para ela, olhos cheios de preocupação) Amigável demais, se quer saber. Não gostei da maneira como ele estava perto de você, tocando seu braço, fazendo você rir...

DÉBORA: (defensiva, mas tentando manter a calma) E você, Otávio? Onde estava? Você mal passa o seu tempo comigo. Sempre em alguma conversa, sempre longe.

OTÁVIO: (levantando-se, a frustração aumentando) Porque eu estava resolvendo coisas importantes, Débora! Para nós!

DÉBORA: (voz aumentando, mostrando a dor) Mas e eu? Eu sou importante, Otávio. Sinto sua falta. Sinto falta do homem que eu casei, que estava sempre ao meu lado.

OTÁVIO: (arrepende-se, a raiva se desvanecendo) Eu sei... eu sei que estive ausente. Mas ver Arnaldo com você... me deixou louco.

DÉBORA: (se aproximando, tentando ser compreensiva) Ele é só um amigo. Eu nunca trairia você. Nunca. Você precisa confiar em mim.

OTÁVIO: (suspira, tocando o rosto dela) Eu confio. 

DÉBORA: (tocando a mão dele no rosto dela) Então, talvez seja hora de lembrar por que nos escolhemos, por que estamos juntos. Eu te amo, Otávio. Só preciso de você aqui, presente.

OTÁVIO: (seus olhos suavizando, segurando-a mais perto) Você está certa. Eu também te amo, Débora. Desculpe por ter deixado você se sentir assim.

Débora sorri suavemente e o puxa para um beijo profundo, cheio de emoção. O beijo se intensifica, e Otávio a segura firmemente, como se temesse perdê-la.

DÉBORA: (sussurrando entre os beijos) Vamos esquecer o mundo lá fora, só por hoje. É Natal. Vamos nos redescobrir.

OTÁVIO: (sussurra de volta, com uma intensidade renovada) Sim, só nós dois. Esta noite é nossa.

Eles se deitam lentamente na cama, a tensão se transforma em desejo e amor renovado. A câmera se afasta, capturando o brilho das luzes de Natal ao fundo enquanto o casal se entrega à paixão e à reconciliação.


BUENOS AIRES. ARGENTINA. 


CENA 8: INT. SHOPPING EM BUENOS AIRES - NOITE

O shopping está decorado com luzes suaves e flores em tons pastel. Iná e Hector caminham de mãos dadas, parando em frente a uma loja de decoração para festas de casamento.

INÁ: (está olhando para um mostruário de centros de mesa) O que você acha desse, amor? Tem flores brancas e azuis, as minhas favoritas.

HECTOR: (sorrindo) Perfeito. Vai combinar com o resto da decoração. E quanto aos convites, já decidiu?

INÁ: (pegando um catálogo) Ainda estou em dúvida. Mas... (pausa, olhando para Hector com um sorriso) Sabe, estava pensando na nossa lua de mel...

HECTOR: (curioso) Sim? O que você tem em mente?

INÁ: (suspira, sonhadora) Eu adoraria passar em Búzios, no Rio de Janeiro. É a minha terra natal, e é um lugar tão lindo. Queria que você conhecesse.

HECTOR: (encantado) Búzios? Parece maravilhoso. E se, além da lua de mel, a gente morasse lá? Eu poderia transferir meu trabalho para o Brasil. O que acha?

INÁ: (surpresa e emocionada) Morar em Búzios? Com você? Hector, isso seria um sonho! Mas... tem certeza? E o seu trabalho aqui na Argentina?

HECTOR: (segurando as mãos dela, olhando nos olhos) Tenho certeza. Quero começar nossa vida juntos em um lugar que é especial para você. E, além disso, adoro o Brasil. Seria uma nova aventura para nós dois.

INÁ: (sorrindo com lágrimas nos olhos) Você não existe, Hector. Eu te amo tanto!

Eles se abraçam no meio do shopping, ignorando as pessoas ao redor, focados apenas no futuro que planejam juntos.


RIO DE JANEIRO. BRASIL.



CENA 08: INT. APARTAMENTO DE RUBI - DIA

Rubi, está sentada no sofá, olhando para a árvore de Natal ainda iluminada. Ela segura uma xícara de chá, mas mal toca no líquido. Seu olhar é distante, perdido em pensamentos tristes.

O sondas chaves abrindo a porta, ecoa pelo apartamento. Rubi franze a testa.  Ela se levanta lentamente e vai até a porta. Ao abrir, revela Otávio, visivelmente tenso e com olhos que mostram arrependimento.

OTÁVIO: (desculpando-se) Rubi... Eu sei que estraguei tudo. Me perdoa por não ter vindo mais cedo.

Rubi o encara por um momento, sem dizer nada. Ela se afasta da porta, permitindo que Otávio entre. Ele fecha a porta atrás de si.

OTÁVIO: (suspirando profundamente)Eu não deveria ter me distraído assim. Meu filho... Ele...

Rubi o interrompe, sua voz contendo uma mistura de dor e raiva.

RUBI: (cabeça baixa) Ele é tudo pra você, né?

OTÁVIO: (nervoso, tentando se explicar) Não é isso, Rubi. Eu... eu queria estar aqui com você. Era importante para mim também.

RUBI: (olhando para ele com tristeza) Era importante até você ter uma desculpa melhor.

Otávio se aproxima lentamente dela, sua expressão tentando encontrar as palavras certas.

OTÁVIO: (rapidamente) Eu não queria magoar você. Eu estava dividido entre...

RUBI: (afastando-se, as lágrimas começando a rolar) Entre seu filho e eu. Eu entendo.

Silêncio pesado paira entre eles. Otávio está sem palavras. Ele se aproxima devagar e tenta segurar sua mão, mas ela recua.

OTÁVIO: Rubi, por favor... Me dê uma chance de consertar isso.

RUBI: (com a voz embargada) Você já teve essa chance, Otávio. Hoje era para ser especial para nós dois.

Otávio abaixa a cabeça. Ele se aproxima dela novamente, seus olhos implorando por perdão.

OTÁVIO: (sussurrando) Eu te amo, Rubi. Eu não quero perder você por causa disso.

Rubi olha para ele, lutando com suas próprias emoções conflitantes. Ela respira fundo antes de falar, sua voz agora mais calma, mas cheia de tristeza.

RUBI: Eu também te amo, Otávio. Mas não sei se consigo esquecer como me sinto agora.

Otávio fecha os olhos por um momento, tentando conter suas próprias lágrimas. Ele toma a mão de Rubi suavemente, segurando-a com firmeza.

OTÁVIO: (entrelaçando seus dedos nos dela) Por favor, não desista de nós.

Rubi olha para ele, os olhos cheios de amor, mas também de dor. Nesse momento Rubi congela, e vê a imagem distorcida de Tigre ao fundo. 

RUBI: Eu preciso de um tempo, Otávio.

Ela se solta gentilmente de sua mão e se afasta, caminhando em direção à janela. Otávio assiste impotente enquanto ela olha para fora, perdida em seus pensamentos.

OTÁVIO: (suspirando, com a voz embargada) Eu entendo.

Os dois permanecem em silêncio por um momento, olhando um para o outro, conscientes do abismo emocional entre eles.


CORTA PARA: 

CENA 09: INT. QUARTO DE RUBI - MAIS TARDE

Rubi está deitada na cama, olhando para o teto, ainda perdida em seus pensamentos. A porta se abre suavemente e Otávio entra, olhando para ela com uma mistura de amor e determinação. Ele se aproxima da cama e se senta ao lado dela.


OTÁVIO: (suavemente) Rubi...

Ela o encara por um momento, sem dizer uma palavra. Otávio coloca a mão no rosto dela, acariciando-a com delicadeza.

OTÁVIO: Eu sei que não posso mudar o que acontece, mas posso mostrar a você o quanto me importo. Como me sinto por você.

Os olhos de Rubi se enchem de lágrimas novamente, mas desta vez, há uma centelha de esperança.

RUBI: (sussurrando) Eu quero acreditar em você, Otávio.

Ele se inclina lentamente, seus lábios encontrando os dela em um beijo cheio de ternura e desejo reprimido. O beijo se intensifica, ambos se entregando à paixão que ainda queima entre eles.


CORTA PARA:

CENA 10: INT. QUARTO DE RUBI - MAIS TARDE

O quarto está iluminado pela luz suave. Rubi e Otávio estão deitados juntos na cama, abraçados intimamente, os lençóis espalhados ao redor. Eles olham um para o outro, os olhos cheios de amor e gratidão.

RUBI: (suspirando, com voz suave) Eu te perdoo, Otávio. Porque eu te amo.

Otávio sorri, seu coração aliviado e cheio de felicidade.


OTÁVIO: (equilibrando-se entre alegria e serenidade) Rubi. Eu te amo mais do que tudo.

Eles se beijam novamente, não com pressa, mas com uma conexão renovada e uma promessa silenciosa de um futuro juntos.


CENA 11: INT. BOATE DE LEONA. 


A boate está levemente iluminada. O ambiente está vazio, exceto por algumas cadeiras desordenadas e um balcão de bar ao fundo. Leona, uma mulher energética e vibrante, anda pelo espaço, gesticulando animadamente. Ela fala com Tigre de postura retraída, sentado em uma das cadeiras, mexendo em seu copo de bebida.

LEONA: (cheia de entusiasmo) Tigre, você já pensou nisso? Uma festa ballroom aqui na boate para comemorar o Ano Novo! Vai ser incrível! As luzes, os trajes, a música... imagina só!

TIGRE: (olhando para seu copo, com um tom melancólico) É, parece uma boa ideia.

Leona para de andar e olha fixamente para Tigre, percebendo seu desânimo.

LEONA: (preocupada) Tigre, o que foi? Você não parece muito animado com a ideia.

Tigre suspira profundamente e levanta os olhos para encontrar o olhar de Leona.

TIGRE: (angustiado) Leona, você já se perguntou por que alguém não te ama? Quero dizer, realmente se perguntado o que há de errado com você?

Leona se aproxima e senta ao lado dele, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.

LEONA: (compaixão) Você está falando da Rubi, não é?

Tigre acena com a cabeça, tentando segurar as lágrimas.

TIGRE: (voando baixo) Sim... eu só não entendo. Fiz tudo o que pude para mostrar o quanto ela significa para mim, mas parece que nada funciona. O que há de errado comigo?

Leona segura a mão de Tigre e aperta suavemente.

LEONA: (carinhosa) Não há nada de errado com você, Tigre. Às vezes, as pessoas simplesmente não conseguem ver o que está bem na frente delas. Rubi seria uma tola se não percebesse o quanto você é incrível.

Tigre esboça um sorriso fraco, apreciando as palavras de conforto de Leona.

TIGRE: (tentando se animar) Talvez você esteja certa. Eu só... queria que ela visse.

Leona suspira, pensando cuidadosamente em suas palavras seguintes.

LEONA: (compreensiva) Eu conheço a Rubi há anos, e ela sempre foi um pouco... complicada. Ela tem medo de se abrir, de se machucar. Não é sobre você, Tigre. É sobre ela e os muros que ela construiu ao redor de si mesma.

Tigre ouve atentamente, sentindo uma ponta de alívio ao perceber que Leona entende a situação.

TIGRE: (mais esperançoso) Você acha que ela pode mudar? Que um dia ela vai conseguir ver?

LEONA: (decidida) Eu acho que sim. Mas isso vai levar tempo, e ela precisa enfrentar seus próprios demônios. Enquanto isso, vamos focar na festa. Vamos fazer desse Ano Novo algo inesquecível. E quem sabe, Rubi possa perceber o quanto você brilha.

Tigre sorri um pouco mais, sentindo-se levemente melhor com a perspectiva.

TIGRE: (mais animado) Certo, tive uma ideia! vamos fazer essa festa acontecer.

Leona sorri, satisfeita por ter trazido um pouco de luz ao amigo.

LEONA: (entusiasmada) Isso mesmo! Vai ser espetacular!

A câmera se afasta, mostrando os dois amigos sentados juntos, com a boate ao fundo, prontos para transformar a tristeza em celebração.


FADE OUT.


CENA 12: CIDADE DO RIO DE JANEIRO. ANOITECER. 


O sol se põe lentamente sobre o Rio de Janeiro, tingindo o céu de laranja e rosa. Do alto do Pão de Açúcar, a vista panorâmica revela o Cristo Redentor abraçando a cidade, enquanto a Baía de Guanabara cintila em tons dourados.

À medida que o sol desaparece, as luzes da cidade começam a se acender. Postes iluminam as avenidas, e prédios e quiosques na orla de Copacabana e Ipanema brilham. O céu muda de cor, do roxo ao azul-escuro, enquanto as estrelas surgem, pontilhando a noite.

O som da cidade diminui, dando lugar ao canto dos grilos e ao suave quebrar das ondas. O Cristo Redentor, iluminado, domina a paisagem noturna. 


CENA 13: CENA INT. APARTAMENTO DE OTTO – NOITE

 

Hilda sobe o elevador antigo. Cada andar parece durar uma eternidade.

CUT TO.

As portas se abrem no andar de OTTO. HILDA segura firme uma bolsa e caminha até a porta do apartamento, hesitando por um momento antes de bater.

Hilda bate à porta. Sem resposta, Hilda experimenta a maçaneta. A porta se abre com um ranger.

CORTA PARA: 

CENA 14: INT. APARTAMENTO DE OTTO – SALA DE ESTAR – NOITE

O apartamento está escuro, com luzes de neon piscando vindas de uma janela semi-aberta. O ambiente é um caos: móveis virados, roupas espalhadas, parafernália de drogas em cima da mesa de centro.

Câmera segue Hilda enquanto ela avança cautelosamente.

SOM DE GEMIDOS baixos vindo do quarto.

Hilda para na porta do quarto, a respiração acelerada. Ela a empurra, revelando Otto, com a  aparência desleixada e visivelmente alterado, e SANDY de olhos vidrados, aparência esquelética, semi-nus em uma posição desleixada na cama. Hilda se assusta.

HILDA: (com voz embargada) Meu Deus, Otto...

Otto levanta a cabeça, os olhos enevoados. Sandy ri, alheia à gravidade da situação.

HILDA: (firme, avançando) Vamos, você vai sair daqui agora!

Ela agarra Sandy pelos braços, tentando puxá-la da cama. SANDY resiste, mas é fraca demais.

OTTO: (gritando) Larga ela!

Ele se levanta cambaleante, derrubando uma garrafa no chão. Hilda olha para o filho, lágrimas nos olhos.

HILDA: (furiosa, mas magoada) Olha o que você fez com a sua vida, Otto!

Otto tropeça ao tentar alcançar Hilda, mas recupera o equilíbrio. Ele avança sobre ela, empurrando-a com força.

OTTO: (raivoso) Você não manda em mim!

Hilda cai no chão, mas não solta Sandy. Ela se levanta, com uma determinação feroz no olhar.

HILDA: (numa voz firme e decidida) Eu sou sua mãe e vou te tirar disso!

Otto, completamente tomado pelo efeito do crack, agarra Hilda pelos ombros, sacudindo-a violentamente. Hilda luta para se libertar.

SOM DE VIDRO QUEBRANDO. 

A luta se intensifica, com objetos sendo derrubados e vidros quebrando pelo chão.

HILDA: (chorando, mas determinada) Otto, por favor... 

Em um último impulso de força, Hilda consegue derrubar Otto no chão e puxar Sandy para fora do quarto. Ela a arrasta pelo corredor enquanto Otto se levanta, cambaleando, mas determinado a seguir.

Hilda alcança a porta de entrada, ainda segurando Sandy, quando Otto a alcança e puxa-a pelo braço, fazendo-a soltar Sandy.

Hilda olha para Otto , agora exausta e emocionalmente devastada.


HILDA: (sussurrando) Isso não vai ficar assim…



CENA 15: INT. MANSÃO DE HILDA – SALA DE ESTAR – NOITE



A grande porta dupla da mansão se abre, revelando Hilda (exausta, roupas desarrumadas) entrando. Stênio está sentado em uma poltrona de couro, lendo um livro. Ele levanta a cabeça assim que ouve a porta se abrir.


STÊNIO: (surpreso, levantando-se) Hilda! Onde você esteve? Você está bem?


Hilda fecha a porta lentamente, apoiando-se por um momento, tentando controlar as emoções que ameaçam transbordar.


HILDA: (com voz trêmula) Eu fui ver o Otto.


Stênio franze a testa, a preocupação se transformando em uma expressão severa.


STÊNIO: (aproximando-se) O que aconteceu? Ele está bem?


Hilda começa a chorar silenciosamente, incapaz de segurar as lágrimas. Ela desaba no sofá próximo, cobrindo o rosto com as mãos.


HILDA: (soltando as palavras entre soluços) Ele... ele está destruído, Stênio. Encontramos ele e uma garota, Sandy, drogados, quase sem consciência... o apartamento dele é um inferno. 


Stênio se ajoelha ao lado de Hilda, segurando suas mãos com firmeza.


STÊNIO: (tentando manter a calma)

Vamos tirar ele dessa, Hilda. Vamos fazer tudo que pudermos. Você sabe onde ele está agora?


Hilda acena com a cabeça, tentando recuperar a compostura.


HILDA: (mais calma, mas ainda abalada) Sim. Ele está no apartamento. Eu tentei tirar a garota de lá, mas... ele ficou furioso, Stênio. Ele me empurrou. Eu nunca vi ele assim.


Stênio sente a raiva e a dor crescerem dentro dele. Ele se levanta, passando a mão pelos cabelos.


STÊNIO: (com determinação) Vamos chamar um especialista. Um terapeuta, uma clínica de reabilitação, qualquer coisa. Não podemos deixar nosso filho nessa situação. Eu já perdi ele uma vez, Hilda! Não vou perder de novo.


Hilda olha para Stênio, a gratidão misturada com a tristeza em seus olhos.


HILDA: (firme) Eu sei. Precisamos agir rápido. Ele está se destruindo. E eu não vou desistir dele.


Stênio se senta ao lado de Hilda, segurando-a em um abraço firme e reconfortante. 



A câmera se afasta lentamente, capturando o casal unido.



**FADE TO BLACK.**



CENA 16: CIDADE DO RIO DE JANEIRO. MANHÃ.

O céu azul-escuro aos poucos se ilumina sobre a Baía de Guanabara. Os primeiros raios de sol surgem atrás do Pão de Açúcar, tingindo o horizonte de laranja e rosa. Na praia de Copacabana, poucos transeuntes caminham pela areia enquanto pescadores lançam suas redes ao mar calmo. Os edifícios à beira-mar se iluminam, e o Cristo Redentor se destaca banhado pelo sol nascente. O aroma de café se mistura com o ar fresco da manhã. O Rio de Janeiro desperta para mais um dia vibrante.


CENA 17:  INT. CLÍNICA DE REABILITAÇÃO. RECEPÇÃO. DIA


Hilda e Stênio entram na recepção da clínica de reabilitação. O ambiente é calmo e acolhedor, mas há uma tensão palpável no ar. Uma recepcionista os recebe com um olhar compreensivo.


RECEPCIONISTA: (com simpatia) Boa tarde. Como posso ajudá-los?


STÊNIO: (com seriedade) Nós precisamos falar com o Dr. Tonico Assunção, imediatamente.


A recepcionista assente e faz uma ligação rápida. Poucos momentos depois, Dr. Tônico aparece na recepção.


DR. TONICO: (aproximando-se) Boa tarde. Sou o Dr. Tonico. Em que posso ajudá-los?


HILDA: (direta e preocupada) Dr. Tonico, precisamos de ajuda para nosso filho, Otto. Ele está afundado em um vício grave.


DR. TONICO: (compassivo, mas realista) Entendo. Por favor, me acompanhem até meu escritório. Vamos discutir a situação com mais detalhes.


Os três caminham até o escritório de Dr. Tonico. Hilda e Stênio estão visivelmente tensos, carregando o peso da situação de Otto.


CENA 18: INT. ESCRITÓRIO DO DR. TONICO. 


O escritório é sóbrio e organizado, refletindo a seriedade do assunto. Todos se sentam ao redor de uma mesa de reunião.


DR. TONICO: (sentando-se) Me contem mais sobre Otto. Quanto tempo ele está usando drogas?


STÊNIO: (preocupado, escolhendo as palavras com cuidado) Não sabemos quando, doutor. Mas acredito que já devem se fazer algumas semanas, meses.. Ele não mora conosco. E nos últimos meses, ele sumiu. Nossa relação nunca foi a melhor, mas com o tempo se deteriorou rapidamente. Ele se isolou praticamente... Parece que estamos perdendo nosso filho.


HILDA: (com a voz embargada) Está resistindo a qualquer tentativa de ajuda.


DR. TONICO: (com realismo) A resistência é comum. Mas é crucial que ele receba tratamento o quanto antes. Nossa clínica oferece um programa intensivo, com terapias individualizadas e suporte médico constante.


Hilda olha para Stênio, buscando apoio. Ele segura sua mão com firmeza.


STÊNIO: (com determinação) Quanto tempo será necessário?


DR. TONICO: (sincero) Depende da resposta dele ao tratamento. O caminho para a recuperação pode ser longo e desafiador, mas estamos aqui para guiá-los em cada passo.


Hilda respira fundo, sentindo um misto de alívio e apreensão.


HILDA: (olhando para Dr. Tonico com intensidade) Por favor, Dr. Tonico, ajude-nos a trazer nosso filho de volta. Ele precisa de uma chance de recomeçar.


DR. TONICO: (com um olhar compreensivo) Nós faremos tudo que estiver ao nosso alcance. Vamos montar um plano de tratamento personalizado para Otto, focado na sua recuperação integral.


A câmera se afasta lentamente, capturando a determinação no rosto dos três enquanto eles discutem os próximos passos com seriedade e comprometimento.



CENA 19: INT. DELEGACIA DE COPACABANA.

Virginia, entra na delegacia com uma expressão séria e um olhar determinado. Ela observa ao redor antes de se dirigir à recepção, onde um Policial, sério, está atento ao balcão.


VIRGINIA: (com voz firme) Preciso falar com alguém. É urgente.

DELEGADO: (levantando-se, sério) Claro, o que aconteceu?

VIRGINIA: (respirando fundo) É sobre a venda ilegal de um bebê.

O delegado franze o cenho, surpreso com a gravidade da acusação.

DELEGADO: Você tem informações concretas?

VIRGINIA: (com sinceridade) Sim, eu tenho. E... eu fui cúmplice.

O policial a encara, percebendo a seriedade da situação.


CENA INT. FLAT DE OTTO. MAIS TARDE


A porta do flat de Otto range ao ser aberta por Hilda  e Stênio. Eles entram com cautela, imersos no caos que é o apartamento de seu filho. Móveis virados, objetos quebrados e uma atmosfera carregada.


HILDA: (sussurrando para si mesma) Meu Deus...

Stênio olha ao redor, o semblante pesado com a realidade diante deles.

STÊNIO: (abaixando a voz) Precisamos encontrar ele. Onde ele está?

VOZ DE OTTO (vindo do quarto, com ironia) Aqui estou eu.

Otto (semblante pálido e olhos fundos) entra na sala, vestindo roupas sujas e com um ar de indiferença desafiadora.

OTTO: (olhando friamente para Hilda e Stênio) Ah, os pais preocupados finalmente aparecem. O que querem agora? Arruinar minha festinha?

HILDA: (com a voz trêmula) Otto, por favor... nós viemos porque nos importamos com você.

STÊNIO: (com firmeza) Você está fora de controle, Otto. Precisa de ajuda.

Otto solta uma risada cínica, passando a mão pelo cabelo desgrenhado.

OTTO: (olhando fixamente para Stênio) Você não é meu pai. Nunca foi. Por que não conta para ela, mãe?

Hilda sente o chão se abrir sob seus pés. Stênio olha para Hilda, buscando uma explicação que ele não quer acreditar.

STÊNIO: (com voz trêmula) O que ele está dizendo, Hilda?

OTTO: (com um sorriso amargo) Vamos lá, mãe. Diga para ele. Quem é o verdadeiro pai?

Stênio encara Hilda com um misto de tristeza e resignação.

HILDA: (suspirando profundamente) Hilda, precisamos conversar.


Hilda olha para Otto, cujo olhar perdido e desafiador revela a profunda alienação.

A câmera foca no rosto devastado de Hilda enquanto a verdade silenciosa paira no ar.

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DEPOIMENTO: RAFAEL LINS ( Dependente químico:)



“ Olá, meu nome é Rafael Lins, tenho 35 anos, sou um dependente químico a 20 anos. Comecei o uso no final dos meus quinze anos, até os dezesseis. Foi uma fase de transição na minha vida, onde deixei de morar com meus pais e fui morar com meus avós maternos. E não soube usa-lá da maneira correta. [...] A minha degradação foi meio que imediata, eu comecei na maconha, a transferência para as drogas mais pesadas foi questão de semanas e com o passar do tempo você vai aprendendo que ela só traz dor e destruição. Ela deixa de ser divertida, ela deixa de ser legal. [...] Esse é o meu sexto tratamento e aqui foi onde encontrei fatores determinantes. Aqui (na clínica) encontrei pessoas dispostas a te ajudar, que  vão te ouvir e não vão te julgar.. [...] Então eu sou muito grato por estar aqui…’’


(Acompanhe esse e outros depoimentos completosDepoimento de um dependente químico - Rafael Lins | Recomeço


Por meio do telefone 121, os cidadãos vão saber mais sobre serviços e locais de atendimento e apoio aos usuários de drogas

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FIM DO CAPÍTULO








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