JÚLIA
Uma novela criada e escrita por
RAMON FERNANDES
CAPÍTULO 17
CENA 01. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. NOITE
Continuação imediata do capítulo anterior.
ROBERTO E EDUARDA SE COLOCANDO ENTRE LEANDRO E DAVI.
M. EDUARDA — Que história é essa de você com a filha do motorista, Leandro? Isso é verdade?
LEANDRO ENCARA EDUARDA.
LEANDRO — A gente tá se conhecendo melhor só.
DAVI — (Tom) Se conhecendo? Tu tá querendo ficar com ela, seu zé mané!
LEANDRO — Zé mané é você!
ROBERTO — (Berrando) Ô, ô! Parou vocês dois! (P/ Leandro) Quais são as suas intenções com essa garota, Leandro?
LEANDRO — Nós estamos apenas nos conhecendo melhor, pai. Tô prestando uma consultoria pra ela, só isso.
DAVI — É mentira!
LEANDRO — É verdade! (Encara Davi) Mas se você quer saber, se ela aceitasse namorar comigo, eu bem que não negava!
DAVI — (Berra furioso) Canalha!
E DAVI PARTE PARA CIMA DE LEANDRO. ROBERTO TENTA SE COLOCAR NO MEIO DOS DOIS, MAS DAVI ACERTA UM SOCO EM LEANDRO. PAULINA DE CANTO, VIBRANDO COM A BRIGA. EDUARDA TENTA PUXAR DAVI. LEANDRO ACERTA UM SOCO EM DAVI. ROBERTO SEGURA LEANDRO. DAVI É PUXADO PELA MÃE.
ROBERTO — Parem vocês dois! Parem com isso agora!
M. EDUARDA — (Furiosa) Essa garota, de novo, trazendo um inferno pra dentro dessa casa!
DAVI — Não é a Júlia que fez um inferno aqui! Foram vocês! (Berra) Vocês!
E DAVI SAI DALI, PISANDO FIRME. ROBERTO ENCARA LEANDRO, QUE COLOCA A MÃO NO CANTO DA BOCA, SANGRANDO.
M. EDUARDA — Essa história tá indo longe demais, Leandro.
LEANDRO — Não tá, mãe! Ela tá indo no caminho que eu quero. Tá indo no caminho certo.
ROBERTO — É verdade o que o seu irmão falou? Cê tá pegando mesmo a Júlia?
LEANDRO SORRI. ENCARA O PAI.
LEANDRO — Ela tá comendo aqui ó (bate na palma da mão) Na minha mão! Logo, logo, eu tiro de vez ela do nosso caminho. Relaxa!
LEANDRO PISCA PARA O PAI E SOBE AS ESCADAS. ROBERTO E EDUARDA SE ENCARAM.
M. EDUARDA — Essa história do Leandro com a empregadinha tá saindo fora dos trilhos.
ROBERTO — Ele sabe o que tá fazendo, Eduarda! Ele sabe!
CLOSES ALTERNADOS. EM ROBERTO.
CORTA PARA
CENA 02. MANSÃO BACELAR. ESCRITÓRIO. INTERIOR. NOITE
ARTHUR E INGRID DE PÉ. VITÓRIA SENTADA NO SOFÁ ALI.
INGRID — Mas isso é maravilhoso!
ARTHUR — Maravilhoso, Ingrid? Sua filha está grávida de um inconsequente, de um malandro, como o Davi, e você acha isso maravilhoso?
INGRID — Esse inconsequente malandro ainda continua sendo um dos herdeiros da família Assunção.
ARTHUR — Você ainda não se tocou que a família Assunção tá nas nossas mãos. Hoje, o Davi tem mais a ganhar estando com a Vitória, do que a Vitória com ele.
VITÓRIA — Ei, podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui?
INGRID ENCARA VITÓRIA.
INGRID — Você já contou pro Davi sobre a gravidez?
VITÓRIA — Não, mamãe. Eu acabei de fazer o teste. Fiquei mal durante essa semana, depois do meu encontro com ele... Enjoei demais, desconfiei e fiz o teste.
ARTHUR — Cada dia uma novidade. (Encara Vitória) Não se preocupa, Vitória, nós vamos dar um jeito nessa situação.
VITÓRIA — Que jeito, pai? O Davi terminou de vez comigo, não quer saber de mim.
ARTHUR — Ah, mas ele vai querer! Ele vai assumir o que ele fez de qualquer jeito.
VITÓRIA SORRI. LEVANTA E ABRAÇA O PAI.
VITÓRIA — Obrigada, paizinho.
INGRID — Vitória, dá licença pra mim e pro seu pai. Eu quero falar com ele.
VITÓRIA — Mas/
ARTHUR — (Por cima) Vai, filha. Vai descansar. Amanhã a gente dá um jeito nisso tudo, tá bom?
VITÓRIA DÁ UM BEIJO NO PAI E SAI DO ESCRITÓRIO. INGRID ENCARA ARTHUR.
ARTHUR — Então?
INGRID — Cê não tá pensando em forçar esse casamento de novo pra cobrar a dívida do Roberto Assunção, tá?
ARTHUR DÁ MEIA VOLTA, VAI PARA TRÁS DE SUA MESA. SENTA-SE EM SUA CADEIRA E SORRI PARA A ESPOSA.
ARTHUR — Sabe quando o Roberto vai voltar a sentar na cadeira da presidência e brincar de chefão na empresa que ele mesmo criou, Ingrid?
INGRID — Hum/
ARTHUR — (Incisivo) Nunca!
INGRID SORRI. SE APROXIMA DO MARIDO.
INGRID — Como é? Eu pensei que/
ARTHUR — (Por cima) Pensou errado. Sabe o que vai acontecer depois desse casamento da Vitória com o Davi? Cadeia! Xilindró pro doutor Roberto!
INGRID — Cê vai mesmo entregar aquele dossiê pra polícia?
ARTHUR — Você acha que se fosse ele que tivesse com o meu destino nas mãos, se fosse eu a estar com o rabo preso, acha que ele ia facilitar?
INGRID — Não.
ARTHUR — Então, meu amor?
INGRID SENTA NO COLO DE ARTHUR. ELA SORRI PARA ELE. OS DOIS CONFABULANDO. SE BEIJAM COM PAIXÃO.
CORTA PARA
CENA 03. CASA DE BRUNO. QUARTO DE BRUNO. INTERIOR. NOITE
GABY E BRUNO DEITADOS NA CAMA, DEBAIXO DOS LENÇÓIS. ELA FAZ CARINHO EM SEU PEITO, DEITADA COM A CABEÇA NELE. BRUNO PENSATIVO.
GABY — Em que você tá pensando?
BRUNO — Nisso tudo que tá acontecendo. No que aconteceu com a minha mãe, e principalmente, no que ela me disse antes de morrer.
GABY O ENCARA. BRUNO MEIO PERDIDO EM SUAS IDEIAS.
GABY — Você já chegou a alguma conclusão pra tantas perguntas abertas?
BRUNO FAZ QUE SIM COM A CABEÇA.
BRUNO — Eu vou procurar o doutor Roberto Assunção. Eu não quero o dinheiro desse cara, mas eu quero ser reconhecido pelo meu pai.
GABY — Tem certeza?
BRUNO — Eu preciso, pelo menos, olhar pra cara dele e ver se eu reconheço alguma coisa dele em mim. Não é possível, ele não sentir nada por um filho.
GABY — Eu já te disse, pelo que eu conheço dele, acho que você poderia pensar melhor.
BRUNO — Não, Gaby. Eu tô decidido sim, eu vou procurar o Roberto, eu quero conhecer o meu pai.
CLOSES ALTERNADOS. EM BRUNO, DECIDIDO.
CORTA PARA
CENA 04. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
MÚSICA: “Não Me Deixe Só” – Vanessa da Mata
RIO DE JANEIRO AMANHECENDO. DIA ESCURO, COM TROVÕES E RAIOS CORTANDO O CÉU. COMEÇO DE CHUVA NA CIDADE. UM AVIÃO DECOLANDO DO AEROPORTO.
CORTA PARA O ÚLTIMO TAKE NA FRENTE DA MANSÃO ASSUNÇÃO. MÚSICA OFF.
CORTA PARA
CENA 05. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
JÁ ABRE EM DAVI LEVANTANDO DO SOFÁ, FURIOSO.
DAVI — (Tom) Eu não caso!
ROBERTO — Ah, mas vai casar sim! Você vai assumir o que você fez, seu moleque!
CÂM ABRE A CENA EM PLANO GERAL, E REVELA ARTHUR E VITÓRIA NA SALA. EDUARDA SENTADA NO SOFÁ.
ROBERTO — (P/ Arthur) Podem ficar tranquilos. Esse casamento sai, nem que eu tenha que levar o Davi amarrado pro altar.
DAVI DESOLADO OLHANDO VITÓRIA, QUE SORRI DE CANTO.
ARTHUR — Quem pode garantir que agora, esse casamento finalmente sai?
ROBERTO — Eu garanto, Arthur!
VITÓRIA — Como se desse pra acreditar na sua palavra, doutor Roberto.
EDUARDA — Desculpe, Vitória, mas se meu marido e eu estamos garantindo que o Davi vai assumir a paternidade desse filho, e vai casar com você, ele vai!
DAVI NEM ENCARA A MÃE. ARTHUR DÁ UMA ÚLTIMA OLHADA NO RAPAZ E OLHA PARA VITÓRIA. ELE SORRI PARA ELA, ELA CÚMPLICE, SORRI DE CANTO.
CORTA PARA
CENA 06. UFRJ. PÁTIO. EXTERIOR. DIA
MOVIMENTAÇÃO COMUM NA SAÍDA DA UNIVERSIDADE. VÁRIOS JOVENS POR ALI. SAINDO DE UMA DAS ALAS, ESTÃO BRUNO E GABY, ABRAÇADOS.
GABY — Olha, a chuva parou.
BRUNO — Uma trégua né. Por falar em trégua, e como ficou com a sua mãe, lá?
GABY RESPIRA FUNDO.
GABY — Nós não conversamos sobre o que aconteceu, depois daquilo. Mas fica tranquilo, o que houve, não vai mais voltar a acontecer.
BRUNO — Será, Gaby?
BRUNO ESTICA O BRAÇO EM UMA DIREÇÃO. GABY OLHA. CÂM REVELA INGRID, PARADA DENTRO DE UM CARRO, OLHANDO PARA O CASAL. GABY E BRUNO FECHAM A CARA PARA INGRID.
CORTA PARA
CENA 07. GRAND BISTRÔ. SALÃO. INTERIOR. DIA
RESTAURANTE EM PLENO FUNCIONAMENTO. GARÇONS SERVINDO. EM UMA DAS MESAS, ESTÃO JULIANO, NICOLAS E HELENA. MESA POSTA.
JULIANO — Esse almoço que eu estou oferecendo é especial pra todos nós.
HELENA — Especial?
NICOLAS — Ih, já vi que aí vem coisa. Especial, porquê, Juliano?
JULIANO OLHA HELENA, OS DOIS SORRIEM UM PARA O OUTRO. JULIANO TIRA DO BOLSO DA CAMISA UMA CAIXINHA.
NICOLAS — Ê, rapaz! O que é isso aí, hein? Pode guardando essa caixinha, que eu já sei o que cê tá querendo fazer com isso aí. Pode guardar!
HELENA — Guardar coisa nenhuma, Nicolas.
NICOLAS FECHA A CARA. HELENA SORRI PARA JULIANO, QUE RETRIBUI. ABRE A CAIXINHA.
JULIANO — Helena, quer casar comigo?
HELENA — Juliano... Claro que eu quero.
NICOLAS — Não! Ela não quer casar coisa nenhuma! Tá achando que a minha irmã tá desesperada é?
HELENA — Quem responde isso sou eu, Nicolas!
NICOLAS — Mas vocês mal se conhecem!
JULIANO — Eu conheço o suficiente pra saber que é com a sua irmã que eu quero ficar o resto da minha vida, meu amigo.
NICOLAS — (Bufa) Amigo da onça.
HELENA — Nicolas!
NICOLAS EMBURRADO. HELENA ESTICA A MÃO. JULIANO COLOCA A ALIANÇA NELA.
HELENA — É claro que eu aceito. Nós vamos ser muito felizes, meu amor.
NICOLAS — Meu amor... Meu amor... É demais pra mim, meu Deus.
HELENA OLHA NICOLAS E VIRA OS OLHOS. JULIANO PEGA EM SUA MÃO, DÁ UM BEIJO NELA. NICOLAS COM A CARA FECHADA.
CORTA PARA
CENA 08. UFRJ. PÁTIO. EXTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 06.
INGRID SAI DO CARRO, ATRAVESSA A ENTRADA DA UNIVERSIDADE E SE APROXIMA DE GABY E BRUNO.
INGRID — Eu posso saber o que vocês tão fazendo juntos, Gabriela?
GABY — Olha, mãe, eu não vou admitir que você dê mais um show na porta da faculdade.
INGRID — Não o quê? Não admite? Quem não admite que você ferre com a sua vida, sou eu, minha filha. Será que você ainda não entendeu que esse seu casinho, esse namorinho com esse pretinho só te prejudica? Só nos prejudica, minha filha?
BRUNO — Quer saber? Eu já ouvi coisas até demais vindas da senhora. Eu não vou mais aceitar isso.
INGRID — Ah, não? Tá ofendido? E o que uma pessoa como você, vai fazer contra uma pessoa como eu?
INGRID ENCARA BRUNO, DEBOCHADA.
BRUNO — Eu vou te colocar na cadeia, Ingrid!
INGRID DÁ UMA GARGALHADA. BRUNO E GABY SUPER DESCONFORTÁVEIS COM A SITUAÇÃO. INGRID ENCARANDO BRUNO, AINDA RINDO.
INGRID — Seu namoradinho é engraçado, Gaby. Agora já sei o que te atraiu nele. Não, porque só sendo muito engraçado, muito cômico, você achar que eu, Ingrid Bacelar vou pra cadeia, por causa de um pretinho sem eira, nem beira como você, né?
GABY — (Tom) Mãe, agora chega!
BRUNO — Você vai ver o que um pretinho sei eira, nem beira, pode fazer.
INGRID — Quer saber? Vá em frente! Vai! Tenta fazer alguma coisa, pra ver se esse teu espetáculo dá bilheteria. Quero ver até onde você acha que pensa que vai. Gabriela, pro carro!
GABY — Eu não vou com a senhora!
INGRID — Ah, você vai sim! Você ainda mora na minha casa, você vai!
INGRID PEGA GABY PELO BRAÇO E VAI LEVANDO-A PARA O CARRO. BRUNO FAZ MENÇÃO DE IR ATRÁS.
GABY — Bruno!
BRUNO — Calma, Gaby! Eu vou te tirar daquela casa! Eu juro!
INGRID JOGA GABY NO BANCO DO CARONA, TRANCA A PORTA. ENCARA BRUNO UMA ÚLTIMA VEZ.
INGRID — Vai tirar ela daquela casa onde ela mora, onde ela viveu, foi criada a vida inteira como uma princesa, pra levar pra onde, hein, negrinho? Pra morar debaixo da ponte com você? Pra passar fome no seu barraco? Se enxerga!
BRUNO — Eu ainda vou te ver mofando na cadeia, sua nojenta!
INGRID — Vou assinar um cheque, vou pagar pra ver! (Vai saindo/ Volta) Ah, e pra você não é "Ingrid". É dona Ingrid! Neguinho abusado!
BRUNO VAI RESPONDER, MAS DESISTE. INGRID VAI ATÉ O CARRO, ENTRA, DÁ A PARTIDA, CANTAND PNEU. EM BRUNO, OLHANDO EM SUA DIREÇÃO. OLHOS MAREJADOS.
CORTA PARA
CENA 09. MANSÃO BACELAR. SALA. INTERIOR. DIA
A PORTA SE ABRE COM FORÇA. GABY ENTRA NA FRENTE, INGRID VEM ATRÁS.
INGRID — Gabriela! Gabriela, me escuta!
GABY — Eu não tenho nada pra escutar. Eu não quero ouvir nada de você!
INGRID PUXA GABY PELO BRAÇO, MAS ELA SE SOLTA E A ENCARA.
INGRID — Você não vai ficar com aquele favelado! Eu te próíbo!
GABY — Eu te odeio! Te odeio!
INGRID — O quê?!
GABY CORRE SUBINDO AS ESCADAS. INGRID FURIOSA, VAI ATÉ UM APARADOR. PEGA UM VASO E O ESPATIFA CONTRA UM ESPELHO.
INGRID — (Berra) Preto maldito!
ELA PASSA A MÃO PELOS CABELOS, FURIOSA.
CORTA PARA
CENA 10. MANSÃO BACELAR. SUÍTE DE GABY. INTERIOR. DIA
GABY ENTRA FURIOSA NO QUARTO. TRANCA A PORTA. VAI ATÉ O CLOSET E VAI TIRANDO AS ROUPAS DE LÁ. COLOCA UMA MOCHILA SOBRE A CAMA, VAI COLOCANDO AS ROUPAS DENTRO. CHORA, ENQUANTO VAI FAZENDO SUA MOCHILA PARA SAIR DE CASA.
CORTA PARA
CENA 11. FLAT DE JÚLIA. COZINHA. INTERIOR. DIA
MESA POSTA. FELIPE E JÚLIA ALMOÇAM.
FELIPE — O Vinícius chega que horas do colégio?
JÚLIA — A vam vai trazer ele no final da tarde. Ainda tenho tanta coisa a resolver no estúdio. Tanta coisa que chegou de Paris, pai. Cê tem que ver o material que uma galeria mandou, interessada em expôr aqui no Rio.
FELIPE — (Sorri) Fico feliz que esteja dando certo, filha.
JÚLIA — Certo? Tá mais que certo. Nem esperava que já fizesse esse boom todo. Ainda mais depois de ontem/ (Corta) Deixa pra lá.
FELIPE ENCARA JÚLIA.
FELIPE — O que aconteceu ontem, Júlia?
JÚLIA — Nada, pai. Besteira minha. Eu e a minha boca grande.
FELIPE — Minha filha, você não me engana. Fala, Júlia. O que aconteceu na inauguração?
JÚLIA — Pai...
FELIPE — Fala, Júlia!
JÚLIA TOMA UM GOLE DE SUCO. ENCARA FELIPE.
JÚLIA — O Leandro apareceu na inauguração. Nós nos beijamos de novo. O Davi apareceu depois, viu nós dois juntos, e eles bateram boca... Na frente de todo mundo.
JÚLIA ESCONDE O ROSTO COM AS MÃOS. FELIPE A ENCARANDO.
FELIPE — Mas será possível?! Eu já não disse pra você se afastar desses dois? Dessa maldita família? Você tinha me prometido, Júlia!
JÚLIA — Eu prometi, pai! Eu prometi, mas aconteceu.
FELIPE — Não, peraí! A primeira vez que aconteceu o beijo, você disse a mesma coisa. Falou que a situação levou a isso, e "aconteceu". "Aconteceu" de novo? Vai acontecer até quando?
JÚLIA — O Leandro se mostrou uma pessoa diferente, pai. Uma pessoa boa, preocupado em me ajudar, um cavalheiro.
FELIPE — Cavalheiro?! Aham, tá bom.
JÚLIA — É sério, pai. O Leandro é um cara legal. (Sorri) Ele tem sido um bom amigo.
FELIPE BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE.
FELIPE — Eu acho que você tem que procurar o Davi, e contar toda a verdade.
JÚLIA FECHA A CARA.
JÚLIA — De novo com essa história, seu Felipe?
FELIPE — É isso mesmo, Júlia. Já vi que você não consegue se livrar dessa família. Então que conte toda a verdade pro maior interessado.
JÚLIA LEVANTA, NERVOSA. COLOCA O PRATO NA PIA. FELIPE AINDA A ENCARANO.
FELIPE — Conta a verdade, minha filha. Conta pro Davi que o Vinícius é filho dele! Conta que você foi embora do Brasil grávida de um filho dele!
JÚLIA PENSATIVA, O ENCARA POR ALGUNS INSTANTES. VAI PARA O INTERIOR DO APARTAMENTO. EM FELIPE, PENSATIVO.
CORTA PARA
CENA 12. MANSÃO BACELAR. SUÍTE DE GABY. INTERIOR. DIA
GABY TERMINA DE FECHAR SUA MOCHILA. JOGA UMA CORDA COM LENÇOL, E PULA A JANELA.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 13. TÁXI. INTERIOR. DIA
GABY CHORA, NO BANCO DE TRÁS DO TÁXI. O MOTORISTA A OLHANDO PELO VIDRO RETROVISOR. GABY SECA AS LÁGRIMAS.
CORTA PARA
CENA 14. CASA DE BRUNO. SALA. INTERIOR. DIA
BRUNO ABRE A PORTA. GABY O ABRAÇA FORTE, CHORANDO.
GABY — Deixa eu ficar aqui, Bruno? Por favor.
BRUNO — Claro, meu amor. Claro!
GABY E BRUNO SE ABRAÇAM CARINHOSOS. CLOSE FINAL NELA, CHORANDO.
CORTA PARA
FIM DO CAPÍTULO 17
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