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Júlia - Capitulo 26










JÚLIA

Uma novela criada e escrita por 
RAMON FERNANDES

CAPÍTULO 26
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CENA 01. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
MÚSICA: “Dois Corações” - Melim
LEGENDA: UMA SEMANA DEPOIS
TAKES BELÍSSIMOS DO RIO DE JANEIRO, MOSTRANDO DESDE O LEME ATÉ O PONTAL. PASSANDO PELOS BAIRROS DE IPANEMA E COPACABANA. UM APANHADO DE PAINÉIS CARIOCAS, MOSTRANDO O DIA-A-DIA DOS CARIOCAS, MARCANDO A PASSAGEM DE TEMPO. ÚLTIMO TAKE NA FACHADA DO GRAND BISTRÔ. MOVIMENTAÇÃO NO LOCAL.
CORTA PARA

CENA 02. GRAND BISTRÔ. INTERIOR. DIA
A MÚSICA ANTERIOR SEGUE. HELENA E JULIANO MUITO BONITOS, VESTIDOS DE NOIVOS. ACABARAM DE CASAR. O BISTRÔ ESTÁ TODO PARAMENTADO COM FLORES E LAÇOS BRANCOS. MUITOS CONVIDADOS EM FESTA. TODOS MUITO ANIMADOS. GARÇONS CIRCULAM COM AS BEBIDAS.
CORTA PARA HELENA E NICOLAS CONVERSANDO.
HELENA    — Mas poxa, você já vai ter que viajar?
NICOLAS    — Tô indo direto pro aeroporto. Só passei mesmo pra desejar felicidades ao casal.
JULIANO SE APROXIMA.
JULIANO    — E demora a voltar, cunhado?
NICOLAS    — Pra sua tristeza, não. Devo voltar ainda essa semana pra acertar os últimos detalhes da venda do apartamento. Agora que vocês casaram, não vão precisar mais dele mesmo.
HELENA E JULIANO SE ABRAÇAM. NICOLAS SORRI PARA OS DOIS, DANDO O BRAÇO A TORCER.
NICOLAS    — Taí, devo admitir que vocês ficam bem juntos.
HELENA    — (Rindo) Seu bobo! Implicante!
NICOLAS FAZ CARETA. HELENA ABRAÇA O IRMÃO. NICOLAS JUNTA JULIANO NO ABRAÇO. CÂM VAI SAINDO POR CIMA, MOSTRANDO A FELICIDADE DELES. MÚSICA OFF.
FADE OUT/

FADE IN/
CENA 02. PRESÍDIO FEMININO. FRENTE. EXTERIOR. DIA
TAKE PARA MARCAR A AMBIENTAÇÃO. PRESÍDIO FEMININO NO INTERIOR DO ESTADO. VIATURAS POR ALI, MOVIMENTAÇÃO EM DIA DE VISITA.
CORTA PARA

CENA 03. PRESÍDIO FEMININO. SALA DE VISITAS. INTERIOR. DIA
A PORTA DA CELA DA SALA DE VISITAS SE ABRE, CÂM REVELA A ENTRADA DE INGRID, COM UNIFORME PENITENCIÁRIO, CHINELO DE DEDO, CABELO AMARRADO EM UM RABO DE CAVALO. ELA ADENTRA E VÊ A SUA ESPERA ARTHUR. ELA SE EMOCIONA. 
INGRID    — Arthur, você veio! Demorou tanto!
INGRID VAI TENTAR ABRAÇÁ-LO, MAS ELE A AFASTA, FRIO.
INGRID    — O que foi? Porque você tá assim? Porque você demorou a vir me ver aqui nesse lugar? (Não o deixando responder) Arthur, pelo amor de Deus, você tem que me tirar daqui. Me tira desse buraco, esse lugar é horrível!
ARTHUR A ENCARANDO FRIAMENTE.
ARTHUR    — Você tá diferente, Ingrid.
INGRID    — É claro, Arthur. Olha pra mim, olha pra esse lugar. Quando que você me veria nesse buraco? Eu preciso que você me ajude a sair daqui!
ARTHUR    — Cê tá fedendo... O seu cabelo/
INGRID    — (Por cima/ Tom) Foi pra falar do meu cabelo e do meu cheiro que você veio aqui? Qual é a tua, hein, Arthur?
ARTHUR    — Esse lugar é de fato, um buraco. Mas eu prometo que vou ser bem breve na minha visita. Esse cheiro de cadeia tá me enjoando.
INGRID SEM ENTENDER. ARTHUR TIRA DO BOLSO ALGUNS PAPÉIS. ENTREGA PARA INGRID, QUE LÊ ATENTAMENTE. EXULTA, JOGANDO OS PAPÉIS SOBRE A MESA.
INGRID    — O que significa isso, Arthur?
ARTHUR    — É a entrada do nosso divórcio, Ingrid. Eu vou me separar de você.
CLOSES ALTERNADOS. EM INGRID INDIGNADA.
CORTA PARA

CENA 04. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
LIGAR NO ÁUDIO: CAMPAINHA TOCANDO.
MARIA EDUARDA DESCE AS ESCADAS. ABRE A PORTA. CÂM REVELA JÚLIA.
M. EDUARDA    — Júlia?!
JÚLIA    — Bom dia, Maria Eduarda. O Leandro está? Eu preciso falar com ele.
CLOSES ALTERNADOS. EM JÚLIA.
CORTA PARA

CENA 05. PRESÍDIO FEMININO. SALA DE VISITAS. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 03.
INGRID SE LEVANTA DA CADEIRA INDIGNADA.
INGRID    — Eu não tô acreditando, Arthur! Você vai me abandonar justamente no momento que eu mais preciso de você? É isso mesmo que eu tô entendendo?
ARTHUR    — Ora, Ingrid, você não imaginou que eu ia continuar casado com uma chave-de-cadeia como você, imaginou?
INGRID    — Chave-de-cadeia? (Tom) Você é um canalha, Arthur!
ARTHUR    — Pode até ser. Bom, os papéis estão aí, eu preciso da sua assinatura.
INGRID PEGA OS PAPÉIS E RASGA NA FRENTE DE ARTHUR. ELE SORRI.
ARTHUR    — Eu imaginei essa sua reação. Não tem problema. Não preciso mesmo da sua assinatura pra seguir com o processo de separação. Eu só precisava comprovar com os meus próprios olhos, o nível que você chegou. O fundo do poço que você tá metida.
INGRID    — (Berra) Seu desgraçado!
INGRID VAI AVANÇAR SOBRE ARTHUR, MAS A CARCEREIRA ENTRA NA CELA E INTERVÉM. ARTHUR PERMANECE FRIO, OLHANDO PARA INGRID.
ARTHUR    — Eu quero mais é que você mofe nessa cabeça de porco, pra você deixar de ser burra, Ingrid!
INGRID    — (Berra) Você me paga, Arthur! Você vai pagar caro, seu filho da puta!
E INGRID É LEVADA PELA CARCEREIRA. ARTHUR OLHA PARA OS LADOS, CARA DE NOJO.
CORTA PARA

CENA  06. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 04.
MARIA EDUARDA ABRE CAMINHO. JÚLIA ENTRA NA MANSÃO.
M. EDUARDA    — É uma surpresa te ver aqui. Eu confesso.
JÚLIA    — Nós nunca mais havíamos nos encontrado.
M. EDUARDA    — Verdade. A última vez não foi bom pra nenhuma das duas.
JÚLIA    — Nem sempre é.
M. EDUARDA    — Júlia...
MARIA EDUARDA SE APROXIMA DELA.
M. EDUARDA    — Eu sei que eu errei muito nessa vida. Eu errei muito com você, inclusive. Eu nunca tive a oportunidade de te olhar com outros olhos, de querer ler você de outra maneira. E... Júlia, eu quero te pedir perdão por tudo o que eu fiz no passado. O que eu falei... Eu realmente sinto muita vergonha por tudo o que aconteceu. De verdade.
JÚLIA ENCARA MARIA EDUARDA, SORRI.
JÚLIA    — Todos nós erramos, Eduarda. E tá tudo bem, vida que segue. Eu te perdôo sim.
MARIA EDUARDA SORRI. A ABRAÇA DE SURPRESA.
M. EDUARDA    — Obrigada.
JÚLIA    — Imagina. Mas se não for pedir demais, eu realmente preciso falar com o Leandro. Ele está?
M. EDUARDA    — Eu vou chamar. Quer uma água, um suco? Nós estamos sem empregada, mas eu posso fazer um suco.
JÚLIA    — (Surpresa) A Paulina não trabalha mais aqui?
M. EDUARDA    — Graças a Deus, não!
AS DUAS RIEM.
JÚLIA    — Eu agradeço. Tô bem assim, obrigada.
M. EDUARDA    — Vou chamar o Leandro!
JÚLIA CONCORDA. MARIA EDUARDA SAI. EM JÚLIA OLHANDO EM TORNO, RELEMBRANDO O PASSADO.
CORTA PARA

CENA 07. PRESÍDIO FEMININO. SALA. INTERIOR. DIA
O DIRETOR DO PRESÍDIO EM SUA MESA. A PORTA SE ABRE, ENTRA INGRID ACOMPANHADA DE UM ADVOGADO.
DIRETOR    — Dona Ingrid. Disseram que a senhora tinha um assunto importante para conversar comigo.
ADVOGADO    — A minha cliente gostaria de entregar algo pro senhor. Para ser levado à justiça, obviamente.
DIRETOR    — Pois sentem.
O ADVOGADO E INGRID SENTAM EM FRENTE AO DIRETOR.
INGRID    — Bom, eu gostaria de esclarecer alguns fatos, e isso envolve o assassinato do empresário Roberto Assunção. Eu guardei um dossiê que meu ex-marido, Arthur Bacelar tinha juntado, organizado durante anos com provas de falcatruas do Roberto.
INGRID FAZ UM SINAL PARA SEU ADVOGADO, QUE RETIRA DA PASTA O DOSSIÊ SOBRE ROBERTO. ENTREGA AO DIRETOR, ELE DÁ UMA ENCARA NO DOCUMENTO, DEPOIS EM INGRID.
DIRETOR    — E porque a senhora resolveu revelar esse dossiê somente agora?
INGRID    — Vingança! Eu guardei esse dossiê afim de proteger o Arthur da polícia. Para que o delegado que está cobrindo o caso não encontrasse o dossiê, que isso não fosse uma arma para incriminar o Arthur. Mas ele se mostrou um canalha, me abandonou quando eu mais precisava dele. Não tem porque eu proteger ele de mais nada.
O DIRETOR DÁ UMA OLHADA NO DOSSIÊ, FICA BEM INTRIGADO. INGRID FAZ UM OUTRO GESTO PARA O ADVOGADO, QUE RETIRA DA PASTA UM OUTRO CALHAMAÇO DE PAPÉIS. 
INGRID    — Não é apenas isso.
DIRETOR    — Não?
ADVOGADO    — A minha cliente também juntou durante todos os anos de matrimônio com o doutor Arthur Bacelar, um dossiê igual ao que o ex-marido tinha feito sobre Roberto Assunção.
INGRID    — Até porque, doutor, se o Roberto tinha o rabo preso, o Arthur tinha o corpo inteiro. Aqui, durante anos, eu juntei todas as irregularidades e falcatruas que o meu ex-marido realizou durante muito tempo. Todas as sonegações, a roubalheira, tá tudo aqui. Documentado. Tudo comprovado!
O DIRETOR TAMBÉM PEGA O SEGUNDO DOSSIÊ. LÊ ALGUMAS PARTES. INGRID COM EXPRESSÃO DE SATISFAÇÃO COMPLETA.
DIRETOR    — Isso aqui é nitroglicerina pura, dona Ingrid Bacelar! A senhora tem noção que com esses documentos, o seu marido, ou melhor, o seu ex-marido pode ser preso? Isso coloca o doutor Arthur como principal suspeito da morte, inclusive, do doutor Roberto Assunção.
INGRID    — É por isso que eu estou entregando ele de presente para o senhor. Eu quero que o Arthur pague exatamente como eu estou pagando nesse inferno!
O DIRETOR CONCORDA. INGRID ENTREOLHA COM O ADVOGADO. DÁ UM SORRISO DE CANTO, SATISFEITA COM O SERVIÇO ENTREGUE.
CORTA PARA

CENA 08. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
JÚLIA SENTADA NO SOFÁ. LEANDRO DESCE RAPIDAMENTE AS ESCADAS.
LEANDRO    — Júlia!
JÚLIA SE VIRA. OS DOIS SE ENCARAM.
LEANDRO    — É tão bom te ver de novo.
JÚLIA    — Oi, Leandro. Eu vim conversar com você sobre o que aconteceu. Uma conversa definitiva.
LEANDRO CONCORDA. JÚLIA LEVANTA E OS DOIS SE ENCARAM.
LEANDRO    — Pode falar.
JÚLIA    — Eu tive pensando em tudo o que você me disse quando foi lá em casa. Eu não sei se é verdade o que você me disse sobre estar apaixonado, sobre me amar/
LEANDRO    — (Por cima) Júlia, por favor, por qual motivo eu te diria tudo isso se não fosse verdade? Eu me aproximei de você sim, com a intenção de te afastar do Davi, por interesse meu, do meu pai, mas isso tudo acabou. Acabou no exato momento que eu estava com você naquele apartamento falando sobre a Paloma, sobre a dor que eu carregava pela morte dela... Ali, eu pude enxergar a pessoa maravilhosa que você era. Eu tentei, Júlia, juro que eu tentei me afastar disso que eu tava sentindo, mas eu não consegui. Eu te amo. Eu me apaixonei por você naquele momento. Nos nossos encontros, tudo só foi se confirmando pra mim. Eu não consigo mais me imaginar longe de você. Se você puder, se você um dia me perdoar, eu quero muito que você saiba que eu quero ficar do seu lado. Te dar amor, carinho...
JÚLIA O ENCARA. COMEÇA A RIR.
LEANDRO    — (Ri) Eu falo demais né?
JÚLIA    — Juro que nunca te ouvi falar tanto na vida.
LEANDRO    — Confesso que nem eu.
OS DOIS RIEM. JÚLIA O ENCARA.
JÚLIA    — Eu acredito em você.
MÚSICA: “Heaven” – Kyle Juliano
LEANDRO SORRI. JÚLIA TAMBÉM.
LEANDRO    — É sério?
JÚLIA    — É sério. Eu também me apaixonei por você, Leandro. É louco isso, porque nós também moramos na mesma casa durante muitos anos, e nunca sequer nos conhecemos direito.
LEANDRO    — Você era muito nova. Só tinha olhos para o Davi...
JÚLIA    — Você tem razão. Ás vezes esquecemos de olhar, justamente, praquilo que está perto de nós. Mas que bom, que a vida sempre dá uma segunda chance.
LEANDRO    — E você? Você pode me dar uma segunda chance?
JÚLIA O ENCARA POR ALGUNS SEGUNDOS, FAZ SUSPENSE E ABRE UM SORRI. LEANDRO A ABRAÇA. ELA FECHA OS OLHOS, SENTINDO O CORPO DELE. LEANDRO A ENCARA BEM PRÓXIMO.
LEANDRO    — Eu juro que nunca mais eu vou mentir pra você. Nunca mais eu vou brincar com você.
JÚLIA    — Eu espero que não.
LEANDRO    — Você tem a minha palavra de escoteiro! (Ri) Eu te amo, Júlia.
JÚLIA    — Eu também te amo.
LEANDRO SORRI, A ACARICIA OS CABELOS E PUXA PARA SI. OS DOIS SE BEIJAM COM MUITA VONTADE. CÂM SE AFASTA E REVELA NO ALTO DA ESCADA, DAVI. ELE COM OS OLHOS MAREJADOS. MARIA EDUARDA SE APROXIMA, FICA ATRÁS DELE, TOCA SEU OMBRO.
DAVI    — Eu perdi, mãe. Perdi a Júlia pra sempre.
M. EDUARDA    — Você nunca teve a Júlia, Davi. Você nunca quis a Júlia de verdade. Quem quer mesmo, de verdade, passa por cima de qualquer coisa pra ficar com quem se ama. Você sempre esperou a Júlia vir pra você de graça, de mão beijada. Mas quando você lutou de verdade pra ficar com ela? Pensa bem, meu filho, será que você realmente amava a Júlia tanto assim?
DAVI ENCARA EDUARDA, E ENFIM, CONCORDA. ELA ABRAÇA O FILHO. A CÂM VOLTA PARA JÚLIA E LEANDRO, SE BEIJANDO, APAIXONADOS.
CORTA PARA

CENA 09. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
CLIPE DE IMAGENS, MOSTRANDO A PASSAGEM DO DIA. FINAL DE TARDE. MESMA MÚSICA, AGORA SE ENCERRANDO. TAKE FINAL NA FACHADA DA CALEIDOSCÓPIO.
CORTA PARA

CENA 10. CALEIDOSCÓPIO. ESTÚDIO DE FOTOGRAFIAS. INTERIOR. DIA
MOVIMENTAÇÃO POR ALI, DE ALGUNS CLIENTES VENDO ALGUNS PAINÉIS DE FOTOS. JÚLIA E LEANDRO ENTRAM NO ESTÚDIO, DE MÃOS DADAS. FELIZES E SORRIDENTES. JÚLIA VÊ UM ENSAIO DE MODELOS ACONTECENDO NA AGÊNCIA. ELA SE APROXIMA DA ASSISTENTE.
ASSISTENTE    — Dona Júlia, que surpresa! Pensei que a senhora nem ia aparecer aqui hoje.
JÚLIA    — Ué, Verinha. Eu vim buscar o meu filho. Meu pai disse que trouxe ele aqui hoje pra ver o ensaio.
ASSISTENTE    — (Estranha) O seu filho? Mas a babá já veio aqui e levou ele embora.
BAQUE. TENSÃO. JÚLIA ESTRANHA, FECHA A EXPRESSÃO.
JÚLIA    — Babá? Acho que você se enganou, Verinha. Eu não estou com nenhuma babá no momento. É o meu pai que está cuidando do Vinícius. (Tom) Onde tá o meu filho?
LEANDRO    — Júlia, calma!
ASSISTENTE    — (Nervosa) Dona Júlia, a moça que veio aqui disse que era a nova babá do Vinícius. Ela disse que foi a senhora mesmo que tinha mandado buscar o menino.
JÚLIA ENCARA LEANDRO, CHOROSA. 
JÚLIA    — Levaram o meu filho, Leandro! Levaram o Vinícius! Levaram!
LEANDRO ABRAÇA JÚLIA. A ASSISTENTE MUITO NERVOSA.
LEANDRO    — Como era essa mulher, Verinha? As características.
ASSISTENTE    — Era uma moça jovem, devia ter uns vinte e cinco anos, no máximo. Bonita, loura platinada, cabelos curtos.
JÚLIA    — (Arremata) Foi a Vitória, Leandro! Foi a Vitória que pegou o meu filho! Desgraçada!
JÚLIA SAI RAPIDAMENTE DALI. LEANDRO ATRÁS, CHAMANDO POR JÚLIA. A ASSISTENTE NERVOSA.
CORTA PARA

CENA 11. LAGOA RODRIGO DE FREITAS. EXTERIOR. DIA
TENSÃO. CÂM EM PLANO SUPERIOR VAI BAIXANDO ATÉ FOCAR EM VINÍCIUS, QUE BRINCA FELIZ, EM UMA ÁREA PRÓXIMO DA LAGOA. CÂM DESVIA E FOCAMOS EM VITÓRIA, O OLHANDO BRINCAR. SORRISO SÁDICO. ELA PEGA O CELULAR. DISCA UM NÚMERO. INSTANTES.
VITÓRIA    — (Tel.) Alô, Davi? Sou eu, meu amor, Não desliga esse telefone, Davi!
VITÓRIA CHAMA POR VINÍCIUS. ELE VEM CORRENDO EM SUA DIREÇÃO.
VITÓRIA    — (Tel.) Eu tô aqui com o seu filhinho, Davi. Seu e da maldita da Júlia. Não é que ele é uma gracinha mesmo? Dá um oi pro papai, Vinícius.
VINÍCIUS PEGA O CELULAR, INOCENTE.
VINÍCIUS    — (Tel.) Alô, pai?!
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA12. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
DAVI PRÓXIMO DA GARAGEM, ANDA RAPIDAMENTE COM O CELULAR NO OUVIDO.
DAVI    — (Tel.) Vinícius, meu filho. Onde você tá?
VITÓRIA    — (Tel./ OFF) Não adianta perguntar, o menino não sabe onde é. Aliás, eu só vou entregar ele pra você e pra mamãezinha dele, se você vir me encontrar. Se você ficar comigo, Davi!
DAVI    — (Tel./ Berrando) Sua louca! Você é uma louca, Vitória! Uma doente! Devolve o meu filho!
DO OUTRO LADO DA LINHA, DAVI OUVE UMA RISADA DE VITÓRIA E A LIGAÇÃO SENDO ENCERRADA. DAVI EMBARCA EM SEU CARRO E SAI RAPIDAMENTE DA MANSÃO.
CORTA PARA

CENA 13. APARTAMENTO DE JÚLIA. SALA. INTERIOR. DIA
LEANDRO E JÚLIA POR ALI. FELIPE VEM DA COZINHA COM UM COPO DE ÁGUA, ENTREGA PARA A FILHA. 
FELIPE    — Toma, filha. Água com açúcar sempre ajuda nessas horas. 
JÚLIA    — Aquela desgraçada sequestrou o meu filho, pai! Eu não acredito nisso! Que pesadelo, meu Deus! Que inferno!
LEANDRO    — Calma, Júlia. Eu já liguei pro delegado Rajão, e ele deve tá chegando aí. Nós vamos conseguir recuperar o Vinícius e prender essa maluca da Vitória.
CAMPAINHA TOCA. FELIPE ABRE A PORTA. DAVI ENTRA AGITADO NA SALA.
DAVI    — Júlia, eu vim o mais rápido que eu pude.
JÚLIA    — (O abraçando) Davi! O nosso filho, Davi! Aquela louca/
DAVI    — (Por cima/ a abraçando) Eu sei. Calma! Calma, vai ficar tudo bem!
LEANDRO OLHANDO OS DOIS ABRAÇADOS. DAVI ENCARA JÚLIA.
DAVI    — Ela me ligou, ela disse que devolve o Vinícius se eu voltar com ela. Eu vou servir de isca, Júlia. Eu vou trazer o nosso filho de volta. Calma!
JÚLIA COMEÇA A CHORAR, ABRAÇA DAVI. NOS DOIS.
CORTA PARA

FIM DO CAPÍTULO 26 



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