CAPÍTULO 07
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
Edição da Versão Reprise por
RAMON FERNANDES
EDIÇÃO:
Capítulo 10 + Capítulo 11 ORIGINAL (SEM CORTES)
CENA 1: EXT. BELÉM – RUA PRINCIPAL – NOITE
Sob as incontáveis e brilhantes estrelas no céu escuro, Noemi e Elimeleque se beijam suavemente. Seus lábios se desgrudam e eles se encaram, sorrindo.
ELIMELEQUE— Meu amor...
NOEMI— Amor...
ELIMELEQUE— Como será tudo certo, vou falar com o seu pai agora mesmo.
NOEMI— Você tem certeza, Elimeleque?...
ELIMELEQUE— Absoluta. Não quero deixar nenhuma impressão ruim. Vou pedir sua permissão pra que namoremos até nos casarmos, o que será o mais breve possível.
Noemi sorri satisfeita e ele a abraça.
CENA 2: INT. CASA DE NOEMI – SALA – NOITE
Incomodado, Absalom observa a rua vazia pela janela. Nina e Zaira o olham com desaprovação.
NINA— Se eu não te conhecesse, diria que está fugindo.
ABSALOM— Fugindo estará esse rapaz se encostar um dedo com malícia em Noemi.
NINA— (frustrada) Ahh!, faça-me o favor, Absalom!
ZAIRA— Termine de tomar o chá que eu lhe preparei, senhor Absalom!...
Absalom olha da rua para a mesa e, a contragosto, vai até lá e se senta para beber.
CENA 3: EXT. BELÉM – RUA – NOITE
Já próximos da casa de Noemi, essa, Elimeleque e Tani caminham descontraídos.
ELIMELEQUE— Vou chegar, saudá-lo, tratá-lo bem, exatamente como merece, e então direi quais são minhas intenções, minhas reais intenções. Que quero casar, ser genro dessa mulher e desse homem honrados que eles são, que quero cuidar de você, fazer o melhor ao meu alcance por você...
Noemi abre a porta e eles entram.
ABSALOM— (ao ver Noemi) Finalmente.
Ao ver Elimeleque, Absalom se surpreende e se levanta no mesmo instante, encarando-o. Nina e Zaira sorriem com a presença do rapaz.
NOEMI— (empolgada) Mãe... Pai... Esse é Elimeleque... seu genro.
ABSALOM— Como é?!
Absalom olha de Noemi para Elimeleque. Tensão no ar...
CENA 4: INT. HOSPEDARIA – NOITE
Sentados de frente para o outro, Tamires e Neb gargalham de coisas que estavam conversando. Conforme vão se recuperando da risada, eles passam a se encarar carinhosamente. Por uns segundos não falam nada.
NEB— Foi muito agradável e divertido... E de mais perto... você é ainda mais bonita, Tamires.
TAMIRES— (gostando) Bonita?...
NEB— Bonita.
TAMIRES— Você... realmente acha isso, Neb?
NEB— Sim, acho. Você é muito bonita. De uma forma que, tolamente, não consegui notar antes.
Tamires sorri extremamente feliz.
TAMIRES— E então?...
NEB— O quê?...
TAMIRES— Bom, você disse que eu sou bonita... E agora?...
Neb entende e se inclina mais para ela.
NEB— Tamires... Você aceita namorar comigo?
Por uns cinco segundos os olhos de Tamires arregalam e ela explode respondendo e ficando em pé.
TAMIRES— SIIIMMM!!!
Todos os clientes do salão, inclusive o dono, olham assustados para ela, que se contém minimamente.
TAMIRES— Sim! Sim! Sim, Neb, sim, eu aceito! Eu aceito ser sua namorada, sua... sua namorada! Eu aceito!
Em êxtase, Tamires deita sobre a mesa ao pular no pescoço de Neb, abraçando-o, e derrama os copos e pratos.
DONO— (gritando) O desperdício será cobrado!
Ignorando tudo e todos, Tamires tira o rosto da nuca de Neb e o encara olho no olho.
TAMIRES— Meu amor!!!
E ela volta a abraçá-lo apertado. Com o “Meu amor”, um assombro passa pelo rosto de Neb.
CENA 5: INT. CASA DE NOEMI – SALA – NOITE
Absalom se aproxima de Noemi e Elimeleque.
ABSALOM— O que foi que você disse, Noemi?
Noemi franze o cenho.
NOEMI— Elimeleque e eu estávamos gostando um do outro, e então conversamos, nos entendemos e ele me pediu em namoro.
ABSALOM— (para Elimeleque) Ah, foi?
Elimeleque abre a boca para responder, mas Noemi interrompe.
NOEMI— Sim, e aí--
ELIMELEQUE— (interrompendo) Peço perdão aos senhores pela chegada repentina, não foi bem como eu pretendia... Mas é verdade, eu realmente pedi Noemi em namoro. Uma vez que ela queira, agora venho em busca da sua permissão, senhor. Para mim só serve se for assim, porque a confirmação da família é um forte indício da confirmação de Deus.
Um tanto surpreso, Absalom olha devagar para Nina e de volta para Elimeleque, e faz que sim. Então caminha alguns passos em círculo e volta para perto do rapaz.
ABSALOM— Então diga-me... O que exatamente você quer que eu autorize?
ELIMELEQUE— (prontamente) A união entre mim e sua filha. Que possamos viver esse amor tão bonito que nasceu entre nós.
ABSALOM— E pra quê?
Absalom o olha nos olhos enquanto o ouve.
ELIMELEQUE— Eu quero uma companheira na lida da vida, senhor Absalom. Para servir a Deus, para dar continuidade à sua descendência, nascendo um dia os frutos desse amor... as novas estrelinhas no céu de Abraão.
ABSALOM— Você fala bem...
ELIMELEQUE— Minha inspiração é o Senhor. E Sua obra.
Noemi e principalmente Nina, Zaira e Tani sorriem contentes. Absalom mais uma vez circula por ali... Até que se vira para Noemi e Elimeleque.
ABSALOM— Muito bem! Eu já tenho minha decisão.
Uma leve tensão cai sobre a sala. Zaira, Noemi e Tani olham Absalom com apreensão, Nina espera pela resposta pronta para rebater caso não seja de seu agrado e Elimeleque é firme na postura. Absalom respira fundo, sem tirar os olhos do casal.
ABSALOM— Eu permito que vocês namorem.
Todos ali sorriem de orelha a orelha, e Noemi abraça Elimeleque.
ABSALOM— Mas naquelas condições! Com horário, limite de contato físico, (olha para Tani) e nada de saírem sozinhos.
TANI— (sorrindo) Vou começar a cobrar em ouro, hein!...
Nina, Zaira e Tani abraçam Noemi, que em seguida abraça Elimeleque.
CENA 6: EXT. BELÉM – PRAÇA – NOITE
Por uma montagem vemos que vários dia se passam, até que encontramos, em uma noite, Belém toda em festa. Em quase todas as ruas, principalmente nas mais próximas à praça, dezenas de belemitas dançam, comem e bebem alegres.
No centro da praça, Maya e Iago dançam felizes cercados por parentes e amigos. Perto dali, Noemi e Elimeleque caminham observando os noivos.
NOEMI— Nem parece que um dia eu já fui apaixonada pelo Iago...
ELIMELEQUE— “Apaixonada pelo Iago”...
NOEMI— Que foi? Ciúmes, senhor Elimeleque?
ELIMELEQUE— Noemi...
NOEMI— Pois não tenha ciúmes. Isso foi no passado, e depois ainda se mostrou ilusório. Ainda não conhecia o amor verdadeiro que Deus havia me reservado.
Elimeleque sorri acariciando um cacho do cabelo dela.
ELIMELEQUE— Eu te amo.
NOEMI— (sorrindo apaixonada) Eu te amo.
Eles sorriem e encostam a testa e o nariz.
ELIMELEQUE— Por que não vamos até à mesa do meu primo? Há dias ele está namorando uma moça daqui e eu mal a conheço... Será legal jantarmos todos juntos.
NOEMI— Sim, e fortalecer a união da família. Isso é muito importante.
ELIMELEQUE— Claro. Então vamos.
Do outro lado da praça, em uma das mesas, Tamires e Neb conversam, ela abraçada nele.
TAMIRES— A festa está maravilhosa, meu amor, mas seria melhor se nos juntássemos aos nossos amigos.
NEB— Eu chamei meu primo para vir pra cá. Ele está com a namorada... Poderemos todos nos conhecer melhor.
Tamires parece desconfiar.
TAMIRES— Namorada? O Elimeleque?
Nesse instante Noemi e Elimeleque chegam ali sorridentes, mas Noemi perde o sorriso ao ver Tamires.
NOEMI— (para Elimeleque) Essa é a noiva do seu primo?
ELIMELEQUE— Sim, é ela... Deixe-me apresentá-las.
Elimeleque dá um passo na direção da mesa, mas para ao ver o olhar de Tamires para Noemi. A namorada de Neb põe-se de pé.
TAMIRES— (encarando-a) Noemi!...
Close no olhar sério de Noemi.
CENA 7: EXT. BELÉM – PRAÇA – NOITE
Maya e Iago dançam exultantes. É quando o ANCIÃO (60 anos e líder espiritual da cidade) se aproxima dos recém-casados.
ANCIÃO— Com licença, meus jovens.
IAGO— Ancião?...
ANCIÃO— A festa está maravilhosa, meus queridos. Não dá a menor vontade de ir embora.
Maya e Iago sorriem.
ANCIÃO— Mas vocês precisam consumar o casamento antes de continuarem a comemorar essa nova etapa da vida de vocês.
Leve nervosismo e timidez dos dois.
MAYA— Está certo, Ancião.
O Ancião faz que sim e vira para o povo ao redor.
ANCIÃO— Povo de Belém!
Quase que imediatamente todos param de dançar, andar, tocar, cantar, comer... e olham para o Ancião.
ANCIÃO— Um viva para a consumação dos noivos!
MULTIDÃO— VIVA!!!
Maya e Iago gritam juntos e, sorridentes e atingidos por cereais, correm dali para alguma rua menos movimentada.
CENA 8: INT. CASA DE IAGO – QUARTO – NOITE
A porta se abre e Maya e Iago entram correndo e rindo. Ele fecha a porta e eles se agarram sem se beijar.
IAGO— Demorou... Mas esse momento chegou...
MAYA— Finalmente estamos casados, meu amor!
IAGO— Só falta um detalhe pra consolidar.
Eles se entregam a um beijo cheio de desejo. Seus braços percorrem o corpo do outro... Caem na cama com intensidade.
CENA 9: EXT. BELÉM – PRAÇA – NOITE
Noemi – séria – e Tamires – levemente transtornada – se encaram.
NOEMI— (para Elimeleque) Não é melhor irmos para outro lugar?
ELIMELEQUE— Outro lugar? Mas por quê?...
TAMIRES— (para Neb) Então Noemi é a namorada do seu primo...
ELIMELEQUE— (para Tamires) Eu me lembro de você... Não prestei atenção nas outras vezes, mas me lembro do dia em que chegamos à cidade. Você provocou Noemi...
TAMIRES— (ignorando Elimeleque) É, Noemi, por que ir para outro lugar? Por que abandonar sua nova família? Nós precisamos ficar todos juntos. Eu e você, nós podemos nos ajudar, dar conselhos, dicas uma para a outra... Principalmente quando você estiver grávida. É preciso ter por perto alguém que entenda das coisas, porque já imaginou se na colheita uma erva prejudicial acabe acidentalmente indo parar na sua cesta? Algo que faça você perder o bebê e de quebra deixe seu ventre seco?... Que tragédia seria, não é?
Séria e franzindo o cenho, Noemi encara Tamires.
NOEMI— Eu sei me cuidar. (para Elimeleque) Não estou bem, vou dar uma volta.
Noemi sai, deixando Elimeleque confuso. Ele olha feio para Tamires e vai atrás da namorada. Tamires os observa sumir por entre as pessoas com um sorriso irônico.
CENA 10: EXT. BELÉM – PRAÇA – NOITE
Séria, Noemi caminha por entre as pessoas. Elimeleque a alcança.
ELIMELEQUE— Noemi!... Noemi, espere!
Noemi para e olha para ele.
ELIMELEQUE— Por que está agindo assim? O que foi que aconteceu?
NOEMI— Ah, nada, Elimeleque, eu/
ELIMELEQUE— (interrompendo) Não me diga que não foi nada, Noemi, porque nada não foi. Vamos, me explique, por favor...
NOEMI— É essa garota, Tamires... Ela sempre me humilhou, Elimeleque. Nunca entendi direito sua raiva por mim. Não imaginava que seria ela a namorada do Neb. Mas tudo bem, eu só queria manter distância. Aquilo que ela disse há pouco? É mais fácil ela mesma adicionar as ervas ruins à minha colheita.
ELIMELEQUE— Como alguém pode ser tão amarga assim?...
Noemi dá de ombros.
ELIMELEQUE— Eu sinto muito, meu amor. Não queria lhe causar mal-estar.
NOEMI— Você não tem culpa alguma.
Eles trocam um rápido beijo e caminham abraçados.
ELIMELEQUE— (observando a festa) Em breve será a nossa.
Noemi sorri para Elimeleque. Perto dali, junto a alguns da caravana, Tani dança alegremente.
NOEMI— Se fosse dia, eu diria que Tani está nas nuvens.
Ele ri.
ELIMELEQUE— Ela merece... Tantos meses só trabalhando, sem quase nenhuma diversão...
Noemi concorda.
CENA 11: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE ELIMELEQUE – DIA
Mais algum tempo se passa.
Vemos Elimeleque e Neb conversando no quarto.
NEB— É todo o tempo, Elimeleque, todo o tempo. Não há praticamente um momento sequer que ela não queira estar comigo! Ah, e as cobranças... Onde fui, com quem estive, a quem dirigi a palavra, quem me dirigiu a palavra... É uma loucura, primo!
ELIMELEQUE— Eu não duvido...
NEB— E tem mais! Tamires colocou na cabeça que quer porque quer que nos casemos antes ou pelo menos no mesmo dia em que você e Noemi.
ELIMELEQUE— E por que isso?
NEB— Eu não sei, Elimeleque. Só sei que estou sufocado...
CENA 12: INT. HOSPEDARIA – DIA
Horas depois, Ebede e o restante da caravana se despedem de Elimeleque, Neb e Tani. Tamires está com Neb.
EBEDE— (para Elimeleque, Neb e Tani) Não pensei que eu diria isso, mas vocês farão muita falta, meu jovens...
NEB— O lucro vai diminuir, não é, Ebede?
TAMIRES— (repreendendo) Neb...
EBEDE— Lucro! Que lucro o quê, Neb! Acha que eu também não tenho sentimentos?!
Os outros riem.
EBEDE— Enfim, eu desejo a vocês muitas bênçãos nas coisas que vierem a fazer aqui em Belém. Que, sendo lá o que for, nunca falte a sombra da proteção do Senhor nas suas cabeças.
Eles sorriem e fazem que sim.
EBEDE— Quanto a você, Elimeleque, lamento não poder esperar o seu casamento, mas que nesse o Senhor seja o primeiro a entrar e o único a jamais sair.
ELIMELEQUE— Obrigado, Ebede. Você foi o pai que muitas vezes eu não tive.
Ebede olha para Neb e Tamires.
EBEDE— Cuide bem dela, ouviu?
NEB— (forçando sorriso) Não se preocupe.
EBEDE— (se aproximando de Tani) “Não se preocupe”... Rum. Tani... minha garota. Moça abençoada, iluminada... Apenas continue assim, filha.
TANI— (emocionada) Vou sentir sua falta, Ebede...
Tani abraça Ebede. Por fim se soltam. Ebede se afasta deles.
EBEDE— (lágrimas brotando) É isso...
Ebede olha uma última vez para os três. Então caminha para a saída.
EBEDE— (aos da caravana) Vamos!
Um a um, os integrantes da caravana se despedem de Tani, Neb e Elimeleque. Por fim eles partem.
CENA 13: EXT. BELÉM – RUA – DIA
Momentos mais tarde, Tamires e Neb saem da hospedaria. Eles caminham pela rua até encontrarem Maya.
TAMIRES— Maya?!
MAYA— Tamires! Oi, minha amiga.
TAMIRES— Como está? Como vai a vida de casada?
MAYA— (orgulhosa) Tão maravilhosa quanto eu jamais poderia sonhar, amiga!
TAMIRES— (sorrindo) Ah, que maravilha! Não vejo a hora de viver a mesma experiência!
MAYA— Tenho certeza que logo viverá. Aliás, viverão!
TAMIRES— Sim...
MAYA— Bom, agora tenho de ir, são muitos afazeres. (ironicamente séria) Sou uma mulher casada, agora.
Tamires e Neb riem.
MAYA— Shalom.
TAMIRES— Shalom, Maya.
NEB— Shalom.
Eles observam Maya se distanciar. Então Tamires olha para Neb.
TAMIRES— Meu pai sempre diz que a melhor forma de concretizarmos um plano é fixar uma data para tal.
NEB— Sei... E o que quer dizer com isso?
TAMIRES— Nós vamos marcar a data do nosso casamento. Assim, logo estaremos casados.
NEB— Mas Tamires... Já?
TAMIRES— Claro, Neb. Mas agora eu também preciso encontrar o meu pai. Amanhã você me diz a data que tem em mente, tudo bem?
Confuso, Neb não responde.
TAMIRES— Até mais, meu amor. Juízo. E cuidado com essas belemitas atiradas, hein! Amanhã vou querer saber de qualquer coisa que tiver acontecido.
Tamires beija os lábios de Neb e sai. Desanimado, Neb respira fundo.
CENA 14: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
Sentado à mesa, Absalom observa a movimentação de Nina, Zaira, Noemi e Tani da sala para a cozinha, da cozinha para a sala... Animadas, elas analisam tecidos, carregam objetos, comparam adornos...
Exausto só de olhar, Absalom balança a cabeça negativamente.
CENA 15: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE ELIMELEQUE – NOITE
Sentado em sua cama, Neb observa Elimeleque dormir na cama ao lado. Respira fundo e, cuidadosamente, se levanta e vai até a bolsa do primo no chão.
Devagar, ele se abaixa e a revira até encontrar um saquinho de moedas. Sorri contente. De repente, PAN! O barulho faz Neb estremecer de susto e, inicialmente, pensa que Elimeleque acordou. Mas logo percebe que o barulho veio da janela. Franze o cenho encarando-a. Outro barulho igual, e um objeto parecer cair no quarto. Curioso, Neb se aproxima e vê que se trata de uma pequena pedra. Olha para a janela, vai até lá e a abre por completo.
Lá embaixo, ninguém menos que Tamires pronta para lançar outra pedra.
NEB— (sussurrando) Tamires?! O que está fazendo aqui?!
TAMIRES— (sorridente) Amor! Que bom que está acordado. Me ajude a subir até aí!...
NEB— Subir?! Tamires, como eu vou te ajudar a subir aqui?!
TAMIRES— Não sei, meu amor, mas você pode dar seu jeito...
NEB— Não, não posso, Tamires! Por que está fazendo isso?!
TAMIRES— Porque estou com saudade, meu amor!
NEB— A verdade, Tamires! Por que está aqui?!
TAMIRES— Tudo bem... Eu vim porque não ia aguentar esperar até amanhã por sua resposta.
NEB— Resposta?!
TAMIRES— A data do nosso casamento!
NEB— (indignado) O quê?! Você veio até aqui, a essa hora, pra que eu te fale a data?!
TAMIRES— Sim, Neb!
NEB— Quer saber, Tamires?! Você passou todos os limites! Acabou!
TAMIRES— Quê?!
NEB— Acabou, não dá mais! Estou cansado do seu jeito!
TAMIRES— Você enlouqueceu, Neb?! Acha que pode terminar comigo eu aqui embaixo e você aí na janela?!
NEB— Eu sinto muito, Tamires, mas não estou suportando mais! Você me cansa, me sufoca, você me deixa sem rumo, e não do jeito bom!
TAMIRES— Me ajude a subir aí pra que possamos conversar, Neb!
NEB— Não, Tamires. Não quero conversar. Só quero um pouco de sossego. Até mais ver.
Neb sai da janela e a fecha.
TAMIRES— Neb, volte aqui! Neb! Neb! Volte aqui, não dê as costas assim para a mulher que te ama, Neb!
Nem sinal de Neb. Tamires se desespera.
TAMIRES— NEB!!! Volta!!!
Chorando, ela cai de joelhos no chão.
TAMIRES— Por favor!...
Com raiva, Neb senta em sua cama e passa a mão pelo rosto. Com os gritos de Tamires, Elimeleque acorda e olha para Neb.
ELIMELEQUE— Primo? Que barulho é esse?
NEB— É Tamires lá fora. Eu terminei nosso namoro.
ELIMELEQUE— Terminou?
NEB— Não dê ouvidos ao escândalo dela.
Lá embaixo, cansada de gritar, Tamires chora caída no chão.
CENA 16: EXT. BELÉM – ARREDORES – DIA
Mais alguns dias se passam e, amargurada, Tamires observa os preparos para o casamento de Noemi e Elimeleque. O entra e sai das pessoas em Belém carregando tendas, mesas e adornos. Tamires percebe Neb envolvido na movimentação e o intercepta.
TAMIRES— Neb... Neb, só um momento...
NEB— De novo me atrapalhando, Tamires.
TAMIRES— Não pretendo te atrapalhar mais, só quero... só quero que você leve em consideração o que eu passei... Você me deixou lá fora jogada, abandonada, acabada!...
NEB— Eu sinto muito, Tamires. Preciso ir.
Neb se distancia. Com raiva e lágrimas nos olhos, ela o observa ir.
TAMIRES— Maldito!...
Tamires funga enquanto limpa os olhos.
TAMIRES— Você, Elimeleque, Noemi... Todos malditos! Uma sardenta sem graça casando e eu sendo tratada dessa forma... Maldita Noemi!!!
O dia passa e a noite de casamento finalmente chega.
Uma grande festa no lado de fora dos muros de Belém! Tendas improvisadas abrigam mesas repletas de comida. A multidão festeja animada a chegada dos noivos.
É um grande corredor limitado pelos belemitas. De um lado vem alguns homens, incluindo Neb, carregando nos ombros a cadeira com Elimeleque sentado. Do outro, homens carregando a cadeira com Noemi, cujo véu transparente oculta parcialmente seu semblante de felicidade. Tani, Zaira e Nina aguardam na tenda onde está o Ancião, local onde as duas cadeiras se encontrarão e os noivos se casarão.
O povo canta e dança enquanto, pouco a pouco, as cadeiras com os noivos vão ficando mais próximas, mais próximas...
Com os grupos do noivo e da noiva a poucos metros um do outro, IMAGEM CONGELA.
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