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Na Boca Do Povo - Capítulo 03

 


Capítulo 03

Cena 01 – Praia do Patacho, Alagoas [Externa/Tarde]

(Demétrio observa Luiza fixamente)

LUIZA HELENA: Aconteceu alguma coisa? Tá se sentindo mal? De repente você ficou tão quieto...

DEMÉTRIO: Não aconteceu nada, eu estou me sentindo muito bem, não se preocupe. Aliás, eu posso dizer que o café da manhã e esse passeio com você me fez muito bem, foi revigorante.

LUIZA HELENA: Bom, agora eu preciso ir andando. Passei o dia fora, sabe há quantos anos eu não tiro um dia assim de folga? Há muitos anos... Agora eu tenho que ir para a minha casa, a minha irmã deve estar preocupada.

DEMÉTRIO: Claro, não precisa se preocupar comigo, eu estou bem. Espero que possamos nos ver de novo, quem sabe um almoço ou um jantar...

LUIZA HELENA: Quem sabe outro dia, eu venho te visitar assim que der.

(Ao entrar em seu quarto no hotel, Demétrio senta em sua cama e em seguida faz uma ligação).

DEMÉTRIO: Caro Ângelo, como vai? (Pergunta ao telefone).

ÂNGELO: Demétrio, onde você esteve todo esse tempo? Faz dias que eu estou te procurando.

DEMÉTRIO: Calma, eu estou vivo. Eu apenas precisei me afastar um tempo, arejar a mente... Bom, mas o motivo que te liguei não é apenas esse. Eu preciso falar com você como advogado, gostaria de tirar algumas dúvidas.

ÂNGELO: Como assim? Não me diga que você foi preso? O que você aprontou por aí? Onde você está?

DEMÉTRIO: Não seja palhaço! Eu quero falar sobre outra coisa, muito importante por sinal.

ÂNGELO: Sua voz está séria, o que está acontecendo? Sobre o que você quer falar?

DEMÉTRIO: Sobre o meu testamento! (Conclui).

 

Cena 02 – Umbu-Cajá, Restaurante Nordestino [Interna/Tarde]

Música da cena: Um Pôr do Sol na Praia – Silva e Ludmilla

(Imagens de São Paulo são apresentadas, takes apresentam o MASP, a Avenida Paulista, o Parque do Ibirapuera e surge por fim, o bairro da Mooca e a faixada do restaurante de Zeca).

DURANT: Cê vai me desculpar, não sei se esse é um lugar da sua estirpe, mas achei que seria legal você tomar alguma coisa e tentar se recuperar do susto.

GLÓRIA: Digamos que é um lugar pitoresco, exótico... Foi muita gentileza sua fazer tudo o que fez por mim e me trazer aqui.

DURANT: Você ainda não me disse como se chama... Eu sou conhecido aqui como Durant, sou pintor e moro do outro lado da rua, mas o meu nome mesmo é Jean Michel.

GLÓRIA: Eu me chamo Glória. Glória Martins de Andrade e Britto, com dois “t”.

DURANT: (Sorri) É importante frisar, não é?

GLÓRIA: Casado? (Pergunta sem rodeios).

DURANT: Não, eu nunca me casei.

GLÓRIA: Eu imagino que tenha sido porque não quis, candidatas não devem ter faltado. Um pintor tão charmoso e viril.

DURANT: O amor morreu para mim há muitos anos... Há muitos anos!

 

Cena 03 – Casa de Luiza Helena, Porto de Pedras [Interna/Noite]

(Luiza sai do banho e Betinha a segue pela casa).

BETINHA: (Senta na cama da irmã boquiaberta) Eu não estou acreditando! Quer dizer que você passou o dia com o milionário paulista? Eu acho que ele ficou caidinho por você, eu percebi como ele te olhou no hospital naquele dia, aliás... Qualquer um perceberia!

LUIZA HELENA: Para com isso, menina. Me respeita! Eu e o Demétrio somos apenas amigos e vai continuar sendo assim. Entendeu?

BETINHA: Demétrio, é? Você já está chamando ele pelo primeiro nome? Pelo o que vejo, essa amizade está engrenando muito mais rápido do que eu imaginei.

LUIZA HELENA: Chega, Betinha! Você vê muita maldade na vida, eu não consigo ser assim. (Diz enquanto penteia o cabelo em frente ao espelho).

BETINHA: Sabe que eu nunca entendi você? Eu não consigo entender. Você é jovem, bonita, poderia ter tido o futuro que quisesse, mas você é amargurada, não quis se envolver com ninguém, sua vida sempre foi essa casa e o mar. Você nunca se apaixonou, Luiza?

LUIZA HELENA: (Enquanto se encara refletida no espelho, a pergunta de Betinha ecoa em sua mente).

 

FLASHBACK

Há 20 anos atrás...

Música da cena: Rock And Roll Lullaby – Alexandre Poli

(Aos dezesseis anos, Luiza Helena está em uma praia e posa para Durant, enquanto ele a pinta).

LUIZA HELENA: (Tenta permanecer imóvel) Falta muito? Eu já estou cansada!

DURANT: Vai ficar lindo, eu prometo. Essa é a mais bela visão que eu já tive em toda a minha vida. Você, o sol e o mar. Aconteça o que acontecer, eu nunca vou esquecer dessa imagem! (Diz enquanto observa Luiza e todo o cenário de fundo, completamente deslumbrado).

LUIZA HELENA: (Olha para Durant e sorri) Você promete que nunca vai me esquecer?

DURANT: (Para de pintar, olha novamente para Luiza e levanta a mão direita suja de tinta, em sinal de juramento) Eu prometo!

FIM DO FLASHBACK

Atualmente...

BETINHA: Luiza? Luiza? (Tenta chamar a atenção da irmã).

LUIZA HELENA: O que foi, menina?

BETINHA: De repente você ficou tão quieta, distante... Não me diga que estava pensando em um amor do passado? Você teve alguém no passado?

LUIZA HELENA: Eu não quero continuar essa conversa, Roberta Miranda! Você já está bem crescidinha, por que você não cuida dos seus namoradinhos?

BETINHA: Você sabe como cortar o barato, né? Precisava me chamar por esse nome horroroso? Você sabe que eu odeio quando me chama de Roberta Miranda, não tinham nome pior para me batizar não? Me chame de Betinha. Be-ti-nha! (Fala pausadamente o seu apelido, sílaba por sílaba).

LUIZA HELENA: Eu que escolhi seu nome... Naquela época a Roberta Miranda fazia músicas tão lindas, nossos pais adoraram.

BETINHA: Está bem, está bem... Eu vou dormir, nesse quarto não tem mais assunto que preste. Tchau! (Sai do quarto de Luiza e a deixa sozinha).

LUIZA HELENA: Eu vou parar de encher a minha cabeça de caraminhola, vou me deitar que amanhã é dia de luta. (Luiza deita-se na cama e em seguida, apaga a luz do abajur).

 

Cena 04 – Apartamento de Glória [Interna/Noite]

(Judith se prepara para encerrar seu expediente no apartamento de Glória, enquanto ela segue pensativa depois do encontro com Durant).

JUDITH: Dona Glória... Ô dona Glória!(Grita).

GLÓRIA: (Assusta-se com os gritos) O que foi, sua jamanta? Eu não já disse para você não me chamar assim? Parece que está ordenhando vaca... “Ô dona Glória”. (Imita).

JUDITH: Sabe o que é, dona Glória? É que eu já estou indo embora, a senhora não pagou pela minha diária e nem me deu o dinheiro da passagem.

GLÓRIA: Dinheiro, dinheiro, dinheiro... Essa classe trabalhadora, tudo é dinheiro! Eu não te dei dinheiro para a passagem ontem?

JUDITH: A senhora me deu o dinheiro das passagens de hoje, eu ainda não Jesus para multiplicar, dona Glória... Como eu vou fazer para vir amanhã?

GLÓRIA: Ué, como toda a classe trabalhadora. Será que até isso eu vou ter que te ensinar? Você vai entrar por trás, vai dizer que nunca fez isso? Com essa carinha? Você não me engana, Judith!

JUDITH: Assim eu vou me meter numa enrascada, dona Glória... Já pensou se o fiscal me encontra? Ele me faz passar vergonha, isso não. Isso eu não vou fazer!

GLÓRIA: Tá, tá, tá... Eu estou de bom humor hoje e não quero que ninguém estrague isso. Eu vou te dar o dinheiro da passagem, mas eu vou descontar da sua diária, entendeu?

JUDITH: Eu nunca vi na minha vida inteira descontar passagem da diarista, pelo contrário, a passagem é inclusa. (Resmunga).

GLÓRIA: Tá resmungando o que, jamanta velha? (Diz enquanto procura o dinheiro na bolsa).

JUDITH: Nada, eu estou dizendo o quanto a senhora é uma patroa sem igual.

GLÓRIA: É, não abusa. Qualquer dia desses eu te jogo no olho da rua, seu estrupício! Toma seu dinheiro e eu quero meu troco, entendeu? Isso daí dá e sobra. (Diz ao entregar uma nota de dez reais a diarista).

JUDITH: Dona Glória, a senhora me deu dez reais... Disso aqui vai sobrar menos de cinquenta centavos.

GLÓRIA: Eu sei, querida. Você nunca ouviu falar que é de grão em grão que a galinha enche o papo?

JUDITH: Cruz, credo! Eu vou é embora antes que a senhora me leve até os dentes. Tchau! (Vai embora).

GLÓRIA: Vai mesmo, eu quero ficar sozinha... (Glória volta a se acomodar no sofá e se recorda de Durant).

 

Cena 05 – Chesca’s, Comida Italiana [Externa/Manhã]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(O dia amanhece, de plano de fundo surgem imagens da cidade de São Paulo que se estendem até o bairro da Mooca, mas especificamente à faixada do restaurante de Francesca).

FRANCESCA: Mas vai para a faculdade sem comer de novo, bambino? Assim você vai ficar muito magrinho. (Diz enquanto segue o filho pelo restaurante).

ENRICO: Não exagera, mamma! Eu tomei um copo grande de suco hoje cedo, depois eu como alguma coisa mais reforçada na faculdade. (Diz enquanto organiza alguns croquis e outros objetos na bolsa).

GLÓRIA: Mas io não entendo esses jovens de hoje em dia, que obsessão com dieta. No meu tempo não era assim, não. Io nunca me recusava a comer uma bonna macarronada da mamma.

ENRICO: Estou indo, dona Francesca! Até mais tarde... (Diz ao dar um beijo na testa da mãe em sinal de despedida).

FRANCESCA: Va bene, vai com Dio bambino! (Observa o filho sair).

(Enrico está na calçada quando recebe uma notificação no celular de um grupo da faculdade. Em seguida, atravessa a rua sem olhar enquanto digita uma mensagem).

ENRICO: (Digita uma mensagem no celular, quando de repente deixa o aparelho cair após o susto recebido diante o forte barulho de freio vindo em sua direção. Uma moto atropela Enrico, que é arremessado contra o chão).



 

Cena 06 – Chesca’s, Comida Italiana [Externa/Manhã]

(Enrico permanece imóvel no chão, enquanto Ítalo desce da moto e tira o capacete).

 

ÍTALO: Você surgiu na minha frente, eu não tive como frear a tempo. Você está bem? Está machucado, quer que eu chame alguém, uma ambulância? (Pergunta ao se aproximar de Enrico).

ENRICO: (Abre os olhos lentamente e em veio a visão embaçada, aos poucos seus olhos começam a focar no rosto de Ítalo).

Música da cena: Não Esqueço – Niara ft. Pabllo Vittar

ÍTALO: (Repara melhor em Enrico e também passa a olhar para ele fixamente).

(Francesca corre até a calçada e começa a gritar).

FRANCESCA: Enrico! Dio santo, mataram meu bambino, (Vai até a rua onde o filho está deitado no chão).

(Do outro lado da rua, Zeca e Marcelo saem para olhar o que aconteceu diante o tumultuo que começara a se formar).

ZECA: Deve ter sido um acidente, eu ouvi o pneu cantando...

MARCELO: Zeca, aquele ali perto do cara caído não é o Itinho?

ZECA: Filho? Meu filho? (Zeca corre até o encontro do filho).

FRANCESCA: Enrico meu filho, fala com a sua mamma. Você está muito machucado? Sua mamma está aqui, eu vou te salvar.

ENRICO: Eu estou bem, mamma. Foi apenas um susto, me ajuda a levantar!

ÍTALO: É melhor chamarmos uma ambulância, você não pode levantar, pode ter quebrado alguma coisa.

FRANCESCA: Isso mesmo, eu vou chamar uma ambulância agora mesmo, vamos para um hospital tirar uma radiografia.

ZECA: Filho, você está bem?

ÍTALO: Painho! (Zeca e Ítalo se abraçam).

FRANCESCA: Então quer dizer que esse marginale é seu filho? Agora eu entendi tudo, você quer matar a minha família, quer manchar a Mooca de sangue para que eu deixe a rua livre para esse seu barraco que chama de restaurante, não é?

ZECA: Vai começar a se amostrar de novo, carcamana doida?

FRANCESCA: Vou te processar! Io vou fazer um abaixo-assinado e vou te expulsar daqui, você vai ver só seu bode velho.

(Enquanto Francesca e Zeca discutem, Ítalo e Enrico se olham encabulados com a situação provocada).

 

Cena 07 – Porto de Pedras, Alagoas [Externa/Manhã]

Música da cena: Um Pôr do Sol na Praia – Silva e Ludmilla

(Uma transição de imagens acontece. O litoral de Alagoas é apresentado, conforme são mostradas imagens de Porto de Pedras até chegarmos ao hotel onde Demétrio está hospedado).

DEMÉTRIO: E então, conseguiu fazer o que eu te pedi? (Pergunta enquanto fala ao celular).

ÂNGELO: Eu sinceramente não sei o que você está aprontando, mas já adianto que não estou gostando nada.

DEMÉTRIO: Sem rodeios, Ângelo! Eu fiz uma pergunta simples, conseguiu ou não?

ÂNGELO: Você tem como acessar seu notebook agora? Eu vou te enviar alguns arquivos.

DEMÉTRIO: (Pega o notebook, coloca-o em cima da cama e passa a analisar os arquivos que seu advogado acabara de enviar).

ÂNGELO: E então, recebeu o dossiê?

DEMÉTRIO: Pela breve olhada que dei por aqui, não podia ser melhor.

ÂNGELO: Demétrio, agora falando sério... O que você está pretendendo com isso tudo?

DEMÉTRIO: Por enquanto eu ainda nem comecei, mas estou preparando uma surpresa para todos. Uma surpresa que ninguém irá esquecer!


Cena 08 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Tarde]

(Suzana toma um café ao lado da mesa de Fernanda, enquanto observa a jornalista confirmar algumas fontes).

FERNANDA: Sim, eu sei disso. Eu já liguei para a assessoria de imprensa dela, mas eu preciso checar a informação que comprove que o exame de laboratório deu positivo, eu pretendo publicar na capa a noticia da gravidez. Sim, eu concordo... É uma das atrizes mais queridas da geração atual. Que horas posso te retornar? Certo, combinado então. Até logo! (Encerra a ligação).

SUZANA: Difícil confirmar essa notícia da gravidez da atriz, hein?

FERNANDA: Sim, mas eu faço jus aquele velho ditado e como uma boa brasileira, eu não desisto nunca.

SUZANA: Eu não duvido, você tem um grande potencial aqui dentro. Agora mudando de assunto, teve notícias do seu tio... ou melhor... “O venenoso”?

FERNANDA: Eu gostaria que a pessoa que inventou esse apelido para o tio Demétrio convivesse com ele. Ele não tem nada de venenoso, essa fama ele adquiriu por conta da revista. Mas, voltando ao tema da viagem, pelo que soube, ele está viajando. Eu confesso que achei muito estranha essa viagem, desde que eu me entendo por gente, o meu tio nunca foi de se dar férias.

SUZANA: Ele gosta de você como uma filha e você é próxima dele como se fosse seu próprio pai. O que mais eu acho estranho mesmo, é que nem a sua mãe que é irmã dele sabe dizer o que está acontecendo.

FERNANDA: Que nada! Aqueles dois são unidos apenas pelos laços sanguíneos, porque de resto, agem feito cão e gato. Às vezes eu penso que eles se odeiam. (Conclui).

 

Cena 09 – Casa de Durant [Interna/Tarde]

(Rafael entra no ateliê de Durant para conversar um pouco).

RAFAEL: Esse bairro tem uma novidade todo santo dia, o senhor ouviu a confusão que estava tendo lá fora hoje?

DURANT: Já não é nenhuma novidade essa guerra entre a Francesca e o Zeca. Nem me surpreendo mais.

RAFAEL: Dessa vez foi sério, parece que o filho do Zeca atropelou o filho da italiana, nada grave, mas aí já viu, né?

DURANT: Briga e gritaria, a implicância desses dois já pode ser considerada patrimônio cultural do bairro.

RAFAEL: Escuta tio, você viu a minha mãe? Esses dias eu mal tenho encontrado. Quando eu acordo, ela já saiu. Quando eu chego, ela já está dormindo, nem parece que moramos na mesma casa.

DURANT: Não, hoje eu não vi a Maria Rita... Ela deve ter saído, ninguém tira da cabeça dela essa ideia de arrumar um emprego novo e largar aquele posto de gasolina.


Cena 10 – Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]

Música da cena: Jeito Sexy - Sambô

(Maria Rita pelas ruas do bairro com uma roupa justa e decotada. Sua beleza logo é notada por todos os homens do bairro, que a acompanham com o olhar).

MARIA RITA: (Percebe que os pedreiros de uma obra pararam o serviço para vê-la passar e arruma o decote de forma sensual).

 

Cena 11 – Apartamento de Glória [Interna/Noite]

(Glória retira uma máscara caseira facial, quando o celular toca).

GLÓRIA: Quem será? Isso são horas de perturbar? Se for cobrança, eles vão saber quem é Glória Martins de Andrade e Britto. Alô? Sim, sou eu. Conheço, ele é meu filho... Isso mesmo, Thierry Martins de Andrade e Britto, aconteceu alguma coisa? O que? Não, espera, eu não acredito. Ele foi o que? Preso? O Thierry está preso? (choca-se).

 

Cena 12 – Porto de Pedras, Alagoas [Externa/Manhã]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(O dia amanhece e logo o sol toma conta de toda a praia do patacho na cidade de Porto de Pedras. Demétrio toma seu café da manhã no restaurante do hotel na companhia de Luiza).

LUIZA HELENA: Então quer dizer que você já está de partida?

DEMÉTRIO: Sim, mas isso não é um adeus... É um até logo! Os dias em Porto de Pedras foram revigorantes. Eu pretendo voltar em breve e espero poder te ver.

LUIZA HELENA: Mas é claro que pode! Fazia tanto tempo que eu não tinha um amigo, você é um bom homem.

DEMÉTRIO: Eu gostaria de te escrever as vezes, mandar algumas lembranças da minha cidade. Você se incomodaria em me passar o seu endereço?

LUIZA HELENA: Não, não é problema algum. Eu vou adorar receber cartas, escreva sempre que quiser.

DEMÉTRIO: (Entrega uma folha para Luiza) Toma, pode anotar o seu endereço aí.

LUIZA HELENA: (Anota o endereço no papel).

DEMÉTRIO: (Gesticula para que o Garçom se aproxime).

GARÇOM: Pois não, senhor?

LUIZA HELENA: Aqui está o meu endereço, Demétrio! (Entrega o papel a Demétrio).

DEMÉTRIO: (Dobra o papel, coloca uma sacola e a entrega ao garçom) Por gentileza, peça para que levem essa sacola para o meu quarto, daqui a pouco eu irei para lá.

GARÇOM: Sim senhor! (Recolhe a sacola e se retira).

DEMÉTRIO: Ah meu Deus!

LUIZA HELENA: O que foi homem?

DEMÉTRIO: Esquecemos um detalhe importante... Eu tenho o endereço, mas não sei o seu nome completo. Para quem irei escrever? Como o garçom já levou o outro papel, toma esse outro e anota o seu nome... (Demétrio entrega um papel em branco para que Luiza assine).

LUIZA HELENA: (Segura o papel, mas titubeia antes de escrever enquanto é observada por Demétrio).

 

A imagem foca em Luiza Helena com a caneta na mão observando o papel. A cena congela e vira uma capa de revista.


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