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NOÇÃO DO PERIGO - CAPÍTULO 14



Cena 1. Hotel. Suite. Dia.


Laura, perplexa, lendo os papéis trazidos por André.


Laura: Eu não acredito nisso... Então quer dizer que a Talita matou uma garota antes de baixar aqui em Vila dos Mares.


André: Matou em legítima defesa, sempre bom lembrar.


Laura: Mas matou. Essa história tá muito melhor do que eu sequer podia sonhar!


André: Além do inquérito, aí também tem uma notícia feita por um jornal da cidade. A matéria é pequena, os pais da menina morta quiseram abafar o caso, mas acabou tendo bastante repercussão.


Laura: (lendo) Alice Vieira Paes... O  terror de Talita Martins Bianchini. (T) Será que o Marcelo e a Priscila sabem que a protegidinha deles é nada mais, nada menos do que uma assassina fria?


André: Você está distorcendo o que tá escrito. A senhora sabe que não foi assim!


Laura: E eu pedi a sua opinião? Tá dando muito palpite, pra quem não passa de um detetivezinho/


André: Olha aqui/


Laura: (corta) Chega, não me interessa!


Laura pega um pacote em cima de uma mesinha e entrega a André.


Laura: Toma! Pelos seus serviços. Pode contar.


André abre o envelope e conta as muitas notas de cem.


André: Foi muito bom fazer negócios com você! Precisando de novo, tem meu número!


Cena 2. Visty Boutique. Interior. Dia.


Talita no caixa, entregando a compra de uma cliente.


Talita: Obrigada, volte sempre! A notinha tá dentro da sacola.


A cliente sai da loja e no mesmo instante Priscila entra, indo até Talita.


Priscila: Oi, oi!


Talita: Oi...


Priscila: Trouxe um presentinho pra você!


Priscila entrega uma sacolinha à Talita, que fica tímida.


Talita: Ah meu Deus. Não precisava, Priscila... Assim eu fico sem graça!


Priscila: Abre! Eu quero ver você usando agora.


Talita: Hum... Deixa eu ver o que é.


Talita abre a sacolinha e pega um batom de embalagem bem sofisticada.


Talita: (grata) Nossa... (abrindo o batom) Que cor linda. Como você sabe que eu gosto de vermelho?


Priscila: Eu senti que combinava com você!


Talita acaricia o rosto de Priscila.


Talita: Eu não mereço tanto mimo!


Priscila: Você merece muito mais!


As duas sorriem, uma pra outra. Priscila rouba um selinho, bobinha.


Corta para: Marcelo e Yago descem as escadas e param ao ver Talita e Priscila interagindo. Marcelo cochicha para Yago:


Marcelo: (orgulhoso) Olha aí as minhas duas... Tô achando que a Talita uma hora ou outra vai acabar entrando na nossa parada.


Yago: Como fixa do casal/ Ou melhor... Trisal?


Marcelo: É isso aí!


Yago: É... Enquanto uns tem tanto, outros ficam só na saudade.


Marcelo: Por que você quer, meu amigo!


Cena 3. Fazenda Martins. Exterior. Dia.


A caminhonete de Kátia adentra a fazenda, manobra e estaciona.


Cena 4. Fazenda Martins. Quarto do casal. Dia.


Antônio e Dora, pelados na cama, na maior pegação. Em off, escuta-se o barulho da caminhonete sendo desligada. Antônio interrompe os beijos, pula da cama e vai olhar pela janela, vendo Kátia descer da caminhonete.


Antônio: (cochicha/ desesperado) Ferrou, Dora! A Kátia voltou!


Dora: (cochicha) E agora?


Antônio: Eu tô lascado!


Antônio olha pra porta do banheiro do quarto e tem uma ideia.


Antônio: Vem comigo, vem!


Antônio puxa Dora e vai levando-a para o banheiro.


Kátia: (off) Antônio? Tá aí?


Antônio vê que as lingeries de Kátia estão em cima da cama e joga um cobertor por cima delas. Ele corre, entra no banheiro e tranca a porta. No mesmo momento, Kátia entra no quarto.


Kátia: Acredita que esqueci minha carteira aqui?


Cena 5. Fazenda Martins. Quarto do casal. Banheiro. Dia.


Dentro do box, Antônio tampa a boca de Dora, super tenso. Ele liga o chuveiro.


Antônio: (grita) Tô no banho, meu amor!


Cena 6. Fazenda Martins. Quarto do casal. Dia.


Kátia pega sua carteira na cômoda. Ela sente um cheiro e estranha.


Kátia: (desconfiada) Que cheiro estranho... Parece perfume barato… Deve ser coisa da minha cabeça!


Ela sai do quarto e fecha a porta.


Cena 7. Fazenda Martins. Quarto do casal. Dia.


Chuveiro ainda ligado. Pelo basculante, Antônio vê Kátia entrando na caminhonete e dando partida. Ele respira aliviado.


Antônio: Ufa! Ela já foi.


Dora: Quanta adrenalina... Gostei, sabia?


Antônio: Gostou? Tá maluca? Ela quase que pega a gente/


Dora coloca o dedo nos lábios de Antônio, impedindo que ele termine a fala.


Dora: Você é preocupado demais! Já sabe que tá errado, vai ficar se martirizando? Vamos aproveitar que a gente tá na chuva... E se molhar!


Dora puxa Antônio pra debaixo da água do chuveiro e os dois voltam a se agarrar, loucamente.


Cena 8. Hotel. Suíte. Dia.


Laura lendo os papéis entregues por André. Seu olhar expressa malícia... Close nela.


Cena 9. Casa de Praia. Lavabo. Dia.


Priscila lavando as mãos na pia. Ela para um tempo e fica pensativa.


Priscila: Era pra essa menstruação ter descido hoje... Faz duas semanas que ela não desce... Ai Deus! O que será?


Ela enxuga as mãos em uma toalha e sai do banheiro.


Cena 10. Casa de Praia. Sala. Dia.


Priscila e Yara sentadas no sofá, tomando uma xícara de café, enquanto conversam.


Yara: Mas me diz, Priscila... O que é que tá te aflingindo?


Priscila: Eu tô com medo... Minha menstruação tá há duas semanas atrasada. 


Yara: Duas semanas? Ah, Pri, não deve ser nada... Ou não sei, eu não sou médica pra saber.


Priscila: O que pega é que pode ter alguma chance de eu estar... Grávida!


Yara: Bom, se você acha que está, é melhor tirar essa dúvida logo. Eu te acompanho até a farmácia.


Priscila: Eu tô receosa de fazer esse teste! Eu tô tão confusa, Yara... É que ao mesmo tempo que eu tô com medo do teste dar positivo, eu... Eu até que gosto da ideia de ter um filho, sabe... De ter um herdeiro!


Yara: Nossa... Mas quem te viu, quem te vê... Até ontem não queria engravidar, era uma mulher fora dos padrões...


Priscila: É que eu nunca estive tão perto dessa possibilidade, amiga... Parando pra pensar agora... É um bom momento pra eu querer ser mãe, uma boa idade...


Yara: E o Marcelo sabe dessa sua suspeita?


Priscila: Não! Por enquanto só contei pra você. Eu fui me dar conta só agora, quando eu tava no banheiro.


Yara: Bom, eu acho bom nós tirarmos essa história a limpo logo.


Priscila: Vamos à farmácia então?


Yara: Só vou pegar minha bolsa.


Cena 11. Farmácia. Interior. Dia.


Priscila e Yara entram na farmácia e vão até o balcão. Um funcionário as atende.


Funcionário: Pois não?


Priscila: Um teste de gravidez, por favor.


Funcionário: Um instante.


O funcionário entra para pegar. Yara e Priscila dão as mãos, ansiosas...


Cena 12. Diamantina. Rua. Dia.


Kátia sai de uma loja, segurando algumas sacolas. Rodolfo, que passava pela rua, a vê e vai até ela.


Rodolfo: (grita) Kátia!


Kátia olha e percebe que é Rodolfo.


Kátia: Oi Rodolfo, como vai?


Rodolfo: Pra te falar a verdade, vou bem mais ou menos...


Kátia: Gente, o que houve?


Rodolfo: É que desde que a Talita foi embora, eu não consegui mais botar minha cabeça no lugar.


Kátia: Ô meu filho... Eu te entendo... Eu também tô na mesma situação...


Rodolfo: Como ela está? Ela tá bem? 


Kátia: Ela tá bem sim. Talvez até melhor do que quando morava aqui...


Rodolfo: Por favor... Eu queria te pedir uma coisa. É muito importante pra mim!


Kátia: Que coisa?


Rodolfo: Me passa o endereço de onde a Talita tá! Por favor, eu preciso muito ver ela.


E na reação de Kátia, indecisa...


Abertura



Cena 13. Casa de Praia. Suíte do casal. Dia.


Yara sentada na cama, ansiosa, roendo as unhas.


Cena 14. Casa de Praia. Suíte do casal. Banheiro. Dia.


Priscila segurando o teste de gravidez, ansiosa e tensa.


Priscila: Dois minutos...


No close de Priscila,


Cena 15. Hotel. Suíte. Dia.


Laura guarda os papéis dentro de um envelope. Bianca entra na suíte, de trajes de praia.


Bianca: Fiquei te esperando o maior tempão lá na praia. O que houve pra você não ter ido?


Laura: Tava dando mais um passo pra conseguir meu objetivo. Eu diria que o passo mais importante e mais difícil...


Bianca percebe o envelope na mão de Laura.


Bianca: O quê que tem dentro desse envelope aí?


Laura: Na hora certa você vai saber!


Bianca: Ô Laura... Aí dentro por acaso tem alguma coisa que vai prejudicar a garota lá, a Talita?


Laura: (misteriosa) Não sei... Será que tem?


Bianca: Eu não tô com uma sensação nada boa... Pra falar a verdade eu tô com uma sensação péssima. Pressentimento mesmo. Escuta meu conselho: deixa essa história pra lá, não mexe com essa Talita!


Laura: Agora que eu tenho tudo pra tirar ela da jogada, você acha que eu vou desistir? Não, meu bem... Não vou! 


Bianca repentinamente dá um abraço em Laura.


Bianca: Laura... Eu gosto tanto de você... Você é minha melhor amiga, talvez a única que eu tenho. Por favor, me escuta dessa vez!


Laura: Bianca, meu Deus... O que foi?


Caem algumas lágrimas dos olhos de Bianca.


Bianca: (marejando) Eu tô te dizendo! Eu tô com um mau pressentimento, tô sentindo um aperto no peito... Eu sou um pouco sensitiva...


Laura abraça a amiga e lhe dá um beijo na cabeça.


Laura: Calma Bia, calma... Não fica assim! Nada vai me acontecer não, bebê! Quer dizer, vai. Vão acontecer coisas boas. Fama, status, dinheiro... Isso é que vai vir!


Bianca: Eu te amo, Laura! Desde a adolescência que nós somos grudadas... Eu não sou nada sem você.


Laura: Para, que assim você me faz chorar. 


Bianca cai no choro e as duas ficam abraçadas por um tempo, até que Laura interrompe o abraço.


Laura: Vamos parar com essa choradeira e vamos pra algum restaurante que eu tô louca pra almoçar.


Bianca: Eu tô sem fome.


Laura: Não acredito que você vai levar esse seu medinho a sério, Bianca. Eu tô aqui, garota! Bem e viva. Relaxa!


Bianca: Quero descansar um pouco. Depois almoçamos.


Bianca se deita na cama e fecha os olhos.


Cena 16. Diamantina. Rua. Dia.


Kátia e Rodolfo.


Kátia: Rodolfo, eu não posso te passar o endereço assim... É pra segurança dela. Pra sua, pra nossa.


Rodolfo: Mas Kátia, eu juro que ninguém, além de mim, vai saber onde a Talita está! Eu preciso muito ver ela! Ah, Kátia... Eu não me alimento mais direito, não consigo me concentrar no trabalho... 


Kátia: Você não pode dispor da sua integridade física por causa de alguém. Mesmo que esse alguém seja uma pessoa maravilhosa como a Talita, que você fez sofrer muito... Tá errado, rapaz!


Rodolfo: Então a senhora não vai me dizer o endereço?


Kátia: Não posso... Eu sinto muito, mas não posso! Eu espero que você me entenda. (T) Um dia, quando tudo tiver mais abrandado, ela volta pra cá e aí vocês conversam.


Rodolfo baixa os olhos, triste.


Rodolfo: Tudo bem... Obrigado.


Ele vira as costas para ir embora, mas Kátia o chama.


Kátia: Rodolfo!


Rodolfo: O que foi?


Kátia: Escuta meu conselho: Esquece a Talita! A história de vocês já passou. Não se prenda mais nesse lance e nem tente prender a minha filha... Procura outra pessoa, você é tão jovem! O seu destino e o dela não estão mais interligados, se encerrou!


Rodolfo deixa escapar uma lágrima e vira as costas novamente. Kátia fica penalizada por ele...


Cena 17. Casa de Praia. Suíte do casal. Dia.


Priscila sai do banheiro com o teste em mãos. Yara fica curiosa.


Yara: E aí, Priscila? Qual foi o resultado?


Priscila: (temerosa) Ai, eu não tive coragem de olhar... Olha pra mim, Yara!


Yara: Tá bom.


Priscila entrega o teste para Yara. Priscila fica na expectativa, tensa. Yara olha o teste e vê apenas uma listrinha.


Yara: Deu negativo, Priscila!


Priscila: (desanimada) Negativo?


Yara: É! Tá decepcionada?


Priscila: Tô, quer dizer, não!


Yara: Ah, Priscila... Confessa pra mim. No fundo, bem no fundo, você queria que esse teste tivesse dado positivo, não queria?


Priscila: Não consigo te enganar, né? 


Yara: Não... E é bonito ver esse seu desejo pela maternidade...


Priscila: Será que esse teste tá certo mesmo? Eu ando sentindo umas coisas estranhas e esses testes nem sempre dão resultado 100%...


Yara: Olha, se você quer ter certeza mesmo, é bom procurar um ginecologista e fazer um exame.


Priscila: E eu vou marcar uma consulta. O quanto antes!


Cena 18. Visty Boutique. Estoque. Dia.


Talita abre uma caixa e retira alguns biquinis que estão dentro de saquinhos. Marcelo bate na porta e entra (ele está com as mãos para trás).


Marcelo: Talita?


Talita: Ah, oi Marcelo! Tô aqui pegando umas peças pra vestir nos manequins.


Marcelo: E se eu te disser que você tá liberada do serviço por hoje?


Talita: (sorri) Tô? E por quê?


Marcelo: Você vai almoçar comigo e com a Priscila, naquele restaurante à beira da praia, Coco Verde. Gosta?


Talita: Não é possível! É o melhor restaurante de Vila dos Mares. Lá não é muito caro?


Marcelo: Caro? Oi? Que palavra é essa? Não conheço.


Talita: Metido! (Dá um tapinha nele e ri)


Marcelo: A Priscila chega daqui a pouco. Como eu vi que ela te deu um presente... Eu resolvi te dar só uma prévia, já que não tive tempo de pensar em o que comprar...


Marcelo ergue as mãos e entrega uma sofisticada caixa de bombons para Talita.


Talita: (tímida) Marcelo... Quê isso, cara! Você me deixa muito sem graça desse jeito... Eu não mereço. Não precisava!


Marcelo: Você é muito cerimoniosa, garota. É claro que merece!


Talita: Obrigada!


Música: Lisboa - ANAVITORIA, Lenine 



Marcelo e Talita se abraçam por um tempo. Eles se olham, olhos nos olhos e não resistem. Eles dão um beijo de língua, daqueles de tirar o fôlego... Talita interrompe o beijo.


Talita: Que fique claro que a Priscila vai ficar sabendo desse beijo.


Marcelo: Claro que vai, não se preocupa! Isso aqui não é traição. É como se ela estivesse aqui. Mas como ela não está, aproveitamos só nós dois...


Talita: Isso tudo é muita novidade pra mim. Eu não sei como me comportar direito nesse tipo de relação... Só tô seguindo meu coração.


Marcelo: Continua assim, linda! Seguindo o seu coração... Eu tô adorando...


Marcelo alisa os lábios de Talita e rouba outro beijo, com pegada. Ela se envolve, gostando.


Cena 19. Restaurante Coco Verde. Mesas. Dia.


(A música continua como som ambiente do restaurante) Em uma mesa: Talita, Yara, Priscila e Marcelo. Eles tomam um suco.


Talita: Eu não sabia que você também vinha nesse almoço, madrinha! Que surpresa boa!


Yara: Eu tava com a Priscila e ela me chamou!


Marcelo: E estavam fazendo o quê?


Priscila: Coisas do universo feminino, baby!


Marcelo: Porra, me senti excluído agora! Não acha, Talita?


Todos riem.


Yara: Por que eu tô com a sensação de  que vocês tão me escondendo alguma coisa? Inclusive você, Dona Talita!


Talita: Eu acho melhor a gente contar. 


Priscila: Se você sentir que é a hora...


Talita: Eu não quero esconder nada de você, tia. Eu, o Marcelo e a Priscila... Nós ficamos! Vou deixar claro que eu quis, eu me permiti e eu gostei.


Yara: Eu poderia fingir, mas não estou nada surpresa. Alguma coisa me dizia que isso iria acontecer uma hora ou outra... Se os três que são maiores de idade e capazes quiseram e gostaram... O que eu posso desejar é que vocês sejam felizes e não abram mão do prazer da vida! Vocês têm meu apoio. Eu só quero te ver feliz, minha afilhada linda!


Talita: Te amo, madrinha! Muito mesmo!


Yara: Sejam felizes!


Talita, Priscila e Marcelo dão as mãos, românticos. Nesse instante, Laura e Bianca entram no restaurante e vêem os quatro na mesa. Laura tira os óculos escuros e olha para Talita, maldosa.


Laura: (p/si) É hoje que a tua casa cai, bandida!


Bianca: Vamos procurar uma mesa?


Laura: Nós vamos é trocar de restaurante! Esse aqui tá pessimamente frequentado. Vem, Bianca. 


As duas dão meia volta e saem do restaurante. 


Cena 20. Vila dos Mares. Stock Shots. Noite.


Anoitece na cidade.


Cena 21. Hotel. Suíte. Noite.


Laura e Bianca.


Laura: Preciso que você saia e só volte quando eu ligar! Não pode ter ninguém aqui.


Bianca: E eu vou ficar aonde?


Laura: Ah, não sei! Vai pra balada, pra praia ou pra aquela casa de swing que você adora. Mas agora eu preciso da suíte livre!


Laura vai empurrando Bianca para fora da suíte.


Laura: Eu ligo pra você!


Laura fecha a porta e logo em seguida saca o celular, fazendo uma ligação.


Laura: (cel) Priscila?


Cena 22. Casa de Praia. Sala. Noite.


Priscila desce as escadas falando ao celular.


Priscila: (cel) Tudo bem, Laura. Eu e o Marcelo vamos passar aí sim, já que você diz que é tão urgente... (T) Até já!


Marcelo: O que foi?


Priscila: Amor, a Laura insiste pra gente passar na suíte dela agora. Ela disse que é urgente o que tem pra falar!


Marcelo: Mas o que pode ser?


Priscila: Eu não faço ideia! Vamos até lá pra descobrir?


Talita abre a porta e entra na casa, trazendo sua mala.


Talita: Oi gente! Trouxe a minha mudança. (Risos)


Marcelo: Que ótimo!


Priscila: Vai se acomodando lá em cima. Eu e o Marcelo vamos dar uma saidinha, mas logo nós voltamos. Espera a gente!


Talita: Claro!


Talita dá um selinho em Priscila e outro em Marcelo.


Marcelo: A gente já volta! 


Os dois saem pela porta e fecham. Talita olha ao seu redor, admirada.


Talita: Que casa é essa, meu Deus?! Eu tô muito ricaaaa!


Talita deixa a mala cair, se joga no sofá, rola nele e atira algumas almofadas pro alto, vibrante.


Talita: Nunca pensei que eu pudesse esbanjar tanto! Essa foi a vida que eu pedi, porra! 


Ela joga outra almofada pra cima, risonha.


Cena 23. Hotel. Suite. Noite.


A campainha toca. Laura vai abrir e Marcelo e Priscila entram.


Laura: Marcelo, Priscila, entrem, fiquem à vontade!


Marcelo: Nós ficamos preocupados. Qual é o assunto tão urgente que nos trouxe aqui?


Laura: O assunto não é muito agradável... Pode ser até que vocês já saibam e eu esteja aqui fazendo papel de idiota... Mas eu como amiga do casal, tenho o dever de alertá-los.


Priscila: Não tô entendendo... O que pode ser?


Laura: É sobre a moça que mora com vocês... A Talita.


Marcelo: O que tem de errado com ela?


Laura: Vocês sabem de onde ela veio? O que a trouxe pra Vila dos Mares...?


Priscila: Ela é afilhada da Yara, nossa amiga de anos.


Marcelo: E ela veio de Diamantina, no interior de Minas, pra poder passar um tempo com a madrinha. Não vejo nada demais nisso.


Laura: Só que tem um pequeno fato que as duas esconderam de vocês. É algo bem nebuloso...


Marcelo: Você está me assustando, Laura. Fala logo o que tem de errado com a Talita!


Laura: Bom... A Talita foi responsável pela morte de uma garota, antes de vir parar aqui. Atirou a ex-amiga, Alice Vieira Paes, da janela da casa que as duas dividiam. 


Priscila: (aterrorizada) Como assim?


Marcelo: A Talita matou uma pessoa? Isso só pode ser mentira!


Laura: Infelizmente não é mentira... Eu sinto muito pela decepção de vocês.


Priscila: Você tem provas disso que tá falando? É muito grave!


Laura: Pior que tenho... Tenho a cópia do inquérito e a cópia de uma notícia da época. Se quiserem dar uma olhada...


Laura pega o envelope e entrega para Marcelo e Priscila, que retiram os papéis começam a ler, abismados. Laura sorri discretamente ao ver o caos instaurado... No close de Marcelo e Priscila,


— Foco em Priscila e Marcelo / A imagem congela em preto e branco e se despedaça.


Encerramento: Lisboa - ANAVITÓRIA, Lenine


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