JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
PAULO
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
BEATRIZ
JORGE
ROSENO
FÁTIMA
KALEB
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA
Participação Especial:
LOCUTOR da TV, HOMEM que aborda Maria
CENA 01/ INT/
CASA DA RAVENA/ QUARTO DA PANDORA/NOITE
Pandora está sentada
na cama lendo um livro, Laura entra no quarto.
LAURA
- Oi!
PANDORA
- Oi
minha mãe! Tá tudo bem?
LAURA
- Sim.
Hoje fui lá na delegacia com Kaleb. Contei tudo Pandora, contei que era Ravena
quem estava no volante daquele carro, não eu. E também contei a policia, que
ela saiu daqui dizendo que iria pra Carinhanha.
PANDORA
- Cê fez
o certo, fez o que tinha que ser feito.
LAURA
- Mas tô
me sentindo mal com isso, filha. Como se eu tivesse traindo sua mãe. A polícia
agora vai atrás dela.
PANDORA
- O certo é certo. Não podíamos deixar
essa situação se arrastar. Mãe Ravena precisa enfrentar as consequências do que
fez. Se não fizesse isso o peso ficaria só nas suas costas. Não fica se
sentindo culpada, foi ela quem agiu por impulso. Agora é esperar o julgamento,
né? E rezar pra que cê seja absorvida.
LAURA
- O julgamento vai ser lá no Acre.
Como o crime aconteceu lá, vamos ter que ser julgadas lá. Cê vai comigo, né?
PANDORA
- Não tenho muito opção, né minha mãe?
Sou de menor, não vou poder ficar aqui sozinha.
LAURA
- Kaleb ficou de olhar direitinho a
data e a gente preparar tudo pra ir.
CENA 02/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE
Maria está deitada
em sua cama, olhando para o celular com uma expressão triste. Jana entra no
quarto, preocupada, e se aproxima da filha.
JANA
- Que foi meu amor? O que tá acontecendo?
Cê parece tão triste ultimamente. Voltou a se trancar dentro do quarto, perdeu
o ânimo de sair... O que aconteceu entre cê e Pandora? Gostava tanto de sair
com ela.
Maria se ajeita na
cama e vira para o outro lado, ignorando a mãe.
JANA
(insistindo)
- Ignorar seus sentimentos não vai
ajudar, Maria. Cê precisa falar sobre o que tá lhe machucando. Conte pra
mainha, meu amor. Tem a ver com aquele rapaz, o Darlan? Ele lhe fez alguma
coisa minha filha?
(com raiva)
- Se fez me fale, que vou falar pro
seu pai dá uma corça nele.
Maria finalmente se
pronuncia, sua voz carregada de amargura.
MARIA
- A senhora nunca se importou
antes, minha mãe. Agora não precisa mais se preocupar.
JANA
(com tristeza)
- Oxente Maria, não diga isso meu
amor! Sempre me importei, cê é a coisa mais preciosa que tenho na vida. É que
algumas vezes é difícil lidar contigo, cê se fecha, se tranca, não deixa brecha
pra gente se aproximar.
MARIA
(chorando)
- Me deixa quieta. Só quero morrer.
JANA
(olhos marejados)
- Não diga isso nem por
brincadeira, viu? Oh meu amor, conte pra mainha o que tá acontecendo.
MARIA
(gritando)
- Por favor, sai daqui, me deixa
sozinha!
JANA
- Vá bem, vou lhe deixar sozinha.
Jana olha para cima
e vê o diário de Maria na prateleira. Ela se aproxima, dá um beijo na testa de
Maria e sai do quarto.
CENA 03/EXT/
RUA/ PRÓXIMO AO COLÉGIO/ DIA
Paulo está dentro de
seu carro, ele avista Darlan andando na calçada um pouco a sua frente. Ele se
aproxima parando o carro bem ao lado.
PAULO
(firme)
- Ei, moleque! Preciso falar com cê,
entre no carro.
DARLAN
- Não
vou entrar aí!
PAULO
(com autoridade)
- Entre no carro agora, garoto. Preciso
ter um dedinho de prosa sério contigo. Não mordo não, é um papo de homem pra
homem.
Darlan hesita,
olhando em volta. Darlan se sente intimidado acaba entrando no carro. Ao longe,
Pandora observa a cena preocupada.
CENA 04/ INT/
CASA DOS SIRQUEIRAS/ QUARTO DO CASAL/ DIA
Raimunda está de
joelhos, orando silenciosamente.
RAIMUNDA
(em oração)
- Senhor, ilumina-nos com Tua
sabedoria e bondade. Guia-nos no caminho da verdade...
Neste momento,
Rebeca entra no quarto empolgada e interrompe a oração da mãe.
REBECA
(eufórica)
- Mainha, mainha, senhora não vai
acreditar! Painho tá na televisão! Ele ficou famoso, mulher! Painho agora é
artista!
RAIMUNDA
(confusa)
- É quê, menina?
REBECA
- Venha minha mãe, ver. Painho tá
na TV.
Raimunda se levanta,
seguindo Rebeca para a sala.
CORTA
PARA:
CENA 05/ INT/
CASA DOS SIRQUEIRAS/ SALA DE ESTAR/ DIA
Uma reportagem está
passando na televisão. Raimunda olha atônita para a tela da TV.
LOCUTOR
(na TV)
- Líderes de uma igreja evangélica,
da cidade de Salvador foram preso por envolvimento em um esquema corrupto que
desviou dinheiro da igreja e dos cofres públicos. E não é só isso...
A reportagem na TV
revela vídeos do pastor Moisés em um cruzeiro de luxo com jovens acompanhantes.
A reportagem denuncia o envolvimento dos dois no esquema corrupto.
LOCUTOR
(na TV)
- As investigações apontam que o
pastor Moisés Sirqueira e seu amante o pastor Osvaldo da Cunha desviavam fundos
da igreja para bancar seu estilo de vida extravagante, juntamente com garotos
de programas. Ambos foram presos juntamente com outros envolvidos.
Raimunda fica
abismada com a revelação, lágrimas enchem seus olhos enquanto ela luta para
processar a notícia.
RAIMUNDA
(incrédula)
- Meu Deus... Esse não é meu varão,
não pode ser. Moisés jamais faria um negócio desses! Isso não pode tá
acontecendo.
REBECA
(animada)
- Viu aí minha mãe? Painho agora é
famoso! Agora não entendi, ele comprou aquele barco enorme foi? E irmão
Osvaldo, menina, quem diria? Todo tímido, mas tava lá dançando só de cuequinha com
os meninos.
Raimunda começa a se sentir mal e se apoia no
sofá.
REBECA
- A senhora tá bem? Tadinha ficou
emocionada!
CENA 06/ INT/
RUA/ TAXI DO PAULO/ DIA
O táxi de Paulo está
parado na rua. Darlan sentado no banco de passageiro. Paulo no lado do motorista
olha para Darlan com desdém.
PAULO
- Escute bem aqui, vou ser curto e
direto. Quero cê bem longe de minha
filha e de minha família.
DARLAN
- E se eu não fizer isso?
PAULO
- Cê é bem abusado, né moleque?
Darlan, firme encara
Paulo nos olhos.
DARLAN
- Eu amo Maria, e não vou desistir
dela tão facilmente. E não pense que não sei o que cê anda fazendo. Vou lhe
denunciar, Viu? Cê vai acabar preso.
PAULO
- Mas do que tu tá falando,
criatura? Olhe, sua imaginação parece ser bem fértil, viu garoto? Cê deveria
ter cuidado com o que fala. Sou apenas um pai, preocupado com o bem-estar de
minha filha, nada mais.
DARLAN
- Já sei de toda verdade, mesmo que
ainda não tenha como provar. Mas tenha certeza que vou conseguir. Não vou
deixar Maria continuar sofrendo em suas mãos.
Paulo endurece seu
olhar, ficando cada vez mais ameaçador.
PAULO
(firme)
- Olha
aqui desgraça, se tu se meter com minha filha, juro que lhe mato! Vai te embora
e fique longe de minha família.
Darlan sai do carro
e vai em direção ao colégio. Paulo fica observando com raiva, preocupado com o
que Darlan pudesse fazer.
CENA 07/ INT/
CAMPA/ SALA DA GIOVANA/ TARDE
Giovana está sentada
enquanto Jana está de pé, olhando para fora da janela, visivelmente preocupada.
JANA
(preocupada)
- Tô tão preocupada com Maria, viu
Gih?
GIOVANA
- Ela já não tava se animando
depois que conheceu Pandora? As duas sempre saiam juntas.
JANA
- Tava, mas agora voltou a se isolar de novo. Pior que não consigo conversar
com ela, se fecha não se abre nunca pra mim.
GIOVANA
- Vou ter uma conversa com ela
depois. Comigo até que ela se abre mais.
JANA
- Fico agradecida... E cê e Kira
como tão?
GIOVANA
- A gente se beijou.
JANA
(surpresa)
- Sério? Que coisa boa, hein?
GIOVANA
- Aquele beijo bem demorado, bem envolvente.
Não consigo tirar isso de minha cabeça. Primeira vez que beijo uma mulher, né?
JANA
- E parou aí? Ficaram só no beijo?
GIOVANA
- Oxente Jana, ainda tô de luto,
né? Não ficaria bem eu já me envolver com outra pessoa.
JANA
- Olhe minha linda, o que não fica
bem é cê perder tempo pra ser feliz. A vida é curta demais para não seguir seu
coração. Raul era um ser humano maravilhoso, e a memória dele sempre será
respeitada. Mas ele não tá mais aqui, cê tá... E dá pra ver que cê gosta muito
dessa Kira, então se jogue. Raul gostaria que cê fosse feliz, minha irmã.
GIOVANA
- Cê tá certa, viu mana? Acho que
já tá na hora de eu e Kira viver tudo isso que tamo sentido.
JANA
- Oxe, pois já passou foi da hora,
menina!
CENA 08/ EXT/
FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ TARDE
Beatriz para o carro
e se aproxima da oficina. Fátima está sentada em uma cadeira próxima,
observando seu marido trabalhar. Ao ver Beatriz, Fátima se levanta irritada e
vai em direção a Beatriz.
FÁTIMA
- Mas tô dizendo, viu? É muito
atrevimento dessa piranha. O que cê pensa que tá fazendo aqui, hein? Acha mesmo
que vou deixar meu marido solto pro cê pegar?
BEATRIZ
- Não vim atrás de Jorge, Fátima.
Vim atrás do cê. Acho no mínimo lhe devo um pedido de desculpas.
FÁTIMA
- Pois não tenho nada que falar com
cê.
BEATRIZ
- Eu insisto. Quero contar como
tudo começou. Claro que nada do que eu disser vai justificar, ou tirar minha
culpa. Mas acho que cê merece entender a história.
FÁTIMA
- Tudo bem, vamos conversar, então.
Mas que fique claro, viu? Não vou
permitir que piranha nenhuma chegue perto de meu marido.
CENA 09/ INT/
LOJA DA RAVENA/ TARDE
Kaleb se aproxima de Laura com o celular na
mão.
KALEB
- Cê já viu?
LAURA
- Já vi o quê?
KALEB
- Seu pai e o meu foram presos.
LAURA
(abismada)
- Painho preso! Como assim, menino?
KALEB
(mostrando a reportagem)
- Veja aí!
LAURA
(assistindo o vídeo)
- Pra que sempre apontava o dedo
nos outros hein, se achando o santo. Sempre foi um hipócrita, me culpou como eu
se eu fosse a pior pessoa da face da terra, e agora olha aí. Cafetão de garotos
de programas, ainda com o desvio do dizimo da igreja e de dinheiro público.
KALEB
(triste)
- E painho também envolvido em tudo
isso. Os dois são amantes, Laura. Como nunca desconfiei disso?
LAURA
- Eles usavam a boa imagem que
tinham como líder de igreja para camuflar. Como todo o respeito, sei que seu
pai tá no meio viu? Mas quero que meu pai passe um bom tempo na cadeia para
aprender. Pobre de mainha em meio a tudo isso.
CENA 10/ EXT/
FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ TARDE
Jorge tá mexendo em
um carro, Roseno vai se aproximando.
ROSENO
- Sabe
quem acabo de ver ali, agora pouco?
JORGE
- Quem?
ROSENO
- Dra.
Beatriz.
JORGE
- A
Beatriz tá aqui?
ROSENO
- Oxe,
tá lá fora de papo com Fátima.
JORGE
- Tô
entendendo mais nada, viu Roseno? Mas cê quer saber de uma coisa? Gostava
demais de ter as duas. Fátima como minha esposa,
minha companheira de vida. E Beatriz minha amante, sacia minha carne, meus
prazeres mais ousados.
ROSENO
- Mas a casa caiu, né pae?
JORGE
- Quem sabe eu não levanto ela de novo?
CENA 11/ INT/
APT DA KIRA/ TARDE
Kira está parada
perto da porta, surpresa ao ver Giovana.
KIRA
(sorrindo)
- Oi, Gih! Nem acreditei quando cê
disse que ia subir.
GIOVANA
- Não fale nada, Kira. Só me beija!
Já falamos demais, agora só quero viver tudo isso.
As duas se beijam
ardentemente. Kira passa as mãos pelo o rosto de Giovana como se não
acreditasse que ela estivesse ali. Depois Kira pega na mão de Giovana e a puxa
delicadamente, as duas vão andando até chegar no quarto próximo a cama. Giovana
senta na cama, Kira agacha e começa a tirar seu sapato. Logo depois ela passa a
mão pelo o rosto de Giovana, fecha os olhos e lhe dá um beijo delicado na boca.
As duas vão deitando na cama, Giovana vira de bruços, de costas para Kira, que
delicadamente vai tirando o vestido de Giovana. Kira se deita por cima de
Giovana beijando suas costas. Giovana fecha os olhos de prazer. Giovana agora
nua vira-se de barriga pra cima, e as duas começam a se beijar. Kira vai
descendo, beijando entre os seios de Giovana, depois lambe delicadamente seu
mamilo. Ela olha para Giovana, que alisa seus cabelos transmitindo todo o tesão
que estava sentindo naquele momento. Giovana se levanta com Kira sentada em seu colo, ela arranca a blusa de Kira e as duas trocam carícias. Giovana puxa o
short de Kira, e depois sua calcinha. Agora Kira em pé e Giovana sentada na
cama faz um sexo oral nela. As duas entrelaçam as pernas e esfregam suas genitálias
gemendo de prazer.
CENA 12/ INT/
CASA DOS FERNANDES/ ESCRITÓRIO/ TARDE
Genivaldo está concentrado em seu trabalho.
Maria vai entrando silenciosa.
GENIVALDO
– Oh minha linda! Cê entrou aí tão
quietinha que nem vi.
MARIA
– Oi voinho!
GENIVALDO
– Que carinha triste é essa, hein?
Diga aí, o que aconteceu?
MARIA
– Bobagem minha, ligue pra isso não...
Voinho, me fala um pouco sobre minha vó.
GENIVALDO
– Sobre sua vó? Oh filha, Eliete tá
muito bem não. Continua não falando coisa por coisa...
MARIA
(interrompendo)
– Eliete não é minha vó! Quero
saber sobre minha vó de verdade, a mãe de mainha que faleceu. É mesmo verdade
que ela era mulher da vida?
GENIVALDO
(confuso)
– Não tô entendendo porque isso
agora.
MARIA
– Não sei, só queria saber. Eliete
ficou jogando em minha cara, que sou filha de um estuprador e neta de uma
prostituta.
GENIVALDO
– Eliete, já não andava bem das
ideias, né? Não dá pra ficar levando a sério as coisas que ela lhe falava.
MARIA
– Não quero saber de Eliete, quero
saber de minha vó. O senhor a amava? Como era mesmo o nome dela?
Genivaldo hesita por um instante, mas depois
resolve se abrir com a neta.
GENIVALDO
– Rosália. Mas todo mundo a conhecia
como Rosa. E sim, eu a amava. Foi a única mulher que de fato amei na vida. Rosa
teve uma história de vida muito sofrida... Ela foi abusada pelo o padrasto.
MARIA
(surpresa)
- Abusada?
GENIVALDO
– Sim, ela perdeu o pai e foi
criada pela a mãe e o padrasto. Ele abusou dela várias vezes. Chegou uma hora
que ela não suportou mais, fugiu de casa e foi morar em uma casa de mulher da
vida.
(com brilho no olhar)
- Ela era uma garota encantadora,
sedutora e envolvente, mas de olhar muito triste. Depois que a conheci quase
todas as noites eu iria lá ter com ela. Ou pelo menos até que meu salário
durasse.
Os dois riem
GENIVALDO
(se dando conta)
– Oxente, nem deveria tá falando
com cê esses tipos de coisa.
MARIA
– Voinho, não sou mais criança. Por
favor, continue.
GENIVALDO
– Olhe Maria, trabalhei dia e
noite, encarando sol e chuva. Até consegui comprar uma casinha e trouxe ela pra
morar comigo. Depois disso é claro ela abandonou aquela vida. Não tínhamos luxo
nenhum, mas a nossa vida era perfeita. Depois veio a sua mãe, aí a nossa
felicidade tava completa, não sabe? Nossa família tava perfeita. Até ela
descobrir que tinha câncer. Daí pra frente vivemos um tormento, até o dia que
ela se foi.
MARIA
(curiosa)
– E quando foi que Eliete entrou
nessa história?
GENIVALDO
(sorrindo)
– A senhora tá muito curiosa, viu?
MARIA
– Tô mesmo. Não consigo entender
como o senhor um homem tão doce e gentil se casou com uma mulher tão amarga e
egocêntrica como Eliete.
GENIVALDO
- Eliete nem sempre foi assim.
Acredite, ela já foi uma pessoa muito amável. E me ajudou muito a me reerguer.
Depois que perdi Rosa, me afundei no alcoolismo, e foi graça a Eliete que eu
pude me recuperar.
MARIA
– Difícil de acreditar!
GENIVALDO
– O que sempre estragou Eliete foi
o fanatismo.
CENA 13/ EXT/
RUA/ TARDE
Darlan e Pandora
estão lado a lado, conversando.
DARLAN
- Ele me ameaçou, falou pra eu
ficar longe de Maria, senão ele me matava. Se ainda restava alguma dúvida,
agora tenho mais nenhuma.
PANDORA
- Mas ele chegou a confessar pro cê
alguma coisa?
DARLAN
- Não, disse que minha imaginação
era fértil. Que ele era só um pai preocupado com a filha.
PANDORA
- As mesmas coisas que ele falava
pra mim. Mas agora não acredito mais nele não, eu vi quando ele lhe abordou.
Esse cara pode ser muito perigoso, Darlan.
DARLAN
- Mas um motivo de que a gente tem
que afastar Maria dele. Quando falei com a mãe dela, ficou possessa, não
acreditou em mim.
PANDORA
- E com certeza contou pra ele, por
isso ele lhe abordou.
DARLAN
- Precisamos dá um jeito de pegar
esse diário, Pandora. Só assim vamos poder ter alguma prova contra ele.
CENA 14/ INT/
APT DA KIRA/ QUARTO DA KIRA/ TARDE
Giovana e Kira estão
deitadas na cama, trocando carícias amorosas enquanto conversam sobre o futuro.
Kira segura o dedo de Giovana, olhando profundamente em seus olhos.
KIRA
- Sabe, Gih, o que mais sonho é colocar
um anel nesse dedo, onde cê usa as duas alianças. Quero um futuro contigo,
quero oficializar nosso amor.
Giovana sorri,
acariciando o rosto de Kira com ternura.
GIOVANA
- Tá cedo pra isso, né minha linda?
Deixe o tempo cuidar disso, deixe acontecer naturalmente.
KIRA
- Esperarei o tempo que for
preciso. Só quero tá com cê, não importa como... Humm! E além disso, viu?
Gostaria de ter filhos.
GIOVANA
(sorrindo)
- Filhos? Gente, mas ela já tá
sonhando lá na frente!
KIRA
- Porque a graça? Cê não pensa em
ser mãe?
GIOVANA
- Penso, penso sim. E que eu e Raul
acabamos deixando esse projeto pra mais na frente.
KIRA
- Mas agora o filho não seria com
Raul, seria comigo. Só ainda não sei se a criança cresceria em minha barriga ou
na sua. Poderíamos fazer como uma amiga minha fez, o material colhido foi o
dela, mas quem gerou foi a companheira dela.
GIOVANA
- Tá aí uma coisa que não consigo
entender, viu Kira? Por quê?
KIRA
- Como assim por quê?
GIOVANA
- Pra quê gerar uma criança se
podemos adotar? Um casal homoafetivo nunca terá um filho biológico dos dois.
Vai ser biologicamente filho de um e filho adotivo de outro. Então porque não
adotar uma em meio a tantos que já existem por aí precisando de um lar? Temos
que aceitar a nossa condição e também a nossa limitação de não poder gerar um
filho biológico de ambos. Pais adotivos são tão pais como pais biológicos, o
que vale é o amor e o cuidado dado para a criança.
KIRA
- Nunca havia pensado dessa forma.
Realmente não faz muito sentido. De toda forma vai acabar sendo filho adotivo
de um dos lados.
CENA 15/ INT/
DELEGACIA/ CELA/ NOITE
Moisés está sentado
em um banco de pedra, olhando para o chão, claramente abatido. Raimunda entra
na cela, sua expressão carregada de raiva contida e decepção.
RAIMUNDA
(com raiva)
- Pensei muito antes de vim aqui.
Orei e pedi a Deus discernimento... Mas eu tinha que vim aqui lhe ver. Olhar
pra essa sua cara de cínico. Sempre fui culpada de tudo de errado que
acontecia. Da casa quando estava mal arrumada, da roupa que não passava do
jeito que cê gosta, a comida que não tava bem temperada. Eu era a única culpada
da criação das meninas... Cê nunca assumiu a responsabilidade. Por sua culpa
fiquei anos longe de minha filha.
MOISÉS
- O diabo me usou. Enfraqueci na
fé, me deixei levar pelas as tentações do mundo.
RAIMUNDA
- Não culpe o diabo pelo o seu
mau-caratismo. O que cê fez foi crime, e muito bem premeditado. Durante anos,
cê usou o nome da igreja pra esconder suas falcatruas.
MOISÉS
- Varoa, me perdoa! Eu errei, fiz
muita coisa que não devia. Mas cê precisa dá um jeito de me tirar daqui.
Conversa com Kaleb, ele é advogado pode nos ajudar.
RAIMUNDA
(com
ódio)
- Olhe que durante todos esses anos
que passamos juntos, acho que essa foi a primeira vez que cê me pede perdão de
alguma coisa, viu? É, porque cê nunca se achou culpado de nada, eu é que sempre
fui culpada de tudo.
MOISÉS
- Mas agora eu reconheço minha
linda, sei que errei muito...
RAIMUNDA
(se alterando)
- Cala a boca! Cala essa tua boca
desgraça!
MOISÉS
- Que isso? Nunca lhe vi falando
assim.
RAIMUNDA
(enfurecida)
- Se depender de mim cê apodrece aqui,
porque nem advogado pro cê vou arranjar. Pede pra um dos seus amantes, algum
daqueles machos lá que tava no cruzeiro contigo! Quem sabe um deles não lhe
ajuda?
MOISÉS
- Cê não pode fazer isso comigo,
Raimunda, sou seu marido.
RAIMUNDA
- Agora cê lembra que é meu marido? Te vira, Moisés, não quero nada mais
contigo.
Raimunda vai saindo e Moisés desesperado fica
chamando.
MOISÉS
- Raimunda, não pode me deixar
aqui! Cê precisa me ajudar! Coversa com Kaleb...
CENA 16/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE
Maria está diante do
espelho, vestindo roupas sensuais e aplicando uma maquiagem forte. Seu olhar no
espelho revela uma mistura de determinação e insegurança. Ela está claramente
se esforçando para transmitir uma imagem diferente de si mesma. Suas mãos estão
um pouco trêmulas enquanto ela passa o batom vermelho nos lábios e coloca um
par de brincos chamativos. Ela está tentando encontrar confiança em meio à
vulnerabilidade, preparando-se para algo que parece importante e, ao mesmo
tempo, assustador. A cena termina com Maria olhando para si mesma no espelho.
CORTA
PARA:
CENA 17/ EXT/
AVENIDA/ NOITE
Maria vestida de
forma provocante, caminha ao longo da avenida movimentada. Seu rosto está triste
e cansado. Enquanto ela caminha, carros passam rapidamente, um diminui a
velocidade e para ao seu lado.
HOMEM
(de dentro de um carro, gritando)
- Toda delicinha, hein minha princesa?
Venha cá, entra aí, vamos dá uma volta!
Maria olha para o
homem por um momento, sua expressão mostrando uma mistura de tristeza e
resignação.
Obrigado pelo seu comentário!