Type Here to Get Search Results !

A Promessa - Capítulo 55 (Últimos Capítulos)




A Promessa
CAPÍTULO 55
Últimas Semanas

webnovela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

livre adaptação do livro de Rute

No capítulo anterior: Gael finge ser um viajante perdido para entrar na casa de Adama, a dona do tecido babilônico. Segismundo fica sabendo da existência dos Guardiões da Terra, e que eles mataram e prenderam vários homens da Caravana. Neb e Tamires se encontram na hospedaria e ela lhe paga comida e bebida. Orfa é levada para a cela onde é chicoteada. Adama diz que o tecido é a única lembrança que tem de seu amado, e não vai vende-lo. Pouco depois, Gael parte dali com o tecido e, em sua ponta, uma mancha de sangue. Tamires convida Neb para jantar. Segismundo, cada vez mais preocupado, não dá muita atenção ao tecido que Gael lhe traz. Seu imediato diz que precisam se preparar para os Guardiões. Prestes a chegar nas dunas de areia, Noemi e Rute são surpreendidas por dois homens que se aproximam olhando-as maliciosamente.
FADE IN:

CENA 1: EXT. DESERTO – DIA

Rute e Noemi olham aflitas para os dois homens que se aproximam com punhais e olhares de malícia. Elas se seguram, braço com braço...
Noemi, que já vinha mais exausta que o normal, parece estar perdendo os sentidos... fecha os olhos, abre, respira mal, fecha... Então ela perde a sustentação e cai de joelhos. Rute se assusta.
RUTE
Senhora?! Senhora Noemi!
Noemi, de joelhos, passa muito mal. Rute olha para os homens.
RUTE
Me ajudem! Por favor, ela não está nada bem!
HOMEM 1
O senhor se vira com essa aí, meu pai. Vou ficar com a sã!
O mais jovem se aproxima de Rute, que, desesperada, tenta levantar Noemi.
RUTE
Por favor, senhora, tente se levantar... Precisamos ir, precisamos sair daqui!
Noemi não consegue, mal abre os olhos... Usa o pouco de força que tem para não desabar de vez no chão.
HOMEM 2
Se a outra está quase morrendo, vai dividir essa comigo!
O mais jovem chega em Rute e a levanta. Ela luta para se soltar dele.
RUTE
Por favor! Me solte!!! Me solte!!!
HOMEM 1
Cale sua boca!
HOMEM 2
Sai da frente, deixa eu te mostrar como se faz!
O outro toma Rute dos braços do filho.
RUTE
Não!!! Me solte!!! Por favor!!!
Noemi continua mal, quase perdendo os sentidos. O homem então agarra a roupa de Rute para arrancá-la. Ela olha para o céu.
RUTE
Senhor, salve Tuas servas!!!
De repente, o homem que segura Rute paralisa e empalidece. Ela, ainda aflita, olha para ele, que encara o horizonte de onde elas vieram.
Rute se solta de seus braços e se aproxima de Noemi, abaixada no chão. Olha para eles... Ambos, com semblantes de pavor, contemplam o mesmo lugar. Rute vira para lá, mas não vê nada demais.
HOMEM 1
Meu pai... O que é isso?...
HOMEM 2
(assombrado) Meu... Deus...
Rute continua confusa, não entende o que eles veem... Pois apenas eles enxergam. Em suas visões, uma gigantesca nuvem marrom, semelhante a uma avalanche ou às cinzas de um vulcão, de tal altura que emenda com as nuvens, se aproxima no horizonte.
HOMEM 1
Isso é uma tempestade de areia?!
HOMEM 2
Nunca vi isso. É muito pior!
De repente, a nuvem amarronzada começa a relampejar, e se aproxima cada vez mais.
HOMEM 1
Meu Deus... Meu Deus! Nós vamos morrer! Meu Deus!
HOMEM 2
Vamos sair daqui!
HOMEM 1
Não devíamos ter mexido com elas!
O homem 2 corre... Ao ver que o filho está paralisado de pavor, volta e o puxa. Os dois saem correndo. Rute, começando a entender, sorri, mas continua não vendo nada anormal. Aqueles dois correm como se não houvesse amanhã. A todo momento olham para trás.
HOMEM 1
Está chegando! Não vamos conseguir! É muito rápida!
HOMEM 2
Apenas corra, meu filho!
HOMEM 1
Não vai dar!!!
HOMEM 2
CORRA!!!
A gigantesca nuvem em relâmpagos, um verdadeiro fim do mundo, se aproxima cada vez mais, e mais, e mais... Eles gritam! A sombra daquela massa de poeira os cobre.
HOMEM 2
Se sairmos vivos dessa, eu vou trabalhar!!!
HOMEM 1
Nunca mais cometerei mal algum!!!
AMBOS
AAAAAHHH!!!
A nuvem colossal finalmente os alcança e os engole por completo.
Com o vendaval, os relâmpagos e a quase total escuridão, eles não conseguem mais correr... Apenas se esforçam para não serem carregados.
Olham seus braços... Estão descascando e sendo levados junto aos grãos de areia. Horrorizados, gritam! Olham um para o outro, e veem os rostos se dissolvendo junto à areia.
Rute, ao lado de Noemi, sorri extremamente emocionada. Se a nuvem fosse real, elas já teriam sido atingidas. Mas, ao invés disso, apenas um vento forte passa por ali. Rute põe-se de pé. Seus cabelos balançam sem parar e seu sorriso é enorme!
Ela cai de joelhos e, sorrindo, olha para o céu.
RUTE
Obrigada! Obrigada, Senhor!!!
Rute se aproxima de Noemi.
RUTE
Noemi, minha sogra! Minha sogra, levante-se! Vamos, a senhora precisa ouvir isso! Nem imagina o que aconteceu!
Noemi a olha.
RUTE
Consegue, senhora?! Está melhor?!
NOEMI
Estou, estou... Um pouco melhor...
RUTE
Segure, levante-se...
Rute ajuda Noemi a se levantar.
RUTE
Sinta esse vento, minha sogra! É o Senhor! É o livramento do nosso Senhor!
NOEMI
Do que está falando, Rute? Onde estão aqueles homens?
RUTE
Algo extraordinário aconteceu aqui, senhora! Deus nos salvou!
Noemi, ao contrário de Rute, não parece muito animada. Rute olha para a direção em que eles fugiram.
RUTE
Venha aqui, senhora. Veja isso!
As duas vão até ali perto e olham, lá na frente, os dois homens, de joelhos, olhando para as diferentes partes do corpo com pavor. Porém, nada lhes aconteceu realmente.
RUTE
Esses aí nunca mais farão nada de errado.
As duas continuam observando-os.
NOEMI
Que bom que Deus nos salvou.
Rute, ainda muito emocionada, olha para a sogra.
RUTE
Vamos. Agora podemos ir.
ABERTURA

CENA 2: INT. PALÁCIO – PRISÃO – NOITE

O dia passa e a noite cai.
Deitada de bruços no chão e sem forças, Orfa escuta uma porta se abrir. Mexendo praticamente apenas os olhos, ela olha pensando ser algum soldado, mas quem chega ali em sua cela é a Sacerdotisa Myra acompanhada de um soldado, que abre as grades e sai.
Myra olha aflita a situação de Orfa.
MYRA
Orfa...
ORFA
Senhora Myra... O que está fazendo aqui?
Myra se ajoelha e toca muito de leve na costa dela.
MYRA
O que fizeram com você, Orfa?...
ORFA
Descobriram... que meu falecido marido e seu irmão... estavam envolvidos na morte... de Faruk... O Sumo Sacerdote... foi até nós para pegar Aylla... e a sacrificar em seu próprio benefício... Meu marido e meu cunhado lutaram para impedir...
MYRA
(entendendo) E agora querem você e Rute para serem presas, conforme manda nossa lei... Mas por que esse castigo?!
ORFA
Não contei onde Rute está... Não disse para onde ela foi... E me fizeram isso...
MYRA
Orfa... Vou mandar alguém avisar aquela mulher, Leila... sobre você. E fique deitada, eu trouxe algumas coisas para tratar suas feridas. Mal acreditei quando soube que te trouxeram para cá e que te chicotearam!...
ORFA
Obrigada, senhora...
Myra rasga os fios estraçalhados da roupa e começa a limpar e a tratar das feridas de Orfa.
Algum tempo depois, ela termina.
MYRA
Pronto. Procure dormir de bruços, para que não suje ou piore...
ORFA
Tudo bem...
Myra olha para ela como se quisesse testar algo.
MYRA
E eu te recomendo, Orfa, a falar com os deuses.
Orfa a encara.
MYRA
Mesmo tendo abandonado o sacerdócio anos atrás, tenho certeza que eles te escutarão.
Orfa fecha os olhos.
ORFA
Obrigada, senhora. Farei isso sim.
Myra a observa por alguns segundos. Então faz que sim e se levanta.
MYRA
Tenha uma boa noite. Apresentarei você em minha oração.
ORFA
Muito obrigada, senhora Myra...
Myra sorri minimamente e sai. O soldado vem, tranca a cela e também vai. Orfa fica ali, deitada, encarando o nada...
CENA 3: EXT. DESERTO – NOITE

Em meio à escuridão do deserto, Rute e Noemi estão sentadas à beira de uma fogueira.
NOEMI
Se não fosse por você, Rute, provavelmente eu nem estaria mais viva.
Rute apenas a olha.
NOEMI
Obrigada.
RUTE
Não foi nada além do que eu podia e queria fazer.
Rute sorri e deita no ombro de Noemi. Por alguns instantes elas apenas encaram as chamas ardendo melancolicamente.
Então Noemi quebra o silêncio.
NOEMI
Há muitos anos eu passei por essa região. Estava triste por estar saindo de minha terra... e indo para um lugar totalmente diferente. Mas... apesar de tudo... eu tinha meu marido... meus filhos... Comparando com hoje, eu era a mulher mais feliz do mundo naquele momento.
Rute acaricia o rosto de Noemi enquanto ouve escorada em seu ombro.
NOEMI
Isso foi há uns 10 anos... Mas parece que já se passaram uns mil...

CENA 4: INT. HOSPEDARIA – NOITE

Neb entra animado na hospedaria. Logo Tamires o vê e se aproxima; os guardas sempre atrás dela.
TAMIRES
Neb! Que bom que você veio...
Neb sorri.
NEB
Não recusaria--
TAMIRES
(interrompendo) Um convite meu?!
NEB
Um convite para jantar.
Ela diminui um pouco o ânimo e ele, percebendo, engole em seco.
NEB
E um convite seu. Claro, Tamires... Não poderia recusar...
TAMIRES
Ah, que ótimo, Neb!
NEB
E então? Vamos comer?
TAMIRES
Antes... eu quero te mostrar uma coisa.
NEB
Mostrar? Antes de comermos?
TAMIRES
Sim, vamos, não demoraremos.
Ela o puxa na direção da escada. Ao perceber os guardas, para.
TAMIRES
Lá vocês não podem ir.
GUARDA 1
Nós iremos.
GUARDA 2
Não adianta insistir.
Ela tenta conter sua raiva. Então vai.

CENA 5: INT. HOSPEDARIA – CORREDOR – NOITE

Os quatro caminham até o quarto de Tamires. Chegando, ela abre a porta e olha para os guardas.
TAMIRES
Agora vão ter que ficar aqui.
Os dois se entreolham, sabem que é verdade. Tamires sorri.
TAMIRES
Entre, Neb.
Neb entra. Tamires olha para os dois.
TAMIRES
Vão ficar aqui fora, sozinhos? Coitadinhos...
Eles a encaram.
TAMIRES
Se sentirem frio, se aconcheguem um no outro... Vão ficar bem quentinhos.
Ela ri, entra e bate a porta.

CENA 6: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE TAMIRES – NOITE

Escorada na porta, Tamires olha para cima.
TAMIRES
AAAAAHHH!!!
NEB
Ei, Tamires... O que é isso?...
TAMIRES
Não dá, eu não vou aguentar esses dois me fazendo as vezes de cauda!
Tamires entra de vez no quarto. Neb a observa.
TAMIRES
Me desculpe, Neb... Perdão. É que é muito inconveniente, é péssimo não ter liberdade, não poder fazer nada sem aqueles dois idiotas me vigiando! Mas enfim, mas enfim! Não chamei você aqui para ouvir minhas lamentações.
NEB
Ia me mostrar algo?
TAMIRES
(sorrindo) Uhum...
Tamires vai até um canto e pega um vaso tampado.
TAMIRES
Sabe o que tem aqui?
NEB
Água? Vinho?...
TAMIRES
Vinho. Exclusivo da vila de onde vim e onde fiquei quase todos esses anos. É sensacional, você vai adorar. Pegue esse copo aí...
Neb pega o copo e Tamires o serve. Quando ele vai beber, ela segura sua mão.
TAMIRES
Sinta o aroma antes...
Ele franze o cenho, mas cheira.
TAMIRES
Sentiu?
Neb finge que sentiu.
NEB
Sim, parece ótimo...
TAMIRES
Agora vai, experimente.
Neb então toma e saboreia.
NEB
Bom. Muito bom, mesmo. Um tanto diferente do vinho comum.
TAMIRES
(sorrindo) Que bom que gostou, Neb.
Tamires então tropeça nele intencionalmente, que a segura em seus braços.
TAMIRES
Ai, me desculpe... Como sou desastrada...
Ela encara os olhos dele... E ele, inesperadamente, encara os dela. Um clima no ar...
De repente Tamires avança e beija Neb. De início, apenas ela, mas, passada a surpresa, Neb fecha os olhos e se entrega a beijar também.
Então ela se ajeita e o abraça forte.
TAMIRES
Me sinta, Neb... Sinta o meu corpo todo... Sinta-o... totalmente entregue ao seu...
Neb, ainda tentando entrar no ritmo afoito de Tamires, a segura.
TAMIRES
Me sinta, me toque, me pegue!...
Atendendo-a, ele usa suas mãos e pega, toca o corpo dela.
De repente, Neb a levanta de uma vez e ela grita de susto. Tamires fica dependurada nele, os braços abraçando o pescoço e as pernas presas em cada lado do tronco.
TAMIRES
(irradiante) Isso é mesmo verdade?! Você, eu... juntos?!
Neb parece pensar. Apressada, Tamires olha para o vinho e, dependurada, fala para ele ir até o copo.
TAMIRES
Vamos, Neb, o vinho, o vinho, vamos, beba!
NEB
Por q--
TAMIRES
Beba! Será melhor para nós!
Neb, ainda com Tamires dependurada nele, bebe mais. Sorri para ela.
TAMIRES
Depois de tanto tempo, o sonho se realizou!
Mais animado, Neb a aperta ainda mais forte e eles se beijam afoitamente. Tamires grita a cada bom susto em que Neb a levanta, a gira, a aperta...
Logo, eles caem na cama desajeitadamente.

CENA 7: INT. HOSPEDARIA – CORREDOR – NOITE

No lado de fora do quarto, os dois guardas respiram fundo ao ouvirem os gritos e risadas de Tamires.

CENA 8: EXT. BELÉM – TRIGAL – DIA

No dia seguinte, os trabalhos nos trigais continua com ânimo.
No campo de Boaz, ele, Josias e Tani se mantém sempre atentos ao trabalho.

CENA 9: INT. BELÉM – TEMPLO – DIA

Mais cinco homens da Caravana são presos e levados para ali, onde está o Ancião.
ANCIÃO
Coloque todos nas celas.
COMANDANTE
O senhor quer que os envie logo a Hebrom?
ANCIÃO
Ainda não. Vamos esperar termos vários para leva-los de uma só vez. Assim, também economizamos no custo do transporte.
COMANDANTE
Entendido.
Os homens são levados para as celas.

CENA 10: EXT. DESERTO – DIA

Noemi e Rute continuam sua jornada pelas diferentes paisagens de Israel...

CENA 11: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA

Escondidas atrás de uma prateleira, Leila, Aylla e Myra, essa com roupas comuns, conversam baixo. Myra acaba de contar tudo a elas.
AYLLA
(aflita) Coitada da senhora Orfa...
LEILA
Myra... O que podemos fazer para ajudá-la?
MYRA
Olhem... A única coisa que podem fazer é orar a Deus.
Leila e Aylla percebem.
MYRA
Aos deuses, eu quero dizer. Ou ao seu Deus, enfim... Orem. Peçam.
LEILA
Muito obrigada pela consideração de vir até aqui nos avisar, Myra.
MYRA
Imagine. Já vou indo.
Leila faz que sim, pronta para acompanha-la, mas Myra não vai... Parece admirar a loja, parece não querer ir... Por fim respira fundo, faz uma reverência com a cabeça, cobre o rosto com o capuz e sai.

CENA 12: EXT. DESERTO – DIA

Os dias se passam.
E vão passando...
E continuam a passar...
Noemi e Rute cruzam as imensidões de Israel...
Abrigam-se de uma verdadeira tempestade de areia em uma caverna pequena...
Sem desanimar, elas continuam, cada vez mais perto de Belém.

CENA 13: INT. VILA – CASA DE SEGISMUNDO – SALA – DIA

Segismundo está reunido com os mais íntimos da Caravana. Apenas Gael, Iago, Besta Louca, Montanha e uns poucos outros estão ali. As portas e janelas estão fechadas, e a única iluminação vem das chamas.
SEGISMUNDO
Está tudo desmoronando! Todos os dias recebo uma notícia ruim diferente! Em um dia, é um morto por esse traidor do qual ninguém consegue sequer uma pista! No outro, os malditos Guardiões capturando nossos homens!
Os homens, sentindo a gravidade, apenas escutam.
SEGISMUNDO
O cerco está se fechando... e não fazemos nada para reagir!
Gael respira fundo.
GAEL
Eu tenho uma ideia.
Quase desesperado, Segismundo olha para ele.
SEGISMUNDO
Diga!
GAEL
Envie um mensageiro a Tamires, em Belém.
Segismundo o encara.

CENA 14: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE TAMIRES – DIA

Tamires entra com o mensageiro membro da Caravana, porém disfarçado de mensageiro comum, deixando os guardas lá fora. Fecha a porta e o puxa para mais distante dali.
TAMIRES
Chamei você porque não quero que aqueles dois ouçam a mensagem. Agora diga.
O mensageiro fala tudo em tom baixo.

CENA 15: EXT. BELÉM – TEMPLO – ENTRADA – DIA

Com os guardas atrás dela, Tamires conta tudo para o Ancião.
ANCIÃO
Muito obrigado, Tamires. Confesso... que não esperava receber uma informação como essa de você.
Tamires sorri.
ANCIÃO
Mais uma vez obrigado por fazer algo bom. Isso contará em seu julgamento.
TAMIRES
Foi um prazer ajudar, senhor.

CENA 16: EXT. DESERTO – DIA

Os Guardiões marcham com vigor.
Chegam a um conjunto de formações rochosas, um labirinto natural.
O líder daquele pelotão faz sinal e eles param.
LÍDER
Segundo as informações dadas por Tamires, eles estão aqui.
GUARDIÃO
Ainda penso se deveríamos ter confiado nela.
LÍDER
O Ancião confiou e o Comandante ordenou. Nós apenas cumprimos nosso dever.
De repente, do alto das grandes rochas, vários homens surgem! Todos arqueiros, todos da Caravana; e atiram.
Vários Guardiões começam a ser atingidos. Flechas certeiras em seus peitos e cabeças.
LÍDER
É uma armadilha!!! Se escondam!!!
Alguns se abaixam, outros procuram algo para se esconder... As flechas não param de chover. É um massacre... Cada Guardião atingido enquanto corre. Os homens da Caravana atiram sem parar. Besta Louca sorri a cada Guardião que cai morto por uma flecha sua.
O líder desvia, corre, se abaixa, mas por fim é atingido na perna. Olha para os arqueiros lá em cima, e outra flecha acerta seu ombro. Ele cai.
Todos os homens estão mortos. O líder, único sobrevivente, respira com dificuldade e sentindo muita dor. Alguém se aproxima, caminhando tranquilamente. Ele olha, mas vê apenas os pés calçados. Não é um dos arqueiros.
Até que aquela pessoa chega ali e para. É Segismundo. O líder o olha nos olhos.
SEGISMUNDO
O seu grupo estava me tirando as noites de sono... Não tirará mais.
O homem tosse com dificuldade. Segismundo saca sua espada.
SEGISMUNDO
É isso que acontece com todo aquele que ousa parar a Caravana da Morte.
Então Segismundo enfia a espada no peito do líder, que expira e morre.
Os outros da Caravana chegam ali. Besta Louca olha para o massacre com um brilho no olhar.
Segismundo limpa sua espada, guarda-a, arruma sua postura e sai tranquilamente, de cabeça levantada.

CENA 17: INT. BELÉM – TEMPLO – CELA – DIA

O Ancião e o Comandante conversam no lado de fora da cela de Tamires.
ANCIÃO
(aflito) Um massacre!... Todo aquele grupo dos Guardiões está morto!
TAMIRES
(fingindo) Mas como?! Eu não sabia, senhor!
O Ancião agarra as grades.
ANCIÃO
Sabia! Você sabia! Diga, Tamires!
TAMIRES
Eu juro, senhor! Eu juro que não sabia que se tratava de uma armadilha! Não poderia jamais imaginar! O que lhe contei foi o que fiquei sabendo! Foi o que me passaram pelo mensageiro! Eu apenas... apenas passei a vocês...
COMANDANTE
Talvez ela esteja falando a verdade, senhor.
Transtornado, o Ancião encara o nada...
Então sai dali, seguido pelo Comandante.
Tamires, em sua cela, quebra o disfarce e sorri satisfeita.
TAMIRES
Achei foi pouco!
Os presos das outras celas comemoram.

CENA 18: EXT. BELÉM – TRIGAL – DIA

Tani e Josias se aproximam da tenda onde está Boaz analisando relatórios. Ele olha para eles.
BOAZ
Que semblantes são esses?
JOSIAS
Não soube?
BOAZ
Soube do quê?...
TANI
Dezenas dos Guardiões foram mortos. Uma armadilha.
BOAZ
Aquela missão com base na informação de Tamires?
TANI
Sim, informação daquela cobra do deserto. Não deveriam ter confiado nela. Com certeza ela sabia.
BOAZ
Meu Deus...
Então Josias nota, longe dali, Diana passando. Seus olhos dilatam enquanto ele a acompanha com o olhar... Na certa, seu coração se aperta.

CENA 19: EXT. DESERTO – DIA

Apesar de bastante cansadas, Noemi e Rute continuam sua caminhada. Rute segura Noemi ao seu lado, dando-lhe apoio, pois sua sogra está um tanto fraca.
RUTE
Aguente firme, senhora... Já devemos estar perto de Belém...
Elas continuam.
RUTE
A senhora sabe por onde é? Lembra-se do caminho?
Noemi olha para frente.
NOEMI
(apontando) Por ali.
Mas ela então aponta outro lado.
NOEMI
Não, por lá...
Confusa, ela aponta um terceiro lado.
NOEMI
Rute, eu não sei... Não consigo...
RUTE
Tudo bem, senhora, vamos dar um jeito... Segue firme--
De repente Noemi desaba no chão e Rute se assusta.
RUTE
Noemi!
Rute tenta levantá-la, mas não consegue. Noemi está inconsciente.
RUTE
Senhora Noemi! Senhora, por favor!
Desesperada, Rute confere a respiração da sogra. Olha para os lados... nota, perto dali, algumas árvores.
RUTE
Senhora, espere aqui... Eu já volto!...
Rute sai correndo naquela direção e Noemi fica ali desmaiada.
Alcançando as árvores, Rute para. Ajeita o cabelo e analisa os galhos. Então começa a parti-los...
Com vários pedaços reunidos, ela começa a quebrar, limpar, emendar uns aos outros com uma corda que trouxe... E sempre de olho em Noemi.
Por fim, ela termina sua obra: uma maca grosseira e improvisada, mas funcional. Aplica força testando-a.
RUTE
Ótimo.
Rute volta correndo até Noemi, ainda desmaiada.
RUTE
Senhora... Senhora! Eu trouxe um transporte... Vamos...
Com bastante dificuldade, Rute vira Noemi até ela ficar em cima da maca. Ajeita-a ali e coloca seus pés sobre uma madeira para não deslizar da maca.
Noemi abre os olhos com dificuldade...
NOEMI
Rute...
RUTE
(sorrindo) Senhora!... A senhora desmaiou... Eu fiz essa maca para carrega-la, agora não precisa mais caminhar.
Noemi tenta entender onde está, mas devido à falta de forças, desiste.
RUTE
Apenas fique acordada, tudo bem? Fique acordada conversando comigo, e eu a levarei até Belém.
Rute então passa uma corda em um lado de sua obra e começa a ir, puxando a maca com Noemi pela corda. O lado dos pés vai sendo arrastado na areia, de forma que a maca fique nem em pé, nem deitada, mas inclinada.
Rute se esforça para puxar.
RUTE
Senhor!... Me dê forças... para chegar em Belém...
O tempo passa...
Devido ao esforço, Rute avança muito mais devagar. Noemi, na maca, fecha e abre os olhos.
RUTE
Não durma, senhora... Olhe para o céu... Aprecie o azul do céu... Aprecie a criação de Deus...
Noemi olha para o alto, mas não por muito tempo.
RUTE
(esforçando-se para puxar a maca) Pense em Belém, senhora Noemi... Pense em quando chegarmos... As pessoas te recebendo... Imagine o semblante de felicidade... A alegria... Imagine, senhora...
Noemi tenta ficar acordada, mas não fala nada. Rute nem sabe se ela ainda está consciente.
Algum tempo depois, Rute nota que o sol está abaixando.
RUTE
Precisamos encontrar um abrigo...
Ela está muito cansada e não há abrigo algum por ali. Continua a avançar, mas também não conhece o caminho.
RUTE
(sussurrando) Estou perdida... Não faço ideia... de que direção tomar...
Ainda assim, ela continua.
RUTE
Senhor, mostre-me o caminho...
Rute prossegue com extrema dificuldade e o sol a cada momento se esconde mais no horizonte. Noemi, na maca, já adormeceu, mas Rute não sabe.
RUTE
Mantenha a fé, senhora!... Deus há de nos guiar!... Estamos perto... Estamos chegando em Belém... A senhora está quase em casa... Estamos quase em casa, senhora Noemi... Mantenha os olhos abertos, aprecie sua terra natal...
Pouco depois, o vento do deserto vem contra Rute e a areia a impede de enxergar direito. Mal consegue andar, mas ainda assim continua.
O tempo passa...
E o crepúsculo cai sobre aquela terra.
Rute agora caminha puxando a maca quase inconsciente também. Não vê o caminho à frente, e seus olhos se esforçam para não se fecharem.
RUTE
Precisamos... chegar... Precisamos... Senhora Noemi... Falta pouco... Belém... é logo ali...
Devido à sua condição, Rute acaba pisando no rabo de uma cobra, que imediatamente morde sua perna. Rute assusta minimamente e olha, mas a cobra já a soltou e foi embora. Ela franze o cenho de dor, mas não diz nada... Mal entende o que está acontecendo... Apenas segura a corda e puxa a maca.
RUTE
Vamos, senhora Noemi... Precisamos ir... Estamos chegando...
Ela está cada vez mais e mais fraca.
RUTE
Deus... nos ajudará... Não durma...
Rute fecha os olhos de vez e ainda caminha alguns passos assim.
RUTE
Não durma... Senhora Noemi... Estamos chegando...
Seus braços fraquejam e ela solta a corda, fazendo a maca cair de vez no chão. Nela, Noemi continua adormecida.
Rute, de olhos fechados, mas ainda de pé, murmura.
RUTE
Estamos perto... Senhora...
Então ela desaba e cai desacordada.
As duas ficam ali caídas e adormecidas em meio à escuridão do deserto. IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: Zylom ordena que busquem uma feiticeira para decifrar seu sonho. Leila tenta contar a verdade para Aylla. Noemi e Rute acordam em um lugar inesperado.




Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.