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A Promessa - Capítulo 57 (Últimos Capítulos)



A Promessa
CAPÍTULO 57
Últimos Capítulos


webnovela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

livre adaptação do livro de Rute
poema sobre “a mulher virtuosa” adaptado de Provérbios 31


No capítulo anterior: Rute e Noemi acordam em uma aldeia próxima a Belém. Um casal de idosos, Margarida e Eloã, dizem que elas foram achadas nos arredores pela manhã. Zylom solicita a Myra a presença de astrólogos e feiticeiros de outros reinos para interpretarem o seu sonho. Tamires tenta ficar com Neb, mas ele sai decidido a trabalhar. Zylom tenta convencer Orfa a contar para qual cidade Rute e Noemi foram, mas não consegue; manda cortarem uma de suas refeições diárias. Leila começa a contar a verdade para Aylla, mas não consegue completar. Noemi fala para Rute sobre a lei do remidor, e diz que independentemente dessa lei, sabe que Rute vai se casar. Poucos depois, elas partem da aldeia. Boaz sugere a Josias que ele aproveite a época de colheita e faça algo para conquistar o pai de sua amada, Jurandir, e o amigo aceita. Próxima da cidade, Noemi hesita em entrar, mas Rute diz que farão isso juntas. Rute admira a cidade enquanto os belemitas olham Noemi, alguns reconhecendo-a. Tani passa por ali e paralisa ao ver sua amiga: “Noemi?!”.
FADE IN:

CENA 1: INT. CASA DE BOAZ – SALA - ANOITECER

Josias, sentado à mesa, está pensativo. Boaz chega ali servindo vinho para os dois.
JOSIAS
É uma pena...
BOAZ
O que é uma pena, Josias?
Boaz senta na outra cadeira e Josias olha para ele.
JOSIAS
Que nós dois ainda estamos solteiros.
Boaz ri enquanto bebe.
BOAZ
Olha, seria muito bom se eu encontrasse a mulher certa logo, mas não tenho essa pressa.
JOSIAS
Mas eu tenho. Não quero casar velho não, Boaz. Não dá para desfrutar da vida à dois da mesma forma...
Boaz ri.
BOAZ
Ah, Josias... Acho que, apesar de tudo, você e eu estamos um pouco longe de sermos velhos.
JOSIAS
(rindo) É, você tem razão.
Eles bebem mais vinho.
JOSIAS
Boaz... O que é a mulher certa para você? O que ela precisa ter?
Boaz ri.
BOAZ
Pergunta difícil a sua, hein... Mas vamos lá... (pensando) A mulher certa... para mim, é a mulher virtuosa. É aquela em que o coração do marido está totalmente confiado.
JOSIAS
Essa não seria a pessoa certa? (ri) Todos os hebreus deveriam ser assim, confiáveis.
BOAZ
Sim, Josias, mas tem mais. A mulher virtuosa... é forte. Ela olha pelo governo de sua casa, não come o pão da preguiça. Seus filhos a chamam de bem-aventurada e seu marido a louva dizendo: “Muitas fazem obras de maneira virtuosa, mas você... você é superior.”.
JOSIAS
Uau... E eu pensando que ouviria algo sobre a formosura, a beleza...
BOAZ
A beleza é importante, mas não é o essencial; é vaidade. Mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Josias, os vestidos da mulher virtuosa são a força e a glória. E ela não se aflige pelos dias futuros, porque sabe que toda a sua vida... está nas mãos do Senhor. Ela abre a sua boca com sabedoria, e a lei da bondade está em sua língua.
Josias o ouve admirado.
BOAZ
Essa mulher... é bondosa. Abre sua mão ao aflito, e ao necessitado as estende em auxílio. Ela não teme trabalhar, servir... pois está revestida de força. A mulher virtuosa... ela lhe faz bem, Josias, e não mal... todos os dias de sua vida.
JOSIAS
Uau, uau, uau... Boaz... Isso é lindo! Até me emociono... fico pensando em Diana...
Boaz ri e, contente, encara o seu vinho.
JOSIAS
Mulher assim, para você... onde se achará?!
Boaz ri.
BOAZ
Ah, Josias, eu tenho certeza que elas existem. Estão aqui, lá, por aí... Só não tive a oportunidade de conhece-la de forma suficiente ainda.
JOSIAS
O valor de uma mulher assim... excede o de muitos rubis!
Rindo, Boaz faz que sim.
JOSIAS
Bom, agora eu já vou. Vou pensar um pouco em como agradar o pai da minha virtuosa.
ABERTURA

CENA 2: EXT. BELÉM – ENTRADA DA CIDADE – ANOITECER

Sorrindo, Rute olha de Noemi para Tani, lá na frente.
RUTE
Senhora... Essa é a sua amiga Tani?
Nesse instante, Tani larga tudo e corre a toda velocidade até Noemi, agarrando seu pescoço e quase derrubando a amiga em um braço apertado. Elas riem e choram ao mesmo tempo.
TANI
Noemi!...
Rute sorri. O povo, curioso, observa, e mais chegam. Josias passa por ali e nota a movimentação. Então se aproxima.
NOEMI
Como eu senti sua falta...
Em lágrimas, Noemi e Tani se soltam e se encaram sorrindo.
TANI
É real? É você mesma?!
NOEMI
Sou eu, minha amiga. De volta para casa...
Tani sorri e a abraça mais uma vez. Josias chega ali.
JOSIAS
(simpático, para Rute) Shalom...
Rute faz um reverência com a cabeça.
RUTE
Shalom.
Elas se soltam.
TANI
Minha amiga... Minha amiga está de volta!
Noemi sorri e limpa as lágrimas.
Tani, um tanto preocupada, pega as mãos de Noemi.
TANI
Noemi... Onde estão... Malom e Quiliom?...
Noemi começa a chorar. Tani se aflige, parece entender perfeitamente. Logo chora também...
NOEMI
O Senhor... também os levou...
TANI
(soluçando) Não...
Tani mais uma vez abraça Noemi com extrema ternura. Os olhos de Rute, vermelhos, lacrimejam. Josias as observa.
Tani, emocionada, olha fixamente nos olhos da amiga.
TANI
Eu sinto muito... Eu sinto muito, Noemi...
Noemi faz que sim e tenta diminuir o choro.
TANI
Não esperava... por tudo isso...
Noemi aperta as mãos de Tani como querendo dizer para ela ficar tranquila. Tani então olha para Rute, e de volta para Noemi.
TANI
Quem é ela?...
NOEMI
Ela... é o oásis no meu deserto de dor.
Rute a observa com carinho.
NOEMI
Rute, minha nora... Viúva de Malom.
Tani vai até Rute e pega as mãos dela com delicadeza.
TANI
Seja bem-vinda a Belém, filha.
Rute faz outra reverência com a cabeça.
RUTE
Obrigada, minha senhora.
Tani sorri minimamente.
TANI
E a outra? Orfa?...
NOEMI
Orfa preferiu ficar em Moabe... e recomeçar sua vida.
O burburinho das pessoas ao redor começa a aumentar e a ficar mais entendível.
BELEMITA
...Noemi?...
BELEMITA 2
...de Elimeleque, um dos...
BELEMITA 3
Foi embora há muito tempo...
BELEMITA 4
...não sei se é mesmo...
BELEMITA 5
...me lembro, é ela...
BELEMITA 6
Não é esta Noemi?
BELEMITA 7
...Noemi...
Neb, atraído pela aglomeração, passa por ali. Ao notar Noemi, para e olha com o cenho muito franzido.
NEB
Noemi?... Noemi, é você?!
Noemi está visivelmente abatida; olha para baixo.
TANI
Minha amiga!... O que foi?...
Noemi olha para Tani e para o povo.
NOEMI
(chorosa) Ver todos vocês... fazendo isso... não me faz bem...
Neb e o povo estão confusos.
TANI
Não entendo, Noemi...
NOEMI
(com desdém) “Noemi”...
Eles a encaram sem entender.
NOEMI
Sabem o que significa esse nome? Encantadora... Aprazível... Amável...
Rute sorri um pouco.
NOEMI
Todas características das flores do campo... Mas eu... (chora mais) O meu espírito está distante das flores e... próximo às amargas águas de um lago pantanoso.
Tani a olha com muito pesar. Balança a cabeça como que implorando para que ela não diga essas coisas.
NOEMI
A partir de agora que eu estou de volta, que vou tentar recomeçar... não me chamem de Noemi. Chamem-me de Mara, que significa amarga.
TANI
Noemi--
NOEMI
(interrompendo) Porque grande amargura me tem dado o Todo-poderoso.
Os belemitas não gostam do que ouvem.
TANI
Noemi, eu entendo, mas pense no que está dizendo...
NOEMI
Não, Tani... É essa a verdade. Cheia parti de Belém... mas vazia o Senhor me fez voltar. Por que me chamariam de Noemi, que não tem nada a ver comigo?! (traços de raiva) O Senhor testemunha contra mim! Deus!... O Todo-poderoso tem me afligido muito!
TANI
(se aproximando, tocando-a nos braços) Deus!... é bondoso, é misericordioso... doce...
NOEMI
(sorrindo e chorando) Com você, com os outros... Mas não comigo.
Rute se aproxima mais e fica ao lado dela, abraçando-a.
TANI
Como que Deus poderia ser ruim com você, Noemi, se deixou ao seu lado uma nora?! Quantos filhos fariam isso?! Poucos!
Noemi olha para os olhos de Rute.
NOEMI
Rute é a bênção de minha vida... A única coisa de boa que restou.
Tani respira fundo e dá uma olhada no povo ao redor.
TANI
Noemi... Eu vou leva-las à sua casa.
NOEMI
Tudo bem.
TANI
Vamos.
Rute entrelaça seu braço com o de Noemi e ambas seguem Tani, que abre caminho pelos belemitas. Neb as observa por mais alguns instantes e vai embora. O povo ainda comenta, aponta, murmura... e elas continuam.
Noemi anda quase que alheia às pessoas ao redor, e Rute ainda parece um tanto admirada.

CENA 3: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE TAMIRES – NOITE

Tamires está arrumando suas roupas quando Neb abre a porta, entra, e fecha-a na cara dos guardas no corredor.
NEB
Tamires!... Você não vai acreditar em quem está de volta à cidade!
Tamires o olha. Franze o cenho.
TAMIRES
Quem?
NEB
Tente acertar!...
TAMIRES
Segismundo?!
NEB
Não!...
Tamires se levanta.
TAMIRES
E eu lá sou alguma feiticeira para adivinhar, Neb?! Fale de uma vez!
NEB
Escute só: Noemi.
TAMIRES
QUÊ???!!!
Tamires cai sentada na cama. Neb se aproxima.
NEB
É isso mesmo que você ouviu!
TAMIRES
Noemi está de volta?!
NEB
Ela e sua nora...
TAMIRES
E o que é que ela está fazendo aqui?! Por que voltou de Moabe?!
NEB
Não faço ideia, só sei que a cidade está um alvoroço.
TAMIRES
(baixinho) Então a maldita viúva voltou... Pronto... Agora sim vai ficar fácil acabar com ela de uma vez por todas...
NEB
Do que você está falando?...
TAMIRES
Ahn, nada, Neb. Só estou pensando alto, alto demais!
De pé, ele a encara. Ela o olha.
TAMIRES
Eu estou um pouco... eufórica! Aqui por dentro... Por causa dessa notícia que você me deu. (sorri) Preciso satisfazer essa sensação!
Ela se aproxima dele de uma vez e intenta agarrá-lo, mas ele se esquiva.
NEB
Não, Tamires.
TAMIRES
Quê? Por que está fazendo isso comigo, Neb?! O que foi dessa vez?!
NEB
Preciso ir, preciso aproveitar o alvoroço nas ruas para vender os meus produtos.
Indignada e com as mãos na cintura, Tamires observa ele pegar suas coisas.
NEB
Shalom.
Neb então abre a porta e sai. Tamires fica ali, indignada.

CENA 4: INT. CASA DE BOAZ – SALA – NOITE

Boaz está à mesa analisando os relatórios das plantações quando Josias volta da rua.
JOSIAS
Boaz...
Boaz olha para ele.
BOAZ
Sim?...
JOSIAS
Boaz, você se lembra daquela mulher chamada Noemi?... Esposa do primo do seu primo...
BOAZ
Sim, sim, claro... Eles saíram de Belém na mesma ocasião em que chegamos.
JOSIAS
Exatamente.
BOAZ
Tani e ela são grandes amigas. Elas mantém contato por carta.
JOSIAS
Isso. Já faz muito tempo que ela foi embora, não é?
BOAZ
Estamos aqui há 10 anos... Bastante tempo.
JOSIAS
Pois bem. Eu voltei da entrada da cidade... E ela estava lá.
BOAZ
Noemi? Mesmo?!
JOSIAS
Sim, ela voltou para Belém. Está com sua nora, também viúva.
BOAZ
Que coisa... Tani nem comentou nada...
JOSIAS
Ah, se Tani soubesse certamente teria espalhado para nós todos. Ela deve ter vindo sem anunciar.
BOAZ
Poxa, que notícia boa...
Mas seu semblante então muda para pesar.
BOAZ
Pobre Noemi... e sua nora. Ter que voltar sem seus maridos... Principalmente Noemi, que viveu tantos anos aqui com ele. Não sei se lembra, mas Tani demorou a sair do período de luto. Ela e Elimeleque já haviam trabalhado juntos, quando eram jovens, em uma caravana de comerciantes.
JOSIAS
Eu me lembro que ela demorou para se recuperar. Foi pesado para ela receber a notícia por carta.
BOAZ
Eu sou parente de Noemi. Ainda que distante...
JOSIAS
Boaz... Então não seria você o remidor da família?
BOAZ
Não, acredito que não. Neb é o mais próximo da família. Ele é primo de Elimeleque em primeiro grau.
JOSIAS
Neb vai gostar de saber disso. Poder comprar boas terras por um preço justo...
BOAZ
É, mas tem o casamento, também.
JOSIAS
Sim...
BOAZ
Ainda bem que é Neb o remidor. Imagine só, se casar com uma pessoa apenas pela obrigação da lei... Ainda mais alguém como eu, que busca a mulher certa, a mulher preparada por Deus.
JOSIAS
Se você fosse o remidor, não cumpriria com sua obrigação?
BOAZ
É claro que eu cumpriria. A lei é do Senhor. Me casaria e amaria a viúva de todo o meu coração. Mas... se eu pudesse escolher... não faria assim, dessa forma. Ainda bem que há o Neb...
Josias ri.
JOSIAS
Ainda bem.

CENA 5: EXT. CASA DE NOEMI – ARREDORES – NOITE

Com parte do povo ainda as acompanhando, Tani, Noemi e Rute se aproximam da antiga casa de Noemi. Ao ver a residência, um caminhão de nostalgia a atinge e ela chora. Rute e Tani a ajudam a continuar.
Elas se aproximam mais. Tani abre a porta com cuidado e Noemi, chorosa, observa. Tani entra na frente.
RUTE
Entre em sua casa, senhora Noemi...
Segurada por Rute, Noemi entra devagar. Observa a tudo com os olhos marejados, mas bem abertos. Tani acende alguns pontos de fogo e Noemi consegue observar a tudo.
TANI
Eu tenho cuidado da casa em todos esses anos, mas nem sempre posso... Ainda mais agora, em época de colheita... Se eu soubesse que viria, Noemi, teria limpado tudo.
Apesar de um pouco de poeira e algumas teias de aranha, a sala vazia está bem conservada para uma casa que passou 10 anos sem habitantes. Rute então fecha a porta.

CENA 6: INT. CASA DE NOEMI – SALA – NOITE

Noemi dá mais alguns passos. Parece hipnotizada pelas paredes, pelos cantos, pela escadaria... Vozes de pessoas, dos filhos, de Elimeleque, de conversas jogadas fora, de risadas, parecem emergir do passado distante...
Rute leva Noemi até a mesa.
RUTE
Sente-se, Noemi. A senhora precisa... Caminhamos tanto...
Noemi se senta, respira fundo e continua a observar a tudo.
NOEMI
Estamos acabadas...
Tani volta da cozinha.
TANI
(preocupada) O que está dizendo, Noemi?...
NOEMI
Disse a Rute que estamos acabadas. Não temos nada.
Tani a observa por alguns segundos.
TANI
Darei jeito de ajuda-las.
NOEMI
De jeito nenhum, Tani! Não é justo! Onde que--
TANI
(interrompendo) Imagine que eu deixaria minha amiga sem nada! Vou falar com o senhor Boaz ainda hoje!
NOEMI
Não!
Tani franze o cenho.
NOEMI
Nós vamos nos virar com o que temos.
Rute respira fundo.
RUTE
Senhora Tani... Será que a senhora pode levar Noemi para descansar e respirar em algum lugar tranquilo? Vou tentar organizar nossas coisas, limpar a casa no que der...
TANI
Você não quer ajuda? Eu já estou acostumada a limpar essa casa.
RUTE
Acho que minha sogra precisará da senhora mais do que eu.
TANI
Tudo bem... Vamos, minha amiga.
Noemi olha para Rute.
NOEMI
Deus te abençoe.
RUTE
Amém.
Rute beija a mão de Noemi, que se levanta e sai emocionada e devagar com Tani.
Rute, preocupada com Noemi, olha para os lados, pensando por onde começa.
Nas horas seguintes, Rute limpa a sala, a cozinha, os quartos em cima, organiza as coisas pessoais que elas trouxeram, decora os cômodos com as poucas coisas que elas têm...
Noemi e Tani voltam.
TANI
Nossa, a casa pode não ter muita coisa... Mas está brilhando!
Rute sorri.
NOEMI
Rute é caprichosa. A casa dela em Moabe era mais limpa que o palácio do rei.
Elas riem.
RUTE
Bom... Eu gostaria agora que nós orássemos. Agradecendo pela viagem, pelos livramentos, por termos chegado bem, em paz...
NOEMI
Isso é mesmo necessário?
Tani aperta os beiços com pesar.
RUTE
(paciente) Sim.
Noemi respira fundo.
NOEMI
Então vamos...
Elas se ajoelham e fecham os olhos. Noemi então respira bem fundo... e abre a boca para começar a orar, mas é interrompida por Rute. Surpresa, Noemi abre os olhos e olha para a nora.
RUTE
Senhor, nosso eterno e bom Deus, Pai Criador dos céus e da Terra!
Rute continua. Noemi não esperava que ela fosse tomar a frente e orar... Então fecha os olhos e escuta a oração de gratidão de Rute.

CENA 7: INT. PALÁCIO – PRISÃO – NOITE

Sozinha na escuridão e umidade de sua cela, Orfa, meio deitada, meio sentada, olha para o alto enquanto ora aos seus deuses. Lágrimas escorrem de seus olhos e riscam seu rosto pálido.
ORFA
Baal, deus dos deuses... Grande e supremo... Absoluto e inigualável Baal... Tenha piedade, ouça a oração dessa tua serva... Já há muito tempo estou aqui... trancafiada, abandonada... injustamente... Tu sabes...
Ela funga muito.
ORFA
Eu te peço apenas que seja como nas histórias a teu respeito... Arranca-me desse lugar... Ou use de sua esperteza para me livrar dessa prisão... Minha alma está angustiada... Não aguento mais sofrer... Não está sendo fácil... Por favor...
Sem forças, Orfa cai de vez e, deitada, chora amargamente.

CENA 8: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA

A noite passa... e um novo dia amanhece.
Sentadas à mesa, Noemi e Rute comem pão e frutas.
RUTE
Hum... Eu estava morrendo de fome... Sem falar da saudade desse sabor... E vou falar que o pão daqui é ainda mais delicioso. A textura também, hummm... Que perfeito! Tani foi muito generosa em nos trazer essas porções. Pude presenciar todas as coisas boas que a senhora dizia sobre ela.
NOEMI
É, Rute, mas eu não quero ficar dependendo de ninguém.
RUTE
Senhora... Não seja assim...
Noemi engole em seco.
NOEMI
Desculpe... Vou tentar passar menos a minha amargura para você. Não merece ouvir isso.
Rute então parece se lembrar de algo.
RUTE
Senhora... é isso!...
NOEMI
O que foi, Rute?...
RUTE
O que a senhora me falou sobre os estrangeiros, sobre pegarem as sobras das colheitas...
NOEMI
Hum...
RUTE
É início da colheita de cevada, começa hoje!
NOEMI
Já entendi. Quer que eu vá pegar desses restos, pois a lei é para os estrangeiros e para os necessitados.
RUTE
Não quero que a senhora vá.
Noemi franze o cenho.
RUTE
Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás do trabalhador que me permitir.
Noemi a encara. Sorri minimamente enquanto respira fundo bem devagar.
NOEMI
Vai, minha filha.
Rute, animada, sorri. IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: O Assassino ataca a vila da Caravana da Morte. Josias presenteia Jurandir. Começa a colheita de cevada em Belém, e Rute acaba nos campos de Boaz.



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