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Primeira Impressão com o Senhor X - Crítica "Rico Coração" - Tem2Pro09

 

Saudações, mancebos! Sejam todos muito bem-vindos a mais programa dominical de críticas do Mundo Virtual. Tudo bem com vocês?

Bem, apesar de uma crise alérgica própria desse planeta que me acomete todo ano desde os milhares de anos que aqui estou, me encontro bem o suficiente para não faltar mais esse domingo e entregar uma nova crítica a vocês. Ah, e não pensem que me esqueci, em breve teremos sim o programa com crítica dupla. Será no próximo? Ainda nesse mês? No final do ano? Aguardem. Mas vamos logo ao que interessa.

E a crítica de hoje é sobre Rico Coração, escrita por Diego Silva e exibida no Ranable Webs. Confiram a sinopse:

Luis Carlos é um empresário rico, proveniente de uma família nobre, a família Perez Huerta. Ele é filho de Estela e Raul, uma mulher voltada para a riqueza. Luis  Carlos tem três filhos: Marcelo, o mais velho, Catarina, a do meio, e Enzo, o mais novo, todos passando por conflitos, principalmente após a morte da mãe. Tudo muda quando Luis Carlos conhece Amanda, mãe solteira do pequeno Nicolas e secretária da Empresa Huerta. Leôncio é o irmão invejoso de Luis Carlos e arruma um plano para conquistar seu lugar na Empresa, pois o testamento de Raul o retirou de todas as propriedades. Vocês irão se divertir nessa história repleta de intrigas e comedia.

Quem acompanha o Primeira Impressão desde a temporada passada sabe bem que o que me atraiu na cultura escrita humana, dos papiros e páginas aos posts de Internet, foi nada mais, nada menos que a terrivelmente divertida esperança humana. “Divertida”. Há de ter uma razão para que esse adjetivo seja utilizado por mim ao caracterizar tal marca da humanidade, e de fato há. Para além do claro significado de entretenimento e lazer, “diversão” também está ligada à mudança de uma determinada direção, do ódio à raiva, da rivalidade à união, da derrota à persistência no caso da humanidade e, no nosso caso, da tristeza ou indiferença à alegria.

E qual é o objetivo dos autores e realizadores de uma comédia – seja ela em audiovisual ou literatura – senão trazer a alegria para o seu público? Algumas obras vão além e na verdade utilizam a comédia para adentrar os terrenos das discussões ideológicas, dos temas sociais, das causas em pauta, ou seja, para passar uma mensagem que seus autores julgam relevante. Mas, com ou sem uma causa maior, a comédia precisa, acima de tudo, fazer rir. Quão grande fracasso é para um comediante, ao invés do som arrebatador de uma plateia se dobrando de gargalhar, ouvir o mais absoluto e cruel silêncio. Alecrinus, um sujeitinho pretensioso da Roma de 102 d.C., se suicidou após 3 piadas nada pretensiosas que fizeram metade do público do Coliseu cochilar; trágico. Mas podem também as webproduções se encaixar no gênero da Comédia e fazer seus webleitores rirem? Bem, ao menos é essa a principal proposta de Rico Coração, webnovela cuja estreia analiso hoje.

O autor, Diego Silva, já marcou presença aqui no programa por duas vezes, a primeira com Força de um Sonho e a segunda com Páginas do Amor, e já de início é possível notar um terceiro degrau de evolução percorrido pelo mesmo, uma vez que o capítulo começa apresentando uma noção de linguagem cinematográfica um tanto mais avançada, já que o intuito do autor com suas obras é que os leitores imaginem algo próximo a uma obra filmada, como se utilizasse dos recursos da mesma. Por outro lado, apesar de a obra ser “vendida” como tendo uma história original, ao final da estreia fica claro como água qual será o mote principal, o que é um ponto positivo para a apresentação de premissa, mas também deixa escancarada uma história clichê a ser contada. Querem ver só? Luis Carlos, que no prólogo é apresentado perdendo a esposa Daniela para uma grave doença, e que quando os anos se passam é introduzido como presidente da empresa da família e de boa índole, certamente terá um interesse amoroso com a mocinha e protagonista Amanda, que no prólogo enfrenta as acusações do pai e o apoio da mãe após descobrir que está grávida e que será mãe solteira, e que anos depois, insatisfeita com seu trabalho em um açougue onde precisa atrair clientes fantasiada de galinha, procura emprego justamente na empresa onde preside Luis Carlos. O autor ou quem leu/lerá o restante da novela pode me cobrar.

Aliás, essas cenas iniciais que compõe o prólogo – que se passa em 2009 – acabam por deixar na verdade um sabor agridoce na mente degustativa do leitor, já que os últimos momentos de Luis Carlos com a esposa Daniela são uma das coisas mais tristes que já li no Mundo Virtual. E alguns de vocês podem até dizer que isso é subjetivo, mas como podem negar um nó na garganta diante de uma cena em que o marido, pensando que a esposa está cochilando ou até dormindo profundamente, a elogia?... Tudo bem que pouco antes o mesmo Luis Carlos deixou a entender que a necessidade de Daniela ficar viva era “tomar conta dos nossos filhos”, mas prefiro pensar que isso foi apenas uma falta do autor, que não expressou seu personagem de forma apropriada naquele momento. Bem, ao menos não é essa triste cena a inicial, e sim a de Amanda descobrindo que está grávida. Aliás, é ela quem tem mais presença nesse prólogo; ainda bem, não é mesmo? Apesar de suas cenas ali serem conduzidas com leveza, a comédia ainda não se mostra tão presente.

E a bem da verdade é que não há nenhum momento nesse capítulo que faça o leitor rolar de rir, mas é inegável a presença de situações cômicas ou absurdas que soam divertidas e engraçadas, e o melhor: sem comprometer a narrativa. Por exemplo: parte da história de Amanda após o salto temporal é sua insatisfação em seu atual emprego. E o conjunto da fantasia de galinha com as cobranças do chefe caricato compõe a situação absurda com potencial cômico. Outro momento, o mais divertido da estreia, é quando os 3 filhos adolescentes de Luis Carlos se acotovelam para o atazanarem com seus pedidos e anseios, culminando na “explosão” do pai à la Quico do Chaves. A importância do momento para a narrativa? O estabelecimento de que Luis Carlos ainda encontra dificuldade em criar sozinho seus filhos, e que obviamente ele está solteiro – o que abre um caminho direto para a minha aposta de que ele se envolverá com Amanda no futuro próximo.

Mas se esse salto temporal é importante para a trama, pois a situa no tempo em que a história precisa ser contada, igualmente deficiente o é em termos de clareza acerca do tempo exato que se passou desde o fim do prólogo, que se situa em 2009. Nicolas, o filho de Amanda, é introduzido sem ter sua faixa etária revelada, o que impossibilita a existência de qualquer pista acerca da quantidade de anos saltados. Estamos vendo uma criança ou um mancebo no auge da adolescência? Aliás, falta de apresentação dos personagens é uma constante aqui, não só como nas duas obras  anteriores do autor que analisamos como também na maioria das produções do Mundo Virtual. Mas é agora que eu quebro as expectativas de vocês, mancebos, pois pela primeira vez desde o início do programa eu arrisco dizer que essa característica, exclusivamente nessa estreia, não compromete de todo a obra, e o motivo é muito simples: tal problema é compensado pelo contexto de cada cena e pela ambientação da mesma (excetuando, é claro, a cena em que aparece o garoto Nicolas). Por exemplo: uma mulher numa clínica relacionada à gestação, um homem na presidência de uma empresa, um adolescente em uma escola, etc. São casos em que conseguimos ter uma boa noção de como os personagens são fisicamente, alguns desses funcionando como arquétipos. Salvo? Sim, mas por um triz.

Outro livramento por pouco que ocorre nessa estreia é o dos diálogos, que aqui ainda carregam aquele estilo expositivo visto nas duas obras anteriores que criticamos, estilo esse onde coisas óbvias para os personagens são ditas apenas para que o leitor tome conhecimento; uma técnica nada orgânica e, por isso, equivocada. Mas esse problema aqui é um pouco amenizado por se tratar de uma comédia. Não que exemplares do gênero sejam naturalmente inferiores, que aceitem problemas, mas há algumas características que, destoando em um drama realista, por exemplo, soam mais localizadas quando vistas em uma comédia, soam como parte da proposta da obra.

Essa estreia também traz algumas surpresas, como o ótimo nível da ortografia, nesse quesito superior a obras consagradas do MV; e a pontuação não fica muito atrás. E, no final das contas e diante disso tudo, o capítulo se mostra uma estreia leve e com núcleos melhor organizados que naquelas obras anteriores do autor. Núcleos esses que, ao final da leitura, o leitor sabe quais são suas relações uns com os outros, de forma que não haja núcleos de personagens avulsos. E todo esse conjunto de acertos apontados na crítica também permite que mais da verdade e da alma do autor apareça nas linhas da obra. Bem, senão em humor, ao menos rica do que está no coração do autor podemos dizer que essa estreia é.










Novela: Rico Coração

Autor: Diego Silva

Capítulos: 20

Emissora: Ranable Webs

Clique aqui para ler o 1° capítulo

Saiba mais sobre a novela


Agora vocês me contam: já leram essa novela? O que acharam da mesma? E concordam ou não com a crítica? Gostaram? Digam tudo nos comentários.

Bem, vamos ver agora o comentário do autor da obra criticada no programa passado. Vejamos:


        Por nada, Vitor. Eu é que agradeço pela obra que proporcionou nossa análise e também pelo retorno como réplica, algo sempre bem-vindo nesse programa. Sobre a questão das características físicas dos personagens... O que acontece é que muitas-- não! Diversas obras do Mundo Virtual “constroem” a primeira aparição de vários de seus personagens apenas dizendo algo como “João levanta da cama e vai ao banheiro”, sem um mínimo de descrição sobre essa figura, no caso chamada João. E lendo apenas algo como essa frase o leitor não consegue visualizar se João é um mancebo, um adulto ou mesmo um homem de meia-idade, por exemplo. Quando temos sorte ainda conseguimos pescar, como leitores, pistas que aí sim nos possibilitam ter um vislumbre melhor da figura cuja história estamos acompanhando. E entendo que na página da websérie há um espaço para que os leitores confiram os atores que você, como autor, imaginou interpretando os personagens, o que realmente facilita a imaginação. Mas uma obra precisa se sustentar individualmente, por si só, assim como, por exemplo, uma adaptação cinematográfica não pode exigir de seu público conhecimento prévio do livro no qual se baseia – a não ser que fosse o caso de algo mais experimental, onde obra e outros meios se complementassem, mas aí haveriam avisos, indicações de links em ambas, e não é o caso. Bem, quanto a Emerenciano, de fato se mostrou um personagem com muito potencial, acredito que fará uma oposição interessante ao protagonista Domênico. E em relação às cenas de sexo, fico contente que hoje tenha uma visão mais crítica. Como eu disse no texto: não se trata da natureza dessas cenas, mas da sua utilidade para a narrativa. Pois a última cena do tipo nesse capítulo de estreia realmente ajuda a história a ser contada, está intimamente ligada à trama (ao menos é o que parece). Vitor, muito obrigado pela participação e aguardo novas obras suas. Foi um prazer!

           Bem, e se alguém perdeu o programa passado, basta clicar aqui para lê-lo. E qualquer sugestão de novas obras para analisarmos aqui no programa podem ser feitas nos comentários abaixo.

           Mas por hoje é só, queridos. Fiquem bem, fiquem tranquilos, se mantenham seguros e até o próximo domingo com mais um Primeira Impressão!


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