Saudações! Sejam todos os
mancebos muito bem-vindos a mais um Primeira Impressão!
Como vocês estão? Espero que
bem. Gostaria antes de tudo de parabenizar a todos os trabalhadores desse país
e das outras nações desse planeta. O dia de vocês foi ontem, mas ainda está
valendo. Que continuem nessa força e nessa garra, movendo e colocando para
frente essa sociedade.
Bom, mas agora cabe a mim
fazer o meu trabalho, que é criticar. Não, eventuais leigos presentes, o papel
do crítico não é criticar no sentido pejorativo, destrutivo, mas no sentido
construtivo, reconhecendo erros e acertos, tentando apontar para qual direção
seria melhor que autores e realizadores fossem em prol do sucesso artístico de suas
obras. Dito isso, vamos lá?
A crítica de hoje é sobre A
Teia, escrita por Mario Viegas e Lili Alves e exibida no Megapro. Confiram a
sinopse:
“A trajetória de Rui
Andrade, um jovem rapaz em busca de justiça pela morte de seu pai, Marco
Andrade, e de sua amiga, Lâseja. Uma trama cheia de teias que precisam ser
desembaraçadas para serem entendidas”.
Se tem uma coisa que aprendi
em meus anos de explorador em meu planeta é que o queijo é do rato, o rato é do
gato, a ração é do cachorro e a lasanha do ser humano. É claro que tudo isso
não existe em meu planeta, apenas adaptei para a realidade terráquea. Mas a
mensagem é uma só: cada coisa é destinada à outra específica. E basta apenas 1
página de leitura da estreia em questão para o leitor pensar que esse
capítulo não foi escrito pensando no leitor comum do Mundo Virtual, mas sim que
o roteiro de alguma produção televisiva se perdeu no caminho e foi parar no
site onde está hospedado. Para alguns isso pode parecer um elogio, mas não vejo
assim uma vez que grande parte da experiência aqui foi prejudicada justamente
por essa característica.
Vejam bem, não quero dizer
que obras do Mundo Virtual não podem ser escritas no estilo de roteiro; pelo
contrário, muitas são e até foram merecidamente elogiadas aqui, em
programas anteriores. O grande problema desse capítulo nesse aspecto é
que tudo é roteirizado demais! Às vezes se assemelha mais com uma
receita de bolo do que com uma obra permeada de emoções. São dezenas de “Close shot”,
“POV de...”, “Volta à cena”, “Corte descontínuo”, “Efeito”, “Insert”, “Cam
segue...”, “Corte para”... Até avisos para sonoplastia e edição há! “Ah, Sr. X,
mas foi exatamente isso que os autores quiseram fazer: um perfeito roteiro
audiovisual”. Certo, entendo e concordo. Mas aí voltamos à história de cada
coisa ser destinada a outra específica. Essa obra foi destinada a uma equipe de
filmagem, a um set de gravação? Ou a uma emissora do Mundo Virtual, tendo como
público não profissionais da sonoplastia, da edição, do dia a dia do set, mas
sim leitores comuns como vocês? Pois em uma leitura comum todas essas inserções
no texto mais atrapalham o mergulho no universo criado pelos autores do que
ajudam. Se pegarem outras obras do tipo que foram criticadas aqui, verão que
elas também têm algumas dessas características de roteiros, mas não de forma
tão exagerada.
O problema se agrava quando
chegamos às sequências onde diversas coisas acontecem em um curto texto. São
muitas ações em um só parágrafo, sem tempo para o leitor absorver o que está
acontecendo, sem a inserção de um novo parágrafo para aumentar a tensão, tudo
contribuindo para a emoção ser minimizada. E isso também está ligado à ideia de
se roteirizar demais, de forma que o leitor fique completamente indiferente aos
personagens, ao peso das ações, às consequências daquilo tudo. Se uma equipe de
filmagem pegasse o roteiro, muito provavelmente sequências bem realizadas
seriam filmadas e editadas, conforme estava na cabeça dos autores. Mas
como o destinatário é o leitor, o que os autores pretendiam que esse sentisse
acaba não acontecendo. Veem agora por que as coisas precisam ter seus destinos
corretos?
Bom, para um capítulo tão
detalhista em termos de roteiro era de se esperar que, diferente da maioria das
obras do Mundo Virtual, essa apresentasse muito bem seus personagens, deixando claro
principalmente suas faixas etárias. De início isso até acontece com os
personagens Marcos e Zé, os dois primeiros a aparecerem. Marcos chega a ter sua
aparência física descrita, o que é muito bem-vindo. Mas, com a chegada de Rui,
isso cessa, e nunca mais no capítulo volta a acontecer, cabendo ao leitor criar
uma imagem do zero para cada personagem. Não sei porque os autores desistiram
de apresentar devidamente seus personagens após os 2 primeiros, pois pelo que
fizeram com esses, certamente poderíamos ter imagens bastante sólidas em nossas
mentes enquanto lêssemos a obra.
Ainda no campo dos personagens,
se eu fosse chutar após a leitura do capítulo, diria que Mário é o protagonista
da novela, uma espécie de anti-herói, pois é ele quem protagoniza a maior parte
do capítulo, e, mais importante, é ele quem está nos momentos mais relevantes
da história. Rui, protagonista notório apenas pela sinopse, não realiza praticamente
nada de relevante para o cargo narrativo que ocupa, soando, no final das
contas, mais como um coadjuvante. E se estamos falando de uma estreia, precisamos
de um foco maior no protagonista, de forma a conhecermos o início de seu arco
narrativo, de sua jornada, de seus conflitos, de seus objetivos. Ao menos o tal
Mário e também sua mãe Elisa, essa com pouca participação, são interessantes de
se acompanharem, mesmo caricatos; acaba por ser uma caricatura que funciona.
E isso está diretamente
ligado aos diálogos. Esses são o ponto mais forte do capítulo de estreia, por
onde o leitor consegue um mergulho mais significativo no universo da novela,
entendendo melhor os personagens e a história. Ao menos a história que está sendo
contada naquele momento específico, pois a grande história, a principal da
novela, não é identificada aqui. Claro, isso não é de se estranhar uma vez que
Rui, o protagonista oficial, é escanteado pela relevância narrativa. E o final
do capítulo não ajuda muito, pois nenhum gancho é deixado, aparentemente não houve
nenhuma intenção de prender o leitor e aguçar sua curiosidade para o capítulo
seguinte. A estreia parece encerrar em um momento completamente aleatório.
É claro que todas essas características podem ser ajustadas nos próximos capítulos; o que está ruim pode melhorar e o que é bom pode evoluir. É por isso que estreias devem sim ser analisadas isoladamente, para que os realizadores das obras sintam a temperatura de reação tanto da crítica quanto do seu público leitor, tudo em prol de apenas uma coisa: a evolução. Novela é isso: obra aberta, sujeita a ajustes enquanto o trem está em movimento. E ainda bem, não é mesmo?
Novela: A Teia
Autores: Mario Viegas e Lili Alves com ideia original de Ueliton Abreu
Capítulos: 30 (em exibição)
Emissora: Megapro
Alguém aqui está acompanhando a novela?
O que acham dela? Concordam ou discordam de minha crítica? E o que acharam
dessa? Digam tudo nos comentários.
Se
alguém tiver perdido o programa anterior, basta que clique aqui para lê-lo. E
se quiserem me dar sugestões de webs para eu criticar aqui, de preferência
desse ano de 2021, basta pedirem nos comentários abaixo, tudo bem?
Por hoje é isso. Fiquem bem, fiquem na paz, tenham uma ótima semana e até o próximo domingo!
Obrigado pelo seu comentário!