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A Voz de uma Mulher | 10° Capítulo - Cair no esquecimento




10° Capítulo – Cair no esquecimento

(CENA 1 – Noite / Rádio Guarani – Recepção)

   Cíntia entra lentamente na rádio. Ao entrar ela percebe que é um lugar bem simples e sem muito acabamento, com algumas paredes quebradas e pisos sujos. Cíntia olha com aversão para eles.

CÍNTIA – Que lugar porco, Otávio. Parece um chiqueiro; como que essa porcaria consegue chegar na liderança? – ela resmunga a si própria e joga o galão de gasolina furiosamente no chão. Ela pega o galão do chão novamente e retira a tampa. Ela derrama um pouquinho da gasolina nas paredes e em algumas bancadas. – Como que esse local não tem seguranças? – ela vai em caminho ao refeitório. A Senhora Romano entra dentro da cozinha do refeitório e joga um pouco de gasolina em cima do estoque de botijão de gás que continha, ela traça um rastro com a gasolina e esgota o galão todo enquanto já estava no lado externo da rádio. Ela entra no carro, pega um maço de cigarro que estava dentro do porta-luvas e gira a chave, ligando o motor do próprio, ela volta para aonde estava e retira um isqueiro do seu bolso de trás. Cíntia tenta acender o isqueiro, mas ele só acende mesmo na sua terceira tentativa. Ela encara o fogo que saia de dentro do isqueiro, retira o único cigarro que tinha dentro do maço e acende com o isqueiro. Ela fuma um pouco com o cigarro que acabou de acender e fica pensativa enquanto olhava para sua frente. – Onde há guerra, há fogo, Montenegro. – ela diz sorridente e com o cotovelo apoiado na sua própria mão, na altura da cintura, enquanto fumava o cigarro. Cíntia percebe que o cigarro estava quase acabando, então ela, ao invés de colocá-lo na boca, joga o no chão, fazendo com que as faíscas que saiam do cigarro fizessem a gasolina entram em combustão. O rastro de gasolina começa a pegar fogo seguindo até dentro da rádio. Cíntia vai rapidamente na direção do seu carro e ficava aguardando, enquanto olhava com uma feição psicótica pelo o para-brisas, o momento da explosão dos botijões. O fogo se alastrava por tudo que era de madeira dentro da rádio, ou seja, móveis e bancadas estavam destruídos mesmo antes da explosão no estoque de gás. O rastro de gasolina começou a entrar em combustão dentro do estoque, fazendo com começasse a vazar gás e no primeiro contato com o fogo explodiu todo o estoque, quebrando paredes, janelas e alastrando o fogo para direções impressionantes. Algumas telhas chegaram a sair voando para perto do carro em que estava Cíntia, sorridente, ela dá a marcha ré no carro e vai embora do local.

(CENA 2 – Noite / Fazenda Montenegro – Banheiro principal)

   Ycaro estava sentado na tampa do vaso sanitário, totalmente pensativo com o que estava acontecendo.

YCARO – O que aquele garoto pensa que está fazendo? Ele está querendo jogar charme para cima de mim? – ele pergunta confuso a si mesmo. – Eu falei para Gabi, viados não são pessoas confiáveis. – ele resmunga a si mesmo. – Olha que decadência a minha, reclamando de um garoto dentro de um banheiro. Se eu ver aqueles malditos olhos dele... ou aquela boca mais uma vez eu... – ele diz nervoso e gaguejando a si mesmo. – Que maldição é essa que está acontecendo comigo? – ele se pergunta confuso.

RODRIGO – Não sabia que demorava tanto tempo assim no banheiro. Nem quero sequer pensar no que você está fazendo aí, porco. – ele diz em tom de deboche enquanto deu uma pequena batida na porta.

YCARO – Ah não, é ele. – ele diz preocupado a si mesmo. – Desde quando eu fico assim perto desse garoto? Eu não era assim no ano passado. – ele diz confuso e indignado a si próprio. – O que aconteceu comigo? – ele se pergunta confuso a si mesmo.

FLASHBACK ON

8 MESES ATRÁS

YCARO – Essa festa de final de ano da universidade está claramente superior as da escola. – ele diz em um tom mais alto enquanto pulava ao som da música na balada.

GABRIELA – O que disse? – ela pergunta confusa.

YCARO – Eu disse que quero mais bebida. – ele muda a frase anterior ao ouvir o que ela tinha perguntado.

GABRIELA – Mas Ycaro... – ela diz um pouco preocupada.

YCARO – Não se preocupa, Gabi. O que pode acontecer de ruim? – ele diz confiante.

30 MINUTOS DEPOIS

YCARO – Então eu falei pro meu pai... gato não cai em pé... – ele ri da própria piada sem-graça e com a voz totalmente rouca, cansada e sem vontade de viver, ou seja, ele estava muito bêbado. Eles já estavam na rua chuvosa a caminho para casa.

GABI – Eu sabia que não devia ter lhe dado mais. – ela diz enquanto o segurava pelo os ombros e tentando o usar como guarda-chuva para a tempestade que acontecia.

YCARO – Você não fez nada de errado... Só me dá um beijinho... – ele tenta dar um selinho em Gabi, só que ela não aceita. Ycaro coloca sua mão no rosto de Gabi e aperta a bochecha dela. Gabi pega a mão de Ycaro e tira do seu rosto.

GABI – Não, Ycaro! Vamos para casa. – ela diz impaciente.

YCARO – Não preciso de você... posso muito bem ir so-sozinho... – ele diz com a voz cansada, relaxada e rouca. Gabi o tira de suas costas fazendo com que ele caísse no chão.

GABI – Pois então decida o seu próprio caminho! Não fale mais comigo até ficar sóbrio. – ela dá as costas para ele e segue a direção da rua com ele deitado no meio.

YCARO – Gabi.... Gabi... Gabiii! – ele grita bêbado enquanto a via partir. Ele fica deitado aonde estava, no meio da rua, pois não conseguia se levantar. Ycaro estava quieto sem se mexer enquanto a chuva criava uma pequena poça aonde ele estava deitado.

   Rodrigo andava pela calçada com os fones no ouvido e com um guarda-chuva em punhos, o protegendo de qualquer pingo de água. Ele andava normalmente até ver algo deitado no meio da rua. Rodrigo retira os fones do ouvido, deixa o guarda-chuva para trás e vai rapidamente na direção da coisa que ele estava vendo, ele se ajoelha e balança o corpo que estava vendo.

RODRIGO – Psiu! Ei, acorda! – ele diz um pouco assustado enquanto balançava o corpo. Rodrigo se afasta um pouco ao sentir o corpo se mexer. Umas poucas gotas da chuva caiam dentro da sua boca ao ele abri-la surpreso. – Ycaro? – ele pergunta ao reconhecer a face de quem era.

YCARO – Quem é você?... – ele pergunta confuso e ainda bêbado. – Parece um anjo... – ele acaricia a bochecha de Rodrigo, fazendo com que o mesmo levantasse uma sobrancelha confuso.

RODRIGO – Você não está bem, deixe-me lhe levar para casa. – ele diz tentando o reerguer do chão o puxando pela a mão, mas Ycaro, propositalmente, o puxa para o chão, fazendo com que Rodrigo caísse em cima dele. – Ycaro! O que pensa que está fazendo? – ele pergunta confuso enquanto Ycaro o agarrava com os dois braços ao redor da cintura de Rodrigo.

YCARO – Eu sei o que estou fazendo... estou conhecendo coisas novas... – ele aproxima o seu rosto de Rodrigo, mas ele afasta o rosto para trás um pouco.

RODRIGO – Você não se atreva! – ele diz o repreendendo-o, mas Ycaro consegue alcançá-lo, para assim então unirem os seus lábios suavemente. Rodrigo tentava negar o que estava sentindo naquele momento, mas não conseguiu ser mais forte e caiu na tentação, aceitando ao beijo, aceitou tanto que nem sequer o hálito de bebida o incomodava. Ycaro movia os seus lábios suavemente e em seguida começou a acelerar a cada batida em que seu coração também acelerava junto; eles não certos do que sentiam, mas a única certeza que os dois tinham é que isso era um pecado irreversível. Apesar do frio em que se encontrava, os dois sentiam coisas que estavam queimando-os por dentro, como se um fogo queimasse os seus peitos, como uma briga intensa de amor e ódio; porém não tinha como negar, o amor era maior que o ódio. Ao sentir uma coisa estranha encostando na sua perna, Rodrigo se afasta rapidamente de Ycaro, ele fica sentado e um pouco pensativo ao lado de Ycaro. – Não adiantaria em nada fazermos isso só poque os nossos corpos devem estar querendo. Depois disso você não vai ser lembrar de mais nada, como todos fazem. – ele diz um pouco triste.

YCARO – Mas porque diz isso, bebê? – ele diz um pouco mais desperto, mas ainda bêbado.

RODRIGO – Só vamos para casa esquecer isso, porque eu não quero que o que aconteceu se expanda, ainda mais para algo que cairá no esquecimento, principalmente para você. Não me aproveitarei de ti e nem de ninguém nesse estado em que você se encontra. – ele se levanta e tenta reerguê-lo novamente o puxando fortemente pelo o braço. Ycaro consegue levanta e aproxima o seu corpo de Rodrigo, porém o mesmo se afasta de Ycaro. Ele vai pegar o guarda-chuva e leva Ycaro pelo os ombros até a sua casa.

FLASHBACK OFF

RODRIGO – Abre logo essa porta, garoto. Você bate sua punheta em outra hora, mas esse horário é muito inconveniente, creio eu. – ele diz impaciente. Ycaro fica com a bochecha corada mais uma vez e mesmo com muita vergonha e nervoso ele abre a porta. – Se vestiu rápido, ein... – ele diz debochando. Ycaro pega o braço de Rodrigo fortemente e o aperta com violência. Rodrigo arregala rapidamente os olhos e tenta soltá-lo, mas não consegue.

YCARO – Não pense que vou cair no seu joguinho da bebida novamente. – ele diz com um ódio fervente no olhar.

RODRIGO – Estava relembrando de uma época que tenta esquecer? – Rodrigo diz com um olhar malicioso e puxa o seu braço de uma vez, conseguindo soltá-lo.

YCARO – Só quero que se lembre: se contar a alguém... – ele diz ameaçando-o.

RODRIGO – Já sei como termina essa ameaça: “se você contar a alguém eu acabo com você”, seja mais original, Ycaro. Você já me fez a mesma ameaça umas 7 vezes e sempre lhe digo: “não se preocupe, não vou contar, mas não por você e sim pela a Gabi”. Então já pode ir parando com essa ameaçazinha de “bi-hétero”, ok? – ele diz em um tom de deboche. Ycaro só fica o encarando com a boca um pouco aberta e com as duas sobrancelhas levantadas. Rodrigo entra lentamente no banheiro.

(CENA 3 – Noite / Mansão Romano – Quarto de Bárbara)

    Lurdes dá duas leves batidas na porta de madeira escura.

MARGARIDA – Bárbara! É a Margarida, pode abrir a porta por favor? – Bárbara se levanta lentamente de sua cama box, direciona os seus pés para as pantufas de algodão e os calça. Ela vai lentamente em direção a porta e quase tropeça na mesa de madeira do seu notebook preto. Bárbara pega o bastão de alumínio que estava encostada no canto da parede branca, perto da porta de madeira. Ela destranca a fechadura com sua chave que estava em um chaveiro com emojis. Bárbara agarra a maçaneta de ferro e abre a porta lentamente.

BÁRBARA – Pode entrar! – ela diz calmamente e com um tom muito baixo na sua voz. Margarida entra no quarto com uma bandeja que continha um copo em mãos.

MARGARIDA – Trouxe o seu chá gelado, senhora. – Bárbara se vira lentamente ao perceber de onde vinha a voz de Margarida. – A patroa Bernarda pediu que eu trouxesse para a senhora se acalmar.

BÁRBARA – Pois diga a senhora Bernarda que eu não preciso de chá para me acalmar, Margarida. – ela diz calmamente.

MARGARIDA – Mas senhora... São ordens da patroa. – ela diz tentando fazer com que Bárbara entenda e coloca o chá em cima da mesa de madeira.

BÁRBARA – Também sou uma Romano, posso ser cega, mas ainda faço parte dessa família. Então eu lhe peço que me obedeça. – ela diz um pouco indignada.

MARGARIDA – Peço que a senhora não me interprete mal... mas a senhora Bernarda disse para você tomar o chá de qualquer maneira. – Bárbara se senta na cama.

BÁRBARA – Pois então deixe que eu mesmo falo com ela, não quero mais esses chás “diversificados” que a minha própria mãe me dá. – Margarida, já cansada, pega a bandeja e se direciona a saída.

MARGARIDA – Então eu chamo a senhora Bernarda? – ela pergunta no arco da porta, prestes a sair.

BÁRBARA – Sim, pode chamá-la. – ela diz friamente. Margarida sai do quarto e Bárbara fica pensativa.

(CENA 4 – Noite / Fazenda Montenegro)

    Todos estavam felizes presentes na mesa de jantar, até que o capataz aparece desesperado.

CAPATAZ – Senhor Otávio! A rádio está pegando fogo! – ele diz desesperado e ofegante. Otávio se levanta rapidamente da cadeira de madeira.

OTÁVIO – O quê? M-mas como assim a rádio está em chamas? por quê? – ele pergunta gaguejando de nervoso. Carla coloca as duas mãos sobre os lábios chocada. Todos ao redor da mesa ficaram nervosos e em silêncio.

CAPATAZ – Ainda não sei, mas suspeitamos que foi um incêndio proposital, pois todo o local cheirava a gasolina. – Rodrigo fica pensativo e Ycaro desvia um olhar desconfiado para ele.

CARLA – Meu Deus... – ela diz chocada com as mãos na testa.

LILIANA – Mas quem seria capaz de fazer isso com a gente? Nunca fizemos nada a ninguém. – ela diz indignada porém em baixo tom. Ycaro diz para ela se acalmar e a abraça calmamente.

OTÁVIO – Não sei, Lili. Devemos ir para lá agora mesmo. – ele diz desesperado enquanto ia até o cabide de madeira no canto da parede e vestia o seu paletó marrom. Ele procura a chave do carro desesperadamente em todos os seus bolsos. – Merda, cadê minha chave? – ele diz baixinho.

CARLA – Querido, você pediu para o Ramiro levar o seu carro para o lava-rápido. – Otávio coloca as duas mãos sobre a cabeça e solta um breve suspiro para tentar se acalmar.

CAPATAZ – Não acho que será necessário ir, senhor. O corpo de bombeiros já foi alertado sobre o incêndio. – ele diz na tentativa de acalmá-lo.

OTÁVIO – Mas essa rádio foi a única coisa que eu criei com meu próprio esforço e suor. Eu tenho que ir. – ele diz nervoso e ofegante, ele utiliza suas duas mãos para apontar à si mesmo.

CARLA – Otávio, por favor se acalme. Você está muito alterado. – ela coloca Otávio calmamente na cadeira em que estava e acaricia sua careca brilhante.

YCARO – Sim, pai. O senhor precisa descansar, mas se quiser eu posso ir no seu lugar. – ele aponta confiante e animado para si mesmo.

OTÁVIO – Obrigado, filho. Mas não acho que você tenha algo para fazer lá. – Ycaro fica um pouco triste e encolhe lentamente a boca.

CARLOS – Otávio, se precisarmos, podemos ir no meu carro. – ele retira a chave do bolso e mostra para Otávio.

OTÁVIO – Deixem que eu e o Carlos iremos. Não se preocupem. – ele diz preocupado e se levanta rapidamente da cadeira.

CARLOS – Eu vou só ligar o carro que iremos correndo. – Carlos se levanta rapidamente da cadeira. – Daqui a pouco volto para buscar vocês. Bay! (“tchau” na pronúncia hebraica.) – ele dá um beijo na bochecha da sua esposa e se despede acenando para Rodrigo, que em seguida diz “bay” com um sorriso no rosto. Carlos junto a Otávio abrem rapidamente o portão de ferro da fazenda.

CARLA – Tenham cuidado! – ela grita para Otávio enquanto ele saia e em seguida coloca o pano de lavar prato no ombro. Ela abraça Liliana calmamente para tentar se acalmar. Rodrigo olha para as duas com tristeza e Ycaro fica o observando ainda desconfiado.

(CENA 5 – Noite / Mansão Romano – Lado externo)

    Cíntia sai do seu carro esportivo calmamente e fecha a porta do carro. A noite estava sombria com alguns corvos emitindo barulhos e um nevoeiro estranho por todo o redor da mansão. Margarida saia da porta de serviço com um saco de lixo em mãos, ela coloca na lixeira de plástico e fecha a tampa; Margarida desvia o olhar ao escutar uma voz. Cíntia puxa o seu Iphone 9 do bolso e começa a digitar no teclado numérico.

MARGARIDA – O que a Dona Cíntia está fazendo chegando a essa hora? – ela se pergunta curiosa e se esconde ajoelhada atrás de um arbusto. Cíntia coloca o celular no ouvido enquanto batia o pé ansiosamente no chão.

CÍNTIA – Atende, Jorge. Atende! – ela diz baixinho e nervosa a si mesma. Ela retira o celular do ouvido, ao desistir de ligar, e vai em direção a porta de entrada. Margarida levanta uma sobrancelha confusa e começa a se levantar, mas sem querer consegue emitir um barulho de galho quebrando ao pisar no próprio. Cíntia se indigna com o barulho e decide seguir a direção do som; Desesperada, Margarida vai em direção
à porta de serviços e consegue entrar na mansão. Cíntia vai com passos leves e lentos até onde escutou o barulho; chegando lá ela não encontra nada de relevante, somente o galho que estava realmente quebrado. Ela olha para uma árvore e fica pensativa. Um barulho de trovão se espalha pelo o local e uma luz estranha pisca por todo o céu.

(CENA 6 – Noite / Fazenda Montenegro – Sala de jantar)

    A chuva estava forte; as gotas de chuva faziam barulhos estrondosos quando se colidiam no telhado. O clima estava frio e um pouco escuro e sombrio tanto dentro como fora da fazenda. Uma névoa muito forte estava formada pela as redondezas. Ycaro e Rodrigo estavam sentados na mesa tentando não trocar olhares, mas falhavam miseravelmente. Ycaro desvia o olhar para Rodrigo por um segundo, em seguida ele faz o mesmo e eles tentam desviar rapidamente ao verem o cruzamento nos olhares. Laura saia de dentro da cozinha ao mesmo tempo que colocava o celular no bolso.

LAURA – Rodrigo, o seu ábba (“Papai” em Hebraico.) disse que eles não irão conseguir voltar para casa hoje por causa da chuva. – ela diz tristemente. Rodrigo abre a boca chocado por um instante e em seguida a fecha. Frustrado, ele olha rapidamente para cima.

RODRIGO – E então, o que iremos fazer? – ele pergunta tristemente amedrontado e com a boca semiaberta.

LAURA – Acho que teremos que ir a pé. – ela diz afinando um pouco os lábios.

CARLA – Não será necessário. Vocês podem passar essa noite aqui, se quiserem, claro. – ela diz alegremente enquanto enxugava as mãos no pano que ficava em seu ombro.

LAURA – Não queremos causar mais incômodo. – ela diz com um pequeno sorriso e com a palma das mãos juntas.

CARLA – Que isso. Não é nenhum incomodo, vocês sempre apoiaram eu e o Otávio. Temos que retribuir de alguma maneira. – ela diz sorridente. Laura só solta outro sorriso e assente com a cabeça. – Vocês vão dormir no quarto dos meus filhos. Você dorme com minha filha Liliana e o Rodrigo dorme com o Ycaro. – Ycaro muda a sua feição feliz para uma irritada.

YCARO – O quê? – ele pergunta desacreditado.

RODRIGO – Perdão, senhora. Obrigado pelo o convite, mas não queremos incomodar mais. – ele diz calmamente tentando se livrar do desgosto de Ycaro.

CARLA – Nananinanão. Eu insisto. Durmam por aqui nesta noite ou pelo menos até a chuva passar. – ela diz alegre enquanto segurava calmamente a mão de Rodrigo.

LAURA – Bom, se não temos outra maneira. Então aceitamos. – ela diz sorridente. Rodrigo e Ycaro trocam olhares enojados e com a sobrancelha arqueada.

(CENA 7 – Noite / Preciosa – Ruas do centro)

   Raquel estava pedalando na sua bicicleta á caminho da rádio para casa. Por instinto, ela para em um semáforo com o sinal vermelho e fica na espera do sinal verde.

RAQUEL – Ai que demora... – ela diz impaciente a si mesma enquanto olhava o seu relógio que estava um pouco molhado pela a chuva. – Esse sinal não abre nunca... O pior é que nem dá para ver alguma coisa. – ela reclama pelo o nevoeiro que cobria um pouco do seu campo de visão, impossibilitando ela de ver os detalhes do semáforo. – Eu não posso me atrasar. – ela diz confiante a si mesma e ajusta sua postura na sela da bicicleta. Ela coloca os seus pés nos pedais e começa a pedalar rapidamente. De repente, um forte raio de luz surge do seu lado esquerdo a cegando rapidamente. Era um carro que estava vindo rapidamente em sua direção; Raquel fecha os olhos pela forte luz e se assusta, se desequilibra e cai da bicicleta. Antes da colisão, o motorista que dirigia o carro pisa rapidamente no freio, criando um impacto tão forte que quase o fez bater com a cabeça no volante. Assustado, ele sai de dentro do carro e decide ajudar Raquel. Ela observava algumas partes do seu corpo que estavam doendo. O moço fecha a porta do carro e vai lentamente na sua direção.

GUSTAVO – Moça, você está bem? – ele pergunta preocupado e ofegante com pequenas gotas escorregando pelo os seus lábios enquanto a mantinha aberta. Raquel para de olhar para baixo lentamente erguendo a sua cabeça até conseguir enxergá-lo. A visão do seu olho borra um pouco, mas ela consegue o reconhecer.

RAQUEL – Gustavo? – ela pergunta estranhando e um pouco confusa. Ela mantém a boca um pouco aberta, pois estava em choque.

   (Foca-se na face de Gustavo e Raquel surpresos. A tela congela em um tom amarelado.)

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